28 agosto, 2009

HINO A JESUS CRISTO RESSUSCITADO


Jesus Cristo Ressuscitado,

És o senhor da Vida, pois venceste a morte no próprio acto de morrer. Edificaste sobre o alicerce do amor e por isso a tua tenda não foi destruída pelos vendavais que a ameaçavam.

Como te deste de modo incondicional, não podias terminar no vazio da morte.

De ti nos vem o Espírito Santo que nos incorpora na comunhão universal do Reino de Deus cujo coração és tu.

Apesar de seres homem connosco também pertences à esfera de Deus. A tua interioridade humana está organicamente ligada à interioridade divina do filho Eterno de Deus. O vínculo que une e dinamiza esta interacção humano-divina é o Espírito Santo.

Por outras palavras, Jesus de Nazaré, o pilar humano da tua realidade, faz um com o Filho Eterno de Deus, não por se fundirem ou misturarem, mas porque interagem de modo directo.

Tu és o Cristo de Deus. A tua realidade assenta em dois pilares que fazem uma unidade orgânica no Espírito Santo.

Esta união orgânica é semelhante à união orgânica que existe entre Deus Pai e o Filho Eterno de Deus, os quais fazem uma união orgânica no Espírito Santo.

No evangelho de São João tu mesmo dizes isto quando afirmas: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30).

Jesus Cristo Ressuscitado,
Tu és o Senhor do Universo e a Cabeça da Nova Criação. Com a tua ressurreição chegou o fim dos tempos, isto é, o fim da gestação e o começo do parto que deu origem ao nascimento do Homem Novo.

Eis as palavras de São Paulo a este respeito: “Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. Passou o que era velho.

Tudo isto nos vem por Deus que, em Jesus Cristo nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens.

Por seres homem connosco pertences à comunhão humana universal.

Jesus Cristo Ressuscitado,
Por seres Deus com o Pai e o Espírito Santo, pertences à união orgânica da Santíssima Trindade.

És do lado de Deus e do lado Homem. Como Cristo, o teu rosto tem uma face humana e outra divina.

O Humano e o divino, em ti, interagem de modo directo e definitivo.

Esta é a razão pela qual tu és o único medianeiro entre Deus e o Homem (1 Tm 2, 5).

Elegeste a Humanidade como alvo do teu amor, dando a vida por ela. Por isso edificaste uma morada no coração de todos os seres humanos.

Viveste a nossa condição de homens em construção, por isso sintonizas plenamente connosco.

Em ti, a dimensão divina não anula a humana, pois Deus e o Homem não são concorrentes mas cooperantes e convergentes.

És a garantia de que o Divino, ao tocar o Humano, não o anula. Pelo contrário, optimiza-o, capacitando-o para dar frutos de Vida Eterna.

E assim nos asseguras que o humano será assumido no divino, sem o mutilar ou empobrecer.

Esta seiva é o Espírito Santo que, a partir da tua morte e ressurreição, nos é comunicado de modo intrínseco, como uma Água Viva que faz brotar em nós uma fonte de Vida eterna (Jo 7, 37-39).

Jesus Cristo Ressuscitado,

Só através de ti podemos atingir a divinização, sendo incorporados na Família Divina como filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho Deus.

Após a Encarnação, os seres humanos foram enriquecidos como os ramos de limoeiro, frágeis e doentes, são enriquecidos pela seiva da laranjeira vigorosa depois de nela terem sido enxertados.

Jesus Cristo Ressuscitado,
Tu mereces a gratidão de todas as gerações, pois abriste à Humanidade as portas do Paraíso fechadas por Adão.

Foi isto mesmo que disseste ao Bom Ladrão, como relata o evangelho de São Lucas (Lc 23, 43).

Em ti, o Humano e o Divino estão unidos para sempre. Por isso estamos salvos na medida em que formamos um todo orgânico contigo.

Tu disseste que a nossa união contigo é semelhante à união que existe entre a cepa da videira e os ramos (Jo 15, 1-7).

A nossa vida será fecunda, acrescentaste tu, se estivermos unidos a ti como os ramos da videira estão unidos à cepa (Jo 15, 4-5).

A fé cristã diz-nos que todos os seres humanos que se salvam, salvam-se em Jesus Cristo, sejam cristãos ou não.

Com os teus ensinamentos e o teu jeito de viver introduziste na marcha da História uma dinâmica de libertação, à qual se opuseram os opressores do teu tempo.

No momento da tua morte, os teus inimigos cantaram vitória. Na verdade, eles não podiam imaginar que, esse momento, significava a vitória da vida sobre a morte.

Como homem foste em tudo igual a nós excepto no pecado. Viveste ao lado dos outros homens sem os considerar inferiores ou indignos da tua amizade.

A tua acção era a expressão da vontade de Deus, revelando-nos deste modo o rosto e o coração bondoso do nosso Pai do Céu.

Na verdade, o amor com que nos amaste foi a expressão da paixão de Deus por todos nós.

Por isso, no momento da tua ressurreição, inauguraste com os que te precederam na história, a festa da Comunhão Universal.

Unidos a todos os que ressuscitaram contigo, nós proclamamos atua grandeza dizendo:
Glória a ti, Jesus Cristo Ressuscitado!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

26 agosto, 2009

A GRANDEZA DO PLANO CRIADOR DE DEUS



ADMIRANDO O PLANO CRIADOR DE DEUS

Trindade Santa,
Quando me lembro que o Universo visível tem cento e vinte e cinco mil milhões de galáxias eu curvo-me diante da vossa grandeza, dizendo:

Obrigado, Deus Santo, por terdes inaugurado esta aventura gigantesca a partir da explosão primordial do big bang.

Todos os dias a beleza e a harmonia das tuas criaturas nos recordam a ternura com que criaste, Deus Santo, todas as coisas.

Ao anoitecer, a Lua, as estrelas e os planetas, gritam-nos do Céu, lembrando-nos o teu poder criador.

Do mesmo modo, todos os dias, logo pela manhã, o Sol repete o grito poderoso com que iniciaste o impulso criador, dizendo à luz para aparecer.

Trindade Santa,
A harmonia e as leis do Cosmos fazem-nos compreender a bondade do plano e das leis que regem todas as coisas.

Pai Santo,
O teu plano para a Criação consiste em desejares a perfeição para todas as coisas que estais criando.

Mas em relação aos seres humanos, Pai Santo, tu os sonhaste à tua imagem e semelhança, a fim poderem tomar parte na própria Família de Deus.

Depois fazes aliança connosco e pedes-nos para escutarmos a tua Palavra, e realizarmos a vossa vontade, a qual coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.

Pai Bondoso,

Nos momentos de incerteza, o Espírito Santo ajuda-nos a descobrir a tua vontade e, deste modo, podermos caminhar para a plenitude da vida.

