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28 abril, 2010

A NOVA ALIANÇA E A SABEDORIA DE DEUS

Pai Santo

Ainda o Universo não existia e tu já tinhas nos teus planos criar o Homem e relacionar-te com ele em jeito de Aliança de Amor Eterno.

De facto, a Nova e Eterna Aliança já estava presente como pano de Fundo ao teu plano Criador.
Tu estiveste sempre presente à génese da Criação a partir de dentro.

A Nova e eterna Aliança é expressão do teu jeito dinâmico de estar presente à Criação, sobretudo ao Homem que tu quiseste criar à tua imagem e semelhança (Gn 1, 26-27).

Tu és o Deus connosco. A tua casa é o coração do Universo em gestação. Com efeito, a tua morada é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Isto significa que nunca estás longe dessa obra-prima que é a tua Criação em marcha. Na verdade, tu não vieste cá abaixo para iniciar a génese criadora do Universo, retirando-te em seguida para uma transcendência longínqua e fora do Universo.

Pai Santo,

Tu relacionas-te com a Criação a partir de dentro, dinamizando o enorme feixe de interacções que constitui o processo criador, fazendo que a Criação avance na direcção da sua meta.

Com efeito, a Criação é um processo dinâmico ainda não acabado. A Nova e Eterna Aliança não é mais que a qualidade que tu, Pai, Santo, quiseste conferir às relações com o Homem, a cabeça da Nova Criação.

A essência da Nova e Eterna Aliança é uma comunhão amorosa cujo princípio dinamizador é o Espírito Santo.
Eis o modo como a Carta aos Efésios descreve a tua maneira de interagir de modo permanente com o Homem:

“Deus escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis na sua presença e vivermos no amor.

Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com a sua eterna vontade” (Ef 1, 4-5).

Depois diz que este plano esteve oculto durante milénios, mas foi dado a conhecer ao Homem na plenitude dos tempos. Eis as palavras de São Paulo:

“Agora podeis fazer uma ideia da compreensão que tenho do mistério de Cristo Jesus. Este mistério não foi dado a conhecer ao Homem nas gerações passadas, como agora foi revelado pelo Espírito Santo aos seus Apóstolos e Profetas ” (Ef 3, 4-5).

Trindade Santa:

Como Deus da Aliança, Vós sois um Deus fiel e verdadeiro. A Nova Aliança representa a plenitude de um projecto sonhado ainda antes de terdes iniciado a marcha da Criação.

A Antiga Aliança foi um passo importante para o Espírito Santo nos conduzir até Jesus Cristo.
Mas o vosso plano criador tinha como meta não a Antiga, mas a Nova e Eterna Aliança.

Podemos dizer que a Antiga Aliança foi um passo da acção pedagógica do Espírito Santo para conduzir a Humanidade à plenitude dos tempos, isto é, ao fim do tempo da gestação, dando início ao parto que origina o nascimento dos filhos de Deus, como diz a Carta aos Gálatas (cf. Gal 4, 4-7).

E a Carta aos Efésios acrescenta: “Com efeito, Cristo é a nossa paz. De dois povos fez um só, anulando o muro da separação, isto é, a Lei de Moisés com as suas normas e preceitos, a fim de criar um só Homem Novo com judeus e pagãos.

Os pagãos, portanto, já não são estrangeiros nem imigrantes na casa de Deus, mas concidadãos dos santos e membros da Família de Deus” (Ef 2, 14.19).

A Carta aos Gálatas diz que a Antiga Aliança estava em função da Nova e Eterna Aliança:

“Antes de chegar a plenitude da fé estávamos prisioneiros da Lei de Mosés:
A Lei tornou-se o pedagogo que nos conduziu até Cristo, a fim de sermos justificados pela fé.

Como sois filhos de Deus, já não estais sob o domínio do pedagogo (…). Já não há judeu ou grego. Não há escravo ou homem livre. Não há homem ou mulher, pois todos vós sois um só, graças à vossa união a Cristo Jesus” (Gal 3, 23-29).

A antiga Aliança tinha como alicerce a Lei de Moisés, a qual se multiplicava em normas, preceitos, ritos e mandamentos que não tinham qualquer eficácia para alcançar a salvação.

A Nova Aliança, pelo contrário, tem como alicerce o dom do Espírito Santo que realiza em nós a obra da salvação, como diz a Carta aos Romanos:

“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 14).

Os que vivem a dinâmica da Nova Aliança são conduzidos pelo Espírito Santo e ficam enriquecidos com os seus frutos.

Eis alguns dos frutos do Espírito Santo enumerados por São Paulo na Carta aos Gálatas: “E os frutos do Espírito Santo são: amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e auto-domínio. Contra tais coisas não há Lei” (Gal 5, 22).

Isto significa que a Nova Aliança não é uma simples continuidade em relação à Antiga, tal como Cristo não está apenas numa linha de continuidade em relação a Moisés.

De facto, a divinização do Homem realizada pela Encarnação, não está numa linha de simples continuidade em relação à libertação dos hebreus da escravidão do Egipto.

Na verdade, entre estes dois acontecimentos existe uma diferença qualitativa. A libertação realizada pela Nova e Eterna Aliança tem o alcance de uma salvação definitiva, a qual implica a assunção e incorporação da humanidade na Família da Santíssima Trindade (Jo 1, 12-14).

Deus planeou a salvação da Humanidade, diz a Carta aos Efésios, ainda antes da criação do Mundo (Ef 1, 4).

O Reino que havemos de herdar com Cristo ressuscitado foi preparado para nós, diz o evangelho de São Mateus, desde a Criação do mundo (Mt 25, 34).

A Segunda Carta a Timóteo diz que o plano salvador que Deus sonhou para nós foi concebido desde os tempos primordiais (2 Tim 1, 8-9).

Este plano não chegou até nós graças à bondade de Deus que no-lo revelou por Jesus Cristo. Eis o que São Lucas diz a este propósito:

“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse: "Eu te bendigo ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos.

Sim, Pai, de facto foi este o teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.

Voltando-se depois para os discípulos disse-lhes: “Felizes os olhos que vêem o que estais a ver.
De facto, digo-vos que muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 21-24).

A Carta aos Hebreus diz que Deus, ao falar de uma Nova Aliança declarou ultrapassada a Antiga.
O que se torna ultrapassado está prestes a desaparecer, assim acontece com a Antiga Aliança (cf. Heb 8, 13).

O Livro do Profeta Ezequiel promete ao povo uma Nova aliança, a qual será mais perfeita do que a Antiga:

“Lembrar-me-ei da Aliança que fiz contigo, no tempo da tua juventude e estabelecerei contigo uma aliança Eterna (…).
Estabelecerei contigo a minha Aliança Eterna e tu ficarás a saber que eu sou o Senhor” (Ez 16, 60-63).

Segundo o profeta Jeremias, a Nova Aliança assenta em novos alicerces, pois terá como fundamento um coração renovado pela acção do Espírito Santo:

“Dias virão em que estabelecerei uma Nova Aliança com a casa de Israel e a casa de Judá, oráculo do Senhor.

Não será como a Aliança que estabeleci com seus pais, quando os tomei pela mão para os fazer sair da terra do Egipto.

Apesar de eu os ter livrado da opressão, eles esqueceram-me e não cumpriram a Aliança que fiz com eles, oráculo do Senhor.

Esta será a Aliança que estabelecerei com a casa de Israel, depois desses dias, oráculo do Senhor:

Imprimirei a minha Lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração: Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jer 31, 31-33).

A Nova Aliança, ao contrário da Antiga, não será escrita em tábuas de pedra, mas é escrita no coração das pessoas pelo Espírito Santo que nos foi dado, diz São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios:

“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos vossos corações, conhecida e lida por todos os homens.

Na verdade, vós sois uma carta de Cristo confiada ao nosso ministério. Foi escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo.

Escrita, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações (…).

Na verdade, é Deus que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, enquanto o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 2-6).

E na Carta aos Romanos São Paulo acrescenta que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


05 abril, 2010

O UNIVERSO É O POEMA DE DEUS

Deus Santo,

No princípio, Vós imprimistes na Criação um sabor a ritmo e harmonia. A génese criadora do Universo é um poema vivo de amor.

No coração do Universo está a brotar um hino de beleza e poesia.


Através da evolução criadora do Universo, Vós estais escrevendo um poema dinâmico, cujo tema central é o Homem em construção.


Neste Cosmos em formação, cada estrela é uma estrofe, cada planeta um refrão.


São mais de cem mil milhões as estrelas da nossa Galáxia que se espalham por este céu azul que prolonga o mar.


Mas além da nossa galáxia, o Universo é constituído por mais de cem mil milhões de outras galáxias variadas e coloridas.

A nossa fé convida-nos a celebrar a Vossa bondade, Deus Santo, a fim de saborearmos o sentido deste Universo em gestação.


São estrelas, galáxias, sistemas solares, planetas e cometas.

São também Nebulosas coloridas e brilhantes, são auroras boreais e asteróides.


Cantar a harmonia da vossa Criação é proclamar um poema cujo tema dominante é o vosso amor criador e salvador.


O refrão fundamental do vosso poema de amor é Jesus Cristo, ponto de encontro do humano com o divino.


Nele, o divino diz-se em grandeza humana e o Homem é assumido na própria Família de Deus.


Jesus Cristo é a Palavra eficaz que preside ao processo criador. À medida que nos revela o Vosso plano salvador realiza a obra da Salvação.


Sem esta Palavra fundamental, o vosso poema Deus Santo, ficava vazio de sentido.


Na cúpula do vosso poema criador está a Humanidade, essa multidão de pessoas em construção.


No concreto de cada pessoa a Humanidade emerge de modo único, original e irrepetível.
Os poetas humanos cantam emoções, paixões e sofrimentos. Muitos dos seus versos são expressões de desilusão, amores traídos e frustração.

