30 dezembro, 2007

Saber moldar um Coração Novo


Espírito Santo,
Jesus convidou-nos a imitá-lo, pois ele soube construir-se
como um homem manso e humilde de coração (Mt 11,29).

Tu foste, Espírito Santo, o grande modelador
do coração fiel e humilde de Jesus,
apesar de nunca o teres substituído.

Dá-nos a força para sabermos adoptar as atitudes correctas e necessárias,
a fim de sabermos moldar um coração de Homens Novos, como Jesus nos pediu.

Para moldarmos um coração de Homens Novos
é fundamental cultivar a humildade,
assumindo as nossas limitações e culpas
no que se refere às nossas recusas
de amor em relação aos irmãos.

O homem de coração bom não está sempre a culpar os outros
das suas culpas, insatisfações e fracassos.

É um excelente sinal de humildade saber aceitar as suas limitações
e procurar realizar-se com os talentos reais de que dispõe,
sem estar sempre descontente por não ser um super-homem.

Ser humilde é ser verdadeiro em relação a si e aos outros.
É também reconhecer que uma pessoa, para se realizar,
precisa dos outros, pois a plenitude da pessoa não está em si,
mas na reciprocidade da comunhão.

Para moldar um coração humilde, a pessoa deve aprender
a escutar o irmão e aceitá-lo assim como ele é.

As pessoas demasiado enredadas em si só conseguem escutar-se a si.
Eis a razão pela qual não são capazes
de sintonizar e comungar com os outros.

A pessoa humilde reconhece o seu pecado
e sabe que só o amor cura realmente as feridas do pecado.

A pessoa que deseja moldar um coração de Homem Novo está atenta,
a fim de não estar sempre a julgar os outros.

A pessoa que está sempre a criticar os outros
normalmente está a fugir de si mesma e, muitas vezes,
a projectar os próprios defeitos na pessoa dos irmãos.

Jesus disse que o coração é a fonte da qual emergem
as boas e as más decisões. Eis as suas palavras:
“É do coração que procedem as más intenções” (Mt 15, 19).

A pessoa que procura ser habitualmente amável e serena
nas relações com os irmãos já está já a realizar a viver
a bênção prometida aos mansos, os quais possuirão a terra,
diz o evangelho de São Mateus (Mt 5, 5).

A amabilidade desmonta as agressividades
com que os outros pretendem muitas vezes agredir-nos.

Ter a gentileza de dar a primazia é uma atitude
que não passa despercebida da pessoa que recebe esta atenção
e ajuda-nos a moldar um coração atento e fraterno.

Saber reconhecer os momentos oportunos para falar
e as melhores ocasiões para escutar é sinal de sabedoria.

É um excelente sinal de amor fraterno
saber evitar argumentos inúteis que só servem para exaltar os ânimos,
sobretudo quando sentirmos que não estão em causa
valores fundamentais ou uma verdade importante.

É um excelente sinal de humildade
saber reconhecer quando o outro tem razão.

Ponhamos as nossa confiança no amor incondicional de Deus,
mas não tentemos nunca a Deus
pretendendo que ele nos substitua ou esteja em nosso lugar.

Não nos devemos esquecer que, ao romper com o amor
estamos a romper com Deus.
Mas mesmo assim não somos capazes de impedir que Deus nos ame,
pois o amor de Deus é incondicional.

Por outras palavras, apesar de não conseguirmos anular
o amor de Deus por nós, podemos impedir a comunhão com ele,
pois a comunhão assenta na reciprocidade do amor
e nunca no amor unidireccional.

Na verdade, o amor pode ter uma só direcção,
mas a comunhão só pode acontecer na convergência amorosa.

Façamos do amor a Deus o rochedo sólido para edificarmos a nossa casa,
mas não nos esqueçamos de que o amor a Deus
passa sempre pelo amor aos irmãos.

Treinemo-nos na arte de facilitar a realização dos outros,
não nos esquecendo de que o importante
é aceitá-los por eles serem o que são
e não por fazerem o que gostaríamos que eles fizessem.

Nos nossos diálogos, tentemos comunicar sempre
numa linha de verdade e autenticidade.

No trato com os irmãos
não estejamos sempre a olhar só para os nossos interesses pessoais,
mas ajudemo-los com o nosso ter, o nosso ser e também o nosso saber.

Lembremo-nos de que os outros são um dom de Deus para nós,
pois são mediações para a nossa realização e felicidade,
uma vez que ninguém é feliz sozinho.

É com os outros que nós faremos parte da Família de Deus,
a qual não assenta nos laços do sangue mas sim nos laços do Espírito Santo.

Para crescermos na capacidade de dialogar e comungar com os outros
lembremo-nos de que não somos bons em tudo
e de que não somos a medida dos demais.

Sejamos agradecidos, sobretudo quando sentirmos
que os outros estão a ser atentos e respeitadores
das diferenças que há em nós.
Procedendo assim, eles estão a facilitar a nossa realização e felicidade.

A pessoa que tenta controlar e manipular os outros
nunca conseguirá ter um coração de Homem Novo,
pois está a impedir que o outro possa emergir
como pessoa livre, consciente e responsável.

As pessoas que põem o amor e a fraternidade em primeiro plano
são uma mediação privilegiada do amor de Deus para os irmãos.

A pessoa que ama o outro, apesar dos seus defeitos
está a amá-lo incondicionalmente e a impedir que ele seja posto à margem.

A pessoa que ama sabe alegrar-se com os sucessos do outro
como se fossem próprios.
Ao mesmo tempo, não se afasta dele por causa dos seus fracassos.

A pessoa humilde entende o chamamento de Jesus
no sentido de lutar contra as forças negativas do pecado,
a fim de facilitarmos o nascimento do Homem Novo,
o único que tomará parte na Comunhão da Família de Deus.

O homem de coração novo
não alimenta ressentimentos ou planos de vingança no nosso coração.

O Espírito Santo é um mestre
na arte de favorecer a emergência de homens de coração novo.
A pessoa humilde conta sempre com a sua disponibilidade
no íntimo do seu coração.

O coração novo edifica-se sobre a gratuidade.
As pessoas que dão coisas para amarrar os outros
nem são felizes nem ajudam os demais
a emergir como pessoas ser livres,
criativos e felizes.

Espírito Santo,
tu és a ternura maternal de Deus.
São Paulo diz que és o amor de Deus
derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Ajuda-nos, Espírito Santo, a moldar em nós
um coração manso e humilde como o de Jesus.


Ámen!



Com um abraço e votos de um BOM ANO 2008,

Calmeiro Matias

17 dezembro, 2007

Espírito Santo e Vida Nova

Espírito Santo,
és um Espírito de Amor e, por isso mesmo, um Espírito libertador.

És a terceira pessoa da Santíssima Trindade
e és o princípio animador da união amorosa
que existe entre Deus Pai e seu Filho eterno.

Assim como Deus Pai ama com um jeito paternal,
tu, Espírito Santo, tem um jeito maternal de amar.
És a fonte da vida e todos os gestos de amor encontram em ti a sua raiz.
Sem a tua acção nos nossos corações,
os sacramentos não passavam de ritos estéreis e vazios
e as Sagradas Escrituras eram apenas letra geradora de morte,
como diz São Paulo (2 Cor 3, 6).

Do mesmo modo, a comunidade cristã sem a tua acção, Espírito Santo,
não passaria de um grupo com leis, ritos e normas,
mas sem uma vida de comunhão com Deus e os irmãos.

Espírito Santo,
Tu ressuscitaste Jesus Cristo e incorporas-nos na Família de Deus,
como filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação a Deus Filho (Rm 4, 4-7).

Tu és o princípio animador do mistério da Encarnação,
dinamizando a união orgânica
que existe entre o Filho eterno de Deus e Jesus de Nazaré, o Filho de Maria!

A Bíblia diz que tu és a Água Viva
que faz jorrar torrentes de vida eterna no nosso coração (Jo 7, 37-39; 4, 14).

Tu és a ternura maternal de Deus.
is a razão pela qual optimizaste o coração maternal de Maria,
capacitando-a para amar o seu Filho com um jeito semelhante ao teu jeito de Amar.

São Paulo diz que tu és o amor de Deus
derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Habitas nos nossos corações, diz São Paulo, como num templo (1 Cor 3, 16).

Glória a Ti, Espírito Santo, dinamismo da Vida Eterna.
Tu és o sangue de Cristo ressuscitado
a circular no mais íntimo do nosso coração (Jo 6, 63).

Louvado sejas pelo teu jeito de animar as relações entre as pessoas,
inspirando gestos e atitudes sempre novas.

Glória a ti fonte permanente de inspiração!

Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias






Com um Abraço fraterno,
Calmeiro Matias


04 dezembro, 2007

Descobrindo a Bondade de Deus

Trindade Santa,
Jesus Cristo veio revelar-nos o amor incondicional de Deus por nós.
O amor sem limites que vós tendes por nós, Trindade Divina,
manifestava-se de modo muito claro
nas atitudes de Jesus para com os doentes,
os pobres, as crianças, os mais fracos e desprotegidos.

Os ensinamentos de Jesus acentuavam constantemente
o amor incondicional de Deus Pai por nós, ao acolher-nos como filhos.
Podemos dizer a mesma coisa do amor de Deus Filho
que nos elege incondicionalmente como irmãos.
Jesus exprimiu o amor incondicional de Deus por nós
amando-nos até dar a vida por nós.

O Espírito Santo, com seu jeito maternal de amar,
introduz-nos no Diálogo e Comunhão Familiar Divina
como filhos em relação ao Pai e como irmãos em relação ao Filho.

Jesus ensinou-nos
que, mesmo naquelas alturas em que fechamos a porta a Deus
mediante o pecado, o Pai vem todos os dias ao alto da colina
para ver se já estamos a regressar à casa paterna.

A parábola do Filho Pródigo permite-nos concluir que, nesse dia,
Deus Pai, com um coração cheio de misericórdia
vai acolher a Humanidade de braços abertos,
introduzindo os seres humanos na festa da do Reino de Deus.
Depois veste-lhes um fato novo
e manda-os entrar na sala da festa que não terá fim.

Deus Santo,
conhecer o vosso amor e a vossa ternura por nós
é um dom que nos é concedido pelo Espírito Santo.
É o mesmo Espírito Santo que nos consagra
para anunciarmos esta Boa Notícia aos nossos irmãos.

Na verdade o conhecimento da ternura de Deus por nós
é uma Boa Nova que confere pleno sentido à vida.
A grande paixão de Jesus foi anunciar aos seres humanos
a grandeza do vosso amor por nós.

É verdade, Deus Santo, que vós amais todas as criaturas,
mas nós sabemos que apenas nós, por seres pessoas humanas,
temos condições para comungar com as pessoas divinas.

Meditando o vosso amor pela Humanidade,
nós proclamamos a vossa bondade dizendo-vos:
Glória a vós Trindade Santa!

Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias


23 novembro, 2007

Espírito Santo e Renascimento

Deus Santo,
Vós sois a interioridade máxima do Universo.
No ponto onde termina a nossa interioridade espiritual limitada,
começa a vossa interioridade ilimitada.
Isto quer dizer que sois um Deus sempre presente.
O ponto de encontro entre nós e vós, Deus Santo, é o coração de cada ser humano.

O Espírito Santo é a pessoa divina que nos põe em Comunhão convosco, Pai Santo,
e com o vosso Filho, incorporando-nos na Família Divina.
Com o seu jeito maternal de amar leva-nos a clamar por vós, Pai,
gritando: “Abba”, ó Pai! (cf. Rm 8, 14-15).
Por isso São Paulo diz que o Espírito Santo
é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Apesar de estardes tão próximo, nunca nos invadis, Deus Santo.
Sois Amor, diz a Primeira Carta de São João (1 Jo 4, 7-8).
Eis a razão pela qual nos tomais tão a sério.
De facto, nunca nos manipulais nem jogais connosco.
Estais connosco, mas respeitais sempre a nossa autonomia.

Por outras palavras, estais connosco mas não estais em nosso lugar.
A vossa presença junto a nós é dinâmica, criativa e amorosa.
Sois uma Família de três pessoas, apesar de serdes um único Deus.
Isto significa que o Uno, na Divindade, é a Comunhão.
As pessoas constituem o plural do único Deus.

O mesmo acontece com a Humanidade:
é una enquanto Humanidade, mas é plural enquanto pessoas.
No coração de cada pessoa humana emerge a Humanidade
de modo único, original e irrepetível.

Somos realmente a imagem e semelhança de Deus.
A vossa presença no nosso íntimo acontece pelo Espírito Santo,
a terceira pessoa da Família Divina.
Quando abrimos o coração ao amor,
o Espírito Santo torna-se em nós uma presença que nos faz renascer.

O nosso espírito é uma realidade viva a crescer e a fortalecer-se.
Cresce dentro do nosso corpo como o pintainho dentro do ovo.
A Bíblia identifica o Espírito Santo com o hálito da Vida Divina
que nos faz emergir como seres espirituais.

Eis as palavras do Livro do Génesis:
“Então o Senhor Deus formou o Homem do pó da terra
e insuflou-lhe pelas narinas o hálito da vida.
Foi então que o Homem se transformou num ser vivo” (Gn 2, 7).

É deste modo que acontece a vossa intervenção especial na criação do Homem,
a qual não aconteceu com nenhum outro ser.
Eis o modo como Jesus explicou esta verdade a Nicodemos:
“Em verdade em verdade te digo: quem não nascer do Alto,
não pode ver o Reino de Deus”
“Como pode um homem nascer sendo velho? - Perguntou Nicodemos - "Porventura poderá entrar de novo no ventre de sua mãe e nascer?"

Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo quem não nascer do Espírito Santo
não pode entrar no Reino de Deus.
Aquilo que nasce da carne é carne, e aquilo que nasce do Espírito é Espírito” (Jo 3, 3-6).


Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias

15 novembro, 2007

O Sentido da História Humana


Deus Santo,
glória a Vós, pois quisestes criar-nos como pessoas.

O animal gosta de brincar, mas não é capaz de celebrar,
nem precisa de sentidos para viver.

Pelo facto de estar em realização histórica,
a pessoa humana precisa de sentidos
para viver e se construir.

Quando lhe faltam sentidos para viver,
o ser humano entra em crise
e pode mesmo pensar no suicídio.

Por estar a estruturar-se como ser histórico,
a pessoa tem a capacidade de associar
o passado com o presente
e este com planos e sonhos de futuro.

Isto acontece assim porque a pessoa se sente a caminho
de uma meta que se confirma em cada sucesso
que vai concretizando ao longo da sua caminhada.

Por não ser uma pessoa em construção,
o animal não tem esta consciência existencial,
nem sente um apelo a actuar de acordo com valores.

Na verdade, os valores são apelos que a pessoa sente
no sentido de se construir com sentido e poder realizar-se
como pessoa consciente, livre, responsável.

Como ser em realização, a pessoa edifica-se
de modo gradual, fazendo emergir o novo.
Sempre que fazemos emergir o novo e o diferente,
transcendemo-nos e tornamo-nos imagem de Deus.

Deste modo, sem deixarmos de ser os mesmos,
vamos sendo de maneira sempre nova e diferente.

A pessoa humana é, realmente,
um ser faminto de transcendência,
pois tem fome de ser em plenitude.
Eis a razão pela qual
o homem não pode deixar de se pôr o sentido da vida.

Como não podemos viver sem sentidos,
pomo-nos constantemente interrogações e porquês,
sobretudo nos momentos mais sérios e difíceis da vida.

Quando uma pessoa perde os sentidos básicos da vida,
deixa de ter razões para viver.

Assim como não se põe o sentido da vida,
o animal também não tem consciência da sua morte.
A consciência da própria morte
é um dos estímulos mais profundos
a levar a pessoa a colocar-se o sentido da vida.

Do mesmo modo, Deus não é uma questão secundária
para as pessoas que pretendem humanizar-se,
fazendo opções, escolhas, e projectos
de realização pessoal.

A consciência universal da Humanidade evoluiu
no sentido de se colocar a questão religiosa.
Isto significa que a Humanidade, no seu todo,
intuiu que não estamos a edificar para a morte.

Jesus Cristo trouxe a grande resposta
a estas interrogações básicas do Homem:
a sua ressurreição ensinou aos homens
que a morte não tem a última palavra
no que se refere ao projecto histórico da Humanidade.

Pelo mistério da Encarnação,
o divino enxertou-se no humano
e nós passamos a ser membros da Família de Deus.

Isto quer dizer que os seres humanos,
ao darem o salto de qualidade para a vida pessoal,
atingiram as condições necessárias
para serem assumidos e incorporados
na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

Deus Santo,
louvado sejais porque nos quisestes criar como pessoas,
a fim de fazerdes uma aliança connosco!


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

09 novembro, 2007

O Plano da Nova e Eterna Aliança!

Deus Santo, louvado sejais pela Nova e Eterna Aliança,
esse sonho de amor que tivestes ainda antes
de terdes criado o Universo e o Homem.

A Nova e Eterna Aliança já estava presente
como fonte inspiradora no momento em que sonhastes
criar o Universo e o Homem que o habita:

“Deus escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo,
a fim de sermos santos e irrepreensíveis na sua presença
e vivermos no amor.

Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos
por meio de Jesus Cristo, de acordo com a sua vontade” (Ef 1, 4-5).

Este plano esteve oculto durante milénios,
mas foi dado a conhecer na plenitude dos tempos:

“Agora podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho
do mistério de Cristo, o qual não foi dado a conhecer
aos filhos dos homens, em gerações passadas,
como agora foi revelado aos seus santos Apóstolos e Profetas
pelo Espírito Santo” (Ef 3, 4-5).

Deus Santo, Vós sois, na verdade, o Deus da Aliança,
pois sois um Deus fiel e verdadeiro.

A Nova e Eterna Aliança representa a plenitude de um projecto
querido por vós ainda antes de terdes iniciado a génese da Criação.

A Antiga Aliança foi um passo fundamental
para conduzirdes a Humanidade até Jesus Cristo.

Mas o vosso plano criador tinha como meta e cúpula da Criação
a Nova e Eterna Aliança.

A Antiga Aliança era o sinal da acção pedagógica do Espírito Santo
que foi preparando a Humanidade para a plenitude dos tempos,
introduzindo a Humanidade no único Reino de Deus,
diz a Carta aos Efésios:

“Com efeito, Cristo é a nossa paz.
De dois povos fez um só, anulando o muro da separação que os dividia:
a Lei de Moisés com suas leis, normas e preceitos,
a fim de criar um só Homem Novo com judeus e pagãos.
Portanto, os pagãos já não são estrangeiros nem imigrantes,
mas concidadãos dos santos e membros da Família de Deus” (Ef 2, 14.19).

O Novo Testamento repete várias vezes que a Antiga Aliança
estava em função da Nova e Eterna Aliança:

“Antes de chegar a plenitude da Fé
estávamos prisioneiros da Lei Mosaica.
Por isso era preciso que a Fé se revelasse.

A Lei tornou-se o nosso pedagogo até Cristo,
a fim de sermos justificados pela Fé.
Agra já sois filhos de Deus, por isso não estais sob o domínio do pedagogo.

Já não há judeu ou grego.
Não há escravo ou homem livre.
Não há homem ou mulher,
pois todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Ga 3, 23-29).

A antiga Aliança tinha como alicerce a Lei de Moisés,
a qual se multiplicava em normas, preceitos,
ritos e mandamentos que não tinham qualquer eficácia
para a obtenção da salvação.

A Nova Aliança tem como alicerce o dom do Espírito,
o qual realiza em nós a obra da salvação,
diz São Paulo na Carta aos Gálatas:

“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus
são filhos de Deus” (Rm 8, 14).

Viver a dinâmica da Nova aliança significa
deixar-se conduzir pelo Espírito Santo:

“Eis os frutos do Espírito: amor, alegria, paz, paciência,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto-domínio.
Contra tais coisas não há Lei” (Ga 5, 22).

A Antiga Aliança foi superada pela Nova e Eterna Aliança,
tal como as metas que estão em função de um objectivo
são superadas quando o objectivo é atingido.

De facto, a Nova Aliança não é uma simples continuidade
em relação à Antiga,
tal como Cristo não está apenas numa linha de continuidade
em relação a Moisés.

Pelo contrário, a Nova e Eterna Aliança representa
um salto de qualidade em relação à Antiga Aliança.

Com efeito, a libertação e a divinização do Homem,
realizada pela Encarnação, não está numa simples continuidade
em relação à libertação dos hebreus da escravidão do Egipto.
Entre estes dois acontecimentos existe, na verdade, uma diferença qualitativa.

A libertação realizada pela Nova e Eterna Aliança
tem o alcance de uma salvação definitiva,
a qual implica a assunção e incorporação da humanidade
na Família da Santíssima Trindade (Jo 1, 12-14).

Já no livro do profeta Ezequiel Deus promete ao povo
uma Nova aliança, a qual será mais perfeita do que a Antiga:

“Lembrar-me-ei da Aliança que fiz contigo,
no tempo da tua juventude e estabelecerei contigo uma aliança Eterna. Estabelecerei contigo a minha Aliança
e então saberás que eu sou o Senhor,
a fim de que te lembres de mim” (Ez 16. 60-63).

Segundo o profeta Jeremias,
a Nova aliança assenta em novos alicerces,
pois terá como fundamento um coração renovado
pelo dom do Espírito Santo:

“Dias virão em que estabelecerei uma Nova Aliança
com a casa de Israel e a casa de Judá, oráculo do Senhor.
Não será como a Aliança que estabeleci com seus pais,
quando os tomei pela mão para os fazer sair da terra do Egipto,
aliança que eles não cumpriram, embora eu fosse o seu Deus,
oráculo do Senhor.
Esta será a aliança que estabelecerei com a casa de Israel,
depois desses dias, oráculo do Senhor:
Imprimirei a minha Lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração.
Serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jer 31, 31-33).

A Nova Aliança, não é escrita em tábuas de pedra, como a Antiga,
mas será escrita no coração das pessoas.

São Paulo diz aos membros a comunidade de Corinto
que eles são uma carta de Cristo, escrita pelo Espírito Santo,
pois pertencem à Nova Aliança:

“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações,
conhecida e lida por todos os homens.
Sois uma carta de Cristo confiada ao nosso ministério,
escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo.
Escrita, não em tábuas de pedra,
mas em tábuas de carne que são os vossos corações.

Na verdade, é Deus que nos torna aptos
para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra,
mas do Espírito, pois a letra mata, enquanto o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 2-6).

Segundo o plano da Nova e Eterna Aliança,
nós recebemos, através da ressurreição de Cristo,
o dom definitivo da Salvação:
o Espírito Santo que nos incorpora na Família de Deus (Rm 8, 14-17).

Deste modo, diz São Paulo,
Cristo torna-se o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).

Aleluia!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

04 novembro, 2007

As coordenadas da Vida Eterna

Deus Santo,
no plano que sonhaste para a Humanidade,
a salvação tem como meta a incorporação da Família Divina.
A Comunhão Universal do vosso Reino, portanto,
é constituída por três pessoas divinas,
biliões de pessoas humanas
e todas as outras que possam existir neste Universo quase infinito.

Nesta comunhão cada pessoa é um ponto de encontro
e uma possibilidade de comunhão amorosa para as outras.
Por estar em coordenadas de universalidade e em estado de plenitude,
as aspirações das pessoas têm realização imediata.
Por outras palavras, no Reino de Deus,
as aspirações de encontro, diálogo e comunhão de uma pessoa
tornam-se imediatamente realidade.

No vosso Reino, Deus Santo, cada pessoa está assumida e incorporada
na comunhão universal dos santos
cujo coração é a comunhão da Santíssima Trindade.
Na plenitude da vida eterna estamos realmente presentes a tudo e a todos.
Não por nos deslocarmos a velocidades superiores à da luz,
mas porque os desejos do nosso coração acontecem
como emergência e realização simultâneas.

Esta dinâmica acontece dentro da organicidade e dinamismo da comunhão universal.
Uma pessoa que se tenha excluído desta dinâmica de salvação e plenitude
não se encontra a si nem aos outros,
pois está fora das coordenadas da comunhão universal.
Enquanto está em realização na História,
o ser humano habita as coordenadas do espaço e do tempo.
Deus, pelo contrário, não habita a espacio-temporalidade,
pois está nas coordenadas da omnipresença comunitária do amor total.

Ainda antes de existir o Universo já existia o amor, pois Deus é amor.
O amor é um impulso de bem-querer que tem como origem a pessoa
e como meta a comunhão.

E o Universo surge a partir do diálogo e comunhão amorosa da Trindade Divina.
Não como um prolongamento necessário, mas como a realização de um projecto
que brotou do diálogo amoroso das pessoas divinas.
E Deus imprimiu as suas impressões digitais no tecido da criação.
Eis a razão pela qual a Humanidade, por ser constituída por pessoas,
atinge a sua plenitude na comunhão com as pessoas divinas.
Mediante a morte, o ser humano liberta-se
das coordenadas biológicas, psíquicas, rácicas, linguísticas e espacio-temporais.

À luz da Fé, a morte surge realmente como o parto final
através do qual a pessoa humana atinge a sua plenitude,
isto é, a comunhão universal nas coordenadas de Deus.
Mediante a incorporação na comunhão familiar da Santíssima Trindade,
o ser humano é divinizado.

Isto quer dizer que a divinização não acontece como coisa individual,
mas como resultado da assunção pessoal na comunhão universal da Família de Deus.
Esta incorporação na comunhão divina assenta sobre dois pilares fundamentais:
a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade e a ressurreição de Cristo.

Pela encarnação, o divino enxerta-se no humano em Jesus Cristo.
Como resultado deste enxerto, todos os seres humanos ficam com a possibilidade
de se tornarem membros da Família Divina:
“Mas, a quantos o receberam, aos que nele crêem,
deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram dos laços do sangue,
nem dos impulsos da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.
E o Verbo encarnou e habitou entre nós” (Jo 1, 12-14).

Pela ressurreição de Cristo, a Humanidade é divinizada pelo Espírito Santo:
“No último dia, o mais solene da festa, Jesus, de pé, bradou:
“Se alguém tem sede venha a mim; e quem crê em mim que sacie a sua sede!
Como diz a Escritura, hão-de correr do seu coração rios de Água viva”.
Jesus disse isto referindo-se ao Espírito Santo que iam receber os que cressem nele.
Com efeito, o Espírito Santo ainda não tinha vindo
em virtude de Jesus não ter sido ainda glorificado” (Jo 7, 37-39).

O Espírito actuava no mundo desde a criação do homem.
Foi a comunicação primordial do Espírito Santo que fez do Homem um ser vivente,
diz o livro do Génesis (Gn 2, 7).
Mas o Senhor ressuscitado comunica o Espírito de maneira divinizante,
isto é, de forma intrínseca, de tal modo que o Espírito Santo faz de nós
um todo orgânico com Cristo.

Jesus é a cepa da videira, diz o evangelho de João, e nós somos os ramos
que recebem a seiva vital dessa cepa (Jo 15, 1-8).
São Paulo diz esta mesma verdade mas com outro exemplo:
nós somos os membros de um corpo cuja cabeça é Jesus Cristo (1 Cor 10, 17; 12, 27).
Como ternura maternal de Deus e princípio animador de relações,
o Espírito Santo confere dinamismo amoroso à nossa relação com Deus.

Eis o que diz São Paulo a este propósito:
“De facto, todos os que são conduzidos pelo Espírito Santo são filho de Deus.
Vós não recebestes um espírito que vos escravize.
Pelo contrário, recebestes o Espírito Santo que faz de vós filhos adoptivos.
É por este Espírito que clamamos “Abba”, ó pai.
O próprio Espírito Santo dá testemunho no mais íntimo do nosso espírito
de que somos realmente filhos de Deus.
Ora, se somos filhos de Deus, somos também herdeiros:
herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com Cristo” (Rm 8, 14.17).

Louvado sejais, Deus Santo, pelo bem que nos quereis!


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

29 outubro, 2007

Ama, e Deus estará contigo!

Senhor Deus,
a Bíblia diz que tu és Amor (1 Jo 4, 7; 4, 16).
Isto quer dizer que só através do amor nós te podemos conhecer.

Se é esta a realidade, nós temos esta notícia bonita para comunicar aos nossos irmãos:
“Ama e Deus estará contigo!”
Procura fazer o que é recto e justo
e o teu coração vai ficando preparado para amar verdadeiramente.

Há uma série de passos importantes que nos conduzirão a esta meta vitoriosa:
amar a verdade e cultivá-la incessantemente.
A verdade é a compreensão e enunciação correcta e adequada
da realidade de Deus, do Homem e do Universo.

Outro passo importante é tentar ser sempre bom com os outros,
nada fazendo para os machucar ou deixar mais pobres.

Procurar fazer aquilo que digo, mesmo que não seja muito fácil.
Aprender a partilhar, não só o que tenho, mas também o que sei e sou.
Deste modo o meu coração adquirirá o jeito da vida eterna,
a qual é vida partilhada e Comunhão Universal.

Pai Santo,
ajuda-me a viver a dinâmica do amor,
a fim de partilhar com todos os que sabem amar a plenitude da vida eterna.

Na verdade, o amor é uma dinâmica de bem-querer
que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

Deus Santo,
nós sabemos que tu és Amor.
Isto quer dizer que a meta de todo o amor
é a comunhão contigo, Trindade Santa.
Aleluia!

Com um grande abraço para todos!

Calmeiro Matias

22 outubro, 2007

Hino de Gratidão


Senhor Deus, Trindade Santa,
dou-vos graças por esta caminhada na Fé
que me tem ajudado a compreender
o mistério de Deus e o mistério do Homem.

Esta caminhada na Fé não podia acontecer
sem a vossa revelação e sem a iluminação do Espírito Santo
que actua no nosso coração sempre que lho permitimos.

Agradeço-te, Pai Santo, por me acolheres
como um pai acolhe o seu filho.
Filho Eterno de Deus,
eu te agradeço a decisão maravilhosa de te fazeres meu irmão
mediante o mistério da Encarnação.
Eu te louvo e bendigo, Espírito Santo
por este teu jeito maternal de estares comigo
e me conduzires maternalmente até ao pai que me acolhe como filho
e até ao Filho que me acolhe como irmão.

Na verdade é por ti, Espírito Santo
que somos incorporados na Família divina,
como diz São Paulo na Carta aos Romanos.

É por ti que clamamos Abba, ó Pai (Rm 8, 14-15; Ga 4, 4-7).
Tu és, Espírito Santo, o amor de Deus derramado no nosso coração.
Trindade Santa,
o que não nos dizeis de vós mesmos, nós não o podemos conhecer.
Eis a razão pela qual eu não quero deixar
de continuar a aprofundar a vossa Palavra,
a fim de melhor vos conhecer,para melhor vos poder anunciar.

Na verdade, a qualidade da nossa acção evangelizadora
depende da compreensão que temos
do mistério de Deus e do mistério do Homem.
Eis a razão pela qual a minha gratidão por vós
não cessa de crescer, Deus Santo.

Nós sabemos que vós sois uma novidade
a acontecer e a revelar-se de modo constante.
Isto é assim porque sois amor e o amor nunca se repete.
Sem deixardes de ser sempre o mesmo Deus, Trindade Santa,
vós o sois de maneira sempre nova.

Dizer que a vossa natureza é imutável,
não significa que sois uma essência estática.
A vossa natureza é relações interpessoais
em plena e permanente comunhão amorosa.

Neste sentido sois uma natureza imutável,
pois nunca deixais de ser um dinamismo de bem-querer
que tem como origem cada uma das pessoas e como meta a comunhão trinitária.

Sem vós, Deus Bendito, a minha vida não tinha sentido.
Eis a razão pela qual vos quero dizer com toda verdade de que sou capaz:
eu vos pertenço, Santíssima Trindade!

Glória a vós, Deus três vezes santo que sois Pai, Filho e Espírito Santo.

Amen!


Um forte Abraço!

Calmeiro Matias

17 outubro, 2007

Jesus revelou-nos o Pai

Pai Santo,
no centro da mensagem de Jesus estava o Reino de Deus

e a bondade do seu Pai do Céu.


Ensinou-nos o teu jeito de nos amar e nos acolher como filhos muito amados.
Ao ensinar-nos o Pai-Nosso,

Jesus ajudou-nos a compreender o modo maravilhosos como sois nosso Pai.


A partir dos ensinamentos de Jesus podemos compor, com palavras nossas,

a tua mensagem de amor de paternal para nós com as seguintes palavras:

"Olá, filhos meus!

É verdade que vos criei à minha imagem e semelhança,

mas o meu amor não ficou por aí.
Através do meu Filho eu quis dar-vos a minha própria vida,

como fazem os pais e as mães.
Mediante a encarnação ele foi ao vosso ao mundo,

a fim de vos dar uma vida nova através do Espírito Santo

que ele, ao ressuscitar, vos comunicou!


Na verdade, o Espírito Santo introduziu-vos na nossa Família Divina,

tornando-vos meus filhos e irmãos do meu Filho.


No Céu já não há medos nem ansiedades,

pois todos se sentem bem-queridos e amados.
A vós que acreditais em mim, eu entrego-vos a missão

de santificar o meu nome, anunciando o bem que eu quero a todas as pessoas.


Como filhos meus estais convidados a tomar parte no meu Reino,

o qual é a comunicação do meu amor a todos os seres humanos.
Quando fazeis a minha vontade na terra

estais a entrar no caminho do que é melhor para vós,

pois a minha vontade coincide exactamente com o que é melhor para vós.


Eis a razão pela qual o meu Filho levou tão a sério a minha vontade.


Eis algumas afirmações suas

que revelam o modo como ele tomava a minha vontade a sério:
“O meu alimento é fazer a vontade

daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).
Na oração do Pai-Nosso, o meu Filho ensinou-vos a pedir

para que a minha vontade se realize de modo perfeito na Terra,

tal como se realiza no Céu” (Mt 6, 10).
Ao fazer bem às pessoas, o meu Filho dizia às pessoas

que não estava a fazer a sua vontade mas a vontade daquele que o enviou (Jo 5, 30).
Isto não quer dizer que a vontade do meu Filho não fosse igualmente

fazer todo o bem às pessoas, mas dizia isto para revelar o meu jeito de vos amar.
Por isso ele disse: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30).

Noutra ocasião acrescentou: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).


Como o meu Filho vos ensinou no Pai-Nosso,

o meu desejo é que todos vós tenhais o pão necessário para cada dia.


A terra que eu dei aos homens é generosa

e dá frutos suficientes para alimentar a todos.
Assim como envio o sol, o ar e a chuva para todos,

também vos dei a Terra para ser um dom para todos os seres humanos.


Como o meu Filho vos ensinou na Parábola do Filho Pródigo,

eu estou sempre pronto a perdoar-vos,

pois o meu desejo é ter-vos todos na festa da Comunhão Universal da minha Família.


Por outras palavras, sois para mim filhos muito queridos!"



Glória a ti, Pai Santo, pelo vosso coração paternal!
Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias

11 outubro, 2007

A profundidade do Amor de Deus

Deus Santo,
Sois o Criador do Universo!
Pela Fé nós sabemos que o vosso jeito de viver
é o de uma família de três pessoas
a quem chamamos Pai, Filho e Espírito Santo.

Pai Santo,
a tua identidade pessoal manifesta-se no teu jeito paternal de amar.
Tu nunca procriaste, mas és Pai.
Com o teu jeito paternal de amar estabeleces uma relação
que te constitui como Pai em relação à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Filho eterno de Deus,
és a segunda pessoa da Santíssima Trindade.
Amas o Pai com um amor filial infinitamente perfeito.
Tu és eternamente gerado numa relação de amor
em que tu, Filho Eterno de Deus,
acolhes a doação incondicional do amor de Deus Pai
e respondes amorosamente como Deus Filho.

Encarnaste, a fim de fazeres de nós teus irmãos
e, deste modo, partilhares connosco o amor divino do Pai.

Espírito Santo,
és a ternura maternal de Deus!
O teu jeito de ser é animar e suscitar novidade constante
nas relações amorosas que existem entre Deus Pai com Deus Filho.
A tua característica pessoal básica é ser animador permanente
de relações de comunhão amorosa.

És a presença animadora do mistério da Encarnação,
o enxerto dinâmico e amoroso que une o Filho de Deus com o Filho de Maria,
consumando assim uma união humano-divina.

É isto que a nossa Fé quer dizer ao confessar
que o Filho de Deus encarnou pelo Espírito Santo.
Por outras palavras, graças à tua presença dinâmica no mistério da Encarnação
aconteceu uma união entre o Filho Eterno de Deus e o Filho de Maria,
ao ponto de fazerem um como Deus Pai e Deus Filho fazem um.

És tu, Espírito Santo que fazes de nós membros da Família Divina (Rm 8, 14; Ga 4, 4-7).
Tu realizas a incorporação do Homem na Família Divina
conduzindo-nos a Deus Pai que nos acolhe como filhos
e conduzindo-nos a Deus Filho que nos acolhe com irmãos.
Eis a razão pela qual somos filhos e herdeiros de Deus
como diz São Paulo (Rm 8, 15-16).

Pai Santo,
foi este o plano que sonhaste em diálogo e comunhão com o teu Filho
e por sugestão do Espírito Santo.

Por sermos teus filhos e herdeiros, Pais Santo,
nós somos realmente vossos representantes junto da Criação.

Louvado sejas, Deus bendito, pelo teu amor para connosco.

Aleluia!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

08 outubro, 2007

Somos uma Nova Criação em Cristo

Deus Santo, nós vos damos graças
por nos terdes recriado em Jesus Cristo,
corrigindo as distorções operadas por Adão
no tecido relacional da Humanidade.

São Paulo diz que os seres humanos que estão em Cristo
"são uma nova criação” (2 Cor 5, 17).

É verdade que o pecado de Adão
não anulou o vosso plano, Deus Santo.
Mas criou bloqueios e resistências.

Eis a razão pela qual a Encarnação do Filho de Deus
teve de acontecer como redenção, isto é,
restauração e recriação do projecto humano.

Eis o que a Segunda Carta aos Coríntios diz a este respeito:
“Deus reconciliou consigo a Humanidade em Cristo,
não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 18-19).
Isto que dizer que a fidelidade plena e incondicional de Cristo
venceu a infidelidade humana,
ocasionando a nossa reconciliação convosco, Senhor Deus,
e realizando a nossa incorporação na vossa Família Trinitária.

Ao ressuscitar, Jesus possibilitou-nos
uma comunicação nova com o Espírito Santo,
o qual, com seu jeito maternal de amar,
fez de nós membros da Família Divina
como diz São Paulo (Rm 8, 14-17; Ga 4, 4-7).

Eis a razão pela qual São Paulo diz
que o Espírito Santo é o amor de Deus
derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Deus Santo,
por sermos pessoas, isto é, seres livres, conscientes,
responsáveis e capazes de amar,
somos imagens perfeitas da vossa própria realidade divina.

Eis a razão pela qual nós podemos fazer parte
da vossa própria comunhão familiar.
Adão, com a sua infidelidade, colocou a Humanidade
no caminho do malogro e do fracasso.
Cristo, com a sua fidelidade incondicional ao plano de Deus,
corrigiu a infidelidade de Adão
e conduziu-nos ao caminho da Salvação.

Adão colocou-nos em situação de morte.
Jesus Cristo, ao ressuscitar, colocou-nos na situação de vida eterna.

Assim como todos morrem em Adão, diz São Paulo,
todos ressuscitam em Jesus Cristo, o Novo Adão (Rm 5, 17).

Deus Santo, nós vos louvamos por Jesus Cristo.
Ele é a meta máxima para a qual caminha toda a Humanidade.
Ele é, diz São Paulo, a Cabeça de uma Nova Criação (2 Cor 5, 17-18).

Glória a ti Jesus Cristo ressuscitado!


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

02 outubro, 2007

Deus criou-nos para amar

Deus Santo,
obrigado por nos teres criado para amar.

Sem amor é impossível acontecer a humanização dos seres humanos.
Por outras palavras, a capacidade de amar de um ser humano
é a sua possibilidade de se humanizar.

Na verdade, para a pessoa se humanizar não basta ter qualidades.
Não basta ser inteligente,
pois a inteligência sem amor gera perversões
e cria armas assassinas que matam muitos milhões de seres humanos.

Sem amor, o sucesso torna as pessoas arrogantes e opressoras.
Sem amor, a justiça torna-se prepotente, dominadora e injusta.
Sem amor, a riqueza torna as pessoas avarentas e desumanas.

A verdade, sem amor, converte-se em afirmações agressivas
que vão magoar os outros.
A beleza, sem amor, deixa de ser uma mediação de ternura e comunhão.
A autoridade, sem amor, torna as pessoas tiranas,
levando-as a machucar aqueles que lhes são subordinados.

O trabalho, sem amor, torna as pessoas infelizes e subservientes.
A oração, sem amor, torna-se um conjunto de rezas farisaicas e hipócritas.
Sem amor, as leis geram servilismo e mecanismos de revolta.

O amor é criativo:
está sempre a inventar gestos adequados
para ajudar os outros a crescer.

A nossa Fé diz-nos, Trindade Santa,
que sois uma comunidade de amor infinitamente perfeita.
Por esta razão, unidos a todas as pessoas
que se dispõem a edificar a sua vida sobre o alicerce do amor,
nós te louvamos Deus Santo:

Glória a ti, Pai Santo, Senhor do Céu e da Terra!
Glória a Ti, Filho Eterno de Deus,
por te teres tornado nosso irmão pelo mistério da Encarnação!
Glória a ti, Espírito Santo, ternura maternal de Deus.
Glória ti que és o amor de Deus derramado nos nossos corações!

Amen!



Um Abraço Fraterno
Calmeiro Matias




28 setembro, 2007

O jeito especial de Jesus amar

Deus Santo,
louvado sejas por teres preparado o coração de Jesus
para amar daquele jeito tão especial.

Apesar de ser um homem como todos nós,
ele tinha a plenitude do Espírito Santo
graças ao qual amava à maneira do próprio Deus.

São Paulo diz que o Espírito Santo
é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).
Foi o Espírito Santo que moldou e capacitou o coração de Jesus
para amar com o jeito do próprio Deus.

Certo dia, Jesus explicou aos discípulos
o que significa amar ao jeito de Deus e disse-lhes o seguinte:
o segredo para o ser humano se tornar
verdadeiramente parecido com Deus é amar a todos,
inclusive os seus inimigos.

Por si só, a pessoa humana não é capaz de fazer isto.
Mas quando se deixa conduzir pelo Espírito Santo,
a pessoa passa a ser capaz de amar incondicionalmente como Deus.
Por outras palavras, quando uma pessoa começa a amar os seus inimigos,
isso significa que está amar à maneira de Deus.

Este jeito de amar é um fruto
da acção do Espírito Santo no nosso coração,
como São Paulo ensina na Carta aos Gálatas:
“São estes os frutos do Espírito:
amor, alegria, paz, paciência, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão e auto domínio” (Ga 5, 22).
É verdade que o amor de Deus, em nós,
não substitui o nosso amor; mas optimiza-o,
isto é, torna-o excelente, capaz de chegar onde, por si só,
o amor humano não era capaz.

Deste modo, apesar dos nossos inimigos nos quererem mal,
o Espírito Santo fortalece os nossos corações
ao ponto de nos capacitar para lhes fazer bem.

Isto é muito difícil, mas as pessoas que tomam esta decisão
tornam-se capazes de modificar o mundo.

Em outra ocasião Jesus ensinou isto mesmo,
mas de maneira diferente, dizendo:
“Faz aos outros o que gostarias que eles te fizessem a ti”.

Pai Santo, nós te louvamos por nos teres dado Jesus Cristo.
Ao ressuscitar, ele deu-nos a possibilidade
de comunicarmos de maneira nova com o Espírito Santo,
capacitando-nos para amar de uma maneira nova.
Este jeito novo de amar é o Mandamento Novo de Jesus
e, ao mesmo tempo, um dom do Espírito Santo.

Obrigado, Cristo ressuscitado, pelo dom do Espírito Santo
que nos capacita para amarmos ao jeito de Deus. Glória a ti Jesus Cristo!

Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias


23 setembro, 2007

A tua Palavra é fonte de Comunhão

Jesus Ressuscitado, a tua palavra continua a ecoar hoje,
dois mil anos depois dos teus encontros, refeições,
jornadas missionárias e gestos proféticos na palestnia.

O Evangelho do Reino
não permanece entre nós como uma ideia antiga ou uma lembrança,
mas como um convite permanente do Espírito Santo
no íntimo dos teus discípulos
e de todas as pessoas de Boa Vontade
que procuram a Verdade e a Justiça.

A tua Palavra não é uma lembrança do passado...

Continuas hoje o propôr o Evangelho da Vida
àqueles que aceitam os desafios do Reino!
Continuas hoje a fazê-lo pela linguagem íntima do Espírito Santo
que nos une a ti e nos faz escutar-te
em muitas mediações e sinais:
a Escritura, a celebração comunitária, a oração,
os irmãos, os acontecimentos lidos à luz da Fé, os sinais dos tempos...

Uma das coisas à qual continuas hoje a desafiar-nos
é à Sabedoria de Partilhar.
O ser humano não vale por aquilo que tem,
mas por aquilo que ama, e o amor manifesta-se na abertura aos outros.

Viver na lógica da posse, das coisas e dos outros,
conduz o Coração humano ao fracasso, porque o amor não domina!
De mil maneiras, Jesus, revelaste e dizes ainda hoje,
que a "adoração e o louvor" que interessam a Deus
não acontecem em Templos esplendorosos
construídos por mãos humanas...

O "lugar" de Deus é no mais íntimo das nossas relações
e, por isso, no mais íntimo de nós próprios!
Fazer das nossas relações pessoais
um Templo da presença de Deus significa isto:
que os nossos encontros pessoais sejam um "ponto-de-encontro" com Deus,
uma manifestação da Sua presença...

Em todas as culturas, o Templo sempre significou ponto-de-encontro com Deus,
manifestação da Sua presença e morada de Deus.
Tu disseste, Jesus, que podiam destruir o Templo de Jerusalém,
porque reedificarias o verdadeiro Templo na Ressurreição,
o Templo do teu Corpo.

Isto não significa uma reanimação biológica do teu cadáver,
mas o Dom do Espírito Santo que iniciaria a dinâmica
de formação do teu Corpo Real, Vivo, Histórico, Universal:
a comunhão orgãnica de todos os homens e mulheres da história
que entram na dinâmica da Nova Humanidade
da qual tu és a Cabeça,
o "primogénito de muitos irmãos", como te chamava o Paulo.

Nós somos hoje o teu Corpo, Jesus Ressuscitado!

Que as nossas relações, a nossa maneira de vivermos com todos,
sejam manifestação de que o teu Espírito actua em nós
e Deus tem a Sua morada no mais íntimo
dos nossos encontros e dos nossos gestos de doação.

Ajuda-nos a não querermos possuir ninguém...

E em relação às coisas que posuímos, os nossos bens,
ajuda-nos a sermos suficientemente sábios
para não lidarmos com eles na lógica do egoísmo,
mas antes da partilha e da solidadriedade.

Para que, como tu nos ensinaste sempre,
os bens que temos não sejam causa de divisão entre as pessoas,
mas motivo para a comunhão.



Tenho a certeza que este dia vai ser BOM!
Rui Santiago

19 setembro, 2007

Diálogo com o Espírito Santo


Espírito Santo,
és o rosto maternal de Deus!

Por seres a fonte do amor, és uma presença que nos convida e ajuda a ser livres.
De facto, ser livre é ser capaz de se relacionar amorosamente com os outros
e interagir criativamente com as coisas e os acontecimentos.

Jesus, animado com a tua força, Espírito Santo, iniciou a sua missão dizendo:
“O Espírito Santo está sobre mim
porque me consagrou para anunciar o Evangelho aos pobres.
Enviou-me a proclamar a libertação dos presos
e a mandar em liberdade os oprimidos” (Lc 4, 18).

São Paulo diz que tu, Espírito Santo, és a fonte da liberdade:
"Onde está o Espírito do Senhor ressuscitado,
aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17).

A tua acção libertadora na nossa vida
acontece pela mediação de muitas pessoas
que são para nós dons do teu amor.

Todos os gestos de amor encontram em ti a sua raiz, Espírito Santo.
Sem a tua acção vivificante no interior da comunidade cristã,
as celebrações sacramentais não passam de ritos estéreis e vazios.

Do mesmo modo, sem a tua presença inspiradora no coração dos crentes,
as Sagradas Escrituras não passariam de letra morta.
Referindo-se a este aspecto,
o Apóstolo Paulo diz que "a letra mata, mas o Espírito dá vida" (2 Cor 3, 6).

Foste tu, Espírito Santo, que ressuscitaste Jesus.
És também tu que nos ressuscitas e fazes de nós membros da Família Divina.
És a força que une e dinamiza o enxerto do divino no humano em Jesus Cristo.

Por outras palavras, és tu, Espírito Santo,
o laço da união orgânica que existe
entre o Filho eterno de Deus e Jesus de Nazaré, o Filho de Maria!

É a força do teu amor que faz jorrar rios de Vida Eterna
nos nossos corações (Jo 7, 37-39).
Foste tu que capacitaste o coração maternal de Maria,
a fim de ela amar o seu Filho com o jeito do próprio Deus.

O teu amor maternal, Espírito Santo,
é o beijo que Deus deu ao barro primordial do qual brotou Adão.
São Paulo diz que és
"o amor de Deus derramado nos nossos corações" (Rm 5, 5).

Glória a ti Espírito Santo.

ALELUIA!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


16 setembro, 2007

Renascimento e Humanização

Deus Santo,
nascemos para renascer.
O nosso ser interior, por ser espiritual,
nasce da dinâmica maternal do Espírito Santo
e não dos impulsos da carne

nem do querer dos seres humanos (cf. Jo 1, 12-14).

Nascemos para entrar na marcha da humanização
cuja lei é: “Emergência pessoal mediante relações de amor
e convergência para a Comunhão Universal”.

Emergir como pessoa significa crescer em densidade espiritual
e capacidade de interagir com os outros em dinâmica de comunhão.

A marcha da evolução trouxe-nos
até à complexidade cerebral própria do homem.

Com este salto biológico aconteceu a hominização,
estrutura natural capaz de iniciar a humanização.

Como ser em realização histórica,
a pessoa humana está a emergir e a estruturar-se
em duas dimensões profundamente diferentes:

a exterior que é o nosso ser individual e mortal,
e a interior que é o nível do ser pessoal que é espiritual
e, portanto, irreversível ou imortal.

O nosso ser espiritual é ressuscitável, isto é,
tem condições para ser divinizado
mediante a assunção na comunhão orgânica da Família de Deus.

No interior do nosso ser exterior emerge o interior
como o pintainho emerge dentro do ovo.

Portanto, a plenitude da vida pessoal, por ser espiritual,
acontecerá no dia em que o ovo eclodir
e o pintainho nasça para a comunhão universal.

Nascemos para renascer e emergirmos como pessoas
talhadas para a Comunhão orgânica e
dinâmica da Santíssima Trindade.

Ressuscitamos com Cristo,
pois o Homem é proporcional ao próprio Deus.
Na verdade, a Divindade é pessoas
e a Humanidade também.

Fechado em si e separado da comunhão,
o ser humano está estado de malogro.

Apenas em relação com os outros,
a pessoa se possui e encontra a sua plena identidade.

Ser pessoa é ter um coração capaz de eleger o outro
como alvo de amor.

Com efeito, temos a capacidade de eleger os outros
como irmãos, mesmo para lá dos laços do sangue.

Foi assim também que as pessoas divinas nos elegeram
como membros da sua Família:
filhos em relação a Deus Pai
e irmãos em relação ao Filho de Deus.

Como o Espírito Santo é a ternura maternal de Deus,
é através dele que somos inseridos na Família Divina!

A pessoa, para emergir, tem de renascer,
pois está em processo histórico de humanização.

A nossa identidade, mesmo ao nível espiritual,
é histórica. De facto, para nos dizermos
temos de contar sempre uma história.

Não acontece o mesmo com as pessoas divinas,
pois Deus é uma emergência permanente
de três pessoas de perfeição infinita e em total convergência
de comunhão de amor familiar.

O nosso ser pessoal-espiritual "mede-se"
pela capacidade de amar e comungar.
Na verdade, a pessoa não vale pelo que tem,
mas sim por aquilo que é.

À medida em que renascemos,
emergimos como seres livres, conscientes e responsáveis.

Estamos talhados para a comunhão com Deus
a cuja imagem fomos moldados.

Eis a razão de ser desta fome de renascer e transcender
que levamos connosco.

É uma voz permanente a convidar-nos para vencer
os limites da raça, da nacionalidade, dos laços do sangue
e da nossa condição social ou sexual.

Deus Santo,
como nascemos talhados para Deus
já pertencemos à cúpula da criação
que é a comunhão Universal da Humanidade com a Divindade.


Um grande Abraço para todos,
Calmeiro Matias

04 setembro, 2007

Fracassos e Confiança em Deus


Deus Santo,
muitas vezes sentimo-nos inseguros
e com medo de tomar iniciativas.

A realização de uma pessoa implica fazer projectos,
procurando, ao mesmo tempo, atingir metas e objectivos.

Nós sabemos que no caminho de uma realização pessoal de sucesso
também acontecem fracassos.

É sinal de boa maturidade saber começar de novo
após os fracassos que nos acontecem na vida.

A grandeza de uma pessoa não consiste em não falhar,
mas em saber seguir em frente depois dos reveses.

A pessoa que não aceita a possibilidade de fracassar
tem muita dificuldade em correr riscos e atingir objectivos.

Os medos bloqueiam a capacidade de sonhar e elaborar
novos projectos para atingir a própria realização pessoal.

São Paulo tinha consciência de que o grande protagonista
da sua acção evangelizadora era o Espírito Santo:

“Estou agradecido àquele que me dá força e me consagra
para o serviço do Evangelho” (1 Tim 1, 12).

O medo de correr riscos é a causa
de muitas histórias fracassadas.

As pessoas persistentes acabam sempre por chegar ao sucesso,
apesar dos fracassos que possam surgir no percurso.

Deus Santo,
ajuda-nos a não cairmos na fuga fácil
que consiste em deitar a culpa dos nossos fracassos
para cima dos outros, armando-nos em vítimas.

Este modo de proceder é o grande obstáculo
que nos impede de contornar e ultrapassar as crises
que os fracassos fazem surgir na nossa caminhada.


Senhor Jesus, a tua ressurreição é a prova de que,
após um fracasso, é sempre possível o sucesso.

Dá-nos a sabedoria para compreendermos
que numa vida de sucesso há sempre fracassos pelo meio.

Glória a ti, Jesus Cristo,
pois tiveste a coragem de acreditar sempre
na força do Espírito Santo e na fidelidade de Deus!



Um grande Abraço,
Calmeiro Matias


09 agosto, 2007

Amor e Solidão

Deus Santo,
sem amor o coração humano está vazio,
acabando por ficar árido como um deserto ressequido.

No coração vazio não germina a alegria

que dá vigor à existência.
Com o coração vazio,
a pessoa não se pode estruturar

como ser de encontro e comunhão.

O coração é o núcleo profundo
a partir do qual emerge e se configura

a nossa interioridade espiritual.
É a raiz da qual brota a seiva que alimenta

as nossas relações de comunhão.

No coração vazio só habita a solidão,
isto é, o tormento de não poder comungar.
Sem amor no coração,
a pessoa não consegue possuir-se
nem atingir a sua plenitude.

Na verdade, a pessoa só se possui
na medida em que comunga com os outros.
Sem um coração animado pelo amor,
a pessoa não tem capacidade
para se encontrar com os outros de modo construtivo.

Sem amor no coração
o ser humano está afundado
num abismo insondável de silêncio.

Mesmo que grite não consegue fazer-se ouvir.

Com efeito,
só encontramos eco nas pessoas com as quais comungamos.
Sem amor, o coração da pessoa
é um espaço onde apenas habita a angústia e a solidão.

Quando o coração está vazio de amor a pessoa experimenta a morte!

Sem água, as plantas secam e os animais não podem viver.
Assim acontece à pessoa que não tem amor no coração.
O amor é uma dinâmica de bem-querer
que tem como origem a pessoa
e como meta a comunhão.

Com um coração vazio de amor,
a pessoa está privada da força necessária
para construir a vida.
Só o amor preenche o coração humano.
Amar é eleger o outro como alvo de bem-querer
e aceitá-lo como é, apesar de ser diferente de nós.

Amar é também agir
de modo a facilitar a realização e a felicidade dos outros.

Amar é encontrar-se plenamente,
pois a pessoa só se encontra e possui
na medida em que se dá.

É importante cultivar atitudes
e realizar pequenos gestos
que impeçam o coração de ficar vazio:
Dar ânimo às pessoas que nos rodeiam
e se encontram abatidas ou tristes.
Ver nos outros pessoas queridas de Deus,
membros da grande Família Divina
e amá-las, fazendo-lhes o bem que pudermos.
Não nos deixarmos dominar
pelo desejo de ter sempre mais
sem pensar nos outros.
Resistir à tentação de querer ser sempre o maior
e dominar os demais.
Não se deixar conduzir apenas
pelas coisas que são agradáveis,
mas saber renunciar ao prazer de um coisa
quando isso é importante para o nosso crescimento e maturidade.

Mostrar o meu amor e a minha solidariedade,
ajudando nos trabalhos lá de casa
como, por exemplo, lavar a loiça sem protestos nem mau humor.
Comer a comida,
mesmo no dia em que não fique muito ao meu gosto.

Pensar em pequenos gestos
que fortaleçam as relações de amor
com os membros da família.
Evitar atitudes que possam mostrar indiferença
em relação às pessoas com quem vivo,
tanto em casa como na escola ou no lugar de trabalho.

Espírito Santo,
ajuda-nos a estar atentos
aos pequenos gestos de atenção e amor,
a fim de não experimentarmos a dor de um coração vazio.

Amen


Com um Abraço Fraterno
Calmeiro Matias

28 junho, 2007

A ARTE DE MOLDAR UM CORAÇÃO NOVO



Deus Santo,
Nós não somos apenas obra de uma natureza biológica,
como acontece com os animais.

Por sermos pessoas em construção, precisamos de moldar
um coração capaz de amar e comungar com os irmãos.

Há uma série de atitudes que são como que o cinzel que
nos dá a possibilidade de moldarmos um coração ao jeito
de Jesus Cristo, o Homem Novo.

No evangelho de São Mateus, Jesus diz-nos para
moldarmos o nosso coração tendo como modelo o
seu próprio coração:

“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”
(Mt 11, 29).

Eis algumas atitudes fundamentais para moldarmos os
nossos corações ao jeito do coração de Jesus:

*Aceitar os irmãos como eles são, apesar de serem
diferentes de nós e não agirem como nós gostaríamos que
eles agissem.


*Não girar obsessivamente nos defeitos dos outros e não
ficar a magicar obsessivamente nas atitudes das pessoas
que nos tenham magoado.

*Alegrar-se pelas realizações dos irmãos e olhar com
alegria para as coisas boas que saem das suas mãos, pois
o bem feito pelos outros não deixa de o ser só pelo facto
de não ter sido feito por nós.

*Estar atento à acção do Espírito Santo em nós, a fim de
moldarmos o nosso coração de acordo com o coração de
Jesus Cristo.

*Ajudar as pessoas com um sentido de gratuidade e não
pretender mantê-las dependentes de nós só porque lhe
fizemos algum bem.

*Não estar sempre a exigir a disponibilidade dos demais,
mas procurar estar disponíveis quando sentirmos que os
outros precisam de nós.

*Tomar a iniciativa do perdão e da reconciliação, sempre
que nos sentimos em tensão com os outros, pois este é o
esse é o caminho seguro para a comunhão com Deus.

*Não estar sempre a deitar para cima dos outros as culpas
das próprias insatisfações e fracassos.

*Tentar ser fiel aos próprios talentos, pois estes são a
matéria-prima de que dispomos para nos realizarmos
como pessoas livres, conscientes, responsáveis e capazes
de comunhão fraterna.

*Cultivar a arte de escutar os outros, a fim de podermos
Ser mediações de libertação para as pessoas que se
cruzam connosco na vida.

*O homem de coração velho só gosta de girar à volta de
si. No encontro com os outros fica nervoso quando não
está a ouvir a sua voz.

É esta a razão pela qual o homem de coração velho não
consegue sintonizar com os outros.

Espírito Santo,
glória a ti que és o princípio divino que anima as relações
interpessoais entre as pessoas divinas e as humanas.

Ajuda-nos, Espírito Santo, a moldar um coração novo para
podermos comungar com Deus e os irmãos.
Ámen

Com uma grande saudação fraterna
Calmeiro Matias

22 junho, 2007

Anunciadores da Graça, encantados de Gratidão!

Mestre de Nazaré e Senhor Ressuscitado,
quero louvar-te por todas as pessoas encantadas que eu conheço,
todos os Corações agradecidos a quem tenho o privilégio de chamar "amigos"!

Sim, louvo-te por eles, Jesus,
porque as pessoas encantadas tornam-se sempre encantadoras...
A Fé madura segundo o teu Coração
abre-nos à descoberta da Graça como centro da nossa Vida...

O sabor da Graça chama-se Gratidão!E a Gratidão move montanhas...

Sim, uma Vida agradecida é capaz de dar um salto ao fim do mundo
para abraçar um rosto ou uma causa...

É por isso que aprendemos a dizer "Muito Obrigado" como sinal de Gratidão!
Porque os Corações verdadeiramente Agraciados
sentem-se "muito obrigados" à Gratidão...

Sim, são estas "obrigações" do Amor
que nos levam infinitamente mais longe que qualquer Lei ou imposição...
Porque o Amor é mais forte e faz-nos fortes!

Lembro-me, Jesus, que um dia disseste aos discípulos
que quem só faz o que está mandado deve chegar ao fim do dia
e dizer de si próprio: "Sou um servo inútil!"

Só a Gratidão realiza a força do Evangelho,
porque o Evangelho é o anúncio jubiloso da Graça:
"Enviou-me a anunciar o tempo da Graça de Deus!",
proclamaste tu na Sinagoga de Nazaré
como "princípio programático" para a tua Missão!

Ajuda-me a ter o Coração e a Mente despertos
para a Graça superabundante que derramaste na História
pelo Espírito que nos foi dado,
"o Espirito Santo que é o Amor de Deus derramado nos nossos Corações",
como dizia o teu valente Paulo...

Amo-te muito!
Faz-me anunciador não-desistente da Graça de Deus
em ti revelada e realizada plenamente,
movido interiormente por uma Gratidão imensa
de seres tudo o que és para a Família Humana,
que dignificaste infinitamente na tua morte
e recriaste no Espírito pela Ressurreição!




Tenho a certeza que este dia vai ser BOM!

Rui Santiago

14 junho, 2007

VIDA ESPIRITUAL E PERIGOS DO MUNDO


Deus Santo,
nós temos consciência de que o futuro da
Humanidade correndo perigos sérios.



Pela primeira vez na História, nós temos nas
mãos o poder de pôr fim ao projecto humano.



Eis alguns dos perigos que ameaçam o
futuro da nossa espécie:

*A destruição do equilíbrio ecológico.


*Destruir a Humanidade com o armamento nuclear.


*A ameaça da destruição maciça devido à fome e à falta de água.


Na base desta ameaça trágica está a

indiferença generalizada perante

os valores, tais como a fraternidade,
a solidariedade, a justiça e da paz.


Esta indiferença perante os valores trouxe como
consequência a desumanização das relações, tanto a

nível interpessoal, como a nível social ou internacional.


É verdade que estes perigos ainda podem ser vencidos através

de diálogos e projectos que levem a adoptar medidas adequadas

e capazes de gerar uma nova consciência de justiça e solidariedade.

Se a salvação da Humanidade ainda está nas
mãos do Homem, então temos de dizer que se trata

de um imperativo ético para todos nós.

Só entrando na lógica do amor, os seres humanos
podem encontrar condições para sobreviver face aos
perigos que ameaçam a Humanidade.


Como crentes que tomam Deus e o Homem a sério,

temos de dizer que para além das competências técnicas

necessárias para lutar contra os perigos que ameaçam a Humanidade,

é também importante que os seres humanos tomem consciência da

urgência de cultivar a vida espiritual.

A nossa Fé diz-nos que a vida espiritual contém em
si uma força superior às forças de morte armazenadas
nos grandes arsenais dos diversos países.


O Homem precisa de sentidos profundos para viver.

Quando lhes faltam estes sentidos, as pessoas entram
em crise e têm tendência a adoptar comportamentos destrutivos,

tanto em relação a si como aos outros.

A Vida espiritual é uma fonte inesgotável de sentidos
para viver e uma possibilidade permanente para interagir
e comungar convosco que sois a fonte do amor e da paz.

Todos reconhecemos a importância de as pessoas cultivarem

as aptidões, bem como os conhecimentos
de nível biológico, psíquico ou as técnicas

e as artes capazes de favorecer o progresso humano.

Mas é sobretudo urgente tomarmos consciência de que a
Humanidade precisa de dar um salto de qualidade no

sentido de valorizar e cultivar a vida espiritual.


Este crescimento confere ao homem sentidos paraviver, bem como motivos para celebrar e saborear a vida,
cultivando, ao mesmo tempo, a comunhão com Deus.

Nós sabemos que a vontade de Deus coincide
rigorosamente com o que é melhor para nós.Ajuda-nos, Senhor, a procurar a vossa vontade,
a fim de encontrarmos a nossa plena realização.

Capacita-nos para sermos evangelizadores dos nossos irmãos, ajudando-os a descobrir que a vida tem sentido
e que o homem não está a caminhar para o vazio da morte.

Deus Santo
nós temos consciência, de que procedendo deste modo
estamos a colaborar para que no mundo cresçam as forças
espirituais, as únicas capazes de vencer os perigos que
ameaçam o futuro da Humanidade.

Espírito Santo
ajuda-nos dar o melhor, a fim de fazermos crescer no
mundo o sentido cristão da vida e o bem-estar do Homem.




Com uma grande saudação fraterna
Calmeiro Matias

08 junho, 2007

Não desiludes, Senhor

Jesus Ressuscitado,
continuas a fazer ouvir hoje o teu apelo “Vem e Segue-me”
e ninguém se deixou conduzir por ti
e ficou por isso mais triste ou mais pobre!

Quando experimentamos no nosso Coração
que tu estás a chamar-nos para um projecto maior
do que aqueles que nós sonhamos
é importante acreditarmos que esse chamamento coincide
com o sentido máximo da nossa vida!

És fonte de Felicidade, Mestre de Nazaré e Senhor Ressuscitado!
Não és um “líder religioso” nem um “mito meio-deus, meio-homem”!
És um dos nossos, um da nossa raça,
o fruto amadurecido da história humana,
capaz de responder com fidelidade absoluta à fidelidade absoluta de Deus.

Assumiste a história do teu Povo
e, porque a sua missão tinha um alcance universal
como muitas vezes tinham proclamado os profetas,
assumiste também toda a história da marcha humana
a caminho da Terra Prometida por Deus
que era, afinal, muito mais que a Palestina…

A Terra Prometida, no horizonte de Deus,
era a própria Comunhão da Família Humana com a Família Divina,
o Banquete superabundante da Salvação
em que todos os que construíram o Coração segundo os apelos do amor
comungam universalmente na dinâmica circulante do Espírito Santo.

O Evangelho da Salvação é verdadeiramente uma BOA NOTÍCIA
que a maior parte das pessoas ainda não saboreia.

Quando construímos contigo uma história de amizade
na qual Deus se torna uma questão primeira,
experimentamos a força libertadora e optimizante do teu Evangelho
e da acção do Espírito Santo em nós.

Por isso não podemos ficar parados…
O mesmo Espírito nos insinua ao Coração
que não podemos guardar para nós o que nos foi dado como Dom Gratuito,
e a maneira de partilharmos este Dom da Salvação
é darmos a conhecer os horizontes eternos da Vida em Cristo
e testemunharmos os critérios do Evangelho no nosso dia-a-dia.

Quando, encantados por ti, nos deixamos envolver
pela paixão do anúncio do Evangelho de maneira explícita,
sentimos que o teu Espírito está connosco de maneira muito bonita,
fazendo-nos fortes, confiantes e fecundos.

Somos capazes de realizar coisas que antes nem imaginaríamos,
porque o Espírito Santo optimiza as nossas capacidades
e liberta-nos dos medos que nos bloqueiam muitas vezes.

Além disso, a abertura à Palavra de Deus vai estruturando o nosso interior
de modo a sermos pessoas sensatas, atentas e generosas.

À medida que vais consagrando a nossa vida,
emerge em nós a experiência profunda da Fecundidade
e temos a certeza de que valeu a pena ter nascido só para ser teu discípulo!

Não defraudas nunca, Senhor, aqueles que convidas a seguir-te…

Tu prometeste:
“Quem aceita o meu testemunho, confirma que Deus é verdadeiro!” (Jo 3, 33)

E hoje, Mestre, já sei na minha própria carne que és digno de Fé,
porque Deus tem sido sempre Fiel e Verdadeiro comigo!

E, além disso, saboreio desde já que, enquanto estamos na história,
o melhor de tudo ainda está sempre por vir…

Confio em ti e confio-me a ti!
ALELUIA!



Tenho a certeza que este dia vai ser BOM!
Rui Santiago

28 maio, 2007

ESTA NOITE SONHEI COM DEUS




Deus Santo,
Esta noite sonhei convosco e fiquei feliz!
Entrei no sonho pela mediação do canto das aves
que iniciavam o seu canto matinal.
O Sol estava a irromper.
A luz brilhante daquela manhã
fez-me lembrar o início da Criação!Surgiram na minha mente
as palavras do Livro do Génesis: “Deus disse: “Faça-se a luz.
E a luz surgiu.

E Deus viu que a luz era boa
e separou a luz das trevas” (Gn 1, 3-4).
O aparecimento da luz no início
de cada novo dia é como que uma nova Criação.
As plantas revestem-se de verde
e o céu ganha de novo a sua cor azul.
Pouco a pouco, as aves
iniciam os seus cantos matinais
e, dentro de pouco,
as crianças aparecem a saltitar.

Naquela manhã de sabor divino,
o meu coração estava predisposto
para acolher o Deus que provocou o clarão majestoso
da explosão que deu origem ao Universo.
Comecei a saborear a presença criadora de Deus
a qual é tal real hoje hoje, como foi ontem
ou nos começos do Universo.
Nesse momento compreendi que Deus
não é um mágico que fez aparecer as coisas,
retirando-se em seguida e deixando o Cosmos ao abandono.

Naquela manhã saboreei melhor
que os ritmos e a harmonia da Criação
têm a sua origem nas relações amorosas
da Santíssima Trindade.
Depois alegrei-me com a gratuidade de Deus
ao fazer avançar o processo criador.

Perante esta visão majestosa,
o meu coração dilatou-se para a acolher as bênçãos
que o Criador difunde dia após dia,
pela vastidão do Universo.
Com grande admiração,
apercebi-me que a felicidade está ao nosso alcance,
pois Deus habita em nós e por nós!
Compreendi, então, a generosidade
de um Deus sempre disponível para nós.

Vi com toda a nitidez que a possibilidade
de sermos felizes, afinal, existe,
pois Deus, estando em nós, é realmente o Emanuel!
Senti, então, como que uma Água Viva
dentro do meu peito e dei-me conta
de que se tratava da dinâmica da Salvação
a circular no meu coração.
A luz daquela manhã foi, para mim
a repetição do primeiro dia da Criação.
Nesse momento, Jesus Cristo disse-me que
posso marcar encontro com a fonte da Vida e do Amor
sem ter de me deslocar para muito longe.

Exultei de alegria, pois saboreei a Criação
a acontecer no mais íntimo do meu ser.
Saboreei tudo isto e cantei um cântico novo,
pois senti que estava a brotar em mim a Vida Nova.
Já quase a terminar o sonho, vi que Deus Pai,
juntamente com o Filho e o Espírito Santo
sorriram para mim.
Depois, Deus Pai, disse-me:
Vai, e não te esqueças dos teus irmãos!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias





22 maio, 2007

É maravilhoso e delicado, Senhor...

Senhor Jesus, é de facto maravilhoso
este ser humano que Deus criou à Sua imagem e semelhança,
que talhou para o amor
e ao qual inspirou a fome das relações como segredo de realização.

É espantosa a paciência e ternura deste Deus
ao longo de toda a maravilhosa história da Criação,
uma criação evolutiva que foi dando saltos qualitativos fantásticos
quando a complexificação dos elementos
chegavam a patamares que possibilitavam formas de vida mais perfeitas…

Delicia-me acompanhar a marcha desta criação evolutiva
em que a complexificação dos elementos não se encaminhava simplesmente
para vir a dar seres maiores e mais complicados,
mas antes seres capazes de inteligência e interacção.

A marcha criadora da Vida, animada por Deus,
encaminhava-se para a Vida Pessoal, Vida à imagem de Deus,
Vida que se realiza na comunhão e no dom recíproco,
Vida pela qual cada um é mais ele próprio
na medida em que for capaz de dar-se a outros por amor!

Com efeito, nós não seríamos capazes de sonhar projecto assim…

Rejubilo também com o acontecimento pascal
que possibilitaste com a tua fidelidade aos apelos do Espírito no teu íntimo,
fidelidade que Deus assumiu e glorificou,
tornando-te mediador universal do Espírito Santo.

A tua Ressurreição é o início da Plenitude dos Tempos,
a Nova e definitiva Criação em que a morte não tem a última palavra.

A tua Ressurreição é o Big-Bang da Nova Criação,
acontecimento no qual se iniciou a marcha imparável da expansão do Espírito,
não em coordenadas cósmicas como a expansão do Universo, mas pessoais.
As coordenadas pessoais são interiores,
moldadas pela dinâmica relacional da nossa Vida.

Mas, Jesus, maravilhando-me com tudo isto,
e saboreando mesmo o privilégio de ter nascido
“deste lado da história humana”
em que o conhecimento do Projecto de Deus já é possível desta maneira,
não consigo apagar da minha mente
muitos rostos de pessoas que sofrem as dores da existência…

Sim, Jesus, porque este Ser Humano talhado para a perfeição
que é a convergência plena do Amor,
ainda está em processo de construção, ainda é imperfeito.
A imperfeição, Senhor, está sempre marcada pela falta de amor…

Parecemo-nos às vezes com vasos de cristal delicadíssimos,
cheios de detalhes e beleza, e também cheios de fragilidade.

Quando alguém não faz a experiência do amor verdadeiro
que nos estrutura interiormente como pessoas fortes, serenas,
capazes de lutar e acreditar no futuro,
fica negativamente marcada para sempre. E muitas vezes sem culpa…

O pior é que quando chega a altura de dar-se e amar outros,
essa pessoa vai realizar isso com muitas limitações e bloqueios.
Sofre e faz sofrer…
Então, ao dar-se conta disso,
muitas vezes encontra aí um motivo para sofrer ainda mais…

Por isso, Jesus,
saboreando hoje esta grandiosidade do Projecto Criador e Salvador de Deus
que em ti chega à Plenitude,
peço que continues a derramar sobre nós abundantemente o teu Espírito,
para que os Homens se tornem mais Humanos,
para que as pessoas que foram menos possibilitadas em contextos amorosos
encontrem ao longo da sua Vida corações generosos
capazes de as amar de graça e sem desistências.

De maneira especial, Senhor, peço-te por todos os que se dizem teus discípulos,
para que na convivência contigo moldem o Coração à tua medida
e se tornem actualizadores do jeito libertador
com que te encontravas com toda a gente oprimida no seu íntimo.

Liberta-me, Senhor, de todos os medos e angústias…
Liberta-me de todos os sentimentos de culpabilidade
que não são fruto da acção do teu Espírito em mim!
Abre-me a Vida à coragem, à esperança e à alegria…

E passa também pela minha vida, Senhor Ressuscitado,
fazendo de mim voz da tua Palavra libertadora
e rosto da tua Presença consoladora.

Amen


Tenho a certeza que este dia vai ser BOM!
Rui Santiago



09 maio, 2007

O HOMEM COMO IMAGEM DE DEUS


Deus Santo,
A nossa Fé diz-nos que o Homem é
o único ser que Vós criastes
à vossa imagem e semelhança.


Como Vós sois pessoas em relações,
a vossa imagem não são os isolados,
mas pessoas a construir-se
em relações de amor
e a caminhar para a comunhão universal.



Podemos dizer, pois,
que a imagem de Deus
se está a constituir como uma
comunhão orgânica, interactiva e fecunda.


Com efeito,
Vós não sois, Deus Santo,
três indivíduos,
mas três pessoas em comunhão orgânica,
interactiva e fecunda.


Um pessoa que ao longo da sua vida
se feche progressivamente ao encontro e ao amor,
acaba por fica um esboço inacabado
e não uma da imagem perfeita de Deus.


O Livro do Génesis diz que o casal humano,
por ser uma união orgânica,
interactiva e fecunda
é uma imagem privilegiada de Deus (Gn 1, 27).


Por outras palavras,
a comunhão matrimonial
e o seu agregado familiar são, de facto,
uma imagem especialmente conseguida
dessa realidade comunitária que sois v ós, Deus Santo.


O Antigo Testamento diz que o Homem
não deve esculpir imagens de Deus.
Na verdade, só Deus pode esculpir imagens perfeitas de si mesmo.
O grande escultor desta imagem éo Espírito Santo,
pois só ele entende em profundidade a realidade de Deus.


Eis a razão pela qual
a missão de intervir de modo especial
na Criação do Homem,
compete ao Espírito Santo.



Ele é o sopro de vida
que, desde os começos,
foi insuflado no barro original
do qual emerge o Homem,



É este sopro que faz do Homem
um ser com vida espiritual (Gn 2, 7).

Ele é, como diz São Paulo,
o amor de Deus derramnado nos nossos corações (Rm 5, 5).


Esta intervenção especial não acontece
com a criação de qualquer outro animal.



Com o seu jeito maternal de amar,
O Espírito Santo vai-nos interpelando e iluminando
no dia a dia da nossa vida,
ajudando-nos a esculpir de modo fiel a imagem de Deus.


Nós temos a missão
de realizar a imagem de Deus,
construindo-nos como pessoa
em relações de amor com os outros.



Podemos dizer que o Espírito Santo
é o grande escultor do Homem
como imagem de Deus.


Está constantemente connosco,
mas sem jamais nos substituir.
Quando nos opomos ao amor,
estamos a opor-nos à acção do Espírito Santo em nós.


O Homem será
tanto mais imagem de Deus
quanto mais se realize como ser
livre, consciente, responsável
e capaz de comunhão amorosa.


Somos, pois, seres talhados
para a comunhão com Deus.



A pessoa humana é um ser em construção.
Isto quer dizer que a imagem de Deus, em nós,
é uma realidade a emergir de modo gradual e progressivo.


Somos, na verdade, pessoas
a emergir como seres históricos.

Quando contamos aos outros
a nossa história pessoal,
estamos a desenhar para eles um esboço
da imagem de Deus que nós somos.


Se nos fechamos ao amor
não somos capazes de estruturar
e apreciar devidamente a imagem de Deus
em nós e nos outros.



São Paulo diz que
o Espírito Santo vai
aperfeiçoando em nós e connosco
esta imagem a emergir progressivamente (2 Cor 3, 18).


Por seu lado,
a Carta aos Efésios diz que és tu,
Espírito Santo, o grande escultor
da imagem de Deus em nós,
a qual se edifica sobre a justiça a santidade (Ef 4, 23-28).



Com uma grande saudação fraterna
Calmeiro Matias