28 abril, 2010

A NOVA ALIANÇA E A SABEDORIA DE DEUS

Pai Santo

Ainda o Universo não existia e tu já tinhas nos teus planos criar o Homem e relacionar-te com ele em jeito de Aliança de Amor Eterno.

De facto, a Nova e Eterna Aliança já estava presente como pano de Fundo ao teu plano Criador.
Tu estiveste sempre presente à génese da Criação a partir de dentro.

A Nova e eterna Aliança é expressão do teu jeito dinâmico de estar presente à Criação, sobretudo ao Homem que tu quiseste criar à tua imagem e semelhança (Gn 1, 26-27).

Tu és o Deus connosco. A tua casa é o coração do Universo em gestação. Com efeito, a tua morada é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Isto significa que nunca estás longe dessa obra-prima que é a tua Criação em marcha. Na verdade, tu não vieste cá abaixo para iniciar a génese criadora do Universo, retirando-te em seguida para uma transcendência longínqua e fora do Universo.

Pai Santo,

Tu relacionas-te com a Criação a partir de dentro, dinamizando o enorme feixe de interacções que constitui o processo criador, fazendo que a Criação avance na direcção da sua meta.

Com efeito, a Criação é um processo dinâmico ainda não acabado. A Nova e Eterna Aliança não é mais que a qualidade que tu, Pai, Santo, quiseste conferir às relações com o Homem, a cabeça da Nova Criação.

A essência da Nova e Eterna Aliança é uma comunhão amorosa cujo princípio dinamizador é o Espírito Santo.
Eis o modo como a Carta aos Efésios descreve a tua maneira de interagir de modo permanente com o Homem:

“Deus escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis na sua presença e vivermos no amor.

Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com a sua eterna vontade” (Ef 1, 4-5).

Depois diz que este plano esteve oculto durante milénios, mas foi dado a conhecer ao Homem na plenitude dos tempos. Eis as palavras de São Paulo:

“Agora podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo Jesus. Este mistério não foi dado a conhecer ao Homem nas gerações passadas, como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus Apóstolos e Profetas ” (Ef 3, 4-5).

Trindade Santa:

Como Deus da Aliança, Vós sois um Deus fiel e verdadeiro. A Nova Aliança representa a plenitude de um projecto sonhado ainda antes de terdes iniciado a marcha da Criação.

A Antiga Aliança foi um passo importante para o Espírito Santo nos conduzir até Jesus Cristo.
Mas o vosso plano criador tinha como meta não a Antiga, mas a Nova e Eterna Aliança.

Podemos dizer que a Antiga Aliança foi um passo da acção pedagógica do Espírito Santo para conduzir a Humanidade à plenitude dos tempos, isto é, ao fim do tempo da gestação, dando início ao parto que origina o nascimento dos filhos de Deus, como diz a Carta aos Gálatas (cf. Gal 4, 4-7).

E a Carta aos Efésios acrescenta: “Com efeito, Cristo é a nossa paz. De dois povos fez um só, anulando o muro da separação, isto é, a Lei de Moisés com as suas normas e preceitos, a fim de criar um só Homem Novo com judeus e pagãos.

Os pagãos, portanto, já não são estrangeiros nem imigrantes na casa de Deus, mas concidadãos dos santos e membros da Família de Deus” (Ef 2, 14.19).

A Carta aos Gálatas diz que a Antiga Aliança estava em função da Nova e Eterna Aliança:

“Antes de chegar a plenitude da fé estávamos prisioneiros da Lei de Mosés:
A Lei tornou-se o pedagogo que nos conduziu até Cristo, a fim de sermos justificados pela fé.

Como sois filhos de Deus, já não estais sob o domínio do pedagogo (…). Já não há judeu ou grego. Não há escravo ou homem livre. Não há homem ou mulher, pois todos vós sois um só, graças à vossa união a Cristo Jesus” (Gal 3, 23-29).

A antiga Aliança tinha como alicerce a Lei de Moisés, a qual se multiplicava em normas, preceitos, ritos e mandamentos que não tinham qualquer eficácia para alcançar a salvação.

A Nova Aliança, pelo contrário, tem como alicerce o dom do Espírito Santo que realiza em nós a obra da salvação, como diz a Carta aos Romanos:

“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 14).

Os que vivem a dinâmica da Nova Aliança são conduzidos pelo Espírito Santo e ficam enriquecidos com os seus frutos.

Eis alguns dos frutos do Espírito Santo enumerados por São Paulo na Carta aos Gálatas: “E os frutos do Espírito Santo são: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto-domínio. Contra tais coisas não há Lei” (Gal 5, 22).

Isto significa que a Nova Aliança não é uma simples continuidade em relação à Antiga, tal como Cristo não está apenas numa linha de continuidade em relação a Moisés.

De facto, a divinização do Homem realizada pela Encarnação, não está numa linha de simples continuidade em relação à libertação dos hebreus da escravidão do Egipto.

Na verdade, entre estes dois acontecimentos existe uma diferença qualitativa. A libertação realizada pela Nova e Eterna Aliança tem o alcance de uma salvação definitiva, a qual implica a assunção e incorporação da humanidade na Família da Santíssima Trindade (Jo 1, 12-14).

Deus planeou a salvação da Humanidade, diz a Carta aos Efésios, ainda antes da criação do Mundo (Ef 1, 4).

O Reino que havemos de herdar com Cristo ressuscitado foi preparado para nós, diz o evangelho de São Mateus, desde a Criação do mundo (Mt 25, 34).

A Segunda Carta a Timóteo diz que o plano salvador que Deus sonhou para nós foi concebido desde os tempos primordiais (2 Tim 1, 8-9).

Este plano não chegou até nós graças à bondade de Deus que no-lo revelou por Jesus Cristo. Eis o que São Lucas diz a este propósito:

“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: "Eu te bendigo ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos.

Sim, Pai, de facto foi este o teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

Voltando-se depois para os discípulos disse-lhes: “Felizes os olhos que vêem o que estais a ver.
De facto, digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 21-24).

A Carta aos Hebreus diz que Deus, ao falar de uma Nova Aliança declarou ultrapassada a Antiga.
O que se torna ultrapassado está prestes a desaparecer, assim acontece com a Antiga Aliança (cf. Heb 8, 13).

O Livro do Profeta Ezequiel promete ao povo uma Nova aliança, a qual será mais perfeita do que a Antiga:

“Lembrar-me-ei da Aliança que fiz contigo, no tempo da tua juventude e estabelecerei contigo uma aliança Eterna (…).
Estabelecerei contigo a minha Aliança Eterna e tu ficarás a saber que eu sou o Senhor” (Ez 16, 60-63).

Segundo o profeta Jeremias, a Nova Aliança assenta em novos alicerces, pois terá como fundamento um coração renovado pela acção do Espírito Santo:

“Dias virão em que estabelecerei uma Nova Aliança com a casa de Israel e a casa de Judá, oráculo do Senhor.

Não será como a Aliança que estabeleci com seus pais, quando os tomei pela mão para os fazer sair da terra do Egipto.

Apesar de eu os ter livrado da opressão, eles esqueceram-me e não cumpriram a Aliança que fiz com eles, oráculo do Senhor.

Esta será a Aliança que estabelecerei com a casa de Israel, depois desses dias, oráculo do Senhor:

Imprimirei a minha Lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração: Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jer 31, 31-33).

A Nova Aliança, ao contrário da Antiga, não será escrita em tábuas de pedra, mas é escrita no coração das pessoas pelo Espírito Santo que nos foi dado, diz São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios:

“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos vossos corações, conhecida e lida por todos os homens.

Na verdade, vós sois uma carta de Cristo confiada ao nosso ministério. Foi escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo.

Escrita, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações (…).

Na verdade, é Deus que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, enquanto o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 2-6).

E na Carta aos Romanos São Paulo acrescenta que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


24 abril, 2010

ESPÍRITO SANTO E OS OPERÁRIOS DO REINO

O Novo Testamento garante aos evangelizadores que a sua missão terá o mesmo sucesso da missão de Jesus, pois o Espírito que fortalecia Jesus é o mesmo que fortalece e capacita os seguidores do Senhor:

“No decurso de uma refeição que partilhava com os discípulos, Jesus ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem lá o prometido do Pai, do qual Jesus lhes falou por várias ocasiões.

João baptizava em água, mas vós sereis baptizados no Espírito Santo, disse-lhes Jesus” (Act 1, 4-5).

Podem estar seguros, pois o Espírito Santo será o guia e o mestre deles na tarefa da evangelização:

“Mas o Paráclito, o Espírito que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo e há-de recordar-vos tudo o que eu disse” (Jo 14, 16).

São Paulo diz que os evangelizadores são ministros da Nova Aliança, capacitados pelo Espírito Santo para o serviço do Evangelho:

“Não é que sejamos capazes de realizar algo como coisa vinda de nós. A nossa capacidade vem de Deus, pois é ele que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito, porque a letra mata, mas o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 6).

O trabalho evangelizador do Apóstolo será tanto mais eficaz quanto mais este acolher no seu coração a novidade da Palavra e do Espírito Santo.

O Apóstolo é uma mediação da qual Deus precisa, mas o protagonista da evangelização é o Espírito Santo.

A eficácia da evangelização não depende do Apóstolo. A sua missão é pôr Deus a falar, tornando-se o servidor da Palavra.

Tomando São Paulo como modelo, podíamos dizer que o evangelizador deve agir como se tudo dependesse dele, sabendo, no entanto, que o fundamental é obra de Deus.

Eis o testemunho da Primeira Carta aos Coríntios: “Mas quem é Apolo? Quem é Paulo? Simples servos por cujo intermédio abraçastes a fé.

Na verdade cada um de nós actua segundo a capacidade que Deus nos concedeu: Eu plantei. Apolo regou. Mas foi Deus quem deu o crescimento.
Isto quer dizer que nem o que planta nem o que rega é alguma coisa por si, pois só Deus é capaz de fazer crescer.

O que planta e o que rega formam uma união em Cristo e cada qual receberá o prémio do seu trabalho.

Nós somos, de facto, cooperadores de Deus e vós sois o campo de cultivo do Senhor” (1 Cor 3, 5-9).