O vosso poema, pelo contrário, fala-nos da harmonia do Universo e da festa da Vida que faz as delícias da comunhão definitiva do Homem com Deus.

Antes de terdes criado as aves do Céu, os animais domésticos, os répteis e os animais selvagens, Vós já estáveis pensando no Homem e na vossa Aliança de Amor Eterno.


Depois de terdes criado o Homem com um amor eterno, Vós lhe oferecestes a ternura maternal do Espírito Santo.

Logo a seguir Vós nos chamastes pelo nosso nome, escrevendo-o na palma da vossa mão, a fim de não o esquecerdes.


Vós nos criastes inacabado, a fim de tomarmos parte na nossa própria criação.


Com o aparecimento do Homem, surge a vida pessoal e espiritual na marcha da Criação.


Criador e Criação já podem comungar, pois a Divindade é pessoas e a Humanidade também.

Glória a Vós, Trindade Divina, Família primordial que sonhou esta maravilha do Universo em gestação.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


17 março, 2010

JESUS E O CONHECIMENTO DO AMOR

Jesus tinha um conhecimento perfeito da dinâmica do amor, pois conhecia o mistério de Deus em profundidade.

Ele sabia que Deus é amor e que o amor está no início da génese criadora do Universo. Tinha uma consciência perfeita de que o amor é o alicerce de uma estruturação equilibrada da pessoa humana.

De facto, a experiência diz-nos que a pessoa bem-amada está capacitada para amar bem, ao passo que o mal-amado ama mal.

Foi por esta razão que Jesus fez do amor o seu mandamento. A religião judaica do seu tempo estava enredada numa multidão de mandamentos, normas e preceitos que até os sacerdotes e os doutores se sentiam hesitantes no meio de tanta confusão.

Jesus apercebeu-se de que este emaranhado de leis e preceitos não ajudava as pessoas a amar a Deus e aos irmãos.

Foi então que ele decidiu substituir a multidão das normas e preceitos por um mandamento a que ele deu o nome de “Um Mandamento Novo”.

Eis as suas palavras no evangelho de São João: “ Dou-vos um mandamento novo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei. As pessoas saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros” (Jo 3, 34-35).


São Paulo compreendeu muito bem a importância a importância desta decisão de Jesus que levou Jesus a pôr o amor em lugar em lugar de uma multidão de ritos, cultos e preceitos sem valor.

Eis as palavras de São Paulo na Carta aos romanos: “Na verdade, amar o próximo como a si mesmo resume e cumpre toda a Lei de Moisés” (Rm 13, 8).

Depois acrescenta: “Com efeito, o amor é o pleno cumprimento de toda a Lei (Rm 13, 10). Foi isto mesmo que Jesus quis dizer quando afirmou que ele não veio anular os mandamentos a Lei, mas cumpri-la até ao último ponto.

Com estas palavras, Jesus quis dizer que a sua decisão de amar as pessoas, fazendo bem a toda a gente era o modo concreto de realizar a meta do amor universal, às qual os mandamentos e normas da Lei não conseguiam realizar.

Inspirado nos ensinamentos de Jesus, São Paulo compôs um hino que é dos poemas mais belos que a Humanidade já escreveu sobre o amor:

“Ainda que eu fale as línguas dos anjos e dos homens, se não tiver amor não passo de um bronze que soa e faz barulho.

Mesmo que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, se não tiver amor não me vale de nada.

Ainda que eu tenha uma fé capaz de deslocar montanhas, se não tiver amor, nada sou. Mesmo que eu distribuísse todos os meus bens pelos pobres e me entregasse para ser martirizado, se não tiver amor, de nada me aproveita.

O amor é paciente e prestável. O amor não é invejoso. Não é arrogante nem orgulhoso. O amor nada faz de inconveniente nem gira sempre à volta do seu interesse.

Também não se irrita nem guarda ressentimentos. Não se alegra com a injustiça, mas rejubila com a verdade.

O amor desculpa tudo e acredita sempre. Espera tudo e tudo suporta. O amor jamais passará” (1 Cor 13, 1-8).

São Paulo foi o maior teólogo do Século Primeiro. Como era judeu, podia compreender de modo privilegiado a opção de Jesus pelo amor.

Jesus compreendia as propostas do amor no seu alcance mais profundo. Foi por isso que ele pediu aos discípulos para imitarem a profundidade e amplitude universal do amor ao jeito de Deus.

Eis como São Mateus descreve o ensinamento e a proposta que Jesus fez aos discípulos:

“Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”. Eu, porém, digo-vos: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”.

Fazendo assim, acrescenta Jesus, sereis realmente filhos do vosso Pai que está nos Céus, o qual faz que o sol se levante todos os dias sobre bons e maus e a chuva caia sobre justos e pecadores (…).

Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai do Celeste é perfeito” (Mt 5, 43-48). O modo de amar de Jesus era de tal modo semelhante à maneira como Deus ama que Jesus um dia disse ao Apóstolo Filipe:

“Há tanto tempo que estou convosco e ainda não me conheceis, Filipe? Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).

Era isto mesmo que Jesus queria afirmar quando disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30). Nos seus ensinamentos sobre o amor, Jesus insinuava que quanto mais formos capazes de amar a todos, mais semelhantes somos de Deus.

Na linguagem cristã, o amor ao jeito de Deus chama-se caridade.
O facto de termos sido criados à imagem de Deus proporcionou-nos esta capacidade maravilhosa de amar, isto é, de querer bem e querer o bem dos outros, facilitando a sua realização e felicidade.

Amando assim, disse Jesus, os cristãos tornam-se um sinal de Deus para o mundo (Jo 13, 35).

Amando ao jeito de Deus, diz Jesus no evangelho de São Mateus, os discípulos tornam-se um sal que dá sabor e uma luz que dá sentido à vida e aos acontecimentos deste mundo.

Após a ressurreição de Jesus, os discípulos foram fortalecidos com a força do Espírito Santo, ficando capacitados para amar com amor caridade, isto é, ao jeito do próprio Deus.

Eis as palavras de Jesus: “Olhando para o vosso jeito especial de amar, os homens darão glória ao vosso Pai que está nos Céus (Mt 5, 13- 17).

Por outras palavras, o amor faz dos cristãos sinais da bondade de Deus e do seu amor na História.

De tal modo o amor aos irmãos está unido ao amor de Deus que Jesus considera o nosso amor aos irmãos como sendo amor à sua pessoa.

Quando o nosso amor se torna universal, isto é, direccionado para todos, começamos a eleger os outros como irmãos para lá das línguas, das raças, das culturas e das nacionalidades.

Jesus ensinou os discípulos a amar com uma amplitude universal, a fim de a nossa mente e o nosso coração se abrirem à Humanidade inteira.

Eis algumas afirmações de Jesus que vão neste sentido:

“Se amais apenas os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Os publicanos também fazem o mesmo.

Se saudais apenas as pessoas da vossa raça e língua que fazeis de extraordinário? Não fazem assim também os pagãos?
Sede perfeitos no vosso amor, tal como o vosso Pai do Céu é perfeito” (Mt 5, 46-48).

Por outras palavras, o amor optimizado pela força do Espírito Santo e da Palavra de Deus torna-se amor ao jeito de Deus, isto é, amor caridade.

Eis as palavras da Primeira Carta de São João: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus.

Aquele que não ama não chega a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8). Isto quer dizer que a nossa identidade espiritual é o nosso jeito de amar e comungar com Deus e os irmãos.

Na Festa dos ressuscitados com Cristo todos dançaremos o ritmo do amor mas cada qual com o jeito que treinarmos agora na História.

Jesus disse que a maneira concreta de a pessoa atingir a perfeição sonhada pela Lei de Moisés, é o amor a Deus e aos irmãos (Mt 5, 17).

Na verdade, pela maneira como viveu e falou do amor, Jesus deu provas de entender muito bem o mistério de Deus e do Homem.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


23 fevereiro, 2010

CAMINHAR COM DEUS E EM DEUS

No momento de morrer e ressuscitar, Jesus passou da face exterior da realidade, isto é, do espaço e do tempo, para a sua face interior, passando a relacionar-se connosco a partir de dentro.
Por outras palavras, no momento de ressuscitar, Jesus entra na morada do Pai e fica presente a nós a partir de dentro:
“Nesse dia compreendereis que eu estou no meu Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20). Isto quer dizer que ao deixar as coordenadas do espaço e do tempo, Jesus entrou nas coordenadas da universalidade e da equidistância, tornando-se presente a tudo e a todos.

Com efeito, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas e que constitui a interioridade máxima do Universo.

A face interior da realidade é o ponto de encontro e comunhão das pessoas humanas que já partiram com as que estão ainda na marcha histórica da construção humana.

Na linguagem da fé, este face a face universal chama-se a Comunhão Universal dos Santos. Isto quer dizer que os nossos seres queridos que já partiram fazem parte do Comunhão dos Santos e habitam as coordenadas da equidistância e da omnipresença.

Estão próximos de tudo e de todos, pois para eles já não há distância nem lonjura. Quando dizemos que, pela Encarnação, o Filho de Deus veio até nós, não estamos a afirmar que se deslocou de um sítio para outro.

Na realidade tudo se passa entre a interioridade espiritual humana de Jesus e a interioridade divina do Filho de Deus.

Pelo mistério da Encarnação a interioridade humana de Jesus de Nazaré e a interioridade divina do Filho Eterno de Deus ficaram a interagir de modo directo, formando uma união orgânica animada pelo Espírito Santo. O divino enxertou-se no humano, a fim de nós sermos divinizados.
No momento da ressurreição de Jesus, união humano-divina que existia no coração de Jesus, atingiu as coordenadas da universalidade e difundiu-se para todos nós (Jo 7, 37-39).

E foi assim que o Reino de Deus passou para o nosso interior e nós fomos divinizados, pois o sangue de Jesus ressuscitado, isto é, o Espírito Santo, passou a circular nas “veias” da nossa interioridade.

Para exprimir esta realidade, São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Esta dinâmica interior do Reino de Deus é proclamada de modo sacramental pelo Eucaristia. Segundo o evangelho de São João Jesus ressuscitado é o alimento que vitaliza e robustece a nossa vida divina:

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a viva eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia.

Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, também aquele que me come viverá por mim” (Jo 6, 54-57).

Viver o mistério do Reino de Deus como realidade interior é sentir-se a caminhar com Deus e em Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

09 fevereiro, 2010

CONHECER E AMAR A SABEDORIA DE CORAÇÃO

Deus Santo,

Obrigado pelo facto de cada ser humano emergir de modo único, original e irrepetível. Podemos dizer que a nossa interioridade espiritual tem as impressões digitais das nossas decisões e realizações, pois a pessoa faz-se, fazendo.

Os modeladores da nossa interioridade espiritual somos nós e o Espírito Santo que nos vai inspirando e conduzindo no sentido da nossa realização.

A presença do Espírito Santo acontece no nosso íntimo como interacção adequada à realidade e identidade de cada pessoa.

Com o seu jeito maternal de amar, ele optimiza o melhor das nossas possibilidades de humanização, embora sem impor.

O bem que fazemos configura a nossa interioridade espiritual que é a matéria-prima que Deus ressuscita e assume na Família Divina.

A nossa identidade espiritual é o nosso jeito de amar e comungar com Deus e os irmãos. É com este jeito que nos afirmamos no Reino de Deus como pessoas únicas, originais e irrepetíveis.

O centro dinâmico a partir do qual emerge a nossa vida espiritual é aquilo a que a Bíblia chama coração.

O coração, para a Bíblia é o núcleo mais nobre da nossa interioridade espiritual.
Segundo a visão bíblica, o coração é a sede das nossas decisões e projectos no sentido do bem ou do mal. É o ponto de encontro com Deus e os irmãos.

Os encontros e as relações humanizantes que vamos concretizando são os frutos bons que produzimos e tornam a nossa vida fecunda.

Estes frutos bons têm a sua origem no nosso coração, o núcleo espiritual onde habita o Espírito Santo que é, como diz São Paulo, o amor de Deus derramado no nosso coração (Rm 5, 5).

Espírito Santo,
É no nosso coração que tu fazes emergir a Sabedoria que nos capacita para saborearmos os acontecimentos e as coisas com os critérios de Deus.

O Insensato, diz o Livro da Sabedoria, fixa-se apenas nas aparências e não consegue elevar-se até ao autor das coisas criadas:

“A ignorância acerca de Deus e das suas obras instalou-se no coração do insensato. Eis a razão pela qual ele não é capaz de vislumbrar o autor invisível das belezas visíveis.” (Sb 13, 1).

A Carta aos Efésios diz que a Sabedoria que conduz à verdade de Deus é uma revelação que acontece no coração humano, graças à acção do Espírito Santo:

“Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória, vos dê o Espírito da Sabedoria e da Revelação, a fim de poderdes conhecer bem o Deus da Glória” (Ef 1, 17).

No evangelho de São João, Jesus diz que só o Espírito Santo nos pode conduzir à Verdade plena:

“Quando vier o Espírito da Verdade, ele guiar-vos-á para a Verdade completa” (Jo 16,13). A verdade é a compreensão e enunciação adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

“O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á tudo. Eu vou enviá-lo com a missão de vos recordar tudo o que eu vos disse” (Jo 14,26).

O mundo está privado da Verdade e da Sabedoria de Deus porque não acolhe o Espírito Santo, diz Jesus no evangelho de São João:

“O Pai vai enviar-vos o Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, pois não o vê nem o conhece.

Vós conhecei-lo, pois ele está junto de vós e em vós” (Jo 14, 17). Como fonte e origem da Sabedoria, Deus concede-a aos humildes que acolhem com simplicidade e pureza de coração a sua Palavra:

“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos doutores e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11, 25; Lc 10, 21).

Aqueles a quem Deus concede o dom da sabedoria saboreiam os mistérios de Deus, do Homem e da História com os critérios de Deus.

São Paulo explica aos cristãos de Roma o que significa saborear as coisas com os critérios de Deus quando afirma:

“O Reino de Deus não é uma questão de comida e bebida, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17).

O evangelho de São Lucas diz que Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens (Lc 2, 52).

Jesus Cristo disse aos discípulos que não tinham necessidade de andar ansiosos e inquietos sobre o que dizer nos momentos de perseguição, pois o Espírito Santo os encherá da sabedoria de Deus que falará por eles:

“Naquela hora dar-vos-ei eloquência e sabedoria, às quais nenhum dos vossos adversários poderá resistir nem contradizer” (Lc 21, 15).

