11 outubro, 2008

SOFRIMENTOS DE CRISTO E SALVAÇÃO-III

III-O SOFRIMENTO DO JUSTO E A REDENÇÃO DO POVO

O povo de Deus, segundo a visão bíblica faz uma união orgânica, interactiva e dinâmica. A pessoa humana é um ser estruturado e talhado para o face a face com os outros.

Por outras palavras, a pessoa vive na medida em que convive. Isto quer dizer que a pessoa humana apenas se possui no convívio e na relação com os outros.

O povo forma uma união orgânica, a qual inclui tanto os justos como os pecadores. Eis a razão pela qual o sofrimento do justo tem efeitos redentores para os pecadores.

Na verdade Deus, ao libertar o justo das situações de opressão e sofrimento, liberta também os pecadores, pois estes estão unidos aos pecadores.

Eis a beleza do texto onde o autor fala da redenção dos pecadores graças ao sofrimento do Servo Sofredor:

“O meu servo terá êxito, pois será engrandecido e exaltado. Muitos povos ficaram espantados diante dele, ao verem o seu rosto desfigurado e o seu aspecto disforme.

Do mesmo modo, muitos povos e reis vão ficar espantados ao verem as coisas maravilhosas e inauditas que vão acontecer (a libertação da Babilónia) (…).

O servo cresceu diante do Senhor sem figura e sem beleza, como um rebento ou uma raiz em terra árida (o exílio).

Vimo-lo sem aspecto atraente, desprezado pelos homens. Era como um homem de dores, habituado ao sofrimento.

Era de facto um ser desprezado e desconsiderado, diante do qual se tapa o rosto. Na verdade ele tomou sobre si as nossas doenças e carregou as nossas dores.

Nós o reputávamos como um leproso ferido por Deus e humilhado. Mas foi ferido por causa dos nossos pecados, esmagado por causa das nossas iniquidades.

O castigo que nós merecíamos caiu sobre ele e nós fomos curados nas suas chagas. Andávamos desgarrados como ovelhas perdidas, cada qual seguindo o seu caminho.

Mas o Senhor carregou sobre ele os nossos crimes (perdoando-nos por causa dele). Foi maltratado e humilhado.

Tal como o cordeiro que é lavado ao matadouro ou a ovelha emudecida nas mãos do tosquiador, ele não abriu a boca.

Sem defesa nem justiça levaram-no à força e ninguém se preocupou com o seu destino! Foi ferido por causa dos pecados do meu povo e suprimido da terra dos vivos.

Deram-lhe sepultura entre os ímpios (pagãos caldeus) e uma tumba entre malfeitores. Apesar de não ter cometido qualquer crime nem praticado qualquer fraude, aprouve ao Senhor esmagá-lo com sofrimento.

Mas a sua vida tornou-se um sacrifício de reparação. Por isso terá uma posteridade duradoura e viverá longos dias.

O desígnio do Senhor (a libertação do exílio) realizar-se-à por meio dele (…). O Justo justificará a muitos, pois carregou com os crimes do povo.

Por esta razão terá uma multidão como herança (o povo resgatado do exílio). Receberá muita gente como despojos, pois entregou a sua vida à morte.

Foi contado entre os pecadores, pois tomou sobre si os pecados de muitos, sofrendo pelos culpados” (Is 52, 13-53,12).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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