29 setembro, 2008

DEUS E A REVELAÇÃO DA NOVA ALIANÇA-I


I-A NOVA ALIANÇA SUPERA A ANTIGA

O termo aliança, n bíblia, significa um acordo amistoso que compromete as partes interessadas (1 Sam 18, 3; Gn 26, 28).

A aliança implica fidelidade mútua ao que foi acordado. Yahvé é o Deus da Aliança precisamente por ser o Deus sempre fiel.

Por parte do Homem, a Aliança implica escolher Deus como razão primeira de viver e ser fiel ao seu plano criador e salvador.

A Nova Aliança surge como cúpula de muitas alianças anteriores. Por outras palavras, a Nova Aliança é a garantia de que a plenitude do plano salvador de Deus foi inaugurada.

Esta plenitude significa a reconciliação e a comunhão entre Deus e o Homem: “Deus escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis na sua presença e vivermos em comunhão amorosa.

Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com a sua vontade” (Ef 1, 4-5).

Este plano esteve oculto durante milénios, mas foi dado a conhecer quando chegou a plenitude dos tempos:

“Agora podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo, o qual não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, em gerações passadas, como agora foi revelado aos seus Santos Apóstolos e Profetas pelo Espírito Santo” (Ef 3, 4-5).

Podemos dizer que a Nova Aliança representa a plenitude de um projecto sonhado por Deus desde toda a eternidade.

A Antiga Aliança foi um passo fundamental para se chegar à Nova!

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

DEUS E A REVELAÇÃO DA NOVA ALIANÇA-II

II-NOVA ALIANÇA E FRATERNIDADE UNIVERSAL

A Antiga aliança é o tempo em que o grande pedagogo, isto é, o Espírito Santo, foi preparando o Homem para a plenitude dos tempos.

A plenitude dos tempos representa o período em que a Humanidade dá um salto de qualidade ao ser incorporada na comunhão universal da Família de Deus.

Eis as palavras da Carta aos Efésios: “Cristo é a nossa paz. De dois povos (judeus e pagãos) fez um só, anulando o muro da separação que os dividia, isto é, a Lei mosaica com suas normas e preceitos, a fim de criar um só Homem Novo com judeus e pagãos.

Portanto, os pagãos já não são estrangeiros nem imigrantes, mas concidadãos dos santos e membros da Família de Deus” (Ef 2, 14.19).

A Carta aos Gálatas interpreta de modo muito bonito a grande mudança operada pelo salto de qualidade da Nova Aliança:

“Antes de chegar a plenitude da fé estávamos prisioneiros da Lei de Moisés. Era necessário, portanto, que a fé se revelasse. A Lei de Moisés foi o pedagogo que nos conduziu até Cristo, a fim de entrarmos no domínio da fé e sermos justificados.


Isto quer dizer que a Lei de Moisés se tornou o pedagogo até Cristo, a fim de sermos justificados pela fé.

Agra já sois filhos de Deus, por isso não estais sob o domínio do pedagogo (…). Já não há judeu ou grego. Não há escravo ou homem livre.

Não há homem ou mulher, pois todos sois um só em Cristo Jesus” (Gal 3, 23-29). A Antiga Aliança assentava na Lei de Moisés, a qual se multiplicava em normas, preceitos, mandamentos e ritos que não levavam à salvação.

A Antiga Aliança criava um divisão entre os povos e as raças: circuncisos e incircuncisos, filhos de Abraão e pagãos.

A Nova Aliança, pelo contrário, assenta na acção do espírito Santo que, no nosso interior, nos incorpora na Família de Deus: filhos de Deus Pai e irmãos do Filho de Deus (Rm 8,15-17).

Esta incorporação dá-se pela ternura maternal de Deus, isto é, o Espírito Santo (Rm 8, 14).
Viver a dinâmica da Nova aliança, portanto, significa deixar-se conduzir pelo Espírito Santo, os quais superam a Lei de Moisés:

“Eis os frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio. Contra tais coisas não há lei” (Ga 5, 22).

A Nova Aliança supõe, não propriamente uma rotura com a Antiga, pois a Antiga era um degrau para chegar à Nova.

A Antiga Aliança foi superada da mesma maneira que as metas para atingir um objectivo determinado são superadas quando o objectivo é atingido.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E A REVELAÇÃO DA NOVA ALIANÇA-III


III-NOVA ALAIANÇA E REVELAÇÃO DE DEUS

A Nova Aliança não é uma simples continuidade em relação à Antiga, tal como Cristo não está apenas numa linha de continuidade em relação a Moisés.

Por outras palavras, a Nova Aliança representa um salto de qualidade em relação à Antiga. Na verdade, a libertação e a divinização do Homem realizada pela Encarnação, não está numa simples continuidade em relação à libertação da escravidão do Egipto.

Entre estes dois acontecimentos existe, pois, uma diferença qualitativa. A libertação realizada pela Nova aliança tem o alcance de uma salvação definitiva cuja meta consiste na assunção e incorporação da humanidade na Família Divina.

Pela Encarnação, diz o evangelho de São João foi-nos dado o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

A Carta aos Efésios diz tratar-se de um plano sonhado por Deus desde toda a eternidade e que se concretizou na História através de Jesus Cristo (Ef 3, 11).

De facto, continua a Carta aos Efésios, Deus planeou a salvação da Humanidade ainda antes da criação do Mundo (Ef 1, 4).

São Mateus diz que o Reino que havemos de partilhar com Jesus Cristo foi preparado para nós desde a Criação do Mundo (Mt 25, 34).

Este plano de salvação, esteve oculto e inacessível para muitos profetas e reis, mas foi revelado pelo Espírito Santo quando chegou a plenitude dos tempos diz o evangelho de São Lucas:

“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:
“Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelastes aos pequeninos.

Sim, Pai, porque foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho houver por bem revelar-lho”.

