O baptismo no Espírito não é mais que a dinâmica pentecostal a acontecer de modo permanente na vida dos crentes, fazendo emergir na pessoa o Homem Novo.
Eis o que diz a Carta aos Efésios: “No que toca à vossa conduta, deveis despir-vos do homem velho, corrompido por desejos enganadores.
Renovai-vos de acordo com a acção do Espírito Santo que anima as vossas mentes. Revesti-vos do Homem Novo, criado segundo o plano de Deus na justiça e na santidade verdadeiras” (Ef 4, 22-24).
É pelo baptismo no Espírito que os mistérios de Deus nos são revelados, como diz a Carta aos Efésios:
“Por Jesus Cristo vós ouvistes a Palavra da verdade, o Evangelho que vos salva. Foi neste Evangelho que acreditastes e, por isso, fostes marcados com o selo do Espírito Santo prometido, o qual é a garantia da herança que receberemos no dia da redenção, para louvor da sua glória” (Ef 1, 13-14).
O Livro dos Actos dos Apóstolos diz que São Paulo encontrou um grupo de pessoas que tinham sido baptizadas por João Baptista, mas ainda não conheciam a Boa Nova de Jesus Cristo.
Isto queria dizer eles ainda não estavam a viver o baptismo no Espírito. Foi esta a razão pela qual São Paulo os baptizou em nome de Jesus e lhes impõe as mãos para que possam entrar na dinâmica do baptismo no Espírito (Act 19, 1-6).
O baptismo no Espírito é um processo que tem início quando o Espírito Santo explicita a Palavra de Deus no coração da pessoa humana.
Isto pode acontecer ainda antes de a pessoa ter sido baptizada segundo o rito baptismal da água.
Na verdade, um adulto, para ser baptizado, já tem de estar a viver a dinâmica da fé cujo início coincide com o início do baptismo no Espírito.
Foi isto que aconteceu na casa de Cornélio, um pagão ao qual Pedro foi anunciar a Palavra de Deus:
“Ainda Pedro estava a falar, quando o Espírito Santo desceu sobre todos os que ouviam a Palavra.
Os fiéis circuncisos que tinham vindo com Pedro ficaram estupefactos, ao verem que o dom do Espírito Santo fora derramado também sobre os pagãos, pois ouviam-nos falar línguas e glorificar a Deus.
Pedro, então, declarou: ‘poderá alguém recusar a água do baptismo aos que receberam o Espírito Santo como nós? E ordenou que fossem baptizados em nome de Jesus Cristo” (Act 10, 44-48).
Também em Paulo o baptismo no Espírito teve início antes do rito do baptismo (Act 9, 18). O baptismo no Espírito começa a partir do momento em que a Palavra de Deus faz germinar a vida teologal de Fé, Esperança e Caridade no coração de uma pessoa.
A vida teologal é a única originalidade do cristão. Os não cristãos também têm acesso ao dom da salvação, mas estes não estão na dinâmica do baptismo no Espírito e, portanto, não vivem os horizontes da vida teologal.
Eis o que diz o evangelho de São João: “O Espírito da Verdade não pode ser recebido pelo mundo, pois este não o vê nem o conhece.
Vós conhecei-lo porque Ele está convosco e em vós” (Jo 14, 17). Na verdade, graças ao baptismo no Espírito, os crentes têm um guia e um mestre que os conduz para a Verdade plena:
“Fui-vos revelando estas coisas enquanto permaneci convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ele vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 25-26).
São Paulo, apesar de teólogo judeu, viveu também a experiência do baptismo no Espírito.
Foi graças ao baptismo no Espírito que lhe caíram dos olhos uma espécie de escamas que o impediam de ver o mistério de Cristo.
Eis as palavras dos Actos dos Apóstolos: “Então Ananias partiu, entrou na casa indicada, impôs as mãos sobre ele e disse: “Saulo, meu irmão, foi o senhor que me enviou, esse Jesus que te apareceu no caminho, a fim de recobrares a vista e ficares cheio do Espírito Santo”.
Nesse mesmo instante caíram-lhe dos olhos uma espécie de escamas e Saulo recobrou a vista. Depois, levantou-se e recebeu o baptismo” (Act 9, 17-18).
Calmeiro Matias
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