16 outubro, 2008

ESPÍRITO SANTO E NOVA CRIAÇÃO-V

V-ESPÍRITO SANTO E LIBERDADE

A Segunda Carta aos coríntios diz que onde está o Espírito Santo aí está a Liberdade (2, 3, 17).

Por seu lado, a Carta aos Romanos diz que nós não recebemos um espírito de escravidão para andarmos com medo.

Pelo contrário, recebemos um Espírito de adopção graças ao qual chamamos “Abba” ó Pai (Rm 8, 15).

Como princípio animador de relações de amor, a presença do Espírito Santo no nosso íntimo é o impulso primordial do nosso processo de humanização.

Podemos dizer com toda a verdade que a terceira pessoa da Santíssima Trindade é, no nosso coração, uma dinâmica libertadora.

A Carta aos Efésios diz-nos que devemos tomar em grande consideração a pessoa do Espírito Santo, pois ele habita em nós.

O nosso agir deve processar-se em conformidade com a vontade de Deus, a fim de não causarmos desgosto ao Espírito Santo.

Isto quer dizer que o Espírito Santo é quem nos convida a actuar de acordo com a vontade de Deus, a qual coincide com a nossa plena libertação.

Eis as palavras da Carta aos Efésios: “Não contristeis o Espírito Santo pelo vosso modo de agir.
Lembrai-vos que ele é o selo que vos marca para o dia da salvação, quando a libertação do pecado atingir a sua plenitude” (Ef 4, 30).

É certo que o Espírito Santo não nos substitui, mas a sua presença no nosso coração é extremamente activa, iluminando-nos e convidando-nos a agir de tal modo que possamos crescer como pessoas livres.

É certo que a pessoa humana não nasce livre. Mas vai-se tornando livre agindo em harmonia com o amor.

A liberdade é a capacidade de a pessoa comunicar com os outros em relações de amor e interagir criativamente com as coisas e os acontecimentos.

Isto quer dizer que a liberdade vai acontecendo como processo de libertação, em cuja dinâmica está muito presente o Espírito Santo.

Não devemos confundir liberdade com livre arbítrio, pois este é apenas a possibilidade de podermos ser livre.

O livre arbítrio é a capacidade psíquica de optar pelo bem ou pelo mal. Só as opções que fazemos na linha do bem são humanizantes e, portanto, criadoras da liberdade.

Deus é infinitamente livre e, no entanto, não tem livre arbítrio, pois não pode optar pelo mal.

As pessoas humanas, ao contrário das divinas, estão em processo histórico de realização e, como tal, vão-se tornando livres de modo gradual e progressivo. Mas isto não acontece de modo automático.

É verdade que as pessoas humanas não podem tornar-se livres sem o exercício do livre arbítrio.
Mas não basta exercitar o livre arbítrio para a pessoa se torne livre.

Por outras palavras, as pessoas só se tornam livres na medida em que decidem agir de acordo com o amor.

Podemos dizer que a liberdade é uma conquista do Homem em construção, a qual emerge como resultado de uma vida comprometida com o bem.

Por ser amor, o Espírito Santo liberta-nos do medo. É isto que nos ensina a primeira Carta de São João quando diz:

“No amor não há temor. Na verdade, quando o amor é perfeito exclui o medo. O temor pressupõe o castigo. Eis a razão porque aquele que vive com medo ainda não é perfeito no amor.

Nós amamos porque Deus nos amou primeiro” (1 Jo 4, 18). Animado com a força do Espírito Santo, Jesus iniciou a sua missão dizendo que tinha sido ungido pelo Espírito Santo, a fim de libertar os cativos e enviar os presos em liberdade.

Eis as palavras de Jesus: “O Espírito Santo está sobre mim porque me consagrou para anunciar o Evangelho aos pobres.

Enviou-me a proclamar a libertação aos prisioneiros e a mandar em liberdade os oprimidos” (Lc 4, 18).

O Amor liberta-nos. É verdade que o Espírito Santo não ama por nós, mas que optimiza a nossa capacidade de amar.

O pecado é sempre uma recusa ao amor. É por esta razão que o pecado não nos torna livres.

Eis o que Jesus diz no evangelho de São João: “Se permanecerdes fieis à minha palavra sereis meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará (…).

Quem comete o pecado é escravo (…). Se o Filho de Deus vos libertar, sereis realmente livres” (Jo 8, 31-36).

São Paulo reconhece que foi o Espírito Santo que o libertou da sua antiga condição de fariseu oprimido:

“O Espírito Santo, que é o Espírito de Vida em Cristo Jesus, libertou-me da lei do pecado e da morte” (Rm 8, 2).

E na Segunda Carta aos Coríntios, acrescenta: “Onde está o Espírito Santo aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17).

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo actua em nós de modo a optimizar a nossa comunicação fraterna e, deste modo, atingirmos a plenitude da nossa humanização.

O Espírito Santo tem a possibilidade de realizar uma presença de amor universal, pois está presente a todos como dinamismo interior.

Na verdade, Deus é a interioridade máxima da Humanidade e do Universo. Sempre que uma pessoa decide facilitar a felicidade dos irmãos, está a ser mediação do amor maternal do Espírito Santo.

O Espírito Santo foi a força ressuscitadora de Jesus Cristo. É também o princípio amoroso que nos dinamiza e ressuscita.

Eis as palavras de São Paulo: “E se o Espírito Santo que ressuscitou Jesus está em vós, também ele fará que os vossos corpos vivam por meio deste mesmo Espírito que vive em vós” (Rm 8, 11).

Isto significa que o Espírito Santo nos liberta do poder da morte tal como libertou Jesus ao ressuscitá-lo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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