Pai Santo,
Os que se alimentam da tua Palavra e acolhem o Espírito Santo que nos une à Comunhão da Santíssima Trindade estão especialmente capacitados para saborear a grandeza do teu plano criador.

Espírito Santo,
Os que se deixam conduzir pela tua ternura maternal crescem robustos como árvores plantadas à beira de um rio.

Estes jamais serão atormentados pela solidão e o tormento da sede, como dizem as Escrituras.

Jesus disse que o Espírito Santo é a Água Viva que faz brotar no nosso coração uma fonte de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).

Se nos deixarmos conduzir por ti, podemos ter a certeza de que o melhor de Deus está ao nosso alcance, como diz São Paulo (Rm 8, 14-17).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias



22 agosto, 2009

CRISTO E A NOVA HUMANIDADE- I

I-A DINÂMICA DO NASCIMENTO ESPIRITUAL

Jesus dizia que é muito importante morrer ao homem velho, a fim de dar lugar ao Homem Novo:
“O que nasce da carne é carne. O que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3, 6).

Eis o que a este propósito diz a Carta aos Efésios: “Em Cristo aprendestes a remover o vosso modo de vida anterior, o homem velho corrompido pelas más inclinações.

Vós aprendestes a renovar-vos de acordo com o Espírito Santo. Deste procurai revestir-vos do Homem Novo criado de acordo com o plano de Deus, na justiça e santidade verdadeiras” (Ef 4, 21-24).

Eis o modo bonito como a Segunda Carta aos Coríntios descreve a morte do homem velho e a emergência do Homem Novo:

“Ainda que em nós o homem carnal se vá degradando pelo envelhecimento, o homem espiritual vai-se robustecendo cada vez mais pela acção do Espírito Santo” (2 Cor 4, 16).

São Paulo sentia-se perturbado pela tensão interior que sentia devido à luta entre as forças do homem velho e as do homem novo que se debatiam no seu interior.

Eis as suas palavras: “Eu sei que na minha carne habitam as forças do mal. Deste modo, desejar o bem está ao meu alcance, mas realizá-lo, não.

É por esta razão que não faço o bem que quero, mas o mal que não quero” (Rm 7, 18-19).

O Espírito de Cristo vai-nos renovando, tanto na mente como no coração. Na mente renovada habita a sabedoria, isto é, a capacidade de saborear a vida, os acontecimentos e as coisas com os critérios de Deus.

Estes critérios vão sendo moldados na nossa mente pela Palavra de Deus. No coração renovado habita o Espírito Santo que nos vai inspirando e convidando a agir em conformidade com o amor.

O Homem Novo emerge em nós na medida em que nos deixamos transformar pela Palavra e pelo Espírito Santo.

Mas o Homem Novo é um projecto que é preciso realizar, colaborando com o Espírito Santo, o grande arquitecto da humanização das pessoas.

Quando tivermos de tomar uma decisão ou elaborar um projecto de vida significativo ponhamo-nos a seguinte questão: “Que faria Jesus na minha situação?”

Jesus disse que o Espírito Santo vem em nosso auxílio para nos revelar o mistério de Jesus e a vontade do Pai (Jo 14, 26).

Sempre que nos confrontamos com Jesus estamos a sintonizar com o fundamento da Nova Criação, diz São Paulo:

“Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. Passou o que era velho. Eis que tudo se fez novo!
Tudo isto vem de Deus que nos reconciliou consigo em Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO E A NOVA HUMANIDADE- II


II-O HOMEM NOVO E A VERDADE

Jesus disse que o Homem está talhado para a verdade. A fonte da Verdade é Deus e o Espírito Santo é quem nos conduz no crescimento da mesma Verdade.

Eis as palavras de Jesus: “Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo e há-de recordar-vos tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 26).

A verdade é a compreensão e enunciação correcta e adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

Por ser modelado pelo Espírito Santo, o Homem Novo emerge em conformidade com Cristo que é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6).

Deus chama-nos a ser construtores do Homem Novo, confiando em Jesus Cristo que é a fiel e verdadeiro.

Na verdade, a Palavra de Jesus coincidia com a verdade de Deus. Eis o que diz o evangelho de São João:

“A graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo” (Jo 1, 17). Jesus disse a Pilatos que a sua missão é comunicar a verdade aos seres humanos:

“Para isto nasci e para isto vim ao mundo: dar testemunho da verdade, pois quem é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18, 37-38).

A fidelidade e a veracidade de Deus são a razão fundamental da nossa confiança. Segundo a Bíblia, as verdades fundamentais emergem e amadurecem no nosso coração.

É certo que a inteligência, ajudada pelas ciências e a filosofia é capaz de atingir aspectos importantes da verdade.

No entanto, a ciência sem a sabedoria não atinge a raiz mais profunda da verdade. Isto significa que a ciência, sem a sabedoria, sofre de uma profunda ambiguidade. Tanto pode servir para o bem como para o mal.

Bem sabemos como as maiores conquistas da ciência serviram para matar milhões de seres humanos.

A bíblia diz que é no coração que a verdade lança as suas raízes mais profundas. O coração é o núcleo mais nobre da interioridade espiritual da pessoa.

É a partir do coração que emergem as decisões, as opções e os projectos para fazer o bem ou o mal.

É no coração que decidimos realizar o Homem Novo em colaboração com Deus ou impedir que este possa emergir.

É no nosso coração que o Espírito Santo faz emergir a sabedoria do alto, a qual nos capacita para agirmos em conformidade com a vontade de Deus.

Graças à revelação, os seres humanos podem saborear o pleno sentido da Vida humana e o lugar do Homem no plano de Deus.

O que fecham a mente à Palavra de Deus e o coração à acção do Espírito Santo não conseguirão saborear os horizontes da verdade.

Vejamos o que diz São Paulo: “Nós ensinamos a sabedoria, mistério oculto que Deus, antes dos séculos, predestinou para nossa felicidade.

Nenhum dos senhores deste mundo a conheceu, pois se a tivessem conhecido não teriam crucificado o Senhor da glória.

Mas como está escrito, o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração humano não pressentiu, Deus o preparou para aqueles que o amam.

A nós porém, Deus o revelou por meio do Espírito Santo, pois o Espírito tudo penetra, mesmo as profundezas de Deus” (1 Cor 2, 7-10).

Pilatos interrogou Jesus o que é a verdade. Mas Jesus calou-se e não disse nada. Isto quer dizer que Pilatos não tinha o coração preparado para atingir a raiz mais profunda da verdade.

De tal modo a verdade de Jesus coincidia com a verdade de Deus, que Jesus se identificou totalmente com a vontade do Pai:

“Jesus respondeu-lhe: há tanto tempo que estou convosco e não me conheceis, Filipe? Quem me vê, vê o Pai!” (Jo 14, 5-9).

Após a ressurreição de Jesus, o coração dos Apóstolos só ficou preparado para acolher a verdade da revelação:

“Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade que procede do Pai, e que eu vos enviarei, ele dará testemunho em meu favor” (Jo 15, 26).

Guiados pelo Espírito Santo, os discípulos puderam atingir a raiz profunda da Verdade que Cristo tinha vindo a Comunicar:

“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa” (Jo 16, 12-13).

Jesus disse que só a Verdade torna o Homem verdadeiramente livre:“Se permanecerdes na minha Palavra sereis meus discípulos.

Então conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres” (Jo 8, 31-32). O evangelho de São João diz que a graça e a verdade nos vieram por Cristo (Jo 1, 14. 17).

Os que agem de acordo com a Verdade, diz Jesus, aproxima-se da luz, a fim de que se veja que as suas obras são feitas em Deus (Jo 3, 21).

A primeira Carta a Timóteo diz que a vontade de Deus é que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade (1 Tim 2, 4).

É esta a meta do Homem Novo. Jesus Cristo é o único medianeiro entre Deus e o Homem, acrescenta a mesma Carta a Timóteo (1 Tim 2, 5).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO E A NOVA HUMANIDADE- III

III-CRISTO COMO FUNDAMENTO DO HOMEM NOVO

À luz da revelação, a Humanidade forma uma união orgânica, tal como a Divindade.

Graças ao acontecimento da Encarnação, a Humanidade e a Divindade ficaram definitivamente unidas.

As pessoas humanas, tal como as divinas, não são ilhas. Existe apenas uma Divindade, apesar de serem três as pessoas divinas.

Do mesmo modo existe apenas uma Humanidade, apesar de existirem biliões as pessoas.

Segundo esta maneira de entender as coisas, o bem e o mal que as pessoas fazem não as afecta apenas a elas, mas também a toda a Humanidade, unida de modo orgânico.

A mesma coisa acontece com o bem que as pessoas fazem. É aqui que está a base da dinâmica histórica da salvação:

Deus tomou partido por Jesus, ressuscitando-o e glorificando-o. Como a Humanidade forma um todo orgânico e dinâmico com Jesus, todos nós fomos assumidos e glorificados nele e com ele.

É este o argumento usado na Segunda Carta a Timóteo: “Eis uma palavra digna de confiança: “Se morremos com Cristo também vivemos com ele” (2 Tim 2, 11).

São Paulo diz que, graças a esta união orgânica, todos temos a mesma dignidade Jesus Cristo:

“Já não há diferença entre judeu ou grego, escravo ou livre. Já não há diferença entre homem ou mulher, pois todos formamos um só em Cristo Jesus” (Gal 3, 28).

O evangelho de São João diz que Jesus Cristo é o alicerce da nossa incorporação familiar em Deus:

“Nesse dia compreendereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20). Depois acrescenta: “Eu neles, tu em mim, Pai, a fim de eles serem perfeitos na unidade.

Deste modo o mundo conhecerá que me enviaste e os amaste a eles, tal como me amaste a mim” (Jo 17, 23).

Graças a esta união orgânica entre nós e Cristo, fomos incorporados na Família de Deus, tornando-nos filho em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

São Paulo explicita ainda melhor a nossa pertença à Família de Deus por Cristo dizendo:

“Àqueles que Deus conheceu antecipadamente, também os predestinou para serem uma imagem idêntica à do seu Filho, de tal modo que este é o primogénito de muitos irmãos” (Rm 8, 29).

Graças a esta união orgânica com Cristo vamos deixando os frutos da carne, isto é, as acções do homem velho e passando gradualmente a produzir os frutos da Nova Humanidade enxertada em Cristo:

“A carne deseja o que é contrário ao Espírito e o Espírito o que é contrário à carne (Gal 5, 17).



Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias





18 agosto, 2009

A FORÇA LIBERTADORA DA ESPERANÇA-I


I-ESPERANÇA E VIDA CRISTÃ

Por ter como fundamento a Palavra de Deus, a esperança cristã capacita o crente para ver os sofrimentos e a morte dentro de um projecto com sentido.

Tenho a certeza, diz São Paulo, de que os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a alegria e felicidade que nos aguarda na plenitude de Deus (Rm 8, 18).

Movido pela certeza de que é agora que o Homem constrói o que será eternamente, o cristão procura edificar a vida em comunhão com a vontade de Deus,

São Paulo diz aos Efésios que estes, antes de se terem convertido ao Evangelho de Cristo, viviam sem esperança e sem Deus no mundo (Ef 2, 12).

Com estas palavras, São Paulo queria dizer que as pessoas que não têm esperança não saboreiam os acontecimentos e a vida como fazendo parte de um projecto de amor e salvação.

A fé diz-nos que o Espírito Santo está no nosso íntimo, facilitando a nossa realização e felicidade.
Por outras palavras, iluminada pela fé, a esperança garante-nos que o amor salvador de Deus nos está a conduzir para uma meta sem condicionamentos:

Eis as palavras da Carta aos Efésios: “Deus escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis no amor.

Deus predestinou-nos a caminhar na sua presença, a fim de sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com a sua vontade” (Ef 1, 4-5).

É por esta razão que São Paulo aconselha os crentes a viverem alegres na Esperança, pacientes nos sofrimentos e fiéis na oração (Rm 12, 12).

Consciente de que a Palavra de Deus é o alimento da esperança, São Paulo escreveu o seguinte:

“Tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para alimentar a nossa esperança” (Rm 15, 4).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A FORÇA LIBERTADORA DA ESPERANÇA-II


II-OS HORIZONTES DA ESPERANÇA CRISTÃ

As razões que conferem fundamento à esperança brotam da Palavra de Deus.

Graças á esperança, os cristãos têm a certeza de que a Humanidade não é uma aventura sem saída ou um processo sem sentido.

Pela fé, os cristãos sabem que a Humanidade não está a caminhar para o vazio da morte. Na verdade, a fé cristã tem como suporte a ressurreição de Cristo.

Podemos dizer que a fé assenta sobre a memória de um acontecimento que garante à Humanidade a vitória definitiva da vida.

Fundamentada na fé, a Esperança avança confiadamente em direcção à plenitude de Deus. Jesus ressuscitado é a certeza de que a Humanidade já possui a garantia de um sucesso pleno.

Os horizontes da Esperança Cristã coincidem rigorosamente com o querer de Deus a nosso respeito, o qual foi revelado de modo pleno pela ressurreição de Cristo.

O evangelho de João afirma esta verdade dizendo que todos comungamos da plenitude de Cristo:
“Da sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça” (Jo 1, 16).

Foi com Cristo, diz a Carta aos Efésios, que Deus levou o tempo à sua plenitude:

“O Pai deu-nos a conhecer o mistério da sua vontade, conforme a decisão prévia que lhe aprouve tomar, a fim de levar o tempo à sua plenitude” (Ef 1, 9-10).

A plenitude dos tempos significa a fase dos acabamentos, isto é, o fim da gestação e o início do parto que dá início ao nascimento do Homem Novo.

A Esperança Cristã assegura-nos que estamos já na fase do sucesso garantido. O sucesso é um dom que nos é oferecido gratuitamente por Deus.

Os tempos da Lei dão lugar aos tempos da graça e nesta graça somos incorporados na comunhão familiar de Deus.

Eis as palavras de São Paulo a este respeito: “Quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher sujeita ao domínio da Lei.

Nasceu sob o domínio da Lei, a fim de resgatar os que se encontravam sob o domínio da Lei para que recebêssemos a adopção de filhos.

E porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações, o Espírito de seu Filho que clama: "Abba, Pai”.

Deste modo, já não és escravo, mas filho. Ora, se és filho és também herdeiro pela graça de Deus” (Gal 4, 4-7).

Isto significa que no coração da esperança cristã está a libertação do Homem.

A Segunda Carta aos Coríntios diz que a graça de Cristo ressuscitado fez de nós uma nova criação, constituída por homens reconciliados com Deus:

“Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. O que era antigo passou. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que, em Jesus Cristo, nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17.19).

Isto significa que a esperança não é apenas um desejo vago que nasce da fome de felicidade que levamos no nosso íntimo.

Pelo contrário, a esperança tem como fundamento o conhecimento de um projecto salvador que Deus nos revelou e realizou em Jesus Cristo.

A Carta aos Romanos faz uma síntese magnífica dos horizontes da Esperança Cristã:

“Todos os que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito de escravidão, mas um Espírito de adopção graças ao qual clamamos “Abba” Pai”.

É este mesmo espírito que, no nosso íntimo, dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus.

Ora, se somos filhos somos também herdeiros. Herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com Jesus Cristo” (Rm 8, 14-17).

Certa de que Deus é fiel, a esperança avança no sentido de atingir a meta que Deus nos propõe pela Revelação.

A Palavra de Deus abre os horizontes da nossa esperança muito para lá da vida presente, a qual é mortal.

Eis o que diz a Carta aos Filipenses:
“Para nós, a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde esperamos o Senhor Jesus Cristo, o nosso Salvador.

Com a energia que possui e o capacita para dominar sobre todas as criaturas, Jesus Cristo transfigurará o nosso corpo, configurando-o ao seu corpo glorioso” (Flp 3, 20-21).

O horizonte máximo da esperança cristã é, pois, Jesus ressuscitado e assumido na glória da Santíssima Trindade.

A Carta aos Hebreus diz que a esperança é a expectativa confiante dos bens que estão para vir (Heb 6, 11).

A Segunda Carta aos Coríntios insiste em que a vida está cheia de sentido, pois a nossa esperança não nos desilude.

Na verdade, saboreando a História com o paladar da esperança cristã, nós compreendemos que não estamos a edificar para a morte, mas para a Vida Eterna:

“Por isso, não desfalecemos. E ainda que, em nós, o homem exterior vá caminhando para a ruína, o homem interior renova-se dia após dia.

Eis o que diz São Paulo: A nossa momentânea e leve tribulação proporciona-nos um peso eterno de glória, além de toda e qualquer medida.

Na verdade, olhamos mais para as coisas invisíveis do que para aquelas que se vêem. De facto, as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas” (2 Cor 4, 16-18).

Este texto exprime bem o horizonte da esperança que possibilita ao cristão olhar e saborear as coisas com um sentido e um sabor totalmente novo.

Graças aos horizontes da Esperança, o cristão sente-se motivado para optar e agir no sentido da sua construção pessoal, sabendo que não está a construir para o vazio do nada.

A Esperança capacita-nos para valorizar as coisas com os critérios do próprio Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A FORÇA LIBERTADORA DA ESPERANÇA-III

III-ESPERANÇA CRISTÃ E RAZÕES PARA VIVER

O que distingue um cristão dos outros seres humanos é a vida teologal de fé, esperança e amor ao jeito de Cristo ou caridade.

A densidade teologal da vida cristã consiste no facto de os cristãos alimentarem a sua mente com a Palavra de Deus e deixar-se conduzir pela força do Espírito que habita no seu coração.

A vida cristã exprime-se através das virtudes teologais de fé, esperança e caridade.

Para o cristão amadurecido na fé, a vida está cada vez mais identificada com os critérios de Jesus Cristo.

A esperança dá-nos a certeza de que não estamos abandonados por Deus. Eis o que diz o profeta Jeremias: “Conheço muito bem os planos que fiz para vós, diz o Senhor.

Pensando em vós, eu fiz planos para prosperardes e não para serdes aniquilados, a fim de que tenhais esperança num futuro bom.

Nessa altura chamareis por mim. Far-me-eis a vossa oração e eu escutar-vos-ei” (Jer 29, 11-12).

A esperança cristã é certeza, embora não evidente, pois assenta na Palavra e na fidelidade inabalável de Deus.

Mesmo nos momentos de dificuldade, a esperança dá-nos a certeza de que não estamos sós, pois o nosso Deus é o Emanuel, isto é, o Deus connosco.

Depois de ter pedido a Deus que o libertasse de uma dificuldade, São Paulo ouviu esta resposta do Senhor:

“Basta-te a minha graça, pois o meu poder libertador é perfeito quando se trata de ajudar a fraqueza” (2 Cor 12, 9).

A Carta aos Colossenses dá-nos uma norma eficaz para fortalecermos a esperança quando afirma:

“Colocai a vossa mente nas coisas do alto e não nas terrenas” (Col 3, 2).

O Salmo cento e vinte e seis descreve de modo poético a dinâmica da esperança no coração do homem que luta pela vida. Eis as suas palavras:

“Os que semeiam com lágrimas vão ceifar com cânticos de alegria. Os que saem chorando, ao levar a semente para a sementeira, voltarão com canções de alegria trazendo molhos de espigas consigo” (Sal 126, 5-6).

Eis o conselho da Primeira Carta de São Pedro aos cristãos, a fim de serem testemunhas de esperança no mundo em que vivem:

“Acolhei Cristo nos vossos corações, a fim de estardes preparados para responder aos que vos procuram sobre as razões da vossa Esperança” (1 Pd 3, 15).

É verdade que a certeza da esperança radica na fé, não na evidência. Mas nem por isso deixa de ser uma certeza que se reforça progressivamente.

A esperança dá-nos a certeza de que, apesar dos sofrimentos e dificuldades da vida presente, Deus tem para nós uma meta onde saborearemos a vida em plenitude.

O único limite nesta meta da plenitude será a nossa capacidade de saborear a alegria e a felicidade:

“Bem-aventurados vós os que agora chorais, pois haveis de rir” (Lc 6, 21).

Os pilares da Esperança cristã são a Palavra e o Espírito Santo interagindo no nosso coração.

A Palavra revela-nos o significado do plano de Deus. O Espírito Santo realiza em nós o que a Palavra significa.

Alimentado com a palavra e fortalecido pelo Espírito Santo, o cristão torna-se, deste modo, uma força capaz de transformar o coração das pessoas e a realidade social.

A Carta aos Hebreus diz que Abraão é um modelo de esperança: Com efeito, apesar de a evidência sugerir o contrário, ele confiou em Deus, abrindo o coração à esperança.

Por esta razão ele obteve o que esperava: “E assim, depois de ter esperado pacientemente, Abraão recebeu o conteúdo da promessa” (Heb 6, 15).

A esperança cristã é cristocêntrica. O conteúdo da promessa concretizada é Cristo consiste em participar com Cristo na festa da Família de Deus.

Nessa festa dançaremos o ritmo do amor com o jeito com que tivermos treinado aqui na história.

Apesar de nos capacitar para saborearmos a vida com os horizontes da plenitude no Céu, a esperança não nos distrai dos compromissos históricos.

Pelo contrário, a esperança convida-nos a construir um mundo fraterno edificado sobre o alicerce do amor ao jeito de Cristo.

No evangelho de São Mateus, Jesus convida-nos a ser sal, luz e fermento no meio do mundo (cf. Mt 5, 13-16).

Graças à esperança, os cristãos estão capacitados projectar uma luz nova sobre as dificuldades da vida.

A morte e os sofrimentos não são vistos como tragédias sem saída, diz São Paulo (Rm 8, 18).


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

14 agosto, 2009

QUANDO O ESPÍRITO SANTO NOS CONDUZ-I

I-CONDUZIDOS PELO ESPÍRITO SANTO

O gosto e o jeito de ser do Espírito Santo é criar laços entre as pessoas e fortalecer a comunhão que as anima.

Por ser uma pessoa divina, o Espírito Santo movimenta-se em coordenadas de universalidade e equidistância.

O seu ser é exclusivamente espiritual e transcende as limitações do espaço e do tempo. O termo hebraico Ruah (Espírito) significa vento, brisa, sopro, espírito e é quase sempre feminino.

A bíblia associa o Espírito Santo à vida e à fecundidade. O livro do Génesis diz que, no princípio, a terra era uma massa caótica, sem forma, e que o Espírito de Deus pairava sobre a escuridão do caos primordial.

O Espírito Santo é o hálito da vida que Deus insuflou no barro primordial do qual saiu Adão.

Habita de modo permanente no coração do Homem, facilitando o processo da sua humanização.
O Livro do Génesis diz que José do Egipto era um homem corajoso e muito válido, pois estava cheio do Espírito de Deus (Gn 41, 38).

No momento em que Jesus saiu das águas após o seu baptismo o Céu abriu-se e Jesus viu o Espírito de Deus vir sobre ele em forma de pomba (Mt 3, 16).

A partir deste momento, Jesus começa a agir movido pelo Espírito Santo. O Espírito Santo foi a força que ressuscitou Jesus. É também ele que nos ressuscita a nós com Cristo:

“E se o Espírito Santo que ressuscitou Jesus está em vós, também ele fará que os vossos corpos vivam por meio do mesmo Espírito que vive em vós” (Rm 8, 11).

Ao ressuscitar-nos, o Espírito Santo insere-nos na comunhão orgânica da Família de Deus:
“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 14).

O profeta Isaías, pensando no futuro Messias, diz que ele terá a plenitude do Espírito:

“O Espírito do Senhor repousará sobre ele. Espírito de Sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, de conhecimento e temor de Deus” (Is 11,2).

O Espírito Santo, continua o livro de Isaías, vai consagrá-lo e capacitá-lo para realizar de modo perfeito a sua missão:

“O Espírito do Senhor está sobre mim porque me consagrou. Enviou-me para levar a Boa Nova aos que sofrem e curar os desesperados,

Para anunciar a libertação aos exilados, a liberdade aos prisioneiros. Ungiu-me para proclamar o ano da graça do Senhor, o dia em que o nosso Deus fará justiça, a fim de consolar os tristes” (Is 61, 1-3).

O Espírito Santo actuará nos crentes com a força da Palavra nos momentos de perseguição:

“O Espírito do vosso Pai Celeste falará por vós naqueles momentos” (Mt 10, 20). Ele é o Espírito do Pai que Jesus vai enviar, o qual testemunhará de Jesus:

“Quando o Consolador vier, o qual eu vos vou enviar desde o Pai, o Espírito da Verdade que procede do Pai, ele testemunhará de mim” (Jo 15, 26)

Nos momentos em que, mediante a oração, comunicamos com o Pai do Céu, o Espírito Santo gera em nós um coração filial.

Com seu jeito maternal de amar configura o nosso coração com o coração filial de Jesus, o Filho fiel.

Deste modo, a nossa relação com o Pai vai adquirindo o jeito do Filho unigénito de Deus: “E porque somos filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos nossos corações pelo qual clamamos “Abba”, ó Pai” (Gal 4, 6).

Tudo isto mostra bem com o Espírito Santo é princípio animador de relações e vínculo da comunhão orgânica que no incorpora na comunhão da Santíssima Trindade.

O profeta Zacarias diz que Deus, ao enviar o Messias, derramará sobre os crentes o Espírito de Graça e oração sobre os habitantes de Jerusalém:

“Derramarei o meu Espírito de graça e oração nos habitantes de Jerusalém. Eles olharão para aquele que trespassaram e chorarão por ele como se chora a morte de um filho único” (Zac 12, 10).

São Paulo diz que o Espírito Santo habita no coração do ser humano como num templo. Eis a razão pela qual o nosso agir deve processar-se em conformidade com Deus, a fim de não causarmos desgosto ao Espírito Santo:

“Não contristeis o Espírito Santo pelo vosso modo de agir. Lembrai-vos que ele vos marcou com o selo para o dia da salvação, quando a libertação do pecado atingir a sua plenitude” (Ef 4, 30).

O Espírito Santo é o consolador, diz Jesus no evangelho de São João: “Eu pedirei ao Pai e ele vos dará um outro Paráclito, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece.

Ele estará sempre convosco, pois permanece junto de vós e está em vós” (Jo 14, 16-18).

Enquanto está com os discípulos, Jesus é o seu defensor e consolador. Ao partir, Jesus vai enviar aos discípulos outro defensor e consolador, isto é, o Espírito Santo:

“No entanto, digo-vos a verdade: convêm-vos que eu vá, pois se eu não for o Consolador não virá a vós. Mas se eu partir eu vo-lo enviarei” (Jo 16, 7).

“No nosso íntimo, o Espírito Santo é o vínculo da comunhão orgânica que nos incorpora na família de Deus:

“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito de escravidão para cairdes no temos, mas recebestes um Espírito de adopção que, no vosso íntimo, grita: “Abba”, papá” (Rm 8, 14-15).

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO O ESPÍRITO SANTO NOS CONDUZ-II


II-ESPÍRITO SANTO E FIDELIDADE

Através do Espírito Santo, Deus é verdadeiramente o Emanuel, isto é, o Deus connosco. São Paulo diz que ele é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

O Espírito foi anunciado no Antigo Testamento como o grande dom dos tempos messiânicos.

O Novo Testamento proclama Jesus como o Messias anunciado, o portador da abundância do Espírito do Espírito.
Após a sua ressurreição, Jesus partilha o dom do Espírito Santo como quem partilha a própria vida ou, se quisermos, a sua carne e o seu sangue:

“E ser virdes o filho do Homem subir para onde estava antes? O Espírito é que dá vida, a carne não serve para nada. As palavras que vos disse são Espírito e Vida” (Jo 6, 62-63).

“No dia de Pentecostes Pedro faz um discurso aos judeus convidando-os a receber o baptismo, a fim de receberem o Espírito Santo:

“Então Pedro disse-lhes: “Arrependei-vos e cada um de vós seja baptizado no nome de Jesus Cristo para a remissão dos pecados.

Então recebereis o dom do Espírito Santo” (Act 2, 38). Após a conversão dos primeiros samaritanos, Pedro e João foram à Samaria e oraram por eles, a im de eles receberem o Espírito Santo.

Com efeito, o Espírito Santo ainda não tinha vindo sobre eles, pois apenas tinham sido baptizados em nome de Jesus.

Então Pedro e João impuseram-lhes as mãos e eles receberam o Espírito Santo” (Act 8, 15-17).

Esta passagem é muito importante, pois afirma claramente que o baptismo no Espírito não é um acto mágico derivado do rito baptismal, mas supõe a dinâmica da palavra e da oração em comunidade.

São Paulo encontrou em Éfeso um grupo de crentes que apenas tinham recebido o baptismo de João Baptista.

Estas pessoas não conheciam o baptismo no Espírito. São Paulo, então, baptizou-os em nome de Jesus e, ao impor-lhes as mãos, estes ficaram cheios do Espírito Santo (Act 19, 1-6)

Tratando-se do baptismo de adultos, o Baptismo no Espírito precede o rito litúrgico do baptismo, como testemunham os Actos dos apóstolos:

“Pedro estava ainda a falar, quando o Espírito desceu sobre quantos ouviam a Palavra. Os fiéis circuncidados ficaram estupefactos ao verificarem que o dom do Espírito Santo fora derramado também sobre os pagãos, pois ouviam-nos falar línguas e glorificar a Deus.

Pedro, então, declarou: “Poderá alguém recusar a água do baptismo aos que já receberam o Espírito Santo como nós?” (Act 10, 44-47).

É este o baptismo no Espírito de que falava João Baptista: “E João dizia: “Vai chegar um depois de mim que é maior do que eu e eu nem sequer sou digno de lhe levar as sandálias. Eu baptizo-vos em água, mas ele vos baptizará com o Espírito Santo” (Mc. 1, 8).

É com a força do Espírito Santo que os discípulos vão testemunhar a ressurreição de Jesus Cristo até aos confins da Terra, como Jesus garante aos discípulos:

“Ides receber a força do Espírito Santo que virá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, até aos confins da Terra” (Act 1, 8).

A Fé Cristã é um privilégio, pois concede ao ser humano a possibilidade de olhar e compreender a vida e os acontecimentos com a sabedoria da Palavra de Deus.

À medida que o Espírito Santo anima as pessoas, estas começam a realizar maravilhas em favor dos irmãos.

As qualidades das pessoas tornam-se, pois, carismas, isto é, dons para os demais. A dinâmica consagradora do Espírito Santo consiste em optimizar as qualidades das pessoas no sentido de as capacitar para servir.

É este o modo como o Espírito santo transforma as qualidades em carismas. Há pessoas que tiveram grandes qualidades mas que foram grandes assassinos da Humanidade.

Como vemos, não basta ter qualidades, pois estas podem ser postas ao serviço da destruição do Homem.

Não basta comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, a ciência humana.

É preciso que a ciência seja optimizada pela sabedoria que vem do Espírito Santo, o fruto da Árvore da Vida.

Quando isto acontece, as pessoas começam a olhar e valorizar a Vida, a História e o sentido da Criação com os critérios de Deus.

Por outras palavras, as qualidades humanas são válidas na medida em que se tornam carismas, isto é, dons em favor dos irmãos.

Esta optimização das qualidades é obra do Espírito Santo, o Espírito da Verdade:

“Quando vier o Espírito da Verdade, ele conduzir-vos-á à Verdade Plena” (Jo 16,13). Procedendo assim, o Espírito Santo facilita a nossa realização e felicidade.

Na verdade, a pessoa humana só se realiza mediante o amor aos irmãos. Mas isto só pode acontecer se estivermos unidos a Cristo de modo orgânico, diz Jesus no evangelho de São João:

“Permanecei em mim que eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-6).

São Paulo diz que é pelo facto de formarmos uma união orgânica com Cristo que o Espírito Santo nos torna dom para os irmãos:

“A respeito dos dons do Espírito irmãos, não quero que fiqueis na ignorância (…). Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de serviços mas o Senhor é o mesmo.

Há diversidade de modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito Santo para proveito comum.

A um é dada uma palavra de Sabedoria (dom de aconselhar). A outro o Espírito dá uma palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito (…).

Assim como o Corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de serem muitos, constituem um só corpo. Assim também Cristo.

De facto, fomos baptizados num único espírito, a fim de formarmos um só corpo” (1 Cor 12, 4-13).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias



09 agosto, 2009

O HOMEM COMO OBRA DO AMOR DE DEUS-I

I-O HOMEM COMO PROJECTO HISTÓRICO

Como ser em construção, o Homem é um projecto que ainda não está acabado.

À luz da bíblia, podíamos dizer que o Homem é uma obra-prima feita de barro em cujo interior está a emergir outra obra-prima feita de espírito.

A vida espiritual humana emerge a partir de um núcleo interior à qual a bíblia dá o nome de
“nefesh”, isto é, o ponto de interacção do Homem com Deus.

Eis as palavras do Livro do Génesis: “Então o Senhor Deus formou o Homem do húmus da terra e insuflou-lhe pelas narinas o sopro da vida e o Homem converteu-se num ser vivo” (Gn 2, 7).

Este encontro primordial entre Deus e o Homem é dinamizado pelo amor, capacitando o Homem para amar.

Na verdade, a lei do amor é esta: “É o amor do outro que capacita a pessoa para amar e a pessoa mal amada fica a amar mal, isto é, com bloqueios e quedas.

Podemos dizer que a dinâmica da humanização do Homem começa com esse sopro primordial que faz que o Homem se torne um ser vivo (cf. Gn 2, 7).

A marcha da evolução da vida animal culmina no salto da hominização, isto é, na complexidade natural própria do ser humano.

Mas a natureza não humaniza as pessoas. Estas vão-se humanizando através da dinâmica do amor.

Podemos dizer que o encontro primordial de Deus com o Homem é o clique que inicia a marcha histórica da humanização, a qual acontece através do amor.

A lei da humanização é: “Emergência pessoal mediante relações amor de amor e convergência para a comunhão universal”.

A humanização do ser humano, na verdade, acontece como crescimento espiritual da pessoa, o qual acontece pela dinâmica do amor.

Para melhor entendermos esta verdade basta pensar que Deus é Amor, como afirma a Primeira Carta de São João.

Isto quer dizer que o amor tem a capacidade de se auto-gerar e robustecer.

A vida espiritual humana emerge como vida pessoal, isto é, não se trata de um espírito vago e indefinido.

A pessoa humana estrutura-se como ser histórico. Com efeito, cada pessoa emerge de modo único, original, irrepetível e capaz de amar na medida em que foi amada.

Isto quer dizer que o ser humano leva em si as marcas das decisões e escolhas que fez ao longo da sua vida na linha do amor.

É com esta identidade espiritual que a pessoa tomará parte na festa da Vida Eterna.

Por outras palavras, a pessoa dançará eternamente o ritmo do amor com o jeito que adquiriu enquanto viveu na História.

Mas isto só pode acontecer porque o sopro de Deus, isto é, o Espírito Santo, nos vai modelando à imagem e semelhança de Deus.

Em Comunhão Com Deus
Calmeiro Matias

O HOMEM COMO OBRA DO AMOR DE DEUS-II

II-A FORÇA CRIADORA DO ESPÍRITO

Podemos dizer que o arquitecto que projecta a nossa realidade espiritual a partir dos nossos possíveis é o Espírito Santo.

Só o Espírito Santo conhece perfeitamente as nossas possibilidades de realização. Por isso ele está sempre connosco, embora nunca nos substitua.

A sua acção criadora, no nosso íntimo, acontece como interacção relacional amorosa e geradora de plenitude.

A identidade dos seres humanos exprime-se pelo seu jeito de amar. Podemos distinguir na pessoa humana o seu ser exterior e o seu ser interior ou espiritual.

O nosso ser espiritual emerge no interior do nosso ser exterior como o pintainho emerge no interior do ovo.

O ovo não se confunde com o pintainho, isto é, o nosso ser espiritual não se confunde com o ser exterior ou individual.

O ovo é a matriz do pintainho em gestação e só pode emergir a partir dele. Do mesmo modo, a matriz do nosso ser interior é o nosso ser exterior, a partir do qual ele emerge.

Para a bíblia o corpo é a raiz do nosso ser interior. É pelo corpo que a pessoa se exprime como ser vivente.

Para a mentalidade bíblica, a pessoa humana só está viva enquanto convive. O povo bíblico pensava que os falecidos, no sheol, isto é, na morada do mortos, subsistiam, isto é, mantinham a sua identidade, mas estavam em estado de morte, pois não interagiam entre si.

O Espírito de Deus é o princípio universal de união orgânica e interacção amorosa. Pela morte, pensavam os hebreus, Deus retira do interior do ser humano o sopro da vida, isto é, o Espírito Santo.

Antes de Cristo, o povo bíblico pensava que as pessoas, na morada dos mortos, não estão a viver a comunhão universal.

Só após a ressurreição final as pessoas serão assumidas numa comunhão orgânica na qual vão adquirir a plenitude pessoas.

Esta capacidade de comungar com os outros, fazendo com eles uma unidade orgânica é chamada no mundo bíblico por carne “Basar”.

Por isso o povo bíblico sempre falou da ressurreição da carne, isto é, da pessoa humana enquanto ser estruturado para a relação e fazendo um todo orgânico com a Humanidade.

A ressurreição da carne não tem nada a ver com restauração biológica.

A força ressuscitadora de Deus é o Espírito Santo. Cristo ressuscitado possibilitou à Humanidade uma nova densidade de comunhão com o Espírito Santo.

Proporcionando-nos esta nova interacção com o Espírito Santo, Cristo ressuscitado tornou-se o princípio da ressurreição universal:

“No último dia, o mais solene da festa, Jesus, de pé, exclamou: se alguém tem sede venha a mim. Quem crê em mim que sacie a sua sede!

Como diz a Escritura, hão-de correr do seu coração rios de água viva. Jesus disse isto referindo-se ao Espírito Santo que iriam receber os que acreditassem nele.

Com efeito, o Espírito ainda não tinha vindo por Jesus não ter sido glorificado”. (Jo 7, 37-39).
No evangelho de São João, o próprio Jesus se chamou Ressurreição e Vida:

“Disse-lhe Jesus: teu irmão ressuscitará. Marta respondeu-lhe: eu sei que ele há-de ressuscitar na ressurreição do último dia.

Disse-lhe Jesus: eu sou a ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido viverá. Aquele que crê em mim e vive não morrerá” (Jo 11, 23-26).

São Paulo, para afirmar que a ressurreição não é uma restauração biológica diz que o corpo dos ressuscitados é uma realidade espiritual, não biológica (1 Cor 15, 42-45).

Os cães, por exemplo, não podem ressuscitar, pois não tem densidade pessoal e espiritual.

A dimensão biológica (carne e sangue) acrescenta São Paulo, não tem parte no Reino de Deus.
Para o Apóstolo é muito claro que o ser exterior da pessoa humana e o seu ser interior são opostos e antagónicos (Rm 1, 3-4).

Na segunda Carta aos Coríntios, Paulo diz que o ser exterior se vai degradando e destruindo com a idade. Mas o ser interior, pelo contrário, vai-se robustecendo pela acção do Espírito de Deus (2 Cor 4, 16).

Como vemos, a identidade da pessoa é espiritual e exprime-se pelo seu jeito de amar.



Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias



03 agosto, 2009

ESPÍRITO SANTO E MATURIDADE DE FÉ-I

I-ESPIRITO SANTO E ESPIRITUALIDADE CRISTÃ

Dizer que o Espírito Santo é o grande dom que nos vem de Cristo Ressuscitado, significa que o Espírito Santo actua de modo gratuito no nosso íntimo.

São Paulo exprime esta verdade, dizendo que o Espírito Santo é o Amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

O Espírito Santo é dom porque se dá de modo gratuito e incondicional. Com seu jeito maternal de amar ele anima a nossa vida de relações e é vínculo de comunhão orgânica. Por isso ele tem o sobrenome de Santo.

A bíblia diz que o Espírito Santo é como um vento, força que impele e anima a dinâmica das relações (cf. Jo 3, 8).

Ele é o hálito da vida que entrou no barro primordial do qual saiu Adão (Gn 2, 7). É também a Água Viva que, no interior da pessoa, se torna uma nascente de Vida Eterna (Jo 7,37-39; 4,14).

O Espírito Santo é também a seiva a circular da cepa da videira (Cristo), para nós que somos nós (Jo 15, 1-7).

Ele é o princípio de adopção mediante o qual nos tornamos filhos adoptivos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-16).

Para sermos membros da Família de Deus, diz Jesus no evangelho de São João, termos de nascer de novo (Jo 3, 3-6).

Ele é o princípio animador da Nova Aliança, a qual não assenta nas tábuas da Lei, mas na dinâmica do Espírito.

No nosso íntimo, o Espírito Santo é princípio santificador, isto é, animador de relações e comunhão amorosa.

Levamos dentro de nós o forjador da santidade. Santos são os que o escutam e agem de acordo com os seus apelos.

É importante ter presente que o Espírito Santo nunca nos substitui. Interpela, ilumina, convida e chama-nos a agir em harmonia com as propostas do amor fraterno.

Como ternura maternal de Deus, o Espírito Santo optimiza as nossas relações, criando laços de amizade e comunhão.

Anima as relações entre os seres humanos, capacitando-os para serem dom uns para os outros.
O pecado contra o Espírito consiste em atribuir às forças do mal o que é obra sua.

Esta atitude leva a pessoa a fechar-se de modo gradual e progressivo à acção de Deus. O Novo Testamento diz que o pecado contra o Espírito Santo é o único que não tem perdão (Mc 3, 22-23; Mt 12, 24;Lc 11, 15).

A santidade é igual a comunhão amorosa. A anti-santidade por excelência é a pessoa fechada em si.

O Espírito Santo é santo e santificador, pois optimiza a nossa vida de comunhão com Deus e os irmãos.

Como comunhão perfeita de três pessoas, Deus é a santidade por excelência. Uma pessoa vive tanto mais a dinâmica da santidade quanto mais vive a dinâmica da comunhão amorosa.

As pessoas divinas são infinitamente santas porque vivem a dinâmica da comunhão amorosa em grau de perfeição infinita.

A santidade é uma realidade orgânica, isto é, interactiva e relacional. A expressão máxima da anti-santidade é o estado de inferno.

Neste estado, a pessoa fechou todas as possibilidades de encontro, diálogo e comunhão com as pessoas humanas, as divinas e outras que possa haver.

Neste estado, a pessoa não se encontra nem atinge a sua plenitude.Na verdade, a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade da comunhão.

De facto, ninguém consegue encontrar-se ou possuir-se plenamente fora da comunhão. O Espírito Santo é princípio santificador enquanto animador de relações e vínculo orgânico de comunhão.

A vontade de Deus a nosso respeito é a nossa santificação, diz São Paulo aos Tessalonicenses (1 Tes 4, 3).

Na Primeira Carta aos Coríntios ele diz que o Espírito Santo é quem nos purifica e santifica (1 Cor 6, 11).



Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias

ESPÍRITO SANTO E MATURIDADE DE FÉ-II


II-ESPIRITO SANTO E MATURIDADE DE FÉ

A Fé Cristã confere aos crentes os horizontes mais amplos e profundos que é possível ter para saborear o sentido da vida, da História, e do Universo.

Para se tornar adulto na fé, o cristão precisa de a alimentar com os conteúdos da Palavra de Deus.

Mas a vida cristã não se esgota no conhecimento dos conteúdos doutrinais da fé. Por outras palavras, a vida cristã não é apenas uma questão de conhecimentos doutrinais.

Um crente que toma Deus e os conteúdos da fé a sério tem de viver de acordo com essa fé.

O cristão que toma a Palavra de Deus a sério tem de correr tenho de correr procurando viver em harmonia com aquilo em que acredita.

Eis o que diz a Carta aos Efésios: “Não andeis como os gentios, na futilidade dos seus pensamentos, com o entendimento obscurecido, alienados da vida de Deus devido à ignorância e à dureza de coração” (Ef.4,18).

Somos seres em construção a todos os níveis do nosso ser, incluindo o espiritual. Um cristão é tanto mais adulto na fé quanto mais agir em conformidade com as propostas do amor, o mandamento que nos é proposto por Jesus:

“Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei.
As pessoas saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).

Graças ao facto de o Espírito santo habitar em nós, é possível viver em comunhão com as pessoas divinas e amarmos os nossos irmãos

São Paulo diz que o Espírito Santo que é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

O Espírito Santo convida-nos a fazer opções na linha do amor, a fim de nos moldar e configurar com Cristo.

Um crente será tanto mais adulto na vida cristã quanto mais identicado estiver com Jesus no seu jeito de agir.

Podemos ter a certeza de que as nossas decisões, escolhas, e opções de vida são o grande modelador do que seremos na comunhão da Família de Deus.

A Fé confere-nos os horizontes e os critérios para agirmos no sentido de conseguirmos o melhor, como diz o evangelho de Marcos:

“Se acreditas, todas as coisas são possíveis para o que acredita” (Mc.9,23). A fé converte-nos em crentes, capacitando-nos para termos sucesso nas nossas realizações.

Mas isto é um dom que nos é inspirado pelo Espírito Santo: “Jesus abriu-lhes a mente, a fim de entenderem as Escrituras” (Lc 24, 45).

Todas as coisas são possíveis para aqueles que tomam Deus a sério: Eis o que Jesus diz: “Se tiveres fé nada será impossível para ti” (Mt 17, 21).

Depois acrescenta: “Faça-se segundo a tua fé” (Mt 9, 29). Mas Tenhamos sempre presente que o Deus que está em nós e por nós nunca está em nosso lugar.

Por outras palavras, o Deus que nos possibilita nunca nos substitui. Quando agimos movidos pela Fé, o nosso pensamento e a nossa acção ficam em sintonia com Deus, diz São Paulo:

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir sobre o que é bom, perfeito e agradável a Deus” (Rm 12, 2).

Eis a razão pela qual é tão importante criarmos espaços de silêncio e diálogo com Deus sobre os nossos planos e objectivos, como nos aconselha a Carta aos Gálatas:

“Se vivemos pelo Espírito, pautemos também a nossa vida pelo Espírito” (Gal 5, 25). É verdade que a que á fé faz maravilhas. Mas também é verdade que, sem fé, não há milagres.

Eis o que aconteceu um dia a Jesus quando foi a Nazaré: “E não fez ali muitos milagres por causa da incredulidade deles” (Mt 15, 38; Mc 6, 6).

Se tiveres fé nada será impossível para ti, disse Jesus (Mt 17, 21).



Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias