26 dezembro, 2009

JESUS E A VIDA NOVA DO ESPÍRITO

Senhor Jesus Ressuscitado,
Falando com a Samaritana tu disseste que tinhas uma Água Viva Vida capaz de fazer brotar no nosso íntimo uma nascente de Vida Eterna (Jo 4,14).

Numa outra passagem do evangelho de São João, tu explicitas melhor o teu pensamento sobre a Água viva, dizendo que se trata do Espírito Santo que tu virias a difundir pela Humanidade após a tua ressurreição (Jo 7, 37-39).

A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).
Quando São Paulo fez esta afirmação, tu já tinhas ressuscitado Senhor Jesus. Isto quer dizer que ele já vivia a experiência da Nova Aliança cuja força animadora é o Espírito Santo, o qual actua no nosso íntimo capacitando-nos para construirmos a comunhão humana universal.

O evangelho de São João diz que pelo mistério da Encarnação, do Filho de Deus deu-nos o poder de nos tornarmos também filhos de Deus (Jo 1,12-14).

Este plano salvador, possibilitado pela Encarnação, concretizou-se pela ressurreição. Eis o que São Paulo diz a propósito da comunicação do Espírito Santo e fraternidade universal:

“Todos nós fomos baptizados num só Espírito, a fim de formarmos um só corpo. Tanto os judeus como os gregos, os escravos ou os homens livres, bebem todos do mesmo Espírito” (1 Cor 12, 13).

O evangelho de São João diz que o pão que comemos na Eucaristia é a carne de Cristo ressuscitado, isto é, o Espírito Santo, que alimenta em nós a vida divina (Jo 6, 62-63).

Espírito Santo,
Nós te louvamos por seres o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5). És tu que, com teu jeito maternal de amar, nos geras para a vida Eterna, fazendo de nós membros da Família de Deus e nos levas a exclamar “Abba”, Pai querido (Gal 4, 4-7).

Pai Santo,
O jeito de amar do teu Filho é em tudo semelhante ao teu. Ver o seu modo de acolher os pobres e perdoar aos pecadores é ver o teu jeito de nos acolher e salvar.

Jesus exclamou a sua plena sintonia contigo, Pai Santo, quando disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

Noutra passagem do evangelho de São João, Jesus disse: “ Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).
Trindade Santa,
Nós vos agradecemos, pois Jesus de Nazaré, homem em tudo igual a nós, menos no pecado, exprimia em grandeza humana o vosso amor por nós.

Por ser homem como nós, Jesus construiu uma história que pode ser resumida deste modo:
Nasceu na Palestina e a sua paixão era levar por diante o plano salvador de Deus.

Amava a simplicidade das crianças e defendia com coragem os que não eram capazes de se defender.

Deixava mais felizes as pessoas que tinham a sorte de o encontrar. Como não tinha pretensões ser rico ou poderoso, partilhava com os outros a sua vida e os bens.

Amava a todos, mas preferia acompanhar com os mais pobres. Nunca foi cobarde, pois habitava nele a força do Espírito Santo.

Inaugurou o baptismo no Espírito, a fim de renovar o coração das pessoas, capacitando-as a passar do egoísmo para o amor fraterno.

Por ser leal e amar sem fingimento, Deus confiou-lhe uma missão em favor de todos os seres humanos.

Como era generoso e puro de coração, foi fiel até ao fim. Levou o amor à sua profundidade máxima, isto é, dar a vida por aqueles a quem se ama.

Como se deu inteiramente pela causa da nossa salvação, agora vive em todos nós. Um dia ele disse que a união que o liga a nós de tipo orgânico, tal como é orgânica a união que existe entre cepa da videira e os seus ramos (Jo 15, 4-6).
As forças velhas do egoísmo mataram-no. Mas tu, Pai Santo, restauraste a sua vida, fazendo dele o alicerce da Nova Humanidade.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


21 dezembro, 2009

CHAMADOS A REINAR COM CRISTO

A realeza de Jesus Cristo assenta no facto de ele ser a Cabeça da Nova Humanidade reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19).

São Paulo dizia Jesus Cristo é o descendente que Deus prometeu a David: “Ele é filho de David segundo a carne (Rm 1, 3).

Mas foi constituído Filho de Deus, isto é, rei glorioso no momento da sua ressurreição de entre os mortos (Rm 1,4-5).

É um rei que nunca se impõe pela força e em cujo reino apenas existe uma Lei:
“Dou-vos um mandamento novo:”Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei.” As pessoas saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).

Isto quer dizer que o poder de Jesus é o poder do amor. Por outras palavras, Jesus só aceita reinar se reinar connosco.

Na verdade o amor propõe-se, mas nunca se impõe. O amor é uma dinâmica de bem-querer que tende para a comunhão e a partilha total.

Por isso Jesus partilhou a sua realeza connosco, como diz a Primeira Carta como diz a Primeira Carta de São Pedro:

“Vós, porém, sois um povo escolhido, sacerdócio santo, povo de reis, povo reunido e adquirido, a fim de proclamardes as maravilhas do Deus que vos chamou das trevas para a sua luz admirável” (1 ped 2, 9).


Por isso o seu reino tem apenas um mandamento. Eis as palavras de Jesus:
“O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).

Quando a força de um reino é o amor, todos reinam, pois o amor é comunhão e partilha.
Antes de morrer, Jesus dizia que o Reino de Deus estava no meio das pessoas (Lc 17, 21).
De facto, enquanto Jesus viveu na terra, o Reino de Deus ou seja, a comunhão orgânica do humano com o divino estava a emergir apenas no interior de Jesus.

Como Jesus vivia no meio dos homens, o Reino que estava a emergir no seu interior, estava realmente no meio das pessoas.

Mas no momento da sua morte e ressurreição, Jesus passou para as coordenadas da interioridade máxima e da equidistância ficando mais interior a nós que nós próprios.

Deste modo, ao ressuscitar, Jesus uniu-nos de modo orgânico ao mistério da Santíssima Trindade.
A partir desse momento, o Reino de Deus passa a emergir no nosso íntimo como antes emergia no interior de Jesus.

Por outras palavras, com a ressurreição de Jesus o Reino de Deus passou para a interior máxima do Universo que é a morada de Deus.Com efeito, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias





14 dezembro, 2009

JESUS CRISTO COMO NOVO ADÃO

Assim como todos morrem em Adão, diz São Paulo, do mesmo modo todos ressuscitam em Cristo, o Novo Adão, (1 Cor 15, 20-21; Rm 5, 17-19).

O Livro do Génesis diz que Adão, depois do pecado, foi expulso do Paraíso no qual estava a Árvore da Vida.

A importância dessa Árvore consistia no facto de o seu fruto proporcionar a vida eterna às pessoas que comessem do seu fruto.

A Árvore da Vida significa que Deus não nos criou para a morte. A morte veio porque Adão, com o seu pecado, impediu o Homem de ter acesso à Árvore da Vida.

Ao ser expulso do Paraíso, Adão ficou impedido de comer o fruto da Árvore da Vida (Gn 3, 23).
Como cabeça da Humanidade, Adão fazia um todo orgânico, interactivo e dinâmico com todos os seres humanos.

Jesus Cristo, diz São Paulo, surge na marcha da História da Humanidade como o Novo Adão.
Assim como todos morrem em Adão, do mesmo modo todos ressuscitam, graças ao Novo Adão (Rm 5, 17-19).

No momento de morrer e ressuscitar, Jesus abriu de novo as portas do Paraíso, como ele mesmo disse ao Bom Ladrão: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).

Deste modo, Jesus desfaz o laço da morte no qual Adão se tinha enlaçado com toda a Humanidade.

Além disso, Jesus revela-se também a Árvore da Vida, pois é ele que nos dá o Espírito Santo que é o princípio ressuscitador e, portanto, o fruto da Vida Eterna.

Eis o ensinamento de Jesus a propósito da Eucaristia: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia (…).
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, fica a morar em mim e eu nele” (Jo 6, 54-56).
À luz do evangelho de São João, o fruto da Árvore da Vida é o Espírito Santo.

Ele é, acrescenta Jesus, a Água Viva que faz brotar no nosso coração uma fonte inesgotável de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).

Por outras palavras, o Espírito Santo é a dinâmica da salvação que emana de Cristo ressuscitado. Ele é o fruto da Vida Eterna que o Novo Adão nos proporciona.

São Paulo realça com muita ênfase a diferença entre o Velho Adão e o Homem Novo, Jesus Cristo, o Novo Adão:

“Se alguém está em Cristo é um Nova Criação. Passou o quer era velho. Eis que tudo se fez novo.
Tudo isto nos vem de Deus que nos reconciliou consigo em Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19.

A Primeira Carta aos Coríntios diz que o primeiro Adão era um ser vivente, graças ao hálito da vida que Deus lhe comunicou no princípio (cf. Gn 2, 7).

O Novo Adão, pelo contrário, tornou-se um Espírito vivificante, pois ao ressuscitar difundiu para nós a força ressuscitadora do Espírito Santo, faz de nós uma Nova Humanidade (1 Cor 15, 42-45).

O Espírito Santo é o sangue vivificante de Deus que alimenta e dinamiza a união orgânica que nos liga ao Pai e ao Filho (Rm 8, 14-16).

Eis as palavras da Segunda Carta aos Coríntios: ainda que o nosso corpo, com os anos, se vá gastando e envelhecendo, a nossa interioridade espiritual vai-se tornando cada mais robusto pela acção do Espírito Santo (2 Cor 4, 16).

O primeiro Adão conduziu-nos para o caminho do fracasso universal. O Novo Adão guiou-nos para o caminho da comunhão com Deus, obtendo o perdão do nosso pecado e a nossa reconciliação com Deus (2 Cor 5, 19-21).

São Paulo diz que estamos organicamente unidos ao Novo Adão, pois somos membros do seu corpo (1 Cor 12, 27).

Eis a imagem bonita que o evangelho de São João põe na boca de Jesus para exemplificar a nossa união orgânica com Cristo:


“Permanecei em mim, que eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim.


Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, esse dá muito fruto” (Jo 15, 4-5).
O evangelho de São João diz que a Eucaristia é a proclamação da união orgânica que nos liga a Cristo:


“Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, do mesmo modo o que me come viverá por mim” (Jo 6, 57).


É este o fruto da Árvore da Vida que nos vem por Cristo ressuscitado. Ele é o Novo Adão.
O velho Adão, devido ao seu pecado, foi causa de morte para nós (Gn 3, 22).

Eis algumas alegorias do Livro do Apocalipse, as quais simbolizam Jesus como a Árvore da Vida:

“ No meio da Praça da Cidade, junto às margens do rio, está a Árvore da Vida, a qual produz doze colheitas de frutos: em cada mês o seu fruto.


As folhas da Árvore servem de medicamento para todas as nações” (Apc 22, 2). Noutra passagem, o Livro do Apocalipse contempla a multidão dos eleitos a receber de Deus o fruto da Árvore da Vida, o qual lhes proporciona a Vida Eterna:


“Ao vencedor dar-lhe-ei a comer o fruto da Árvore da Vida que está no Paraíso” (Apc 2, 7). Fala ainda dos que mantiveram as vestes limpas, isto é, aqueles que mantiveram o amor no seu coração:

“Felizes os que lavam as suas vestes para ter acesso à Árvore da Vida” (Apc 22, 14).

A Primeira Carta de São João diz que os eleitos conhecem Deus através do amor: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.


Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8). Em seguida,
acrescenta:

“Nós amamos porque Deus nos amou primeiro. Se alguém disser:”Eu amo a Deus, mas tiver ódio ao seu irmão, esse é mentiroso, pois quem não ama o seu irmão que vê não pode amar ao Deus que não vê” (1 Jo 4, 19-20).


E a Primeira Carta de São João culmina esta linha de pensamento dizendo: “Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4, 16).

São Paulo vai nesta mesma linha quando afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (cf. Rm 5,5).

Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias



10 dezembro, 2009

CRISTO E A VITÓRIA SOBRE O PECADO

Pecar é opor-se ao amor e, portanto, recusar-se a crescer como pessoa através de relações fraternas.

Só há pecado quando a pessoa tem a possibilidade de dizer sim ao amor e decide dizer não. Ao pecar, a pessoa diz não à sua realização pessoal e condiciona ou bloqueia a realização dos outros.

Por outras palavras, a pessoa que peca inscreve ritmos negativos, isto é, forças de bloqueio tecido social.

Face à realidade do pecado, a pessoa pode encontrar-se em duas situações diferentes: situação de vítima, ou situação de culpada.

A vítima do pecado sofre as suas consequências negativas sem ter qualquer culpa desse pecado.
Quantos milhões de crianças, por exemplo, sofrem as terríveis consequências pecado sem dele serem culpadas.

Há pessoas que fazem o mal, mas que na realidade são vítimas do pecado e não pecadoras. Estão neste caso as multidões de mal amados com distorções psíquicas e comportamentos compulsivos cuja origem está no facto de terem sido mal amados.

O evangelho dá provas de possuir uma grande sabedoria quando nos proíbe de julgar os outros.
Na verdade, nós não temos nas mãos a história das experiências dolorosas e traumatizantes das pessoas.

É verdade que os outros nos capacitam mas também nos condicionam nas possibilidades de amar e fazer o bem.

A lei do amor é esta: ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado e o mal amado ama mal, mesmo quando dá o melhor de si.

Do mesmo modo que o amor dos outros nos capacita para amar, as suas recusas de amor, condicionam-nos nas nossas possibilidades de amar.

Na verdade, a pessoa humana começa por ser o que os outros fizeram dela, mas o mais importante é o que ela faz com as possibilidades que recebeu.

O feixe primordial das possibilidades e condicionamentos que as pessoas recebem formam o leque dos talentos que, logo à partida, faz da pessoa um ser único, original e irrepetível.

Referindo-se à diversidade dos talentos, Jesus diz que umas pessoas recebem, cinco, outras recebem dois, três ou um (cf. Mt 25, 14-30).

Os seres humanos não são peças de artesanato feitas em série. Por ser uma oposição ao amor, o pecado mata possíveis de realização humana, tanto no pecador, como nas vítimas do pecado.

O Livro do Génesis diz que o pecado de Adão deu como fruto imediato o fratricídio de Caim, o qual matou seu irmão Abel (Gn 4, 8-16).

Talhado por Deus para criar fraternidade através do amor, o Homem, ao pecar, inicia uma cadeia de fratricídios, opondo-se ao plano da Família Universal de Deus.

Jesus Cristo, diz São Paulo, é o Novo Adão. Tal como pelo pecado de Adão veio o fracasso da morte, a vitória da Vida Eterna veio por Jesus (1 Cor 15, 20-21; Rm 5, 17-19).

Segundo a maneira de entender da bíblia, a Humanidade forma um todo orgânico. Como Adão era a cabeça da Humanidade, o seu pecado difunde-se de modo orgânico.
O Livro do Génesis diz que Deus expulsou Adão do Paraíso devido ao seu pecado (Gn 3, 23-24).
Como Adão era a cabeça desse corpo imenso que é a Humanidade. Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga. Por outras palavras, devido ao pecado de Adão todos os seres humanos ficaram sem acesso ao Paraíso.

No momento da sua morte e ressurreição, diz o evangelho de São Lucas, Jesus reabre as portas do Paraíso e a Humanidade entra com ele na plenitude da Vida Eterna.

Eis o que Jesus diz ao Bom Ladrão no momento da sua morte e ressurreição: “Em verdade te digo: hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).

Por outras palavras, a vitória sobre a infidelidade de Adão foi alcançada por Jesus Cristo, o qual nos introduziu de novo no caminho da comunhão com Deus.

Eis um ensinamento importante feito por Jesus aos Apóstolos: “Jesus respondeu a Filipe:”Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai, senão por mim” (Jo 14, 6).

Adão opôs-se ao plano de Deus, colocando a Humanidade no caminho da perdição. Jesus Cristo realizou de modo perfeito a vontade do seu Pai do Céu, introduzindo-nos deste modo, no caminho da salvação:

“O meu alimento, diz Jesus no evangelho de São João, é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).

Depois acrescenta: “Eu não procuro a minha vontade, mas a vontade de quem me enviou” (Jo 5, 30).

A atitude de Jesus face a Deus é totalmente oposta à atitude de Adão. O relato bíblico do pecado de Adão ensina-nos que todos nós, ainda antes de sermos pecadores, á somos vítimas do pecado.
Isto quer dizer que a vocação básica do ser humano é a sua humanização mediante relações de amor, a fim de atingir a plenitude da comunhão com Deus.

A lei da humanização é esta: “Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a fraternidade e a comunhão universal”.

Para realizarmos esta meta podemos contar com a presença do Espírito Santo no nosso íntimo que é, como diz São Paulo, o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Sem amor o coração do ser humano fica árido como um tronco ressequido na vastidão de um deserto.

Quando o amor não emerge no coração de uma pessoa, a fonte da alegria seca e o vigor da vida murcha.

Sem amor, a pessoa não se pode estruturar, pois ela foi talhada para o encontro e a comunhão.
O coração é o núcleo mais íntimo de uma pessoa, a partir do qual emerge e se configura o nosso ser espiritual.

O nosso coração é o ponto de encontro do corporal com o espiritual, tal como a luz é o ponto de encontro da matéria com a energia e o vírus o ponto de encontro da vida com o pré vivo.

Podemos dizer ainda que o nosso coração é o ponto de emergência do qual brotam as decisões que optimizam as nossas relações de amor.

Quando o coração do ser humano está vazio de amor, essa pessoa fica dominada pela solidão, o tormento de não poder possuir-se nem atingir uma realização plena.

Sem amor, o coração da pessoa é um espaço onde não habita a alegria do face a face e da reciprocidade.

Sem água, as plantas secam e os animais não podem viver. Assim acontece à pessoa que não tem amor no coração.

Com o coração vazio de amor, a pessoa está privada da força necessária para se construir na vida.

É por esta razão que as nossas recusas de amor não só impedem a nossa estruturação pessoal, como bloqueiam a realização das pessoas que se cruzam connosco na vida.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


06 dezembro, 2009

OS ENSINAMENTOS DE JESUS SOBRE DEUS PAI

Referindo-se a Jesus Cristo, o evangelho de São João diz que o Filho vive desde toda a eternidade e faz um com o Pai (Jo 10, 30).

Isto quer que o Filho de Deus vive em permanente união orgânica com o Pai. Além disso, declara que pelo mistério da Encarnação os seres humanos também já estão unidos de modo orgânico com o Filho de Deus e, por ele, à Santíssima Trindade.

Na verdade diz o evangelho de São João, foi-nos dado o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 14).

No mesmo evangelho de São João, Jesus declara que Deus Pai é seu Pai e seu Deus e também nosso Pai e nosso Deus:

“Subo para junto de Meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (Jo 20, 17). Na sua oração Jesus falava sempre com Deus Pai, tratando-o por “Abba”, isto é, papá.

A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo nos convida a chamar Deus Pai por “Abba”, isto é, Papá Querido (Rm 8, 15).

Jesus declarou que vive em permanente união com o seu Pai e nós vivemos unas união orgânica permanente com ele:

“Como o Pai que vive me enviou e eu vivo pelo Pai, assim acontecerá também com os que comem a minha carne e bebem o meu sangue” (Jo 6, 57). E depois acrescenta: “Eu digo apenas o que ouvi de meu Pai” (Jo 8, 38).
Certo dia, diz São Lucas, Jesus exultou de alegria no Espírito Santo e iniciou um diálogo muito especial com o Pai:

“Nesse instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e dizendo: “Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, foi este o teu agrado.

Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Lc 10, 21-22).

O evangelho de São João diz que o Pai só quer adoradores que o adorem no Espírito e na Verdade (Jo 4, 23).

Ao ensinar o Pai-Nosso aos discípulos, Jesus quis ensinar-lhes que a sua oração deve ser um diálogo familiar com Deus (Mt 6, 9).

Procurando aumentar a confiança dos discípulos no Pai do Céu, Jesus disse o seguinte:

“Se vós que sois maus sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai Céu dará o Espírito Santo aos que lho pedirem” (Lc 11, 13).

Na verdade, diz São Lucas, é amando os outros como irmãos que nos tornamos filhos do Altíssimo (Lc 6, 35).

Antes de revelar o rosto e o amor de Deus Pai aos homens, Jesus comunicou face a face com ele. Eis as palavras de São Lucas:

“Após ter sido baptizado, Jesus entrou em oração. Nesse momento, o Céu abriu-se e o Espírito Santo desceu sobre com a forma corporal de uma pomba.

Nesse momento, ouviu-se uma voz vinda do Céu que dizia: “Tu és o meu filho bem-amado. Hoje mesmo te gerei” (Lc 3, 21-22).

Antes de iniciar a sua missão, Jesus foi consagrado pelo Espírito santo e o Pai declara-o como Messias, o filho de Deus.

Tal como aconteceu com Moisés, Jesus procurava as montanhas, as colinas e os lugares silenciosos para entrar em intimidade com Deus Pai.

Com este modo de proceder, Jesus ensinou aos discípulos que o ruído e a dispersão não são boas mediações para nos encontrarmos face a face com Deus.

Eis o que diz o evangelho de São Lucas: “Tomando consigo Pedro, João e Tiago, Jesus subiu à montanha para orar.

Enquanto orava, o aspecto do seu rosto alterou-se e as suas vestes tornam-se brilhantes” (Lc 9, 28-29).

Não é difícil descobrir a relação desta e outras passagens com os relatos que falam dos encontros de Moisés com Deus:

“Tendo despedido as multidões, Jesus subiu ao monte para orar a sós” (Mt 14, 23). Olhando para os ensinamentos de Jesus, vemos como Moisés e os profetas ficaram muito aquém de Jesus no que se refere à profundidade do conhecimento e da interacção amorosa Deus Pai.

Podemos afirmar com toda a segurança que antes de Jesus, ninguém chegou tão longe na compreensão e revelação do mistério de Deus Pai.

O seguinte texto do evangelho de São João é uma expressão da profundidade da relação de Jesus Cristo com o seu Pai do Céu:

“Jesus disse a Filipe: “Há tanto tempo que estou convosco e não ficaste a conhecer-me, Filipe?
Quem me vê, vê o Pai. Como é que ainda me pedes para te mostrar o Pai?

Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?” (Jo 14, 9-10). Jesus exprimiu a profundidade desta união com o Pai dizendo: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

Segundo o modo de entender de Jesus Pai vem a nós sempre a partir de dentro. De facto, Deus é a interioridade máxima do Universo.

A morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Deus revela-se ao Homem a partir de dentro, por isso Jesus se retirava para o silêncio, a fim de poder entrar na sua interioridade, a fim de se encontrar com o Pai:

“De madrugada, estando ainda escuro, Jesus levantou-se e retirou-se para um lugar deserto, a fim de orar (Mc 1, 35).

Portanto, quando Deus vem ao encontro do Homem não vem a partir de fora.A Primeira Carta aos Coríntios diz que o nosso coração é um templo onde o Espírito de Deus habita (1 Cor 3, 16).

Jesus sentia-se unido de modo permanente ao Pai. Depois acrescenta que também nós fazemos parte dessa união orgânica que forma o campo espiritual contínuo de interacções amorosas:

“Nesse dia, disse Jesus, compreendereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20).
Em Comunhão Convsco
Calmeiro Matias





02 dezembro, 2009

O DEUS BONDOSO E A EXISTÊNCIA DO PECADO

Pai Santo,

Nós te agradecemos o facto de nos teres enviado Jesus Cristo, a fim de nos libertar do pecado e nos introduzir na comunhão da Santíssima Trindade.

O pecado é um conjunto de forças negativas que derivam das recusas de amar dos seres humanos.

As forças do pecado do pecado bloqueiam o processo da humanização do Homem, impedindo a sua realização e felicidade.

Pai Santo,
Nós sabemos que o pecado não é uma realidade criada por ti, mas o resultado negativo das decisões erradas do Homem.

Na verdade, o pecado é a recusa do Homem a emergir como pessoa humanizada mediante opções e projectos de amor.

Do mesmo modo, não foste tu, Pai Santo, que criaste o inferno, entendido como um lugar destinado à punição eterna dos seres humanos.

A nossa fé diz-nos que Deus é amor e não pode nada contra o amor, pois seria negar-se a si mesmo.

As pessoas que se condenam não vítimas de uma condenação de Deus. Pelo contrário, as pessoas que estão em estado em inferno condenaram-se por sua própria decisão.

É certo que tu, Pai Santo, ao criares o Homem, lhe deixaste a possibilidade de pecar. Esta possibilidade é, aliás, a condição para que a pessoa se realize como ser livre, consciente e responsável.

Face a este mistério do pecado, temos de dizer que o pecado é um mal, mas a possibilidade de pecar é condição para que o projecto humano seja óptimo.

Isto quer dizer que nem tudo o que é possível deve ser realizado, sob pena de destruirmos a Humanidade.

É a primeira vez que a Humanidade tem arsenais com forças de morte a capazes de pôr fim à História Humana.

Mas pelo facto de isto ser possível não quer dizer que deva ser realizado. Na verdade, pôr fim à História humana seria o pecado total, ou seja, a oposição total ao amor.
Somos seres inacabados. É por esta razão que, por vezes, somos visitados pela tentação de nos opormos aos apelos do amor.

A tentação é uma sugestão subtil que visita a nossa mente, querendo fazer-nos crer que o mal é um bem.

A possibilidade da tentação radica no facto de não nascermos determinados e, portanto, não estamos sujeitos a qualquer forma de destino.

À luz da fé cristã, o destino não existe, pois o homem não é uma marioneta nas mãos de Deus.
Somos nós quem decide o que seremos ou não, sendo fiéis ou não aos nossos talentos, isto é, às nossas possibilidades de realização.

O pecado é um mal, tanto para o pecador, como para as outras pessoas. Com efeito, além das consequências pessoais, o pecado tem também consequências sociais, políticas, históricas e ecológicas.

Isto quer dizer que o pecado mutila não apenas o pecador, mas também as pessoas que sofrem as consequências as suas consequências.

Ao ressuscita, Jesus comunicou-nos o dom do Espírito Santo, a fim de fazer de nós uma Nova Criação (2 Cor 5, 17- 19).

Jesus Cristo,
Nós te louvamos por nos teres libertado das forças bloqueadoras do pecado, abrindo-nos o caminho da nossa libertação.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias