Mas como está escrito, o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração humano não pressentiu, Deus o preparou para aqueles que o amam.
A nós porém, Deus o revelou por meio do Espírito Santo, pois o Espírito tudo penetra, mesmo as profundidades de Deus” (1 Cor 2, 7-10).
O Homem Novo só pode nascer no interior das pessoas que têm um coração aberto à Verdade de Deus.
O coração dos Apóstolos só ficou plenamente preparado para acolher a Verdade com o dom pascal do Espírito Santo.
A Verdade emerge no nosso coração pela acção do Espírito Santo, o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).
Jesus garantiu aos discípulos que após a sua ida para junto do Pai, o Espírito Santo ficaria connosco para nos conduzir à verdade.
Eis as suas palavras: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade que procede do Pai, e que eu vos enviarei, ele dará testemunho em meu favor” (Jo 15, 26).
Com efeito, só após a ressurreição de Jesus, os discípulos, guiados pelo Espírito Santo, atingirão a raiz mais profunda da verdade.
O evangelho de São João diz que Jesus tinha plena consciência de que os discípulos só atingiriam a o sentido profundo do plano salvador de Deus após a sua morte e ressurreição:
“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas vós não sois capazes de as compreender por agora.
Quando ele vier, o Espírito da Verdade, ele há-de guiar-vos para a Verdade completa” (Jo 16, 12-13).
Esta resposta não a deu Jesus a Pilatos quando este lhe perguntou o que era a verdade. Com efeito, Pilatos pertencia aos senhores do Mundo, os quais não têm acesso pleno à verdade.
Segundo o Novo Testamento, o alicerce da verdade são as relações de amor. Deus é amor, diz a Primeira Carta de São João (1 Jo 4,7).
Depois acrescenta que a lente adequada para conhecer Deus é o amor. Isto quer dizer que o contexto adequado para a verdade emergir e crescer é o amor.
São Paulo diz isto de modo muito bonito quando afirma: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor sou como um bronze que soa ou um címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom a profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, mesmo que tenha uma fé capaz de transportar montanhas, se não tiver amor nada sou (…).
Agora permanecem estas três coisas: a Fé, a Esperança e o Amor. Mas a maior de todas é o amor” (1 Cor 13, 1-13).
Jesus disse aos judeus que acreditaram nele: “ Se permanecerdes na minha Palavra sereis meus discípulos.
Então conhecereis a Verdade e a Verdade vos tornará livres” (Jo 8, 31-32). O evangelho de São João diz que Jesus é a Palavra de Deus (Jo 1,1).
Isto quer dizer que a vida e a mensagem de Jesus eram a expressão perfeita do sentir de Deus pelo Homem, como o próprio São João afirma mais à frente:
“A graça e a Verdade vieram a nós por Jesus Cristo (Jo 1, 14; 1, 17). Quem age de acordo com a verdade, acrescenta São João, aproxima-se da luz, a fim de que se veja que as suas obras são feitas em Deus (Jo 3, 21).
Jesus deu provas inequívocas que o Deus que ele anunciava é um Deus fiel e verdadeiro. Por outras palavras, encontrar Jesus Cristo é encontrar o rosto do Deus fiel e verdadeiro.
A primeira Carta a Timóteo exprime de maneira muito bonita a meta para a qual Deus criou o Homem:
“A vontade de Deus é que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade” (1 Tim 2, 4).
Depois acrescenta que Jesus Cristo é o único medianeiro entre Deus e o Homem, isto é, o caminho para nos encontrarmos com a Verdade de Deus e do Homem (1 Tim 2, 5).
Calmeiro Matias
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