Voltando-se depois para os discípulos disse-lhes: “Felizes os olhos que vêem o que estais a ver.
De facto, digo-vos eu, muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 21-24).

O projecto da Nova Aliança é anterior ao plano da Antiga, pois esta foi concebida como meio para conduzir até à plenitude da Nova Aliança.

A Carta aos hebreus diz que Deus ao falar de uma Nova Aliança declarou obsoleta a Antiga. Como o que se torna obsoleto está prestes a desaparecer, assim acontece com a Antiga Aliança (Heb 8, 13).

No livro do profeta Ezequiel aparece Deus a prometer ao povo uma Nova aliança: “Lembrar-me-ei da Aliança que fiz contigo, no tempo da tua juventude e estabelecerei contigo uma aliança Eterna (…).

Estabelecerei contigo a minha Aliança e então saberás que eu sou o Senhor, a fim de que te lembres de mim e sintas vergonha e não abras mais a boca no Meio da tua confusão.

Isto acontecerá no dia em que eu te perdoar tudo o que fizestes, oráculo do Senhor” (Ez 16. 60-63).

Segundo o profeta Jeremias, a Nova aliança assenta em novos alicerces: num coração renovado e no dom do Espírito Santo:

“Dias virão em que estabelecerei uma Nova aliança com a casa de Israel e a casa de Judá, oráculo do Senhor.

Não será como a Aliança que estabeleci com seus pais, quando os tomei pela mão para os fazer sair da terá do Egipto, aliança que eles não cumpriram, embora eu fosse o seu Deus, oráculo do Senhor.

Esta será a aliança que estabelecerei depois desses dias com a casa de Israel, oráculo do Senhor: Imprimirei a minha Lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração.

Serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jer 31, 31-33). A Nova Aliança, portanto, não é escrita em tábuas de pedra, como a Antiga, mas sim no coração das pessoas.

São Paulo diz aos membros a comunidade de Corinto que eles são uma carta de Cristo, escrita pelo Espírito Santo, pois pertencem à Nova Aliança:

“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens.

Sois uma carta de Cristo confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo.

Escrita, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações (…). É Deus que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, enquanto o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 2-6).

Cristo é o medianeiro da Nova Aliança. Nele, Deus realiza em favor de todos nós o seu plano de salvação pela graça.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

26 setembro, 2008

O ESPÍRITO SANTO E A ÁRVORE DA VIDA-I

I-ADÃO RECUSOU O FRUTO DA VIDA ETERNA

Ao falar da Árvore da Vida, o Livro do Génesis quer dizer que Deus não nos criou para a morte, mas para a Vida Eterna.

Mas a Vida Eterna é uma graça e um dom que o ser humano pode aceitar ou não, de outro modo não seria dom, mas imposição.

Deus salva-nos por amor e o amor propõe-se, mas nunca se impõe. Adão rejeitou o dom de Deus. Ao rejeitar o amor de Deus, Adão entrou no caminho do malogro e do fracasso, tornando-se indigno do amor de Deus:

“O Senhor Deus disse: “Eis que o Homem, quanto ao conhecimento do bem e do mal, se tornou como um de nós.

Agora é preciso que ele não estenda a mão para se apoderar também do fruto da Árvore da Vida e, comendo dele, obtenha a vida eterna.

Então, o Senhor Deus expulsou Adão do Jardim do Éden (…). Depois de o ter expulsado colocou a oriente do jardim uns Querubins com uma espada flamejante, a fim de guardarem o caminho da Árvore da Vida” (Gn 3, 22-24).

De acordo com a linguagem simbólica do livro do Génesis, havia no centro do Paraíso duas árvores importantes:

A árvore do conhecimento do bem e do mal e a Árvore da Vida. A seiva da árvore do conhecimento do bem e do mal é o egoísmo que gera os frutos mortais da arbitrariedade e do caprichoso e do fratricídio.

Os que comem o fruto desta árvore descobrem que estão nus, isto é, compreendem a sua incapacidade para atingir a sua plena realização e felicidade.

A Árvore da Vida, pelo contrário, faz germinar a Vida Eterna no coração dos que comem os seus frutos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O ESPÍRITO SANTO E A ÁRVORE DA VIDA-II


II-A ÁRVORE DA VIDA É CRISTO RESSUSCITADO

O fruto da Árvore da Vida é o Espírito Santo, o qual capacita as pessoas para viver de modo fiel a aliança com Deus.

As pessoas que comem o fruto da Árvore da Vida descobrem que estão revestidos com a veste da Salvação: “E vi descer do Céu, a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, preparada, qual noiva vestida e adornada para o seu esposo” (Apc 21, 2).

A Árvore da Vida, tal como a árvore proibida estava ao alcance do Homem. A simbologia das duas Árvores exprime de modo perfeito a realidade do livre arbítrio, isto é, a capacidade psíquica de optar pelo bem ou pelo mal.

Deus não pode substituir o Homem, pois este tem de optar, a fim de poder chegar a ser livre.
Deixando-se seduzir pela tentação, o Homem optou pelo caminho do fracasso.

A tentação é uma insinuação mental subtil e oculta sob o disfarce do bem, convidando o Homem a agir em sentido oposto à proposta de Deus.

Como consequência do pecado de Adão, o Paraíso foi fechado, ficando fora do alcance de Adão.
A Humanidade é introduzida por Adão no caminho do Malogro e do fracasso.

Como Deus é Amor infinito, não podia deixar de nos amar infinitamente. Através do mistério da Encarnação o Homem foi capacitado para retomar o caminho da sua realização e plenitude.

Deste modo, Deus colocou ao alcance do Homem a meta da Salvação. Na Sexta-feira Santa, a humanidade deu um salto de qualidade:

Jesus Cristo abriu o Paraíso e introduziu nele a Humanidade que o tinha precedido na História.
Eis as palavras de Jesus para o Bom Ladrão:

“Em verdade te digo: hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43). Em Jesus ressuscitado passámos a fazer parte da Árvore da Vida, tornando-nos ramos ligados à cepa da Videira e às suas raízes mais profundas: A Santíssima Trindade.

Por outras palavras, pelo mistério da sua morte e ressurreição Jesus abriu as portas do Paraíso à Humanidade e esta foi divinizada.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O ESPÍRITO SANTO E A ÁRVORE DA VIDA-III


III-O ESPÍRITO SANTO É O FRUTO DA ÁRVORE DA VIDA

Podemos dizer que o relato paradisíaco do livro do Génesis não foi uma realidade existente num princípio mítico.

Na verdade. o paraíso é um projecto sonhado por Deus para a plenitude dos tempos: “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho nascido de uma mulher (…), a fim de recebermos a adopção de filhos” (Gal 4, 4-6).

Jesus Cristo é o Novo Adão, a cabeça da Humanidade reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19).
É a Árvore da Vida que nos dá o fruto da Vida Eterna:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a Vida Eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia.

Com efeito, a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é uma verdadeira bebida.
Quem come a minha carne a bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele.

Assim como o Pai que me enviou vive e Eu vivo pelo Pai, também o que me come viverá por mim” (Jo 6, 54-57).

Mas São João tem o cuidado de acentuar que este mistério da comunhão orgânica com Cristo ressuscitado não é uma realidade biológica, mas sim uma realidade de grandeza espiritual:

“E se virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes? O Espírito é que dá vida, a carne não presta para nada.

As palavras que vos disse são Espírito e Vida” (Jo 6, 62-63). A carne e o sangue de Cristo são a seiva da Árvore da Vida, isto é, o Espírito Santo.

O evangelho de São João diz que no momento da morte de Jesus um soldado trespassou com uma lança o coração de Jesus saindo dele Água e Sangue (Jo 19, 33-34).

São João está a falar da difusão do Espírito Santo, já antes anunciado como a Água Viva que faz brotar uma nascente de Vida Eterna no coração das pessoas que a bebem (Jo 7, 37-39; 4, 14).

O Sangue é o Sangue a Nova Aliança, isto é, o Espírito Santo que é o poder ressuscitador de Cristo a actuar em nós:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a Vida Eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia” (Jo 6, 54).

Com a morte e a ressurreição de Jesus, a Humanidade dá um salto de qualidade, mediante a introdução na Família de Deus da qual resulta a divinização do Homem.

O Espírito Santo é o Sangue de Cristo ressuscitado, a circular em nós e a comunicar-nos a vida de Deus (Jo 6, 62-63).

O Paraíso sonhado pelo Livro do Génesis torna-se finalmente realidade. Os que são animados pela seiva da Árvore da Vida, isto é, o Espírito Santo, participam da Vida Eterna, pois são incorporados de modo orgânico na Família de Deus.

Eis as palavras de São Paulo na Carta aos Romanos: “Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.

Vós não recebestes um espírito de escravidão para andardes no temor. Pelo contrário, recebestes um Espírito de adopção graças ao qual clamamos “Abba”, isto é Papá.

E se sois filhos sois também herdeiros. Herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com Jesus Cristo, se formos fieis como ele foi, sofrendo pelo Evangelho como Ele sofreu” (Rm 8, 14-17).

O Livro do Apocalipse diz que os seres humanos que participam na comunhão da Família de Deus são alimentados pelo do fruto da Árvore da Vida:

“Felizes os que lavam as suas vestes, para terem direito à Árvore da Vida e poderem entrar nas portas da cidade” (Apc 22, 14).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

21 setembro, 2008

DINAMISMO ESPIRITUAL DA PESSOA HUMANA-I

I-A DIVINDADE E A HUMANIDADE COMO PESSOAS

A pessoa humana não se esgota na sua dimensão biológica. No interior do ser humano, está a emergir a vida, como o pintainho emerge dentro do ovo.

À medida que emerge, a vida espiritual do ser humano estrutura-se como vida pessoal, isto é, livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.

Pode acontecer reciprocidade amorosa entre as pessoas divinas e as humanas, pois a Divindade é pessoas e a Humanidade também.

Por outras palavras, existe proporcionalidade entre as pessoas humanas e as divinas. É verdade que as pessoas divinas não têm vida de nível biológico ou psíquico.

Isto quer dizer que as pessoas humanas são proporcionais às divinas apenas ao nível da sua interioridade espiritual.

A vida pessoal humana, por ser proporcional à vida pessoal divina já pertence à cúpula da Criação.

A pessoa apenas pode realizar-se em dinâmica de relações e comunhão amorosa. Isto significa que pessoa, à medida que se realiza, é autora de si própria.

Neste aspecto, o Homem é realmente alguém que está a emergir como ser à imagem e semelhança de Deus.

É verdade que a pessoa humana, ao contrário das pessoas divinas, começa por ser o que os outros fizeram dela.

Mas o decisivo é o modo como a pessoa se realiza a partir dos talentos que recebeu.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DINAMISMO ESPIRITUAL DA PESSOA HUMANA-II

II-A PESSOA HUMANA COMO SER HISTÓRICO

Optando, decidindo e realizando os talentos que recebeu dos outros, a pessoa estrutura-se como ser livre.

A liberdade é a capacidade de se relacionar de modo amoroso com os outros e de interagir criativamente com as coisas e os acontecimentos.

O nível de liberdade de uma pessoa é o resultado de uma cadeia enorme de opções, escolhas e decisões.

Apesar de não nascer livre, a pessoa nasce com a possibilidade de se tornar livre. Por outras palavras, a pessoa humana não nasce livre, mas sim com a possibilidade de o ser.

A possibilidade de o ser humano se tornar livre radica no livre arbítrio, a capacidade psíquica de optar pelo bem ou pelo mal.

À medida que se realiza, a pessoa humana emerge como ser único, original e irrepetível. As pessoas são um pouco como as impressões digitais:

Apesar de haver uma multidão imensa de polegares as impressões digitais de um pessoa não se repetem.

Podemos dizer que a identidade natural de um ser humano é constituída pelas impressões digitais e pelo seu ADN.

A identidade espiritual é constituída pelo jeito de amar e comungar de uma pessoa. A identidade natural acaba no cemitério. A identidade espiritual, pelo contrário, faz parte da Vida Eterna de umas pessoa.

A identidade natural é um dado biológico que faz parte do património genético herdado pela pessoa.

A identidade espiritual, pelo contrário, é algo que a pessoa constrói através do seu jeito de amar e se relacionar.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DINAMISMO ESPIRITUAL DA PESSOA HUMANA-III

III-A PESSOA E A VIDA ETERNA


Utilizando uma imagem que me é muito querida, eu diria que, no Reino de Deus, todos dançaremos o ritmo do amor, mas cada pessoa com o jeito que tiver treinado na história.

Cada pessoa é única, original e irrepetível, tanto nas impressões digitais que herdou dos outros, como nas impressões digitais que construiu em relações com os outros.

Como já vimos, a realidade espiritual humana tem uma identidade histórica. Assim como o pintainho emerge dentro do ovo, assim a vida pessoal-espiritual emerge no interior do nosso ser exterior.

Ao terminar a marcha histórica da pessoa, a casca do ovo rebenta e o pintainho nasce e entra na festa da vida eterna.

Por outras palavras, a vida pessoal, por ser espiritual, não está a caminhar para o vazio da morte.
Na edificação da vida pessoal, o decisivo são as opções e realizações na linha do amor.

Os fracassos ou quedas circunstanciais que aconteçam pelo caminho não anulam a realização do Homem em construção.

O grande obstáculo à realização histórica da pessoa é de facto o pecado, isto é, a recusa da pessoa a realizar-se mediante relações de amor.

As recusas da pessoa a realizar-se mediante o amor, geram um conjunto de forças negativas que bloqueiam o processo realização da pessoa e bloqueiam o processo histórico da humanização.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DINAMISMO ESPIRITUAL DA PESSOA HUMANA-IV

IV-O PECADO DAS FORÇAS DESUMANIZANTES

No mundo em que vivemos, o pecado manifesta-se de muitos modos: É o egoísmo e a indiferença das pessoas em relação aos seus irmãos.

É o fabrico de armas monstruosas para destruir a vida humana. São as Guerras geradoras de catástrofes e morte.

Provocadas apenas por interesses económicos. A leviandade com que se brinca com o equilíbrio ecológico.

É o tráfico de drogas que, de modo gradual e progressivo, vão destruindo o equilíbrio de milhões de seres humanos.

É a distribuição injusta das riquezas, ao ponto de todos os dias causarem a morte pela fome de milhões de seres humanos.

É o abuso sexual de crianças, gerando distorções enormes nestes seres humanos, ao ponto de, muitas vezes, impedirem a sua realização e felicidade.

São as várias formas de violência, sobretudo a tortura e o comércio de seres humanos. É a exploração sexual de jovens de ambos os sexos.

É a pena de morte e a violação dos direitos humanos. É a distorção e manipulação da verdade levada a cabo pelos poderosos meios de comunicação social, pelos senhores da guerra e pelos poderosos grupos de pressão.

É o pecado social estruturado, impedindo os seres humanos de se realizarem como pessoas. É importante que os seres humanos tenham consciência de que impedir um ser humano de se realizar é mutilar a Humanidade.

Na verdade, a Humanidade está a emergir de modo único, original e irrepetível no concreto de cada pessoa humana.

Mas a vitória pertence à Humanidade, pois Jesus Cristo ressuscitado é a garantia do sucesso humano universal.

É verdade que o pecado não impede que o projecto de Deus aconteça, mas os ritmos negativos do pecado actuam nas sociedades como forças de bloqueio que atrasam a sua marcha para a Comunhão Universal do Reino de Deus.

Deus É uma comunidade de três pessoas. Isto quer dizer que ele toma partido pela vida pessoal.

O divino se enxertou no humano em Jesus Cristo, a fim de as pessoas humanas encontrarem a sua plenitude com as pessoas divinas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

17 setembro, 2008

CRISTO REVELOU-NOS A GRANDEZA HUMANA- I

I-TU ÉS O ÚNICO MEDIANEIRO DA SALVAÇÃO

És o senhor da vida porque venceste a morte que ensombrava o sentido da existência humana.
Apesar de seres um homem como nós, estás unido a Deus de modo orgânico e definitivo.

Entre a tua interioridade pessoal humana e a interioridade divina do Filho de Deus há uma interacção directa, animada pelo Espírito Santo.

Assim como o Verbo interage com o Pai pelo Espírito Santo, assim acontece contigo, Jesus de Nazaré, e o Filho Eterno de Deus.

Graças à tua ressurreição, a nossa vida foi incorporada na plenitude da Família de Deus.Por seres homem como nós, fazes um todo orgânico com a Humanidade, tal como o Filho Eterno de Deus faz uma união orgânica com Pai e o Espírito Santo.

No mais íntimo de ti, Jesus de Nazaré, o humano e o divino encontram-se: o divino enxerta-se no humano e o humano é divinizado.

Por seres membro da Humanidade connosco, nós fomos incorporados contigo no mistério da Santíssimo Trindade.

Esta possibilidade existe, pois a Divindade é constituída por pessoas e a Humanidade também.
Jesus Cristo, tu és do lado de Deus e do Homem. No teu coração habitam o humano e o divino.

É por esta razão que a Primeira Carta a Timóteo diz que tu és o único medianeiro da Salvação (1Tim 2, 5).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO REVELOU-NOS A GRANDEZA HUMANA- II

II-EM TI, DEUS LIGA-SE AO MELHOR DO HOMEM

Elegeste a Humanidade como alvo do teu amor. Por isso nos amaste de modo incondicional.
Como viveste a nossa condição de homens em construção, sintonizas plenamente connosco.

Em ti, a dimensão divina não anula a humana, pois Deus e o Homem convergem e encontram-se numa reciprocidade amorosa, dinamizada pelo Espírito Santo.

Jesus Cristo, tu és a afirmação e a garantia de que existe proporcionalidade entre a Divindade e a Humanidade. Por isso a encarnação pôde acontecer.

A interioridade do Logos é uma pessoa divina em plena comunhão amorosa com o Pai e o Espírito Santo.

A tua interioridade espiritual humana é resultado de um processo gradual e progressivo de humanização.

Jesus Cristo, tu és a garantia de que o Divino, ao tocar o Humano, optimiza-o e não o anula.
Do mesmo modo, dás-nos a certeza de que o Humano, ao ser assumido no Divino, não o empobrece nem mutila.

Tu és, Jesus Cristo, o alicerce da nossa divinização. Por isso mereces a nossa gratidão. Tu revelas-nos o rosto bondoso de Deus, mas também nos revelaste a grandeza humana.

Tu és, na verdade, a cabeça da Nova Humanidade e a cúpula da Criação restaurada.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO REVELOU-NOS A GRANDEZA HUMANA- III

III-GLÓRIA A TI, SALVADOR DA HUMANIDADE

Os que te odiaram cantaram vitória no momento da tua morte. Não podiam imaginar que a tua doação incondicional significava o início da vitória total sobre a opressão e a morte.

Como Filho Eterno de Deus, estiveste presente ao impulso primordial que deu origem à génese do Universo.

Como homem foste em tudo igual a nós, excepto no pecado. Viveste ao lado dos pecadores sem os considerares indignos da tua amizade, revelando-nos assim o rosto bondoso de Deus Pai.

No momento da tua ressurreição abriste as portas do Paraíso, como disseste ao Bom Ladrão (Lc 23, 43).

E assim inauguraste a festa do Reino de Deus com todos os seres humanos que te precederam na História.

Glória a ti, Jesus Cristo. Louvor a ti, Salvador da Humanidade!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

15 setembro, 2008

O DEUS QUE NOS CHAMA PELO NOME-I


I-E DEUS SONHOU UM PLANO DE AMOR

O Deus de Jesus Cristo conhece o Homem e chama-o pelo próprio nome. Ao criar-nos, Deus logo sonhou um plano salvador, a fim de nos assumir na própria Família Divina.

Para não se esquecer de nós, diz a bíblia, Deus escreveu nosso nome na palma da sua mão.
Depois falou ao seu Filho da grande ternura que sentia por nós.

Ao ver a ternura infinita de Deus Pai por nós, o Filho Eterno de Deus exclamou: “O meu alimento é fazer a tua vontade e realizar a tua obra.

Envia-me, Pai, para que possa fazer dos seres humanos meus irmãos, comunicando-lhes a força vital do Espírito Santo e, deste modo, eles serem introduzidos na Família de Deus como filhos de Deus Pai e irmãos do Filho de Deus” (cf. Rm 8, 14-16).

E foi isto que aconteceu através do mistério da Encarnação: O Filho de Deus fez-se nosso irmão, a fim de nós sermos filhos de Deus Pai.

Eis as palavras do evangelho de São João: “E aos que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

Estes não nasceram da carne nem do sangue, nem da vontade do Homem, mas sim de Deus. E o Verbo encarnou e habitou entre nós” (Jo 1, 12-14).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O DEUS QUE NOS CHAMA PELO NOME-II

II-DEUS SONHOU O MELHOR PARA NÓS

Querendo ensinar aos discípulos a ternura de Deus pela Humanidade, um dia Jesus Cristo disse-lhes o seguinte:

“Eu desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade de quem me enviou. E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia.

Sim, esta é a vontade do meu Pai: que todo aquele que acredita no Filho tenha a Vida Eterna e eu o ressuscite no último dia” (Jo 6, 38-40).

Podemos dizer que a pessoa humana depois de ouvir e aceitar a Palavra de Deus está a caminhar pela via da sua realização e plenitude.

Jesus Cristo ensinou aos discípulos que não devem ter medo de procurar a vontade de Deus, pois esta coincide rigorosamente com o que é melhor para as pessoas humanas.

Na verdade, a vontade de Deus a nosso respeito é que nós nos realizemos e sejamos felizes. Ao chamar-nos à vida, Deus deu-nos um leque de possibilidades, para que nos possamos realizar.

O evangelho de São Mateus dá o nome de talentos às possibilidades de realização de cada pessoa (Mt 25, 14-30).

Os talentos são a matéria-prima de que dispomos para nos realizarmos. Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo chama-nos a ser fieis aos nossos talentos, a fim de atingirmos a nossa plenitude no Reino de Deus.

Deus é Comunhão de três pessoas e salva os seres humanos na medida em que estes crescem em densidade pessoal e espiritual.

No conjunto dos seres vivos que habitam esta terra, apenas os seres humanos são pessoas e, portanto, capacitados para tomar parte na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

E ao chegar o dia da nossa partida para a plenitude da vida eterna, o Espírito Santo conduz-nos ao Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho de Deus que nos que nos acolhe como irmãos.

E é deste modo que somos assumidos e acolhidos na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

11 setembro, 2008

DEUS E O PROJECTO HISTÓRICO DO HOMEM-I

I-O HOMEM NA CÚPULA DA CRIAÇÃO

O projecto histórico da criação do Homem faz parte de um sonho de Deus que nos talhou para uma comunhão universal.

Por outras palavras, Deus quer que a Humanidade se edifique como uma família, a fim de poder ser assumida na Família Divina.

Podemos dizer que a Humanidade pertence ao melhor que a Criação foi capaz de produzir: pessoas chamadas a fazer parte da Família de Deus.

Os seres humanos estão a emergir como pessoas livres, conscientes, responsáveis e capazes de comunhão amorosa.

Deste modo nos vamos realizando como pessoas talhadas para comungar, não apenas com as pessoas humanas, mas também com as divinas.

Isto quer dizer que a plenitude da Humanidade é a Santíssima Trindade. O Homem, na sua totalidade, forma uma comunhão orgânica constituída por todos os seres humanos.

Podíamos comparar a união orgânica que liga a Humanidade a uma árvore gigante na qual o tronco e os ramos fazem uma unidade alimentada pela mesma seiva.

A Humanidade não é uma fatalidade. Por outras palavras, não existe uma Humanidade predeterminada, pois ela é constituída por pessoas livres.

Por outras palavras, a Humanidade está a emergir no concreto de pessoas que se configuram de modo único, original e irrepetível.

Na verdade, as pessoas humanas não se repetem. Eis a razão pela qual ninguém está a mais.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E O PROJECTO HISTÓRICO DO HOMEM-II

II-CRISTO E A PLENITUDE DO HOMEM

Moldada de para a meta da divinização, a Humanidade encontra a sua plenitude em Jesus Cristo.
Foi em Jesus Cristo que o divino se enxertou no humano, a fim de este ser divinizado.

A plenitude da Humanidade foi iniciada pela ressurreição de Cristo. Por ser constituída por pessoas, a Humanidade pode ligar-se de modo orgânico à Divindade.

Podemos dizer que, com a ressurreição de Cristo, a Humanidade deu um salto de qualidade, entrando na fase dos acabamentos, isto é, no processo da sua divinização.

A divinização do Homem acontece pela sua assunção e glorificação na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

Todos os que ressuscitam em Cristo ficam assumidos e gloriosos na comunhão da Santíssima Trindade.

São Paulo chama a esta nova condição da Humanidade, a plenitude dos tempos. Eis o que ele diz na Carta aos Gálatas:

“Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei.

Deste modo resgatou os que se encontravam sob o domínio da Lei, a fim de receberem a adopção de filhos.

E, porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que clama: “Abba! Ó Pai.” (Gal 4, 4-7).

Como sabemos, a Humanidade não é constituída apenas pelas pessoas que hoje estão em realização histórica.

Para lá dos seres humanos que vivem hoje na História, há uma multidão incontável de seres humanos que já estão na comunhão do Reino de Deus.

Eles connosco e nós com eles formamos a comunhão universal da única Humanidade. O vínculo de união e o princípio animador desta união orgânica universal é o Espírito Santo.

No princípio dos tempos, o hálito da vida, isto é, o Espírito Santo foi dado à Humanidade como impulso primordial da Humanização do Homem.

A Carta aos romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Isto quer dizer que o impulso primordial da humanização foi um impulso de amoroso. Com Jesus Cristo ressuscitado, Deus inaugura a plenitude dos tempos, dando início à divinização do Homem.

Agora o Espírito Santo circula em nós como uma seiva que vem da cepa da videira para os seus ramos, tornando-os fecundos (Jo 15, 4-5).

O evangelho de São João diz que o Espírito Santo é no nosso íntimo como um regato de Água Viva a circular no nosso íntimo (Jo 7, 37-39).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E O PROJECTO HISTÓRICO DO HOMEM-III


III-TERNURA DE DEUS E PROJECTO HUMANO

Eis uma alegoria para exprimir a ternura de Deus para o Homem em construção na história:
Comparando a História da Criação do Homem com o espaço de um dia, podíamos exprimir deste modo a ternura especial de Deus:

Ao romper da aurora, Deus amassou o barro que serve de matriz à Humanidade. Depois, através de um beijo, Deus comunicou-lhe o hálito da vida e o Homem tornou-se ficou um ser animado pelo hálito da vida divina.

Quando chegou o meio-dia, Isto é, o início da plenitude dos tempos, Deus deu outro beijo à Humanidade e aconteceu a Encarnação:

o divino enxertou-se no humano, a fim de a Humanidade ser divinizada. Esta divinização teve início com a morte e ressurreição de Cristo.

Ao chegar o fim do dia, isto é, o fim da História, Deus Pai vai acolher-nos como filhos muito amados.

Do mesmo modo Filho de Deus acolhe-nos como irmãos e faz de nós participantes da sua herança de Filho (Rm 8, 15-17).

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo é quem nos introduz nesta comunhão familiar de Deus, como diz São Paulo na Carta aos Romanos (Rm 8,14).

Nem mesmo o pecado do Homem consegue impedir que aconteça este plano salvador de Deus.
Ao longo do dia, Deus vem cheio de ternura ao cimo da colina, a fim de verificar se o filho pródigo regressa.

Quando o vê regressas, Deus Pai acolhe-o de braços abertos, dá-lhe um fato novo e recebe-o na festa da salvação (Lc 15, 11-32).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


DEUS E O PROJECTO HISTÓRICO DO HOMEM-IV

IV-A ESPERANÇA DA PLENITUDE

O Deus de Jesus Cristo não abandona o Homem na marcha da sua realização. Pelo contrário, o Deus da revelação acompanha-nos até à plenitude da Vida Eterna.

E foi assim que, nos primórdios da criação do Homem, Deus moldou-o para si. Na plenitude dos tempos, Deus levou o seu plano até ao limiar da divinização através do beijo da Encarnação.

Pela ressurreição de Cristo introduzi-o na plenitude da Família Divina. Isto era possível porque a Humanidade é constituída por pessoas.

Somos seres em construção e moldados para o face a face da Comunhão do Reino de Deus, onde nos possuímos na medida em que nos damos.

Surgimos como seres chamados à comunhão fraterna, o único caminho para atingirmos a nossa plenitude na Família de Deus.

Isto quer dizer que a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade das relações de amor.

Enquanto estamos na História, levamos no nosso íntimo uma pessoa chamada a construir a sua identidade espiritual que consiste no seu jeito de amar e comungar.

Por outras palavras, a nossa capacidade de comungar com Deus e os irmãos no Reino de Deus depende do jeito com que amamos os irmãos enquanto estivemos na História.

A interioridade espiritual da pessoa em gestação pode comparar ao pintainho a germinar dentro do ovo.

Com o acontecimento da morte a casca do ovo rebenta, o pintainho nasce e atinge a plenitude na Família de Deus.

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Calmeiro Matias

09 setembro, 2008

OLHAR A CRIAÇÃO E LOUVAR O CRIAODR-I

I-APESAR DE INACABADO, O UNIVERSO É BELO

A Criação reflecte a Sabedoria e a Bondade do Criador. A Criação revela-nos um Deus que é harmonia e comunhão, pois o Criador imprimiu as suas impressões digitais no tecido da Criação.

Por ser três pessoas em relações, Deus inscreveu o selo das relações no Universo:
Relações nucleares,
Gravitacionais,
Sociais,
Políticas,
Económicas ou interpessoais.

A Beleza e a harmonia da Criação são o selo da Sabedoria e da Bondade do Deus que nos criou por amor.

Mas foi o Homem que Deus criou à sua imagem e semelhança. É por esta razão que todos nós temos tanta fome de relações de amor e comunhão.

Contemplando a Natureza que nos rodeia é fácil deduzir que Deus Amor e entende de poesia.
As maravilhas do Universo formam como que a estrutura de um poema vivo e dinâmico: Cada galáxia é uma estrofe, e cada estrela um verso.

Por outras palavras, a Criação tem sabor a beleza e está cheia de sentido. Nota-se que existe finalidade nas obras da Criação:

Tudo está ordenado em função de uma outra realidade. O Cosmos é o grande sinal de que a Criação não é um caos, isto é, uma aventura sem sentido.

Quanto mais contemplamos a Natureza, mais ela nos convida a abrir a mente e o coração à transcendência.

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Calmeiro Matias

OLHAR A CRIAÇÃO E LOUVAR O CRIAODR-II

II-O UNIVERSO ESTÁ FAMINTO DE PLENITUDE

Ao iniciar a génese do Universo, Deus criou algo inacabado, faminto de futuro e sedento de realização.

O seu sentido do Universo está sempre no que ainda falta realizar. Podemos dizer que a Criação é um poema a crescer de modo permanente.

É por esta razão que nunca o conseguimos declamar de modo completo e acabado. Com o aparecimento da Humanidade, a Criação atinge o limiar da liberdade, essa capacidade maravilhosa que nos capacita para sermos tal e como desejamos ir sendo.

A liberdade capacita-nos também para interagir de modo criador com as coisas e os acontecimentos.

Os poemas humanos cantam a dor, as paixões e o amor. O poema de Deus é um hino cósmico cujo tema é a bondade, a liberdade e o amor.

Por ser para nós, a Criação foi concebida de modo a dar ao Homem a possibilidade de a completar.

O Universo em que habitamos é lógico e coerente. Tudo acontece segundo uma sequência de causas e efeitos onde não existe determinismo.

Eis a razão pela qual a nossa inteligência o pode compreender. O Universo é um entretecido de relações, apontando para uma convergência universal:

Átomo, Planeta, Sistema solar e Galáxia. Asteróide, Universo e Estrela Polar. Mas a menina dos olhos do Criador é a Humanidade, talhada para tomar parte na própria família de Deus.

Apesar de ainda ser imperfeita e estar inacabada, a pessoa humana já pertence à cúpula personalizada da Criação.

Com efeito, os seres humanos são pessoas capazes de fazer aliança e comungar com o seu Criador.

Graças a Jesus Cristo, a vida humana já tem sabor divino. Na verdade, já está ao alcance da Humanidade a possibilidade maravilhosa de pertencer à Humanidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

06 setembro, 2008

O ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO-I

I-É PRESENÇA QUE DÁ FORÇA

Quando mencionamos o seu nome chamamos-lhe o Espírito Santo. É Deus com o Pai e o Filho de Deus.

A Bíblia diz que ele é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5). Conduz-nos ao Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho de Deus que nos acolhe como irmãos e co-herdeiros com ele (Rm 8, 14-17).

Por ser a ternura maternal de Deus optimizou a capacidade de amar com um jeito divino o Filho de Deus.

Foi por esta razão que ela realizou a sua missão maternal de modo tão sábio e sensato (Lc 1, 35).
Uma pessoa animada pelo Espírito Santo é incapaz de negar Jesus ressuscitado, diz São Paulo.

Do mesmo modo ninguém é capaz de confessar que Jesus é o Filho de Deus ressuscitado, a não ser pelo Espírito Santo (1 Cor 12, 3).

Os evangelhos dizem que Jesus tinha a plenitude do Espírito Santo (Lc 4, 1-2; Mt 4,1). Foi esta a razão pela qual ele deu início ao baptismo no Espírito Santo (Mc 1, 8; Lc 3, 16).

Foi o Espírito Santo que consagrou Jesus para anunciar a Boa Nova aos pobres, dar vista aos cegos e fazer caminhar os coxos (Lc 4, 18-19).

Ao saborear a bondade de Deus Pai para com a Humanidade, Jesus exultava de alegria sob a acção do Espírito Santo (Lc 10, 21).

O Espírito Santo, diz o evangelho de São Lucas é a força do Alto que nos capacita para anunciarmos o Evangelho (Lc 24, 49).

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO-II

II-MOLDA EM NÓS UM CORAÇÃO NOVO

Após a ressurreição de Jesus, diz o evangelho São João, o Espírito Santo passou agir no nosso coração à maneira de uma nascente de Água Viva que faz jorrar Vida Eterna no nosso coração (Jo 7, 37-39).

A Vida Eterna é, portanto, a vidada graça, isto é, a seiva que vem da cepa da videira para os ramos, tornando-os fortes e fecundos (Jo 15, 4-5).

Só podemos tomar parte na festa do Reino de Deus se nascermos de novo pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).

De tal maneira a sua missão é central no projecto salvador de Deus que o pecado contra o Espírito Santo é o único que não tem perdão (Mt 12, 31-32, Mc 3, 29; Lc 12, 10-12).

Pecar contra o Espírito Santo é negar o bem evidente, atribuindo-o às forças do mal. Procedendo deste modo, as pessoas estão a resistir à Verdade, pois só o Espírito Santo nos pode conduzir à verdade plena, diz Jesus no evangelho de São João (Jo 14, 26).

O Livro dos Actos dos Apóstolos diz que os judeus que martirizaram o diácono Estêvão não conseguiam resistir à sabedoria do Espírito santo que falava nele (Act 6, 10).

Depois acrescenta que os discípulos de Jesus, após a Páscoa, viviam repletos da consolação do Espírito Santo (Act 9, 31).

O Espírito Santo é quem realiza em nós o perdão do pecado, fazendo que o nosso coração passe da condição de egoísmo para a relação fraterna da comunhão e da partilha.

A Carta a Tito confirma isto dizendo que fomos purificados pelo poder regenerador do Espírito Santo que Cristo derramou sobre nós (Tt 3, 5-6).

O Espírito Santo dá-nos a Sabedoria que nos capacita para saborear o dom da salvação de Deus (Heb 6, 4).

São Paulo diz que a sua pregação era eficaz, não por ser fruto do saber humano, mas por ser uma demonstração do Espírito Santo (1 Cor 2, 4).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO-III


III-É DINÂMICA DE SALVAÇÃ EM NÓS

O Espírito Santo tenta fazer do nosso coração o ponto de encontro e comunhão com Deus.
Por outras palavras, todos os dias o Espírito Santo tenta realizar no nosso íntimo o dia da Salvação.

É por esta razão que a Carta aos Efésios diz que não devemos contristar o Espírito Santo com o qual fomos selados para o dia da Salvação (Ef 4, 30).

O Espírito Santo é o grande protagonista da nossa acção evangelizadora. Por outras palavras, só é eficaz a evangelização que nós realizamos em sintonia com o Espírito Santo.

O Espírito Santo é o coração da Igreja, tal como Jesus Cristo ressuscitado é a sua cabeça. O Espírito santo é o hálito da vida que Deus comunicou ao barro primordial do qual saiu Adão (Gn 2, 7).

Ele é o fruto da Árvore da Vida plantada no centro do Paraíso (cf. Gn 3, 22-23). No momento de morrer e ressuscitar, Jesus disse ao Bom Ladrão que nesse mesmo dia estariam na festa do Paraíso (Lc 23, 43).

Deste modo, Jesus se revela como o Novo Adão que abre o Paraíso fechado pelo primeiro Adão (cf. Rm 5, 17).

Além disso revela-se como a Árvore da Vida que nos dá o fruto da Vida Eterna, essa Água Viva que nunca se esgota (Jo 7, 37-39; 4, 14).

O Espírito Santo diz o evangelho de São João é a carne de Cristo ressuscitado e o Sangue da Nova e Eterna Aliança (Jo 6, 62-63).

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Calmeiro Matias

O ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO-IV

IV-CONDUZ-NOS À COMUNHÃO COM DEUS

A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é a força ressuscitadora de Cristo a actuar em nós (Rm 8,11).

A Segunda Carta aos Coríntios diz que o Espírito Santo é o coração da Nova Aliança assente, não na letra que mata, mas no Espírito que dá vida (2 Cor 3, 6).

A Primeira Carta de São João diz que o Espírito Santo é a semente de Deus a germinar vida divina nosso íntimo (1 Jo 3, 9).

É o dom da plenitude dos tempos que Deus Filho nos concede através da Encarnação, o enxerto do divino no humano que possibilitou a nossa divinização.

É o Espírito Santo que alimenta a união orgânica que nos liga a Cristo, como os ramos da videira estão unidos à cepa da qual recebem a vida (Jo 15, 1-8).

Mesmo que o nosso ser exterior se vá degradando e envelhecendo com a idade, diz São Paulo, o nosso interior vai-se robustecendo cada dia mais graças à acção do Espírito Santo (2 Cor 4, 16).

Isto deve-se ao facto de o Homem Novo estar a nascer todos os dias pela acção do Espírito Santo, como disse Jesus a Nicodemos (Jo 3, 3-3-6).

A sua presença situa-se no nosso coração formando a nossa interioridade máxima, isto é, a presença da transcendente do divino que é mais interior a nós que nós mesmos.

Podemos dizer que o Espírito Santo elegeu o nosso coração como ponto de encontro de Deus connosco e de nós com Deus.

É no nosso coração, diz a Primeira Carta aos Coríntios que o Espírito Santo habita como num templo.

Eis as suas palavras: “Não sabeis que sois templo do Espírito Santo que habita em vós porque o recebestes de Deus? É por esta razão que já não vos pertenceis” (1 Cor 6, 19; cf. 3, 16).

O Espírito Santo está presente em todas as interacções da Comunhão Universal do Reino de Deus.

Ele é a presença que nos reconcilia com Deus e faz de nós uma Nova Criação, diz a Segunda Carta aos Coríntios (2 Cor 5, 17-19).

É o Espírito santo que ilumina os corações dos não cristãos, capacitando-os para acolher a Palavra de Deus quando esta lhes é anunciada (Act 10, 44-45).

Só com a iluminação do Espírito Santo podemos vislumbrar a felicidade que nos espera no Reino de Deus.

A sua presença no nosso íntimo faz-nos saborear a verdade do Evangelho. Sem a presença eficaz do Espírito Santo a pregação dos evangelizadores não passa de um conjunto de sons sem força transformadora.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias