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29 março, 2010

JESUS CRISTO E A PLENITUDE DOS TEMPOS

Graças ao acontecimento de Jesus Cristo, o Homem deu um salto de qualidade, entrando na plenitude dos tempos, isto é, na fase do nascimento dos filhos de Deus.

Os milénios que precederam o acontecimento de Cristo foram os tempos da gestação.

A plenitude dos tempos representa o parto através do qual nascem os filhos de Deus pela difusão do Espírito operada por Jesus Cristo ressuscitado.

Eis o que diz São Paulo nas Carta aos Gálatas: “Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob o domínio da Lei, a fim de resgatar os que se encontravam sob o domínio da Lei, a fim de receberem a adopção de Filhos.
E porque sois filhos Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que clama: “Abba, Pai querido.

Deste modo já não somos escravos mas filhos e, portanto, herdeiros pela graça de Deus” (Gal 4, 4-7).

O conteúdo fundamental da plenitude dos tempos, portanto, implica a incorporação da Humanidade na Comunhão Familiar da Santíssima Trindade, mediante o Espírito Santo.

Eis como a Carta aos Romanos exprime este mistério: “Todos os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus” (Rm 8, 14).

A expressão “Plenitude dos Tempos” leva consigo um sentido de entrada no limiar dos acabamentos do projecto humano, isto é, a sua divinização.

É a última etapa, isto é, a fase final da marcha histórica da Humanidade a caminhar para a plenitude da comunhão Familiar de Deus.

Por outras palavras, o projecto humano está na fase dos acabamentos que é, como vimos, a sua divinização.

Isto quer dizer que a marcha histórica da Humanidade deu um salto de qualidade, graças ao mistério da Encarnação.
Mas foi com a ressurreição de Cristo que a condição divina de Jesus de Nazaré se difundiu pela Humanidade.

Ao ressuscitar, Jesus Cristo entrou nas coordenadas da universalidade, isto é, da equidistância e da comunhão universal.

Nesse momento o Senhor ressuscitado tornou-se o coração do Homem Novo assumido de modo orgânico na comunhão da Santíssima Trindade, com a qual estamos unidos e interactivos para sempre.

Jesus é, na verdade, o ponto de encontro do Humano com o divino.

Se olharmos atentamente as Sagradas Escrituras verificamos que é enorme a cadeia dos acontecimentos que conduziram a Humanidade até Cristo que é o início e a plenitude da Humanidade.

Para o Antigo Testamento, o Messias é alguém que havia de vir para realizar a intervenção decisiva de Deus, condição para a Humanidade atingir a meta da comunhão com a Divindade.

Através do Messias, o descendente de Abraão, viria a bênção universal que atingirá todas as famílias da terra, diz o Livro do Génesis (Gn 12, 3).

O Novo Testamento apresenta Jesus Cristo como a realização das esperanças que foram brotando ao longo do Antigo: Jesus é o único medianeiro entre Deus e o Homem (1 Tm 2, 5.

Em Jesus ressuscitado, a Humanidade pecadora é definitivamente reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19).

São Paulo diz que Jesus Cristo é o Novo Adão que repara as distorções provocadas no tecido da Humanidade pelo primeiro (Rm 5, 17-19).

O evangelho de São João diz que Jesus é o único caminho para chegarmos ao Pai (Jo 14, 6).

O caminho foi aberto pela ressurreição do Senhor. São Mateus explicita esta verdade dizendo que no momento da morte e ressurreição de Jesus, o véu do templo se rasgou de alto a baixo (Mt 27, 51).

O véu do templo separava o santuário onde estava o povo e o Santo dos Santos onde Deus se tornava presente.
Ninguém tinha acesso ao Santo dos Santos a não ser o sumo-sacerdote, a fim de obter as bênçãos de Deus para o povo.

Com a ressurreição de Jesus, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo e, portanto, todos ficam com acesso directo a Deus como membros da Família Divina, diz São Paulo (Rm 8, 14-17).

Graças ao facto de termos sido divinizados por Cristo, diz a Primeira Carta aos Coríntios, Deus habita nos nossos corações e nós somos o Novo templo de Deus (1 Cor 3, 16).

No evangelho de São João, Jesus diz que a nossa vida será fecunda na medida em que estejamos organicamente unidos a Cristo como os ramos da videira estão unidos à cepa, isto é, de modo orgânico (Jo 15, 4-6).

O Novo Testamento é o testemunho da Nova Aliança e a garantia de que a fase final da História está inaugurada.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matiaas


25 março, 2010

O REINO DE CRISTO É UM POVO DE REIS

A Carta aos Romanos diz que Jesus, ao ressuscitar, foi ungido com o Espírito Santo, sentando-se em seguida à direita de Deus Pai como rei do Universo (Rm 1, 3-5).

Por outras palavras, Cristo rei é a cabeça e a meta de toda a Criação. No entanto ele é um rei que não se impõe pela força, mas pela sua grandeza e perfeição.

Eis as palavras da Carta aos Colossenses: “Ele é a imagem perfeita do Deus invisível e a cúpula de toda a Criação.

Ele é o irmão mais velho de todos nós. Na verdade, foi nele que todas as coisas foram criadas, nos céus e na terra, tanto as visíveis como as invisíveis (…).

Ele é anterior a todas as criaturas e todas permanecem por meio dele. Ele é a cabeça do corpo da Igreja e o princípio de tudo.
Ele é o primogénito dos ressuscitados, pois ninguém ressuscitou antes dele.
Foi do agrado de Deus que habitasse nele a medida perfeita de todas as criaturas, tanto das que existem na terra, como das que habitam no Céu.

Foi fiel até à morte de cruz e por isso levou a Criação à sua plena perfeição. Graças à fidelidade plena à sua missão, todos nós fomos reconciliados com Deus” (Col 1, 15-20).

Com este texto magnífico, a Carta aos Colossenses proclama Jesus Cristo como rei e salvador de toda a Humanidade.

Uma vez constituído rei universal, Jesus Cristo decidiu reinar com todos nós.

Ele é um rei que nos deu uma Lei Nova com um só mandamento, isto é o Mandamento do Amor.
Se Deus é amor Se o Reino de Jesus Cristo assenta sobre o amor, então todos fomos chamados a reinar com ele através do amor.

Eis as suas palavras: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei.
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).

Na verdade, quando a força de um reino é o amor, todos reinam, pois o amor gera comunhão entre as pessoas.

Antes da morte e ressurreição de Jesus, o Reino de Deus estava no meio das pessoas, diz o evangelho de São Lucas (Lc 17, 21).

Isto significa que durante a vida terrena de Jesus, o Reino de Deus estava apenas a nascer e a crescer no coração de Jesus

É esta a dinâmica da Encarnação. Depois de Jesus ressuscitar a interacção entre Deus e o Homem passou do interior de Jesus para toda a Humanidade.

Jesus ensinou isto dizendo que tinha uma Água viva para dar, a qual ia fazer brotar uma fonte de Vida Eterna no coração das pessoas (Jo 7, 37-39).

Deste modo a união orgânica entre Deus e o homem que existia no coração de Jesus Cristo, passou do interior de Jesus para o nosso interior.

Com efeito, foi no coração de Jesus que a Divindade se enxertou na Humanidade. Era isto que eu queria dizer quando afirmei que o Reino de Deus começou primeiro a desabrochar no coração de Jesus.

No momento da sua ressurreição o Espírito Santo faz quer o Reino de Deus cresça no coração de todos os seres humanos.

Portanto, após a ressurreição de Jesus Cristo, o Reino de Deus tornou-se uma realidade interior a todos nós, pois Jesus ressuscitado, agora, aproxima-se sempre de nós através do Espírito Santo que ele nos comunica.

Por outras palavras, com a ressurreição de Jesus o Reino de Deus ficou tão perto das pessoas que está ao alcance de todos nós.

Basta fazer silêncio e entrar no nosso interior para nos encontrarmos com Cristo Rei. Isto significa que o nosso coração é o ponto de encontro com Cristo Rei e com a Comunhão Universal do Reino de Deus.

Eis o que diz São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Cor 3, 16).

E mais à frente acrescenta: “Não sabeis que sois templo do Espírito Santo que habita em vós porque o recebestes de Deus e que vós já não vos pertenceis?” (1 Cor 6, 19).

O Espírito Santo é o princípio que dinamiza no nosso coração a interacção amorosa com a Comunhão do Reino de Deus.

É precisamente isto que São Paulo quer afirmar quando diz que “O Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações” (Rm 5, 5).
A Comunhão Universal do Reino de Deus é, portanto, uma realidade interior a todos nós, pois é a morada de Deus com toda a Humanidade.

Ma morada de Deus, como sabemos não é um lugar ou uma realidade física. Por outras palavras, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, a qual constitui a interioridade máxima do Universo.

A Carta aos Colossenses diz que pela ressurreição de Jesus, Deus libertou-nos do reino exterior das trevas e transferiu-nos para o Reino de seu amado Filho, o qual é interior a tudo e a todos (Col 1, 13).

Era precisamente isto que Jesus quer dizer no evangelho de São João quando afirma a Pilatos que o seu Reino não é deste mundo.

Isto significa que o Reino de Deus é universal e interior a todos que têm um coração aberto ao amor.

O Reino de Deus do qual Jesus é o rei é portanto, um povo de reis no qual todos têm o poder de reinar que não é mais que a capacidade de amar.

A Primeira Carta de São Pedro diz que o Reino de Cristo é constituído por um povo de reis. Eis as suas palavras:

“Vós, porém, sois uma linhagem escolhida, um povo de reis e sacerdotes, uma nação santa. Vós sois um povo escolhido, uma propriedade santa cuja missão é anunciar as maravilhas do Deus que vos chamou das trevas para a sua luz admirável” (1 Pd 2, 9).

Ao ressuscitar, Jesus tornou-se nosso irmão, a fim de reinar connosco e formar um reino sacerdotal e um povo de reis onde existe apenas a lei do amor:

Após a ressurreição, Jesus disse a Maria: “Não me detenhas, pois ainda não subi para o meu Pai.

Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: “Subo para o meu Pai que é também vosso Pai, para o meu Deus que é também vosso Deus” (Jo 20, 17).

O Reino de Deus, portanto, assenta nos pilares da comunhão e do amor. Jesus disse que o seu reino é uma comunhão orgânica, onde a força é a união do amor: “Permanecei em mim que eu permaneço em vós.

Tal como o ramo da videira não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5).

O Livro do Apocalipse diz que o Reino de Deus é a Nova Jerusalém, a morada de todos os que reinam com Cristo. Deus está junto de todos como um Pai bondoso está junto dos seus filhos:

“Vi então um Novo Céu e uma Nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido. E o mar também já não existia!

E vi descer do Céu, de junto de Deus, a cidade santa, a Nova Jerusalém, preparada como uma noiva enfeitada para receber o seu esposo.

Depois ouvi uma voz forte que vinha do trono de Deus, dizendo: “Esta é a morada de Deus entre os homens”. Deus habitará com os seres humanos e estes serão o seu povo.

Deus estará com todos, enxugando as lágrimas dos olhos, pois não há morte, nem luto, nem pranto, nem medo, nem dor, pois as primeiras coisas passaram!” (Apc 21, 1-4).

Depois o Livro do Apocalipse acrescenta: “Todos os que vencerem vão herdar estas coisas. Eu serei o seu Deus e eles serão meus filhos” (Apc 21, 7).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

28 fevereiro, 2010

A PERFEIÇÃO HUMANA DE JESUS CRISTO

Por tomar Deus e o Homem a sério, Jesus Cristo não separava o amor de Deus do amor ao Homem.
Denunciava com coragem tudo o que machuca ou oprime as pessoas.

Tinha plena consciência de que o Homem é a única imagem que Deus fez de si, e que nós devemos venerar como imagem Viva de Deus.

No entender de Jesus, venerar o Homem como imagem de Deus, é uma forma de amar o mesmo Deus.

É por esta razão que a Primeira Carta de São João faz a seguinte afirmação que nós devemos tomar muito a sério:

“Se alguém disser: “Eu amo a Deus”, mas odiar o seu irmão, esse é um mentiroso, pois aquele que não ama o seu irmão a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê.

Nós recebemos de Cristo este mandamento: “Quem ama a Deus ame também o seu irmão” (1 Jo 4, 20-21).

À medida que vamos crescendo no conhecimento de Deus, melhor conhecemos o Homem e o seu lugar no plano salvador de Deus.

Por outras palavras, quanto melhor conhecermos o mistério de Deus melhor preparados estamos para conhecer a dignidade humana.

Se o Homem é a única imagem que o próprio Deus criou de si, então o amor aos irmãos é o único caminho seguro para chegarmos ao conhecimento de Deus.

Eis outra passagem importante da Primeira Carta de São João: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.

Aquele que não ama não chega a conhecer Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8).
Como homem perfeito, Jesus levou o amor muito a sério, tanto na sua vertente de amor a Deus como na vertente de amor aos irmãos.

É por esta razão que ele fazia sempre frente às pessoas que machucavam os irmãos e ferem a sua dignidade.

A nossa fé afirma que Jesus é um homem em tudo igual a nós excepto no pecado. Isto quer dizer que ele, quando defendia a dignidade humana, estava a defender também a sua própria dignidade.

Graças ao mistério da Encarnação, o homem Jesus vivia uma condição totalmente original:
Como ponto de encontro do melhor de Deus com o melhor do Homem, a sua interioridade humana interagia de modo directo com a interioridade do Filho Eterno de Deus, embora sem se fundirem nem confundirem.

Por outras palavras, o humano e o divino, em Cristo, formam uma união orgânica e dinâmica animada pelo Espírito Santo.

Como homem igual a nós, Jesus viveu e experimentou plenamente a condição de homem.
Graças à interacção humano-divina que acontecia nele de modo permanente nós ficamos a compreender que o divino, ao tocar o humano, não o anula.

Pelo contrário, ao ser tocado pelo divino, o humano de Jesus é optimizado e fá-lo ser mais plenamente humano.

A Carta aos Hebreus diz que a Humanidade tem um excelente Sumo-sacerdote junto de Deus, pois Jesus Cristo é um homem que, tal como nós, experimentou plenamente a condição humana. Eis as suas palavras:

“De facto, não temos um sacerdote que não possa compadecer-se de nós, pois ele foi provado e experimentado em tudo, excepto no pecado” (Heb 4, 15).

Gostava de citar aqui um texto alegórico que escrevi sobre a acção profética de Jesus e a sua bondade de coração:
Como estava cheio do Espírito Santo passou a vida a fazer bem a toda a gente e a proporcionar a felicidade às pessoas.

Nasceu na Palestina e a sua paixão era fazer a vontade de Deus. Amava a simplicidade das crianças e defendia corajosamente os que não eram capazes de se defender.

Deixava mais felizes as pessoas que tinham a sorte de o encontrar. Partilhava com os outros a sua vida e os bens, amando a todos, mas mostrando uma preferência especial pelos mais pobres.

Como estava cheio da força do Espírito Santo nunca foi vencido pela cobardia ou o medo. Eis a razão pela qual Deus lhe confiou a missão de inaugurar a vida nova do baptismo no Espírito.

Foi incondicionalmente fiel à vontade de Deus. E como nós fazemos uma união orgânica com ele, passámos a ser membros do seu corpo (1 Cor 12, 27).

Unindo-nos a sim tornou-se a cabeça de uma Nova Humanidade reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19).

Deu-se a nós de modo total. É por esta razão que a sua vida já não é apenas sua. Na verdade, Deus confiou-lhe uma missão em favor de toda a Humanidade.

Como era generoso, levou o amor até à sua densidade máxima: dar a vida por aqueles a quem se ama (Jo 15, 12-13).

Era um homem puro, isto é, transparente de coração. Jamais gostou de nadar em águas turvas.
Tornou-se a cepa da videira cujos ramos somos todos nós.
O Espírito Santo é a seiva que dele, a cepa da videira, para nós que somos os ramos. Como ele mesmo disse, o Espírito Santo é a Água Viva que ele nos dá, a qual faz emergir no nosso coração um manancial de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).

No momento da sua morte, quando o soldado perfurou o seu peito, do seu coração saiu sangue e Água, diz o evangelho de São João (Jo 19, 34).

A Água é a Água Viva que Jesus prometeu à Samaritana, garantindo-lhe que, graças a essa Água, ela ficaria saciada para sempre (Jo 4, 14).

O Sangue que saiu juntamente com a Água é o Espírito Santo, isto é, é o Sangue da Nova Aliança que inicia em nós a dinâmica da ressurreição com Cristo.

Os que o mataram destruíram a sua tenda, pensando acabar com a força restauradora do Homem Novo que vai pondo fim às forças do homem velho que gera morte.

A maldade humana matou-o, mas Deus restaurou a sua vida, fazendo dele o alicerce de uma Nova Humanidade.
Ao ressuscitar, Jesus deu-nos a prova de que a vida divina, ao tocar o coração humano, não anula o Homem, mas leva-o à perfeição máxima.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


17 fevereiro, 2010

A FORÇA PROFÉTICA DE JESUS DE NAZARÉ

O Espírito Santo modelou o coração de Jesus com o mesmo jeito com que modelou o coração dos profetas.

Com efeito, a sua grande paixão era fazer a vontade de Deus, libertando as pessoas da opressão do sofrimento e do pecado.

Eis algumas das suas afirmações importantes sobre a sua fidelidade à vontade do Pai:

“O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).
Na oração do Pai-Nosso, disse aos discípulos para pedirem a Deus que a sua vontade se realize de modo perfeito na Terra, tal como se realiza no Céu” (Mt 6, 10).

O evangelho de São João diz que o Espírito Santo habitava em Jesus com a plenitude dos seus dons:

“Aquele que Deus enviou transmite a Palavra de Deus, pois Deus não lhe deu o Espírito por medida” (Jo 3, 34).

Se Jesus tinha a plenitude do Espírito Santo, então a sua mensagem atingiu o cume da profecia.
Por outras palavras, Jesus Cristo, o profeta de Nazaré, anunciou o plano salvador de Deus com uma profundidade à qual não chegaram os demais profetas.

As pessoas que o ouviam reconheciam que Jesus anunciava a Palavra e denunciava o que se opunha ao plano de Deus com uma autoridade que nenhum outro profeta demonstrava.

Tomou sempre a defesa dos que não eram capazes de se defender. As pessoas que tinham a sorte de o encontrar ficavam sempre mais livres e felizes.

Anunciava a fraternidade e a partilha como caminho para vencer a miséria e a fome. Se tiverem a coragem de partilhar, dizia ele, os bens da terra chegarão para todos e ainda vai sobrar.

Amava sem fingimento, pois era manso e humilde de coração. Preferia conviver e acompanhar com os pobres e os simples.

Como tinha a plenitude do Espírito, nunca foi cobarde, e levou a sua missão até ao fim, apesar de se aperceber do perigo em que estava a incorrer.

Jamais defendeu a morte dos pecadores, apesar de sonhar com a destruição do pecado, essa dinâmica negativa que impede a humanização das pessoas.

Foi esta a razão pela qual inaugurou o baptismo no Espírito, pois ele sabia que só o Espírito Santo é capaz de renovar o coração das pessoas.

Costumava dizer que os seres humanos têm de nascer de novo pelo Espírito Santo, a fim de atingirem a densidade da vida nova (Jo 3,6).

Denunciava os que oprimiam em nome da política, do dinheiro ou da religião. Passou a vida a fazer o bem. Eis a razão pela qual nunca deixou ninguém mais pobre ou com falta de sentidos para viver.

Nunca deixou ninguém mais pobre ou com falta de sentidos para viver. A sua mensagem e as atitudes que tomava punham em causa as forças opressoras que dominavam a sociedade do seu tempo.

A força libertadora do Espírito que o habitava transformava as estruturas opressoras e resistia aos poderosos que exploravam as pessoas.

Foi por esta razão que os ricos e os poderosos começaram a planear a sua morte. De facto, apesar de passar a vida a fazer bem a toda a gente, tinha muitos inimigos que desejavam a sua morte.

Os que o odiavam mataram-no, pensando que, deste modo, faziam calar de uma vez por todas a sua voz profética.

Apesar de se aperceber disto, Jesus não desistiu da sua missão, pois vivia e agia com a garra dos profetas que se opõem às forças que desumanizam.

No íntimo do seu coração, o Espírito Santo dizia-lhe que Deus toma partido pelos que gastam a vida pelas causas do amor.
Como tinha a certeza de que Deus é fiel, Jesus agia confiante, pois tinha a certeza de que a sua vida seria restaurada e a sua acção seria eficaz.

Ele tinha a certeza de que Deus não o deixaria ficar no vazio da morte, apesar das intenções assassinas dos seus inimigos.

Jesus tinha plena consciência de que Deus lhe confiou uma missão em favor de todos os homens. A sua confiança em Deus foi confirmada.

Por isso, ao ressuscitar, a sua vida passou a ser uma vida partilhada e difundida pelo coração de todas as pessoas.

O Espírito Santo que o habitava em plenitude tornou-se o Sangue da Nova Aliança a circular nas veias do Nosso coração, comunicando-nos a vida divina (Rm 8, 14-17).

Levou o amor até à concretização máxima, isto é, dar a vida por aqueles a quem se ama, como ele mesmo ensinou (Jo 15, 13.

Por isso se tornou a cepa da videira cujos ramos somos todos nós. Agora, a seiva desta Videira, isto é, o Espírito Santo, circulada cepa da videira para os ramos tornando fecunda a nossa vida.

Os que acolhem a sua Palavra começam a entrar na Comunhão Universal da Família de Deus.
Os que o odiavam destruíram a sua tenda, deixando-a vazia.

Mas Deus restaurou a sua vida, fazendo dele o alicerce da Nova Humanidade. Como pão que se reparte para alimentar os outros, partilhou os bens, a vida e a Palavra de Deus.

Só atacava o que os que impediam as pessoas de se realizarem e serem felizes. Nunca confundia o pecado com o pecador.
Tudo fazia para destruir o pecado, mas ao pecador gastou o melhor das suas forças para o libertar das feridas do pecado.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


06 fevereiro, 2010

HINO A JESUS RESSUSCITADO

Jesus Cristo Ressuscitado
Tu Venceste a morte no próprio acto de morrer. Tu és, na verdade, o Senhor da vida.
Edificaste sobre o alicerce do amor e por isso a tua tenda não foi destruída pelos vendavais que a ameaçavam.

Como te deste de modo de modo total e sem reservas, não podias terminar a tua existência no vazio da morte.

De ti nos vem o Espírito Santo que nos incorpora na comunhão universal do Reino de Deus cujo coração és tu.

Apesar de seres homem connosco também pertences à esfera de Deus. A tua interioridade humana interage e está unida de modo orgânico à interioridade divina do Filho de Deus.

O vínculo que une e dinamiza esta interacção humano-divina é o Espírito Santo. Jesus de Nazaré, a tua humanidade faz um com o Filho Eterno de Deus, não por se fundirem ou misturarem, mas porque interagem de modo directo.

Tu és o Cristo de Deus. A tua realidade assenta em dois pilares que fazem uma unidade orgânica no Espírito Santo semelhante à união orgânica que existe entre Deus Pai e o Filho Eterno de Deus, os quais fazem uma união orgânica no Espírito Santo.

No evangelho de São João tu mesmo dizes isto quando afirmas: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30).

Jesus Cristo Ressuscitado,
Tu és o Senhor do Universo e a Cabeça da Nova Criação. Com a tua ressurreição chegou o fim dos tempos, isto é, o fim da gestação e o começo do parto que deu origem ao nascimento do Homem Novo.

Foi esta maravilha de amor que levou São Paulo a fazer a seguinte afirmação: “Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. Passou o que era velho.

Tudo isto nos vem por Deus que, em Jesus Cristo, nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens.

Por seres homem connosco pertences à união orgânica da Humanidade.
Jesus Cristo Ressuscitado
Por seres Deus com o Pai e o Espírito Santo, pertences à organicidade divina da Santíssima Trindade.

És do lado de Deus e do lado Homem, pois tens uma face humana e outra divina.
O Humano e o divino, em ti, interagem de modo definitivo.

Esta é a razão pela qual tu és o único medianeiro entre Deus e o Homem (1 Tm 2, 5).
Elegeste a Humanidade como alvo do teu amor, dando a vida por ela. Por isso edificaste uma morada no coração de todos os seres humanos.

Viveste a nossa condição de homens em construção, por isso sintonizas plenamente connosco.
Em ti, a dimensão divina não anula a humana, pois Deus e o Homem não são concorrentes mas convergentes.

És a garantia de que o Divino, ao tocar o Humano, não o anula. Pelo contrário, unindo-te ao humano tu o optimizas, capacitando-o para dar frutos de Vida Eterna.

E assim nos asseguras que o humano será assumido no divino, sem o mutilar ou empobrecer.

A seiva que vivifica esta união orgânica é o Espírito Santo, o fruto da Árvore da Vida que nos dá a Vida Eterna.

Com o mistério da tua ressurreição tu nos comunicaste a Água Viva que faz brotar em nós uma fonte de Vida eterna, como afirmas no evangelho de São João (Jo 7, 37-39).

Jesus Cristo Ressuscitado
Contigo e através de ti nós atingimos o limiar da divinização ao sermos incorporados na Família Divina como filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho Deus.

Após o mistério da Encarnação, os seres humanos foram enriquecidos como os ramos de limoeiro frágil são enriquecidos pela seiva da laranjeira vigorosa, depois de nela terem sido enxertados.

Jesus Cristo Ressuscitado
Tu mereces a gratidão de todas as gerações, pois tu abriste à Humanidade as portas do Paraíso fechadas por Adão, como tu disseste ao Bom Ladrão (Lc 23, 43).

Em ti, o Humano e o Divino estão unidos para sempre. Somos salvos na medida em que formamos um todo orgânico contigo.

No evangelho de São João tu dizes que a nossa união contigo é semelhante à união que existe entre a cepa da videira e os ramos (Jo 15, 1-7).

A nossa vida será fecunda se estivermos unidos a ti como os ramos da videira estão unidos à cepa (Jo 15, 4-5).

Com os teus ensinamentos e o teu jeito de viver introduziste na marcha da História uma dinâmica de libertação, à qual se opuseram os opressores do teu tempo.

No momento da tua morte, os teus inimigos cantaram vitória. Não podiam imaginar que esse momento significava a vitória da vida sobre a morte.

Como homem foste em tudo igual a nós excepto no pecado. Viveste ao lado dos outros homens sem os considerar inferiores ou indignos da tua amizade.

A tua acção era a expressão da vontade de Deus, revelando-nos deste modo o rosto e o coração bondoso do nosso Pai do Céu.

Na verdade, o amor com que nos amaste foi a expressão da paixão de Deus pela Humanidade.
No momento da tua ressurreição inauguraste, com os que te precederam na História, a festa da Comunhão Universal.
Unidos a todos os que estão unidos à tua glória de ressuscitado, nós te dizemos: Glória a ti, Jesus Cristo Ressuscitado!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

14 dezembro, 2009

JESUS CRISTO COMO NOVO ADÃO

Assim como todos morrem em Adão, diz São Paulo, do mesmo modo todos ressuscitam em Cristo, o Novo Adão, (1 Cor 15, 20-21; Rm 5, 17-19).

O Livro do Génesis diz que Adão, depois do pecado, foi expulso do Paraíso no qual estava a Árvore da Vida.

A importância dessa Árvore consistia no facto de o seu fruto proporcionar a vida eterna às pessoas que comessem do seu fruto.

A Árvore da Vida significa que Deus não nos criou para a morte. A morte veio porque Adão, com o seu pecado, impediu o Homem de ter acesso à Árvore da Vida.

Ao ser expulso do Paraíso, Adão ficou impedido de comer o fruto da Árvore da Vida (Gn 3, 23).
Como cabeça da Humanidade, Adão fazia um todo orgânico, interactivo e dinâmico com todos os seres humanos.

Jesus Cristo, diz São Paulo, surge na marcha da História da Humanidade como o Novo Adão.
Assim como todos morrem em Adão, do mesmo modo todos ressuscitam, graças ao Novo Adão (Rm 5, 17-19).

No momento de morrer e ressuscitar, Jesus abriu de novo as portas do Paraíso, como ele mesmo disse ao Bom Ladrão: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).

Deste modo, Jesus desfaz o laço da morte no qual Adão se tinha enlaçado com toda a Humanidade.

Além disso, Jesus revela-se também a Árvore da Vida, pois é ele que nos dá o Espírito Santo que é o princípio ressuscitador e, portanto, o fruto da Vida Eterna.

Eis o ensinamento de Jesus a propósito da Eucaristia: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia (…).
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, fica a morar em mim e eu nele” (Jo 6, 54-56).
À luz do evangelho de São João, o fruto da Árvore da Vida é o Espírito Santo.

Ele é, acrescenta Jesus, a Água Viva que faz brotar no nosso coração uma fonte inesgotável de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).

Por outras palavras, o Espírito Santo é a dinâmica da salvação que emana de Cristo ressuscitado. Ele é o fruto da Vida Eterna que o Novo Adão nos proporciona.

São Paulo realça com muita ênfase a diferença entre o Velho Adão e o Homem Novo, Jesus Cristo, o Novo Adão:

“Se alguém está em Cristo é um Nova Criação. Passou o quer era velho. Eis que tudo se fez novo.
Tudo isto nos vem de Deus que nos reconciliou consigo em Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19.

A Primeira Carta aos Coríntios diz que o primeiro Adão era um ser vivente, graças ao hálito da vida que Deus lhe comunicou no princípio (cf. Gn 2, 7).

O Novo Adão, pelo contrário, tornou-se um Espírito vivificante, pois ao ressuscitar difundiu para nós a força ressuscitadora do Espírito Santo, faz de nós uma Nova Humanidade (1 Cor 15, 42-45).

O Espírito Santo é o sangue vivificante de Deus que alimenta e dinamiza a união orgânica que nos liga ao Pai e ao Filho (Rm 8, 14-16).

Eis as palavras da Segunda Carta aos Coríntios: ainda que o nosso corpo, com os anos, se vá gastando e envelhecendo, a nossa interioridade espiritual vai-se tornando cada mais robusto pela acção do Espírito Santo (2 Cor 4, 16).

O primeiro Adão conduziu-nos para o caminho do fracasso universal. O Novo Adão guiou-nos para o caminho da comunhão com Deus, obtendo o perdão do nosso pecado e a nossa reconciliação com Deus (2 Cor 5, 19-21).

São Paulo diz que estamos organicamente unidos ao Novo Adão, pois somos membros do seu corpo (1 Cor 12, 27).

Eis a imagem bonita que o evangelho de São João põe na boca de Jesus para exemplificar a nossa união orgânica com Cristo:


“Permanecei em mim, que eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim.


Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, esse dá muito fruto” (Jo 15, 4-5).
O evangelho de São João diz que a Eucaristia é a proclamação da união orgânica que nos liga a Cristo:


“Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, do mesmo modo o que me come viverá por mim” (Jo 6, 57).


É este o fruto da Árvore da Vida que nos vem por Cristo ressuscitado. Ele é o Novo Adão.
O velho Adão, devido ao seu pecado, foi causa de morte para nós (Gn 3, 22).

Eis algumas alegorias do Livro do Apocalipse, as quais simbolizam Jesus como a Árvore da Vida:

“ No meio da Praça da Cidade, junto às margens do rio, está a Árvore da Vida, a qual produz doze colheitas de frutos: em cada mês o seu fruto.


As folhas da Árvore servem de medicamento para todas as nações” (Apc 22, 2). Noutra passagem, o Livro do Apocalipse contempla a multidão dos eleitos a receber de Deus o fruto da Árvore da Vida, o qual lhes proporciona a Vida Eterna:


“Ao vencedor dar-lhe-ei a comer o fruto da Árvore da Vida que está no Paraíso” (Apc 2, 7). Fala ainda dos que mantiveram as vestes limpas, isto é, aqueles que mantiveram o amor no seu coração:

“Felizes os que lavam as suas vestes para ter acesso à Árvore da Vida” (Apc 22, 14).

A Primeira Carta de São João diz que os eleitos conhecem Deus através do amor: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.


Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8). Em seguida,
acrescenta:

“Nós amamos porque Deus nos amou primeiro. Se alguém disser:”Eu amo a Deus, mas tiver ódio ao seu irmão, esse é mentiroso, pois quem não ama o seu irmão que vê não pode amar ao Deus que não vê” (1 Jo 4, 19-20).


E a Primeira Carta de São João culmina esta linha de pensamento dizendo: “Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4, 16).

São Paulo vai nesta mesma linha quando afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (cf. Rm 5,5).

Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias



10 dezembro, 2009

CRISTO E A VITÓRIA SOBRE O PECADO

Pecar é opor-se ao amor e, portanto, recusar-se a crescer como pessoa através de relações fraternas.

Só há pecado quando a pessoa tem a possibilidade de dizer sim ao amor e decide dizer não. Ao pecar, a pessoa diz não à sua realização pessoal e condiciona ou bloqueia a realização dos outros.

Por outras palavras, a pessoa que peca inscreve ritmos negativos, isto é, forças de bloqueio tecido social.

Face à realidade do pecado, a pessoa pode encontrar-se em duas situações diferentes: situação de vítima, ou situação de culpada.

A vítima do pecado sofre as suas consequências negativas sem ter qualquer culpa desse pecado.
Quantos milhões de crianças, por exemplo, sofrem as terríveis consequências pecado sem dele serem culpadas.

Há pessoas que fazem o mal, mas que na realidade são vítimas do pecado e não pecadoras. Estão neste caso as multidões de mal amados com distorções psíquicas e comportamentos compulsivos cuja origem está no facto de terem sido mal amados.

O evangelho dá provas de possuir uma grande sabedoria quando nos proíbe de julgar os outros.
Na verdade, nós não temos nas mãos a história das experiências dolorosas e traumatizantes das pessoas.

É verdade que os outros nos capacitam mas também nos condicionam nas possibilidades de amar e fazer o bem.

A lei do amor é esta: ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado e o mal amado ama mal, mesmo quando dá o melhor de si.

Do mesmo modo que o amor dos outros nos capacita para amar, as suas recusas de amor, condicionam-nos nas nossas possibilidades de amar.

Na verdade, a pessoa humana começa por ser o que os outros fizeram dela, mas o mais importante é o que ela faz com as possibilidades que recebeu.

O feixe primordial das possibilidades e condicionamentos que as pessoas recebem formam o leque dos talentos que, logo à partida, faz da pessoa um ser único, original e irrepetível.

Referindo-se à diversidade dos talentos, Jesus diz que umas pessoas recebem, cinco, outras recebem dois, três ou um (cf. Mt 25, 14-30).

Os seres humanos não são peças de artesanato feitas em série. Por ser uma oposição ao amor, o pecado mata possíveis de realização humana, tanto no pecador, como nas vítimas do pecado.

O Livro do Génesis diz que o pecado de Adão deu como fruto imediato o fratricídio de Caim, o qual matou seu irmão Abel (Gn 4, 8-16).

Talhado por Deus para criar fraternidade através do amor, o Homem, ao pecar, inicia uma cadeia de fratricídios, opondo-se ao plano da Família Universal de Deus.

Jesus Cristo, diz São Paulo, é o Novo Adão. Tal como pelo pecado de Adão veio o fracasso da morte, a vitória da Vida Eterna veio por Jesus (1 Cor 15, 20-21; Rm 5, 17-19).

Segundo a maneira de entender da bíblia, a Humanidade forma um todo orgânico. Como Adão era a cabeça da Humanidade, o seu pecado difunde-se de modo orgânico.
O Livro do Génesis diz que Deus expulsou Adão do Paraíso devido ao seu pecado (Gn 3, 23-24).
Como Adão era a cabeça desse corpo imenso que é a Humanidade. Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga. Por outras palavras, devido ao pecado de Adão todos os seres humanos ficaram sem acesso ao Paraíso.

No momento da sua morte e ressurreição, diz o evangelho de São Lucas, Jesus reabre as portas do Paraíso e a Humanidade entra com ele na plenitude da Vida Eterna.

Eis o que Jesus diz ao Bom Ladrão no momento da sua morte e ressurreição: “Em verdade te digo: hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).

Por outras palavras, a vitória sobre a infidelidade de Adão foi alcançada por Jesus Cristo, o qual nos introduziu de novo no caminho da comunhão com Deus.

Eis um ensinamento importante feito por Jesus aos Apóstolos: “Jesus respondeu a Filipe:”Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai, senão por mim” (Jo 14, 6).

Adão opôs-se ao plano de Deus, colocando a Humanidade no caminho da perdição. Jesus Cristo realizou de modo perfeito a vontade do seu Pai do Céu, introduzindo-nos deste modo, no caminho da salvação:

“O meu alimento, diz Jesus no evangelho de São João, é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).

Depois acrescenta: “Eu não procuro a minha vontade, mas a vontade de quem me enviou” (Jo 5, 30).

A atitude de Jesus face a Deus é totalmente oposta à atitude de Adão. O relato bíblico do pecado de Adão ensina-nos que todos nós, ainda antes de sermos pecadores, á somos vítimas do pecado.
Isto quer dizer que a vocação básica do ser humano é a sua humanização mediante relações de amor, a fim de atingir a plenitude da comunhão com Deus.

A lei da humanização é esta: “Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a fraternidade e a comunhão universal”.

Para realizarmos esta meta podemos contar com a presença do Espírito Santo no nosso íntimo que é, como diz São Paulo, o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Sem amor o coração do ser humano fica árido como um tronco ressequido na vastidão de um deserto.

Quando o amor não emerge no coração de uma pessoa, a fonte da alegria seca e o vigor da vida murcha.

Sem amor, a pessoa não se pode estruturar, pois ela foi talhada para o encontro e a comunhão.
O coração é o núcleo mais íntimo de uma pessoa, a partir do qual emerge e se configura o nosso ser espiritual.

O nosso coração é o ponto de encontro do corporal com o espiritual, tal como a luz é o ponto de encontro da matéria com a energia e o vírus o ponto de encontro da vida com o pré vivo.

Podemos dizer ainda que o nosso coração é o ponto de emergência do qual brotam as decisões que optimizam as nossas relações de amor.

Quando o coração do ser humano está vazio de amor, essa pessoa fica dominada pela solidão, o tormento de não poder possuir-se nem atingir uma realização plena.

Sem amor, o coração da pessoa é um espaço onde não habita a alegria do face a face e da reciprocidade.

Sem água, as plantas secam e os animais não podem viver. Assim acontece à pessoa que não tem amor no coração.

Com o coração vazio de amor, a pessoa está privada da força necessária para se construir na vida.

É por esta razão que as nossas recusas de amor não só impedem a nossa estruturação pessoal, como bloqueiam a realização das pessoas que se cruzam connosco na vida.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


16 novembro, 2009

VIVEU PARA DEUS E TOMOU O AMOR A SÉRIO

Olhar para o seu jeito de querer bem às pessoas era ver o rosto amoroso Deus. A sua grande paixão era defender a dignidade das pessoas, denunciando tudo o que machuca o Homem e o impede de se realizar como ser livre livre.
Amava a simplicidade das crianças e deixava sempre mais felizes as pessoas que comunicavam com ele.

Não tinha pretensões a ser rico ou poderoso e por isso preferia a companhia dos mais simples e pobres.

Jamais foi cobarde. Por isso defendia sempre os que não sabiam defender-se. Amava de modo incondicional e defendia a partilha de bens como caminho para chegar à abundância.

Os bens da Terra só chegarão para todos, dizia ele, se as pessoas aprenderem a partilhar. Jamais defendeu a morte ou a marginalização dos pecadores, mas o maior dos seus sonhos era acabar com o pecado.

Inaugurou o baptismo no Espírito Santo, a fim de renovar o coração das pessoas, fazendo-as passar do egoísmo para fraternidade.
Denunciava corajosamente os que oprimiam em nome da religião, da política ou do dinheiro.
As pessoas que o encontravam descobriam novas razões para viver e amar.
A sua mensagem minava os sistemas caducos que queriam impedir o nascimento da Nova Humanidade.
Eis a razão pela qual os poderosos e os detentores dos privilégios não queriam que ele vivesse.
Agia assim e depois declarava que a sua missão vinha de Deus.
Entre os seus inimigos mais ferozes estavam os sacerdotes e os doutores da Lei. Aliás, foram eles que programaram a sua morte.

Mataram-nos, pensando livrar-se dele para sempre. Mas ele sabia bem que o seu Pai do Céu o ia restaurar, pois estava seguro que Deus toma partido pelos que gastam a vida pelas causas do amor.

Como tinha a força e a luz do Espírito Santo, estava seguro de que Deus não o ia abandonar e que a sua missão não podia acabar no fracasso.
Tinha consciência de que a sua vida não era apenas sua, pois tomava Deus a sério, ao ponto de fazer dele a causa primeira da sua vida.
Por isso Deus lhe confiou uma missão em favor de todos os seres humanos. Levou o amor até à densidade máxima, isto é, dar a vida por aqueles a quem se ama.

Como se deu totalmente, a sua vida deixou de ser apenas sua. Ao ressuscitar difundiu o Espírito Santo para nós, a fim de nos ressuscitar com ele e sermos incorporados na Família de Deus.
Uma vez ressuscitado, a sua vida circula no coração de todos os que abrem o coração à fraternidade e ao amor.
Os seus inimigos mataram-no, mas Deus restaurou a sua vida, fazendo dele o alicerce e a cúpula da Nova Humanidade.
Graças à sua ressurreição, a Humanidade deu um salto de qualidade: De não divinos os seres humanos passaram a ser pessoas divinizadas mediante a assunção e incorporação na Família de Deus.

Como um pão que se reparte para alimentar a vida dos outros, assim foi a sua vida. Só atacava o que desumaniza o homem e o impede de se realizar e ser feliz.

Não confundia o pecado com o pecador. Ao pecador procurava libertá-lo, curando as feridas do seu pecado.

Ao pecado, pelo contrário, tentava destruí-lo, a fim de salvar a vida e a dignidade das pessoas.
Nasceu na Palestina e o seu nome era Jesus de Nazaré.

Deu-se totalmente pela missão que Deus lhe confiou, pois decidiu fazer de Deus a causa primeira da sua vida.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


12 outubro, 2009

DIALOGANDO COM DEUS SOBRE CRISTO


Pai Santo,
O Livro dos Actos dos Apóstolos conseguiu resumir em meia dúzia de frases e de forma genial a missão messiânica de Jesus Cristo. Eis as suas palavras:

“Sabeis o que ocorreu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do baptismo que João pregou:

Como Deus ungiu Jesus de Nazaré com o Espírito Santo, o qual andou de lugar em lugar fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelas forças do mal, pois Deus estava com ele” (Act 10, 37-39).

Estas palavras são fruto da acção reveladora do Espírito Santo, pois é ele o narrador da vida e missão de Jesus de Nazaré.

Eis o que Jesus disse a este propósito: “Quando vier o Espírito da Verdade vai conduzir-vos para a verdade plena.

Ele não falará de si próprio, mas há-de dar-vos a conhcer tudo o que viu e ouviu e anunciar-vos-á o que há-de vir.

Ele manifestará a minha glória, pois anunciará o que é meu e vo-lo dará a conhecer” (Jo 16, 13-14).

No evangelho de São Lucas Jesus diz que foi este mesmo Espírito Santo que o consagrou para anunciar a Palavra de Deus:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres.
Enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista.

Enviou-me a mandar em liberdade os oprimidos e a proclamar o ano favorável da parte do Senhor” (Lc 4, 18-19).

Depois de ter lido este texto de Isaías na sinagoga da sua terra, Jesus disse para as pessoas que estavam na sinagoga:

“Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem que acabastes de ouvir” (Lc 4, 21).

Pai Santo
Jesus afirmou que o seu jeito de amar é em tudo semelhante ao teu. Na verdade, o seu jeito de acolher os pobres e perdoar aos pecadores era a expressão humana do teu amor por todos nós.

Por isso ele podia dizer: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30). Por isso é que Jesus, no evangelho de São João diz: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).

Pelo mistério da Encarnação Jesus de Nazaré e o o teu Filho Unigénito formaram uma união orgânica e interactiva, animada pelo Espírito Santo.

Isto quer dizer que em Jesus Cristo o Humano e o Divino fazem um, mas sem se confundirem ou
fundirem.
Por ser um homem em tudo igual a nós, Jesus fazia parte de uma raça e de uma nação. Como esteve sujeito ao processo de crescimento e amadurecimento humano construiu uma história pessoal que podíamos resumir assim:

A sua grande paixão era fazer a vontade de Deus. Amava a simplicidade das crianças e defendia com coragem os que não eram capazes de se defender.

Deixava mais felizes as pessoas que tinham a sorte de o encontrar. Partilhava com as pessoas a sua vida e os bens. Amava a todos, mas preferia acompanhar com os mais pobres.

Como habitava nele a totalidade do Espírito Santo nunca foi cobarde. Inaugurou o Baptismo no Espírito, a fim de renovar o coração das pessoas, fazendo-as passar do egoísmo para o amor fraterno.

Como se deu totalmente, tornou-se o alicerce da Nova Humanidade incorporada na Família de Deus.

Graças à sua capacidade de amar e querer o bem de todos os seres humanos, Deus confiou-lhe uma missão com um alcance universal.

Levou o amor à sua profundidade máxima, isto é, até dar a vida pelos outros. Como se deu inteiramente aos outros, agora, a sua vida é também de todos nós!

Eis a razão pela qual, ao ressuscitar, difundiu para nós o Espírito Santo que nos introduz na Família de Deus.

Os seus inimidos mataram-no, mas Deus restaurou a sua vida, ressuscitando-o e fazendo dele o alicerce do Homem Novo.

Partilhou tudo: os bens, a vida e a tua Palavra, Pai Santo. Após a sua ressurreição tornou-se a cepa da videira cujos ramos somos todos nós.

Deu-nos o Espírito Santo que é a seiva da videira que vem dele para nós, vivificando-nos e tornando-nos ramos fecundos (Jo 15, 4-5).
Aleluia!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias



01 outubro, 2009

O SEU NOME ERA JESUS DE NAZARÉ

Nasceu entre os pobres e viveu a condição da gente simples da Galileia. A sua grande paixão era conduzir a Humanidade para a comunhão da Família de Deus.

Contra o que era costume no seu meio, tratava Yahvé por Abba, isto é, Papá.

Ensinava as pessoas a falar com Deus como um filho fala com seu pai, dizendo: Pai-Nosso que estais no Céu.

Era corajoso e punha-se sempre do lado dos marginalizados e dos oprimidos. Tomava partido pelos que não eram capazes de se defender, tornando-se a voz dos que não tinham força para defender os seus direitos.

Deixava mais felizes os que tinham a sorte de comunicar com ele em Profundidade. Nunca ninguém ficou mais pobre pelo facto de o ter encontrado.

Defendia a partilha dos bens como caminho seguro para se chegar à abundância. Se abrirmos o coração à fraternidade e seguirmos o caminho da partilha, ensinava ele, os bens da terra chegarão para todos e ainda vai sobrar.

Foi isto que ele quis ensinar com o milagre dos três pães e dos dois peixes partilhados, os quais chegaram para alimentar uma multidão.

Os três pães chegaram para todos e ainda sobraram vários cestos cheios de pedaços. Sentia-se bem entre os simples e os que tinham um coração capaz de acolher os outros.

Apreciava muito a companhia dos pobres, pois estes têm uma grande capacidade de partilhar.

Jamais defendeu a marginalização dos pecadores, apesar de se opor sempre ao pecado.

Na verdade, o seu sonho era banir o pecado da História Humana, pois este é a fonte da violência e do ódio e das guerras que atormentam as sociedades e os povos.

Apesar de se opor ao pecado nunca defendeu a morte dos pecadores, como faziam os sacerdotes e os fariseus do seu tempo.

Foi esta a razão pela qual ele tomou partido pela mulher adúltera, apesar de ser contra o adultério.

A destruição do pecado, segundo a sua maneira de entender, acontece no íntimo do coração humano pela acção do Espírito Santo.

Na verdade, só o Espírito Santo é capaz de renovar os nossos corações, fazendo-nos passar do egoísmo para o amor fraterno.

Dirigindo-se aos sacerdotes e aos doutores da Lei, um dia disse-lhes que eles pretendiam dominar o povo simples impondo-lhes normas e preceitos que não passam de invenções humanas.

Os que o escutavam com atenção encontravam sempre razões novas para viver. Não fazia publicidade dos seus gestos de generosidade, pois ele amava sem fazer alarde.

A Palavra de Deus era o grande amor da sua vida e exultava de alegria no Espírito Santo quando sentia que as pessoas compreendiam e acolhiam a sua mensagem.

Os detentores do poder e das riquezas não queriam que ele vivesse, pois a sua mensagem minava os sistemas caducos e as estruturas opressivas da sociedade em que vivia.

Como é costume nestes casos, os poderosos começaram a deturpar a sua mensagem e a verdade da Palavra de Deus, a fim de justificarem os seus planos para destruir a vida dos profetas.

O seu nome era Jesus de Nazaré. Denunciava o pecado, pois este mutila o Homem. Mas não sentia ódio pelos pecadores.

Foi por esta razão que no momento da sua morte, pediu a Deus que perdoasse o pecado dos seus assassinos.

Justificava o seu modo de actuar dizendo ser essa a vontade de Deus. O meu alimento, dizia ele, é fazer a vontade do Pai que me enviou.


Numa noite fria e escura os seus inimigos invadiram a sua casa, deixando-a vazia.

Fizeram-no desaparecer da companhia dos que o amavam. Mas Deus tomou partido por ele, ressuscitando-o.

De facto, Deus não permite que as pessoas que gastam a vida pelas causas do amor, acabem no vazio do cemitério.

O amor não pode terminar na morte, pois Deus é amor. Teve a sorte dos profetas, isto é, foi morto pelos inimigos da verdade e do bem.

Apesar de morrer rodeado de inimigos o seu coração estava tranquilo, pois tinha a certeza de que Deus ia restaurar a sua vida.

Eis a razão pela qual ele passou a vida a fazer bem a toda a gente e a pregar que a meta da nossa vida é a comunhão universal da Família de Deus.

Ele tinha a certeza de que nenhum homem pode destruir o projecto de amor que Deus sonhou para a Humanidade.

Foi para conduzir a Humanidade para esta meta feliz que ele viveu e morreu. No início da sua missão, o Espírito Santo consagrou-o, a fim de ele ter a força necessária para ser fiel até ao fim.

Eis a razão pela qual ele se sentia segura e tinha força para enfrentar as forças negativas que tentam desumanizar as pessoas e as sociedades.

Tinha a missão de inverter a dinâmica destrutiva do pecado de Adão. Com a sua infidelidade ao plano de Deus, Adão colocou a Humanidade no caminho do fracasso.

Jesus de Nazaré, com a sua fidelidade incondicional à vontade de Deus, colocou-nos no caminho que leva a fraternidade universal e à nossa incorporação na festa da Família Divina.

Ele é o Novo Adão, pois coube-lhe a missão de libertar o Homem das distorções operadas pelo Antigo Adão.

Eis as palavras de São Paulo a este respeito: “Assim como pela falta de um só veio a condenação e a morte, assim também, pela vida justa de um só veio para todos a Graça que dá a vida” (Rm 5, 18).

Levou o amor até à sua densidade máxima, dando a sua vida por todos nós, a fim de fazer de nós irmãos seus e filhos do seu Pai do Céu.

O seu nome era Jesus de Nazaré. Ensinava as pessoas a amarem-se umas às outras, a fim de se realizarem e serem felizes.

Ensinou aos seus discípulos que a profundidade máxima do amor se atinge quando uma pessoa dá a vida por alguém.

Eis as palavras que ele usou para fazer do amor o seu único mandamento: “É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (15, 12-13).

Ao morrer por nós, partilhou totalmente o seu ser, ao ponto de a sua vida se tornar um património comungável por todos os seres humanos.

Por outras palavras, como se deu totalmente, a sua vida deixou de ser apenas sua. Eis a razão pela qual, ao ressuscitar, difundiu por todos o Espírito Santo, essa Água Viva que gera vida eterna no nosso íntimo.

Após a sua ressurreição ficámos organicamente unidos a ele. Por isso ele nos transmite a semente da vida Nova, isto é, o Espírito Santo (1 Jo 3, 9).

Ele é, diz o evangelho de São João, a cepa da videira cujos ramos somos nós (Jo 15, 1-8). Uma vez ressuscitado tornou-se o coração da Comunhão Universal que une de modo definitivo o Homem com Deus.

Os seus inimigos, pensaram destruir a sua morada e, deste modo, bani-lo do nosso meio.
Na verdade, forçaram a as portas da sua habitação terrena matando-o.

Mas Deus restaurou-o, fazendo dele a coluna que sustenta o edifício da Nova Humanidade. Após a sua ressurreição ficou mais unido a nós do que antes, pois o ponto de encontro e comunhão com ele passou a ser o nosso coração.

Como um pão que se reparte para alimentar a vida dos outros, assim foi a sua vida. Por isso nos deixou a Eucaristia, onde se dá a todos na linguagem do pão partilhado.

Como tomava Deus e o Homem a sério, reuniu as condições perfeitas para ser o nosso Salvador e o condutor da caminhada que conduz ao nascimento do Homem Novo.

Ele é, como diz São Paulo, a cabeça da Nova Criação reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19).

Unidos a toda a Humanidade nós queremos proclamar o grande dom da salvação e a nossa
entrada na Família de Deus graças à doação de Jesus Cristo!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

29 setembro, 2009

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO EM SÃO JOÃO-I

I-O JUÍZO ESTÁ EM PROCESSO

O evangelho de São João é o único que supera definitivamente o conceito de uma segunda vinda apocalíptica.

O juízo de Deus dá-se mediante o encontro com Jesus, o portador da vida nova que brota do Espírito Santo.

Cristo é o juiz por ser o Filho do Homem, isto é, o Messias glorificado no céu à maneira do Filho do Homem de Daniel (Dan 7, 12s).

Após a Sua glorificação, Jesus torna-se a fonte da vida e da ressurreição:

“O Pai tem a vida em si mesmo. Do mesmo modo concedeu ao Filho ter a vida em si mesmo.
E deu-lhe o poder de julgar por ser o Filho do Homem (...).

Vai chegar a hora em que todos os que estão nos túmulos ouvirão a Sua voz. Os que tiverem praticado boas obras ressuscitarão para a vida.

Os que tiverem praticado o mal ressuscitarão para a condenação. Eu nada faço por mim mesmo. Conforme oiço é que julgo, e o meu juízo é justo porque não busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou” (Jo 5, 26-30).

No evangelho de São João, o juízo é, pois, o reconhecimento da fidelidade de Deus. Este reconhecimento é um dom do Espírito Santo realizado no nosso coração.

Eis as palavras de Jesus: “Convém-vos que eu vá. Se eu não for, o Consolador não virá a vós. Mas se eu for, enviar-vo-lo-ei.

Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16, 7). Para o evangelho de São João, o juízo começou com a ressurreição e a glorificação de Jesus.

Foi nesta altura que o Espírito entrou na marcha da Humanidade exercendo a sua missão de defensor e consolador, introduzindo-nos na Família de Deus:

Ao dar-nos o Espírito Santo, Jesus deu-nos o poder de nos tornarmos filhos de Deus:

“Mas aos que o receberam, aos que acreditam nele, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.

Estes não nasceram do sangue, nem dos impulsos da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus (Jo 1, 12-13).

Isto é possível porque o Verbo encarnou (Jo 1, 14). Por outras palavras, o divino enxertou-se no humano, afim de a Humanidade ser assumida em Deus.

Os judeus julgam segundo a carne, isto é, segundo os critérios do judaísmo. Jesus não julga assim:

“Quando vier o Consolador que vos hei-de enviar da parte do Pai, o Espírito da verdade que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo 15-26).

A segunda vinda de Jesus no evangelho de São João não se realiza como um acontecimento cósmico e trágico, tal como acontece nos outros três evangelhos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A SEGUNDA VINDA DE CRISTO EM SÃO JOÃO-II

II-JESUS VEM PARA SALVAR, NÃO PARA CONDENAR

Jesus vem, pelo Espírito, para conduzir os eleitos Deus para a casa do Pai: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, ter-vo-lo-ia dito.

Vou preparar-vos uma morada. Depois de ter ido e vos ter preparado essa morada, virei outra vez e levar-vos-ei comigo” (Jo 14, 2-3).

O juízo é realizado pelo Espírito Santo no coração das pessoas. Isto quer dizer que o coração é o ponto de encontro com a verdade de Deus e do Homem:

“O Espírito da verdade que procede do Pai dará testemunho de mim” (Jo 15, 26b).O Espírito é a garantia da nossa união com Deus e da nossa salvação:

“Deus é Amor. Quem permanece no Amor permanece em Deus e Deus permanece nele. O Seu Amor é perfeito para connosco, a fim de que estejamos confiantes no dia do juízo (...).

No amor não há temor, pois o Amor, quando é perfeito, lança fora o temor. O temor pressupõe o castigo. O que teme não é perfeito no amor» (1Jo 4, 16b-18).

A condenação acontece apenas para os que se fecham ao dom de Deus:

“Quem acredita no Filho de Deus não é condenado. Quem não acredita nele já está condenado (...).
A causa da condenação é esta: a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz. Isto porque as suas obras eram más” (Jo 3, 18-19).

O juízo já está acontecer, pois o Senhor já difundiu o Espírito Santo:

“Agora é que se realiza o julgamento do mundo. É agora que o príncipe deste mundo é expulso” (Jo 12, 31).

Deus não anda à procura de razões para condenar as pessoas. Se assim fosse estávamos todos condenados.

Pelo contrário, antes de nós o amarmos já ele nos amava e sonhava com um plano salvador para todos nós.

Eis as palavras da Primeira Carta de São João: “Nós amamo-lo porque Ele nos amou primeiro” (1Jo 4, 19).

A verdade do juízo de Deus está precisamente nesta interacção: amor a Deus, amor aos irmãos:

“Se alguém disser: “Amo a Deus, mas odiar o seu irmão, é mentiroso”. Quem não ama o irmão que vê não pode amar a Deus a quem não vê” (1Jo 4, 20).

A missão de Cristo, diz o evangelho de São João, não é condenar, mas salvar o Homem:

“Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, não sou eu que o condeno, pois eu não vim para condenar o mundo, mas para o salvar” (Jo 12, 47).

No último dia, o homem será confrontado com a verdade da mensagem e com o modo como a aceitou ou a rejeitou:

“Quem me rejeita e não acolhe as minhas palavras tem quem o condene. A mensagem que anunciei é que há-de condená-lo no último dia” (Jo 12, 48).

Confrontar-se com a mensagem de Jesus é confrontar-se com o Espírito Santo que habita no íntimo do nosso coração:

“Quando vier o Espírito da Verdade, guiar-vos-á para a verdade total. Ele não falará de si mesmo. Dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á o que há-de vir.

Glorificar-me-á porque há-de receber do que é meu para vo-lo anunciar” (Jo 16, 13-14).

Ao ressuscitar, Jesus oferece ao Homem o maior de todos os dons, isto é, a possibilidade de participar na comunhão universal da Família de Deus.

Glorificar-me-á porque há-de receber do que é meu para vo-lo anunciar” (Jo 16, 13-14).

Em Jesus ressuscitado Deus oferece ao homem o maior de todos os dons, isto é, a possibilidade de participar na comunhão universal do Reino que é o mesmo que pertencer à Família de Deus.

A Salvação, portanto, é um dom. Isto quer dizer que o Homem pode aceitá-lo ou não. De outro modo não seria um dom, mas uma imposição.

O juízo de Deus joga-se nesta opção fundamental que determina a salvação ou a perdição da pessoa.

Por outras palavras, Deus não condena ninguém. As pessoas que vão para a morte eterna condenam-se por sua própria decisão.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

28 agosto, 2009

HINO A JESUS CRISTO RESSUSCITADO


Jesus Cristo Ressuscitado,

És o senhor da Vida, pois venceste a morte no próprio acto de morrer. Edificaste sobre o alicerce do amor e por isso a tua tenda não foi destruída pelos vendavais que a ameaçavam.

Como te deste de modo incondicional, não podias terminar no vazio da morte.

De ti nos vem o Espírito Santo que nos incorpora na comunhão universal do Reino de Deus cujo coração és tu.

Apesar de seres homem connosco também pertences à esfera de Deus. A tua interioridade humana está organicamente ligada à interioridade divina do filho Eterno de Deus. O vínculo que une e dinamiza esta interacção humano-divina é o Espírito Santo.

Por outras palavras, Jesus de Nazaré, o pilar humano da tua realidade, faz um com o Filho Eterno de Deus, não por se fundirem ou misturarem, mas porque interagem de modo directo.

Tu és o Cristo de Deus. A tua realidade assenta em dois pilares que fazem uma unidade orgânica no Espírito Santo.

Esta união orgânica é semelhante à união orgânica que existe entre Deus Pai e o Filho Eterno de Deus, os quais fazem uma união orgânica no Espírito Santo.

No evangelho de São João tu mesmo dizes isto quando afirmas: “Eu e o Pai somos Um” (Jo 10, 30).

Jesus Cristo Ressuscitado,
Tu és o Senhor do Universo e a Cabeça da Nova Criação. Com a tua ressurreição chegou o fim dos tempos, isto é, o fim da gestação e o começo do parto que deu origem ao nascimento do Homem Novo.

Eis as palavras de São Paulo a este respeito: “Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. Passou o que era velho.

Tudo isto nos vem por Deus que, em Jesus Cristo nos reconciliou consigo, não levando mais em conta os pecados dos homens.

Por seres homem connosco pertences à comunhão humana universal.

Jesus Cristo Ressuscitado,
Por seres Deus com o Pai e o Espírito Santo, pertences à união orgânica da Santíssima Trindade.

És do lado de Deus e do lado Homem. Como Cristo, o teu rosto tem uma face humana e outra divina.

O Humano e o divino, em ti, interagem de modo directo e definitivo.

Esta é a razão pela qual tu és o único medianeiro entre Deus e o Homem (1 Tm 2, 5).

Elegeste a Humanidade como alvo do teu amor, dando a vida por ela. Por isso edificaste uma morada no coração de todos os seres humanos.

Viveste a nossa condição de homens em construção, por isso sintonizas plenamente connosco.

Em ti, a dimensão divina não anula a humana, pois Deus e o Homem não são concorrentes mas cooperantes e convergentes.

És a garantia de que o Divino, ao tocar o Humano, não o anula. Pelo contrário, optimiza-o, capacitando-o para dar frutos de Vida Eterna.

E assim nos asseguras que o humano será assumido no divino, sem o mutilar ou empobrecer.

Esta seiva é o Espírito Santo que, a partir da tua morte e ressurreição, nos é comunicado de modo intrínseco, como uma Água Viva que faz brotar em nós uma fonte de Vida eterna (Jo 7, 37-39).

Jesus Cristo Ressuscitado,

Só através de ti podemos atingir a divinização, sendo incorporados na Família Divina como filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho Deus.

Após a Encarnação, os seres humanos foram enriquecidos como os ramos de limoeiro, frágeis e doentes, são enriquecidos pela seiva da laranjeira vigorosa depois de nela terem sido enxertados.

Jesus Cristo Ressuscitado,
Tu mereces a gratidão de todas as gerações, pois abriste à Humanidade as portas do Paraíso fechadas por Adão.

Foi isto mesmo que disseste ao Bom Ladrão, como relata o evangelho de São Lucas (Lc 23, 43).

Em ti, o Humano e o Divino estão unidos para sempre. Por isso estamos salvos na medida em que formamos um todo orgânico contigo.

Tu disseste que a nossa união contigo é semelhante à união que existe entre a cepa da videira e os ramos (Jo 15, 1-7).

A nossa vida será fecunda, acrescentaste tu, se estivermos unidos a ti como os ramos da videira estão unidos à cepa (Jo 15, 4-5).

A fé cristã diz-nos que todos os seres humanos que se salvam, salvam-se em Jesus Cristo, sejam cristãos ou não.

Com os teus ensinamentos e o teu jeito de viver introduziste na marcha da História uma dinâmica de libertação, à qual se opuseram os opressores do teu tempo.

No momento da tua morte, os teus inimigos cantaram vitória. Na verdade, eles não podiam imaginar que, esse momento, significava a vitória da vida sobre a morte.

Como homem foste em tudo igual a nós excepto no pecado. Viveste ao lado dos outros homens sem os considerar inferiores ou indignos da tua amizade.

A tua acção era a expressão da vontade de Deus, revelando-nos deste modo o rosto e o coração bondoso do nosso Pai do Céu.

Na verdade, o amor com que nos amaste foi a expressão da paixão de Deus por todos nós.

Por isso, no momento da tua ressurreição, inauguraste com os que te precederam na história, a festa da Comunhão Universal.

Unidos a todos os que ressuscitaram contigo, nós proclamamos atua grandeza dizendo:
Glória a ti, Jesus Cristo Ressuscitado!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias