I-A ACÇÃO DE DEUS NA HISTÓRIA
Os evangelhos chamam a atenção para a diferença essencial que existe entre o baptismo de João Baptista e o baptismo no Espírito que Jesus vinha inaugurar.
O baptismo de João Baptista era apenas um rito de purificação como tantos outros existentes no mundo judaico do tempo de Jesus.
Os evangelistas fazem notar que o baptismo no Espírito inaugurado por Jesus representa uma diferença qualitativa em relação ao baptismo de João Baptismo.
Eis o que o próprio João Baptista diz no evangelho de São Marcos: “Depois de mim virá alguém que é maior do que eu. Eu nem sequer sou digno de levar as suas sandálias.
Esse é que vos baptizará no Espírito Santo e no Fogo” (Mt 3, 11). O Espírito Santo ocupa um lugar central na dinâmica da divinização do Homem, a qual acontece pela incorporação na Família de Deus.
As pessoas divinas têm missões diferentes na prossecução no projecto criador e salvador da Humanidade.
O filho de Deus, por exemplo, tem a missão histórica de enxertar o divino no humano, a fim de este ser divinizado.
Esta missão aconteceu pelo mistério da Encarnação, da vida histórica e ressurreição de Cristo.
Graças à missão histórica do Filho de Deus, foi-nos concedido o poder de nos tornarmos filhos de Deus. Não pelos impulsos da carne ou pela vontade do Homem, mas sim pela vontade de Deus (Jo 1,12-14).
Deus Pai, por seu lado, acolhe-nos como seus filhos no abraço que ele dá ao seu Filho e com o qual nós fazemos um toso orgânico (cf. 1 Cor 12, 27; Jo 15, 1-8).
Isto quer dizer que Deus está presente e activo na marcha da História humana. É verdade que as pessoas divinas não nos substituem, mas o dinamismo da sua presença na História da Humanidade é fundamental.
Por outras palavras, Deus está connosco na marcha histórica da nossa humanização, mas não está em nosso lugar.
Nem podia ser doutro modo, pois Deus é amor e, como sabemos, o amor propõe-se, mas nunca se impõe.
Calmeiro Matias
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