Jesus tomou muito a sério a sua condição de consagrado pelo Espírito Santo. Eis as suas palavras no evangelho de São Lucas:

“Jesus veio a Nazaré onde se tinha criado. Segundo o seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler.

Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o, deparou com a passagem em que está escrito:

“O Espírito do Senhor está sobre mim porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres.
Enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista. Enviou-me a libertar os oprimidos e a proclamar o ano da graça” (Lc 4, 18-19).

A fecundidade da nossa acção evangelizadora vem-nos do facto de estarmos unidos de modo orgânico a Jesus, diz o evangelho de São João:

“Permanecei em mim que eu permaneço em vós. Tal como o ramo da videira não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira. Vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5).

São Paulo não tinha quaisquer dúvidas de que o Espírito Santo nos dá os dons necessários para realizarmos a nossa missão de evangelizadores:

“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de serviços, mas é o mesmo Senhor.

Há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum (1 Cor 12, 4-7).

O evangelizador deve ser uma pessoa humilde e reconhecer que os frutos da sua missão têm como origem a acção de Cristo ressuscitado.

Por outras palavras, a nossa acção evangelizadora é uma continuação da missão de Jesus Cristo.

O Apóstolo bem formado sabe que não leva Cristo às pessoas. Quando ele chega ao campo de missão, o Espírito Santo já lá está disposto a actuar pela mediação do mesmo Apóstolo.

Na verdade, o Senhor ressuscitado precede o apóstolo, mas temos de estar cientes de o Senhor precisa de mediações para realizar a obra do Evangelho.

É isto que São Paulo quer dizer quando afirma que nós somos o Corpo de Cristo, isto é, mediações de encontro de Cristo com o mundo:

“Vós sois corpo de Cristo e seus membros, cada qual na parte que lhe toca” (1 Cor 12, 27). O corpo de Cristo ressuscitado é espiritual, não físico, diz São Paulo.
É por esta razão que Jesus se une a nós de modo orgânico, a fim de comunicar com o mundo através de nós:

“Mas perguntam alguns: como ressuscitam os mortos? Com que corpo ressurgem? Insensatos! O que semeais não volta à vida se primeiro não morrer.

E o que semeais não é o corpo que há-de vir, mas um simples grão de trigo, por exemplo, ou de qualquer outra espécie.

É Deus que lhe dá o corpo, pois ele dá a cada semente o corpo que lhe corresponde (…). Assim também acontece com a ressurreição dos mortos:
semeado corruptível, ressuscita como corpo incorruptível. Semeado na desonra, ressuscita glorioso.

Semeado na fraqueza ressuscita cheio de força. Semeado corpo físico, ressuscita corpo espiritual.
Na verdade há corpos terrenos e corpos espirituais” (1 Cor 15, 35-44).

O raciocínio de São Paulo é o seguinte: como o corpo do Senhor ressuscitado é espiritual, ele precisa da mediação de um corpo físico para se encontrar com as pessoas.

É por esta razão que o Senhor se une de modo orgânica às comunidades cristãs, fazendo delas o seu corpo.

Evangelizar é, pois, ser mediação de encontro de Cristo com o mundo. É, também, pôr Cristo a falar para os homens de hoje.

É esta a maneira de os cristãos viverem o baptismo no Espírito que é a dimensão pentecostal da vida cristã.

Perante esta verdade importante, o evangelizador tem de ser uma pessoa humilde. Como Jesus disse aos discípulos, a grandeza e a autoridade do Apóstolo radica no serviço aos irmãos:

“Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: sabeis que os chefes das nações as governam como senhores e que os poderosos exercem sobre elas o seu poder.

Entre vós não deve ser assim. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo.

O Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela Humanidade” (Mt 20, 25-28).

Os evangelizadores têm qualidades diferentes. Ao consagrar estas qualidades para a missão, o Espírito Santo faz que elas se tornem carismas, isto é, dons em favor de todos.

Deste modo, como diz São Paulo, Deus torna fecunda a vida dos cristãos, servindo o Evangelho e fazendo que a acção de cada um seja incorporada de modo harmonioso na vida e no serviço evangelizador da comunidade (1 Cor 3, 5-9).

O Espírito Santo conduz e ilumina os evangelizadores de modo a que estes compreendam que o sucesso da sua missão está na cooperação e não na competição (1 Cor 3, 5-9).

Por outras palavras, o Espírito Santo conduz os apóstolos a trabalhar em comunhão com Cristo e os irmãos, a fim de a sua missão ser eficaz.

Através do evangelizador, o Espírito Santo ajuda as pessoas a saborear a Verdade de Deus e do Homem na sua profundidade máxima, ajudando-as a sentirem-se pessoas livres e felizes.

Na verdade, as pessoas que nada fazem para sair do erro, da mentira e da ignorância nunca chegarão ser pessoas profundamente livres.

No evangelho de São João, Jesus diz que o Espírito Santo possui a Verdade Plena e quer conduzir-nos para ela (Jo 16, 13).

A Carta aos Gálatas diz que o Espírito Santo é o Espírito da Verdade é também o Espírito da liberdade (Gal 5, 1-2).

A verdade é a compreensão e enunciação correcta e adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

Quanto mais crescermos Verdade, mais capacitados estamos para avançar no processo da nossa humanização e facilitar aos irmãos o seu crescimento humano.

Na véspera da sua morte, Jesus disse aos discípulos que depois de ressuscitar lhes ia enviar o Espírito Santo, a fim de nos conduzir à Verdade Plena (Jo 16, 13).

Uma vez que a verdade tem como horizonte a compreensão e enunciação correcta e adequada da realidade de Deus, do Homem e da História, só Deus a pode possuir em plenitude.

É por esta razão que só o Espírito Santo nos pode conduzir com segurança à Plenitude da Verdade.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


19 abril, 2010

A VIDA E A MORTE À LUZ DA FÉ CRISTÃ

À luz da ressurreição de Cristo o acto de morrer é a derradeira possibilidade de renascer para a plenitude do Reino de Deus.

A própria consciência da morte estimula o ser humano a aprofundar o sentido da vida.

Os animais não sabem que um dia hão-de morrer e por isso não sentem necessidade de criar sentidos para viver, pois o sentido da vida e da morte caminham a passo igual.

É por esta razão que, normalmente, o sentido mais profundo da vida emerge na fase terminal, quando a pessoa vê com clareza que o amor é a grande razão que vale para viver e morrer.

Jesus ensinou que amar até à morte é atingir a densidade máxima da vida.

Felizes as pessoas que sabem gastar a vida pelas causas do amor, mesmo que essa opção faça com que a morte chegue mais cedo.

Na verdade, sempre que temos a coragem de gastar a vida pelas causas do amor vamos morrendo ao homem velho que há em nós.

O homem velho tenta poupar a vida a qualquer preço, mesmo que seja a rotura com o amor.
Jesus disse que as pessoas que passam a existência a poupar a vida perdem-na.

A ideia da morte surge ao homem velho como uma tragédia sem saída.

à luz dos ensinamentos de Jesus, pelo contrário, morrer para dar vida é a maneira mais perfeita de viver disse Jesus.

Isto quer dizer que o Homem Novo não pode nascer sem que o velho vá morrendo.

No evangelho de São João, Jesus diz que as pessoas nasceram para renascer (Jo 3,3-6).

A Vida Nova não nasce sem que a velha se vá gastando pelas causas do amor.

Há seres humanos que vão nascendo todos os dias para a plenitude da vida, pois sabem morrer às forças que, em nós, bloqueiam o amor.

Olhada com este sentido, a morte apresenta-se como o último parto para a pessoa renascer de modo definitivo para a Vida Eterna.

À luz da fé cristã a certeza da nossa morte é o convite a criar sentidos válidos para que a vida não seja um fracasso.

Por ter uma interioridade espiritual, o ser humano não cai sob a alçada da morte, nem caminha para o vazio do nada.

A nossa fé diz-nos que é pelo acontecimento da morte que a pessoa entra de modo pleno e definitivo na festa da comunhão universal.

O acontecimento da ressurreição de Jesus Cristo garante-nos que a pessoa humana entra na plenitude da Vida no próprio acto de morrer.

Isto quer dizer que a razão fundamental da nossa existência não é somente prolongar o mais possível a vida mortal, mas construir a vida eterna.

Podemos dizer que no interior da nossa vida mortal a vida imortal emerge como o pintainho dentro do ovo.

Felizes são as pessoas que sabem ocupar a vida presente para construir a vida futura.

Para estas pessoas, a morte surge como a condição indispensável para atingir a sua glorificação com Cristo Ressuscitado.

Foi esta a razão pela qual o Filho de Deus se fez nosso irmão, a fim de nós sermos membros da família divina.

A sabedoria universal da Humanidade diz que a morte não mata a totalidade da pessoa humana, pois esta é imortal no seu ser espiritual.

A Boa Nova da ressurreição de Jesus Cristo confere aos crentes a certeza de que a sua vitória sobre a morte é também uma vitória para nós.

Servindo-nos do relato do Livro do Génesis sobre o Paraíso primordial, podemos dizer que Jesus ressuscitado é a Árvore da Vida que nos dá o fruto da Vida Eterna, isto é, o Espírito Santo (Gn 3, 22-23).

São Paulo diz que Jesus é o Novo Adão que veio restaurar as distorções operadas em nós pelo primeiro Adão, vencendo até a nossa morte (Rm 5, 17-19).

Por outras palavras, ao ressuscitar, Jesus colocou de novo o fruto da Vida Eterna ao nosso alcance!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


14 abril, 2010

A LIBERDADE COMO CAMINHO DE SALVAÇÃO

I – A LIBERDADE É UMA CAMINHADA

A Liberdade é uma conquista e uma tarefa a realizar, pois a pessoa humana não nasce livre.

A liberdade é a capacidade de a pessoa se relacionar amorosamente com os outros e interagir criativamente com as coisas e os acontecimentos.

Isto quer dizer que a liberdade, o amor e a criatividade caminham juntos.

É importante não confundir liberdade com livre arbítrio, a capacidade psíquica que a pessoa tem de optar pelo bem ou pelo.

O livre arbítrio não é a liberdade, mas sim a possibilidade de a pessoa se tornar livre.

Isto quer dizer que ninguém se pode tornar livre sem exercitar o livre arbítrio.

De facto, ninguém se torna livre sem tomar decisões e fazer escolhas na linha do amor.

Por outro lado não basta exercitar o livre arbítrio, para pessoa se construir como pessoa livre.

Deus é infinitamente livre e, no entanto não tem livre arbítrio, pois é incapaz de optar pelo mal.

Deus é infinitamente livre porque interage em relações de amor infinito e sempre criador.

Do mesmo modo, o ser humano só se constrói como pessoa livre, consciente e responsável através do amor.

Podemos dizer que a nossa liberdade é o resultado de uma cadeia de decisões, opções e realizações na linha do amor.

Isto quer dizer que o amor e a criatividade são a matriz da liberdade.

Vista a esta luz já podemos compreender como a liberdade é sempre um bem.

Por outro lado, o livre arbítrio pode ser fonte do bem e também de grandes males.

Os seres humanos que passaram a vida a fazer o mal não chagaram a atingir um grau elevado de liberdade.

Estas mesmas pessoas também não atingiram um elevado nível de consciência nem de responsabilidade.

Este facto deriva do facto de o ser humano se estar a construir como pessoa.

Como não nasce feito, o ser humano está a realizar-se de modo gradual e progressivo. A pessoa faz-se, fazendo.

Cada pessoa está chamada a realizar-se a partir dos talentos que recebeu dos outros.
E assim, por exemplo, ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado e o mal-amado fica a amar mal sem disso ser culpado.

Como o feixe de talentos das pessoas não se repete, cada ser humano se realiza de modo único, original e irrepetível.

II – OS OUTROS E A NOSSA LIBERDADE

Como podemos ver, ninguém é capaz de se tornar livre sozinho.

Isto quer dizer que nós, os seres humanos, precisamos dos outros para nos podermos tornar pessoas livres.

Mas os outros não nos podem substituir, pois a realização do ser humano como pessoa livre, consciente e responsável é uma tarefa pessoal.

Começámos por ser o que os outros fizeram de nós, pois foi deles que recebemos a matéria-prima para nos construirmos.

Mas o decisivo e o mais importante é o que agora construímos com os talentos que recebemos.

Ninguém pode edificar-se como pessoa livre sem ter construir uma vida comprometida.

Não bastam sonhos e devaneios, para uma pessoa chegar a ser livre.

É verdade que os sonhos positivos são importantes, pois funcionam como inspirações que convidam a pessoa a ser criativa.

No entanto, só os sonhos não bastam, pois a pessoa não é igual ao que diz ou sonha, mas sim ao que realiza.

Na verdade há muitos sonhos que não passam de fugas à realidade.

Os seres humanos que se deixam embalar por este tipo de sonhos nunca atingirão grande maturidade nem uma grande realização como pessoas livres.

O Reino de Deus é a Comunhão Universal de pessoas livres.

Isto quer dizer que Deus criou o Homem para que este atinja a liberdade.

Ninguém pode dar a liberdade a outra pessoa. O mais que podemos fazer neste campo é facilitar a realização dos outros para se realizem como pessoas livres.

Há sociedades injustas que metem na prisão pessoas que são profundamente livres e criadoras.

Estas sociedades estão a limitar as possibilidades de estas pessoas exercitarem a sua liberdade e, portanto, a condicionar o seu crescimento em liberdade.

Mas ninguém é capaz de roubar a liberdade a estas pessoas, pois a liberdade faz parte da interioridade máxima da nossa esfera espiritual.

Jesus disse que a pessoa que se opõe ao amor torna-se escrava.

O pecado é a oposição da pessoa amor. Pecar é dizer não ao amor. Foi por esta razão que Jesus disse que quem comete o pecado se torna escravo do pecado (Jo 8, 34).

Cristo libertou-nos das amarras do medo e deu-nos duas asas fundamentais para voarmos em direcção à liberdade: o Espírito Santo e a Palavra de Deus.

As asas não se nos impõem, mas capacitam-nos para voar, caso sintonizemos com a sua capacidade de voar.

Eis o que diz o evangelho de São João a este respeito:

“Se permanecerdes na minha Palavra sereis meus discípulos, conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (Jo 8, 31-32).

A Palavra de Deus coincide com a Verdade perfeita e plena.

De facto, a verdade é a compreensão e enunciação adequada e correcta da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

Isto quer dizer que apenas Deus, por ser o autor de toda a realidade a pode conhecer e enunciar de modo pleno.

Por ser a Verdade, a Palavra de Deus dá-nos os critérios certos para optarmos e decidirmos na linha do amor, condição fundamental para sermos livres.

No nosso íntimo, o Espírito Santo convida-nos a agir de acordo com o amor, a fim de sermos livres e chegarmos à comunhão dos Filho de Deus.

A afirmação segundo a qual Deus nos dá a liberdade precisa de ser explicada: Em primeiro lugar é preciso saber que todos os dons de Deus nos são feitos em forma de possibilidades ou talentos.

Esta é uma condição essencial para que as dádivas divinas sejam dons e não imposições.

A possibilidade de sermos livres assenta tanto no nível biológico como no psíquico.

Na Carta aos Gálatas, São Paulo escreveu um texto muito importante sobre a nossa vocação a ser livres:

São Paulo, na carta aos Gálatas transmite-nos um ensinamento muito importante em relação à liberdade:

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto permanecei e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão (…).

Que a liberdade não sirva de pretexto para vos deixardes subjugar pela carne, o homem velho.
Pelo contrário, mediante o amor, ponde-vos ao serviço uns dos outros” (Ga 5, 1-13).

Como dissemos acima, cada pessoa emerge de modo único, original e irrepetível.

Consciente desta verdade, São Paulo aconselha as pessoas que têm um nível maior de liberdade a não chocarem os mais fracos:

“Tende cuidado para que a vossa liberdade não venha a ser ocasião de queda para os mais fracos.

Se alguém te vê, a ti que tens a ciência e a liberdade, comer alimentos que foram consagrados aos ídolos, é capaz de se voltar para os ídolos.

Deste modo, pela tua ciência vai perder-se quem é fraco?” (1 Cor 8, 9-10).

Isto quer dizer que a lei do amor continua a ser a expressão da liberdade de uma pessoa.

Ao mesmo tempo, o amor continua a ser o caminho para a pessoa continuar a crescer como ser livre.

É este o caminho para a pessoa chegar à comunhão universal com Deus e os irmãos.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


08 abril, 2010

A FELICIDADE COMO DOM E TAREFA

I- A FELICIDADE COMO TAREFA

No entanto, apesar de estar connosco, Deus não nos substitui. Isto quer dizer que há uma série de atitudes e opções que não podemos deixar de realizar no dia-a-dia da nossa vida, a fim de edificarmos a felicidade.

Por outras palavras, a felicidade é um dom de Deus mas é também uma tarefa nossa.

Eis algumas atitudes importantes que devemos cultivar, a fim de atingirmos esse estado de paz interior e alegria próprio das pessoas felizes:

Aprender a viver com aquilo que não podemos mudar.

É muito importante aprendermos a aceitar-nos, apesar das nossas limitações.

Cultivar pensamentos construtivos e partilhar com os outros uma visão positiva da vida.

É fundamental cultivar a honestidade consigo e os outros.

Felizes dos que enfrentam as dificuldades da vida com confiança, procurando viver unidos a Deus.

É muito importante não andarmos sempre a comparar-nos com os demais.

Não nos devemos deixar esmagar por situações cuja solução não está nas nossas mãos.

Não será feliz quem não aprende a partilhar com os outros o seu tempo, os seus bens e o seu saber.

É importante cultivar o sentido de humor, impedindo que os pensamentos negativos nos dominem.

Não nos devemos esquecer de cuidar de nós. Quem não gosta de si não conseguirá gostar dos outros.

Ajudemos os outros sempre que se nos ofereçam ocasiões de o fazer.

Mantenhamo-nos o mais possível calmos, evitando situações de stress.

Procuremos ser moderados na comida e na bebida.

Nas relações com os outros procuremos adoptar atitudes de humildade e discrição.

É muito importante aprender a escutar as mensagens que os outros nos querem transmitir.

Procuremos estar sempre actualizados nos assuntos que fazem parte do nosso trabalho ou missão.

Cultivemos a capacidade de partir de uma situação para outra.

As mudanças trazem com frequência novas possibilidades de crescimento e realização pessoal.

Procuremos viver a vida com paixão. Mantenhamo-nos ocupados com coisas das quais gostamos verdadeiramente.

Respeitemos os outros como gostaríamos de ser respeitados por eles.

Não ponhamos como objectivo da nossa vida o simples amontoar de riquezas.

Lembremo-nos sempre de que a fonte da felicidade é o amor e não o dinheiro.

Isto quer dizer que as pessoas que têm muito dinheiro, se quiserem ser felizes, têm de pôr o dinheiro ao serviço do amor.

Isto acontecerá se procurarmos aplicar os nossos bens em favor da nossa realização pessoal e da fraternidade, cultivando o sentido da partilha com os mais pobres.

Procuremos ser gratos para com os outros, aceitando os seus dons e as oportunidades de realização que eles nos oferecem.

Elaboremos objectivos de vida e procuremos realizá-los, numa linha de fidelidade a nós mesmos.
Não percamos de vista as metas e objectivos que pretendemos alcançar.

Dentro do possível evitemos endividar-nos, procurando gerir os nossos bens de modo a bastar-nos.

Não corramos riscos incontrolados, sobretudo não nos comprometamos em campos que não conhecemos e não controlamos.

II-A FELICIDADE COMO TAREFA

Devemos ter presente que Deus, apesar de estar connosco, Deus não nos substitui.
Isto quer dizer que há uma série de atitudes e opções que não podemos deixar de realizar no dia-a-dia da nossa vida, a fim de edificarmos a felicidade.

Por outras palavras, a felicidade é um dom de Deus mas é também uma tarefa nossa.

Eis algumas atitudes importantes que devemos cultivar, a fim de atingirmos esse estado de paz interior e alegria próprio das pessoas felizes:

Aprender a viver com aquilo que não podemos mudar.

É muito importante aprendermos a aceitar-nos, apesar das nossas limitações.

Cultivar pensamentos construtivos e partilhar com os outros uma visão positiva da vida.

É fundamental cultivar a honestidade consigo e os outros.

Felizes dos que enfrentam as dificuldades da vida com confiança, procurando viver unidos a Deus.

É muito importante não andarmos sempre a comparar-nos com os demais.

Não nos devemos deixar esmagar por situações cuja solução não está nas nossas mãos.

Não será feliz quem não aprende a partilhar com os outros o seu tempo, os seus bens e o seu saber.

É importante cultivar o sentido de humor, impedindo que os pensamentos negativos nos dominem.

Não nos devemos esquecer de cuidar de nós. Quem não gosta de si não conseguirá gostar dos outros.

Ajudemos os outros sempre que se nos ofereçam ocasiões de o fazer.

Mantenhamo-nos o mais possível calmos, evitando situações de stress.

Procuremos ser moderados na comida e na bebida.

Nas relações com os outros procuremos adoptar atitudes de humildade e discrição.

É muito importante aprender a escutar as mensagens que os outros nos querem transmitir.

Procuremos estar sempre actualizados nos assuntos que fazem parte do nosso trabalho ou missão.

Cultivemos a capacidade de partir de uma situação para outra.

As mudanças trazem com frequência novas possibilidades de crescimento e realização pessoal.

Procuremos viver a vida com paixão. Mantenhamo-nos ocupados com coisas das quais gostamos verdadeiramente.

Respeitemos os outros como gostaríamos de ser respeitados por eles.

Não ponhamos como objectivo da nossa vida o simples amontoar de riquezas.

Lembremo-nos sempre de que a fonte da felicidade é o amor e não o dinheiro.

Isto quer dizer que as pessoas que têm muito dinheiro, se quiserem ser felizes, têm de pôr o dinheiro ao serviço do amor.

Isto acontecerá se procurarmos aplicar os nossos bens em favor da nossa realização pessoal e da fraternidade, cultivando o sentido da partilha com os mais pobres.

Procuremos ser gratos para com os outros, aceitando os seus dons e as oportunidades de realização que eles nos oferecem.

Elaboremos objectivos de vida e procuremos realizá-los, numa linha de fidelidade a nós mesmos.

Não percamos de vista as metas e objectivos que pretendemos alcançar.

Dentro do possível evitemos endividar-nos, procurando gerir os nossos bens de modo a bastar-nos.

Não corramos riscos incontrolados, sobretudo não nos comprometamos em campos que não conhecemos e não controlamos.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


05 abril, 2010

O UNIVERSO É O POEMA DE DEUS

Deus Santo,

No princípio, Vós imprimistes na Criação um sabor a ritmo e harmonia. A génese criadora do Universo é um poema vivo de amor.

No coração do Universo está a brotar um hino de beleza e poesia.


Através da evolução criadora do Universo, Vós estais escrevendo um poema dinâmico, cujo tema central é o Homem em construção.


Neste Cosmos em formação, cada estrela é uma estrofe, cada planeta um refrão.


São mais de cem mil milhões as estrelas da nossa Galáxia que se espalham por este céu azul que prolonga o mar.


Mas além da nossa galáxia, o Universo é constituído por mais de cem mil milhões de outras galáxias variadas e coloridas.

A nossa fé convida-nos a celebrar a Vossa bondade, Deus Santo, a fim de saborearmos o sentido deste Universo em gestação.


São estrelas, galáxias, sistemas solares, planetas e cometas.

São também Nebulosas coloridas e brilhantes, são auroras boreais e asteróides.


Cantar a harmonia da vossa Criação é proclamar um poema cujo tema dominante é o vosso amor criador e salvador.


O refrão fundamental do vosso poema de amor é Jesus Cristo, ponto de encontro do humano com o divino.


Nele, o divino diz-se em grandeza humana e o Homem é assumido na própria Família de Deus.


Jesus Cristo é a Palavra eficaz que preside ao processo criador. À medida que nos revela o Vosso plano salvador realiza a obra da Salvação.


Sem esta Palavra fundamental, o vosso poema Deus Santo, ficava vazio de sentido.


Na cúpula do vosso poema criador está a Humanidade, essa multidão de pessoas em construção.


No concreto de cada pessoa a Humanidade emerge de modo único, original e irrepetível.
Os poetas humanos cantam emoções, paixões e sofrimentos. Muitos dos seus versos são expressões de desilusão, amores traídos e frustração.

O vosso poema, pelo contrário, fala-nos da harmonia do Universo e da festa da Vida que faz as delícias da comunhão definitiva do Homem com Deus.

Antes de terdes criado as aves do Céu, os animais domésticos, os répteis e os animais selvagens, Vós já estáveis pensando no Homem e na vossa Aliança de Amor Eterno.


Depois de terdes criado o Homem com um amor eterno, Vós lhe oferecestes a ternura maternal do Espírito Santo.

Logo a seguir Vós nos chamastes pelo nosso nome, escrevendo-o na palma da vossa mão, a fim de não o esquecerdes.


Vós nos criastes inacabado, a fim de tomarmos parte na nossa própria criação.


Com o aparecimento do Homem, surge a vida pessoal e espiritual na marcha da Criação.


Criador e Criação já podem comungar, pois a Divindade é pessoas e a Humanidade também.

Glória a Vós, Trindade Divina, Família primordial que sonhou esta maravilha do Universo em gestação.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


01 abril, 2010

O AMOR É FONTE DE OPÇÕES HUMANIZANTES

O acto de amar não é para a pessoa humana um comportamento espontâneo, pois o ser humano não é capaz de amar antes de ter sido amado.

Eis a lei do amor: É o amor dos outros que nos capacita para amar. Eis a razão pela qual o mal amado fica a amar mal, apesar de não ter culpa.

O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

O amor capacita-nos para eleger os outros como próximos, isto é, como alvo do nosso bem-querer.

Na verdade, o próximo propõe-se mas nunca se nos impõe. Somos nós que mediante os apelos do amor o elegemos como tal.

O Amor capacita-nos para agir de modo a facilitar a realização e felicidade dos outros.

Jesus teve a coragem de anular os preceitos e mandamentos do judaísmo, reduzindo-os ao mandamento do amor:

“Dou-vos um mandamento novo: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. As pessoas saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).

O campo privilegiado para o amor actuar e se difundir é o tecido das relações humanas.

Por outras palavras, o amor optimiza as relações, conferindo-lhes a força da humanização.

Isto demonstra a importância de as pessoas procurarem optimizar as relações mediante opções e atitudes de amor.

A título de exemplo apresentamos algumas atitudes geradoras de amor e, portanto, capazes de acelerar a dinâmica do processo humanizante das pessoas:

Amar é ser capaz de estar presente nas horas difíceis, pois o amor tende sempre para a comunhão.

Amar é ajudar o outro a gostar de si, valorizando as suas realizações positivas, mesmo que estas não estejam de acordo com os nossos interesses.

É também ajudar o outro a superar a solidão e ajudá-lo a suportar os fardos com que a vida, por vezes, nos carrega.

Amar é facilitar o amadurecimento dos seres humanos, dando-lhes oportunidades para que se realize como pessoa livre, consciente e responsável.

A pessoa que ama não substitui os outros, mas gosta de os ajudar sem se sobrepor.

A pessoa que ama molda a sua vida de acordo com o princípio fundamental do bem-querer: “É melhor dar do que receber.”

Amar é ajudar o outro a descobrir sentidos para viver de modo empenhado e feliz.

Amar é ser capaz de ficar calado quando se está magoado, esperando a oportunidade certa para dialogar com serenidade.

Amar é acreditar no outro e não pretender que a minha opinião é a única que vale.

Amar implica reconhecer as qualidades do outro e não girar apenas à volta dos seus defeitos.

Amar é ser capaz de partilhar não só o que tenho, mas também o que sei e, sobretudo o que sou.

Amar é orientar a viva como disponibilidade para aceitar as diferenças dos outros, sabendo que isto vale mais do que dar presentes.

Ama mais e melhor quem dá o primeiro passo no sentido da reconciliação.

Amar é estar atento, a fim de ver se o outro está precisando de mim. Não basta pensar: “Quando quiser que venha ter comigo”.

O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

Ama mais quem se antecipa a ser dom para os outros. Jesus levou o amor até à sua expressão máxima: Deu-se de modo pleno. Deu tudo, até a própria vida.

O nosso amor será tanto mais perfeito quanto mais nos aproximarmos do jeito de Jesus amar.
O amor modela o coração da pessoa para a comunhão e capacita-a para saber edificar a sua casa sobre a rocha firme.

O amor é a veste indispensável para podermos participar no banquete do Reino de Deus.

O Amor é uma dinâmica criativa, capaz de gerar constantemente o novo e o diferente. O Amor é também uma fonte de liberdade.

De facto, a liberdade é a capacidade de uma pessoa se relacionar de modo amoroso com os outros e interagir de modo criativo com as coisas e os acontecimentos.

O amor tenta conviver com os defeitos dos outros, apesar de isto exigir renúncia.

O amor menciona os sucessos do outro e menciona as suas qualidades.

O amor não está sempre a exigir disponibilidade da parte do outro, mas procura estar disponível quando este precisa de si.

Quando dá uma opinião ou aconselha alguém, a pessoa que ama procura comunicar sempre o melhor da sua experiência e do seu saber.

O jeito de se dar da pessoa que ama é discreto, ao ponto de o outro nem se aperceber do sacrifício que está a ser feito em seu favor.

A pessoa que ama não se afasta do outro quando este teve um fracasso.

Por ser dinâmico, o amor é capaz de um crescimento constante, capacitando as pessoas para uma doação cada vez mais plena e gratuita.

Pelo modo gratuito e atento de se dar, a pessoa que ama é sempre a primeira a ser recordada por aqueles a quem se deu, sobretudo quando estes estão a passar por momentos difíceis.

A pessoa que ama evita magoar, mas não deixa de dizer a verdade pelo simples facto de que o outro pode não gostar.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matiaas