O Livro dos Actos dos Apóstolos diz que Estêvão, no momento do seu martírio, estava cheio do Espírito Santo e de Sabedoria, ao ponto de os seus inimigos não poderem resistir-lhe (Act 6, 10).

São Paulo diz que o Espírito Santo e a sabedoria de Deus não habitam nos corações orgulhosos:

“Ninguém se iluda: se alguém de entre vós julga ser sábio aos olhos do mundo, torne-se louco, a fim de obter a Sabedoria de Deus.

Na verdade, a sabedoria do mundo é loucura diante de Deus” (1 Cor 3, 18-19). As pessoas de coração sábio fazem o bem, conscientes de que o melhor prémio do bem que fazem é a alegria de o terem feito.

Podemos dizer que a sabedoria é o cinzel que modela os grandes mestres, dos quais, o maior foi Jesus Cristo.

Com efeito, os homens de coração sábio são realmente mestres, isto é, pessoas que, pelo seu jeito de falar e agir, inspiram outros, ajudando-os a crescer e a realizar-se como pessoas livres, conscientes e responsáveis.

O critério fundamental das pessoas que se conduzem pela sabedoria é este:
O que não é justo não deve ser feito. Do mesmo modo, o que não é verdadeiro não deve ser dito.
No evangelho de São Mateus Jesus dá glória a Deus Pai por conceder o dom da Sabedoria às pessoas simples:

“Eu te louvo, Pai, Senhor do Céu e da Terra porque escondestes estas coisas aos sábios e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11, 25).

São Paulo reconhece que a Sabedoria lhe foi dada por revelação de Deus, a fim de ele a comunicar aos outros:

“Foi-me dada a sabedoria de Deus, a fim de a dar a conhecer” (Ef 3, 10). E na Primeira Carta aos Coríntios ele afirma o seguinte:

“Ensinamos a sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, a qual foi nos foi destinada por Deus para nós desde os tempos primordiais ” (1 Cor 2, 7).

Pai Santo,
O Livro do Génesis diz que a árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, a ciência humana, sem o condimento da Árvore da Vida, isto é, a sabedoria que vem da tua Palavra fez muito mal à Humanidade:

“E o Senhor Deus deu esta ordem ao homem: “Podes comer do fruto de todas as árvores do jardim.
Mas não comas o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois no dia em que o comeres certamente morrerás” (Gn 2, 16-17).

O Homem preferiu o fruto proibido em vez de comer o fruto da Árvore da Vida e por isso entrou na via do malogro e do fracasso:

“O Senhor Deus disse: “Eis que o Homem quanto ao conhecimento do bem e do mal se tornou como um de nós.

Agora é preciso que ele não estenda a mão para se apoderar também do fruto da Árvore da Vida e, comendo dele, viva para sempre.

Então o Senhor Deus expulsou-o do Jardim do Éden, a fim de cultivar a terra do qual foi tirado” (Gn 3, 22-23).

Espírito Santo,

Enche os nossos corações com a Sabedoria que vem de ti, a fim de sabermos fazer da nossa terra uma morada de paz e alegria para todos os seres humanos.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


01 fevereiro, 2010

O MISTÉRIO DA FÉ COMO FONTE DE ALEGRIA

À medida que o mistério da fé se nos revela, a nossa vida ganha sentido e cresce em nós a certeza de estarmos a caminhar para a plenitude da alegria.

A mesma fé garante-nos que a marcha criadora da Universo foi iniciada pela força do amor. Ainda a terra não girava à volta do Sol. Ainda o Céu não era azul e o Deus amor já estava a dinamizar a marcha do Universo a partir de dentro.

Movido pela força do Amor, o Universo evoluiu no sentido da Vida Pessoal Espiritual. O crescimento da vida pessoal não se pesa ao quilo nem se avalia pelo volume.
Não se mede ao metro, nem se analisa pelo cálculo das superfícies. A única maneira de conhecermos a qualidade da vida pessoal de uma pessoa é observar o seu jeito de amar.
Por outras palavras, a identidade espiritual de uma pessoa é o seu jeito de amar.

Jesus dizia que a casa de Deus é uma comunhão amorosa. Também dizia que o Reino de Deus é a comunhão das núpcias do Filho de Deus.

Nesta festa todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito com que treinou na Terra.
Isto quer dizer que a nossa identidade espiritual permanece eternamente na comunhão da Família de Deus.

Pelo contrário, a nossa identidade física, isto é, o nosso ADN e as nossas impressões digitais acaba no cemitério.

Na Festa do Reino de Deus todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual dança com o jeito que treinou aqui na História.

Eis as palavras de Jesus sobre a nossa participação na Festa da plenitude da Família de Deus: “Exultai e alegrai-vos, pois grande será vossa recompensa no Céu” (Mt 5, 12).

Na Carta aos Romanos, São Paulo diz que o Reino de Deus não é uma questão de comida ou bebida, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14, 17).

Com estas palavras, São Paulo queria dizer que a morada de Deus não é uma questão de espaço físico.
Pelo contrário, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

No ponto onde termina a nossa interioridade espiritual começa esse campo espiritual contínuo de interacções amorosas que é o Reino de Deus.

Podemos dizer que não há lonjura entre nós e a Comunhão universal da Família de Deus. Deus vem sempre ao nosso encontro a partir de dentro e nós temos de entrar no nosso íntimo para nos encontrar com Deus.

Graças a esta presença permanente de Deus no nosso íntimo os cristãos podem saborear com alegria que Deus não é uma realidade distante e alheia a cada um de nós.

Ao revelar-nos o enxerto do divino no humano, o mistério da Encarnação é a expressão máxima de Deus e do seu Amor por nós, fazendo que o seu Filho se tornasse o primogénito de muitos irmãos, como diz São Paulo (Rm 8, 29).

Eis o que diz a Primeira Carta de São João: “O amor de Deus manifestou-se no meio de nós, pois ele enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, a fim de que, por ele, tenhamos a Vida Eterna” (1 Jo 4, 9).

O evangelho de São João diz que a fidelidade de Jesus radica no facto de ele ter a plenitude do Espírito Santo e transmitir a Palavra de Deus com fidelidade:

“Aquele que vem do Alto está acima de todas as coisas e as suas palavras são de Deus, pois Deus não lhe deu o Espírito por medida” (Jo 3, 34).

Noutra ocasião disse aos discípulos que veio comunicar-lhes a Palavra de Deus, a qual é uma fonte inesgotável de alegria:

“Revelei-vos estas coisas, a fim de que a minha alegria esteja em vós e, a vossa alegria seja completa” (Jo 15, 11).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


26 janeiro, 2010

HORIZONTES E CONTEÚDOS DA FÉ CRISTÃ

A nossa fé ensina que existe um só Deus, o qual não é um sujeito, mas uma comunhão orgânica e dinâmica de três pessoas. Deus é relações e comunhão familiar.

Os cristãos acreditam que existe uma só bíblia constituída por dois testamentos. A revelação bíblica afirma que Deus é o Criador de todo o Universo.

Fundamentados na Palavra de Deus, nós acreditamos que, pelo mistério da Encarnação, a Divindade se enxertou na Humanidade, a fim de os seres humanos serem divinizados.

Acreditamos que o Filho Eterno de Deus se manifestou em grandeza humana através de Jesus de Nazaré.

Acreditamos que a dinâmica da Encarnação assenta na união orgânica e interacção do Filho de Deus com o Filho de Maria.

Acreditamos que Cristo é o ponto de encontro do melhor de Deus com o melhor do Homem.
Acreditamos que nesta união humano-divina, o humano e o divino fazem um, mas sem se confundirem nem fundirem.

Acreditamos que o enxerto do divino no humano aconteceu no seio da Virgem Maria.
Acreditamos que a pessoa do Espírito Santo é o princípio animador da comunhão orgânica constituída pelo Filho Eterno de Deus e Jesus de Nazaré.

Acreditamos que o Espírito Santo, com seu jeito maternal de amar tem uma missão central no mistério da Encarnação.

Por isso afirmamos com o Credo que o Filho de Deus encarnou pelo Espírito Santo. Acreditamos que Deus decidiu revelar-se, através do povo bíblico, primeiro, e depois formou o povo da Nova e Eterna Aliança com gente de todas as raças, línguas e povos da terra.

Acreditamos que o Novo Povo de Deus, ao contrário do Antigo, não é constituído apenas por uma raça, uma língua, uma nação ou uma nacionalidade.

Deste modo, o Novo Povo de Deus é sacramento da Universalidade do Plano Salvador de Deus
Acreditamos que Deus, por ser amor, não condena ninguém. As pessoas que vão para a morte eterna condenam-se por sua própria decisão.

Acreditamos que, ao criar o Homem, Deus interveio de modo especial comunicando ao barro primordial do qual saiu Adão o hálito da vida como dizem as Escrituras (Gn 2, 7).
Acreditamos que Deus nunca está longe do Homem, pois ele habita a interioridade do Universo.
Com efeito, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Por outras palavras, Deus nunca vem a nós a partir de fora ou de longe, mas vem sempre ao nosso encontro a partir de dentro.

Acreditamos que o encontro de Deus com o Homem acontece no coração do Homem. Isto quer dizer que o Homem, para se encontrar com Deus tem de ir de fora para dentro.

Acreditamos que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5,5).

Acreditamos que o Homem é um ser em construção, tanto ao nível físico, como psíquico, social ou espiritual.

Acreditamos que a pessoa humana não se esgota na dimensão biológica. Por isso, ao morrer, a interioridade espiritual do ser humano é assumida e incorporada na Família de Deus.

Acreditamos que a humanização do Homem é uma tarefa ética que implica dizer sim aos apelos do amor e dizer não ao que se opõe ao amor.

Acreditamos que o anúncio do Evangelho é um serviço fundamental para o bem da Humanidade.
Acreditamos que a disposição de viver e agir como discípulo de Jesus Cristo é a melhor opção para o cristão se realizar e ser feliz.

Acreditamos que o anúncio do Evangelho é um acto profundo de amor a Deus e aos irmãos.
Em comunhão convosco
Calmeiro Matias


09 janeiro, 2010

A MORADA DOS RESSUSCITADOS COM CRISTO

Pai Santo,
Louvado sejas por Jesus Cristo e pela plenitude da vida que nos vem por ele. Ao ressuscitar, Jesus passou da face exterior da realidade para a sua face interior, isto é, para a dimensão na qual acontece a Comunhão Universal que é a vossa Família!

A vossa morada é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Isto significa que tu, Pai Santo, tal como o teu Filho e o Espírito Santo, nunca vêm a nós a partir de fora.

Antes da criação do Universo, Só Vós existíeis, Trindade Santa. Vós sois um mistério de relações amorosas.

O Universo está em génese. Emerge como uma génese estrutural gigante exterior a Vós. A Vossa presença à marcha criadora do Universo acontece como força que possibilita a marcha criadora do Universo.

Vós possibilitais como força interior, mas sem jamais manipular o processo criador que acontece segundo uma sequência de causas e efeitos.

Isto é possível porque Vós, Deus Santo, imprimistes na singularidade inicial um feixe de possibilidades capazes de obter um sucesso.

Foi esta singularidade inicial que deu origem à explosão primordial, o big bang, o ponto e o instante a partir do qual começa a génese criadora do Universo.

É por esta razão que o Universo está marcado com o selo das relações e vós habitais nas coordenadas da interioridade máxima do Cosmos.

Podemos dizer com toda a verdade que Deus constitui a interioridade máxima do real. E nós, graças a Cristo ressuscitado, já fomos assumidos na vossa Família, passando a habitar as coordenadas da universalidade e da equidistância que constituem a dimensão infinita da vossa morada.

Pai Santo,
Com a sua ressurreição, Jesus Cristo venceu a morte para si e para nós, pois ele faz um todo orgânico e dinâmico com todos nós.

Na véspera da sua passagem para a face interior da realidade, Jesus prometeu-nos que nós habitaríamos para sempre com ele na Festa do Vosso Reino.

Por outras palavras, como temos parte na ressurreição de Jesus, Jesus garantiu-nos que temos habitação garantida na Comunhão da Vossa Família.

Eis as palavras da promessa de Jesus, pouco antes de partir para o Pai:
"Não vos deixarei órfãos, pois eu voltarei a vós (...). Nesse dia compreendereis que eu estou no meu Pai, vós em mim e eu em vós" (Jo 14, 18-20).

Com este modo de falar, Jesus queria dizer que também nós seremos assumidos com ele na plenitude da Família de Deus.

A promessa de Jesus também nos dá a certeza de que os nossos seres queridos que, pelo acontecimento da morte nasceram para a plenitude da Vida Eterna estão perto de nós.

Com efeito, nas coordenadas da universalidade e da equidistância, já não há lonjura, mas sim omnipresença e equidistância a tudo e a todos.

Obrigado, Deus Santo, pois não há distância entre nós e a Comunhão Universal do vosso Reino!
Com efeito, no ponto onde termina a nossa interioridade espiritual limitada começa a interioridade espiritual ilimitada da Comunhão Universal do Reino de Deus.
O animador desta comunhão orgânica universal é o Espírito Santo. Eis a razão pela qual ele está sempre à porta do nosso coração.

Quando pela fé e pelo amor abrimos os nossos corações, o Espírito Santo, com seu jeito maternal de amar, introduz-nos na onda da Comunhão Universal do vosso Reino.

É esta a dinâmica da Nova Criação reconciliada com Deus em Cristo, como diz São Paulo (2 Cor 5, 17-19).

É este o mistério do Homem Novo que teve início com a Encarnação e atingiu a sua plenitude com a ressurreição de Cristo.

Por outras palavras, através da Encarnação o Divino enxertou-se no humano, a fim de este ser divinizado no momento da morte e ressurreição de Jesus Cristo, graças ao facto de formarmos com ele uma união orgânica, interactiva e dinâmica

Com Cristo somos, pois, assumidos como filhos na Família Divina como filhos em relação adeus Pai e como irmãos em relação ao Filho de Deus.

O Espírito Santo é a ternura maternal de Deus que nos introduz na comunhão da Santíssima Trindade.

Cada vez que os cristãos celebram a Eucaristia celebram este mistério, de modo particular no momento de comer e beber o pão e o vinho.

Nesse momento, os crentes exprimem a sua vontade de reforçar esta união orgânica e interactiva com Jesus Cristo, a fim de serem assumidos com ele na Festa do Reino de Deus.

São Paulo diz que quando comemos o pão e bebemos o vinho da Eucaristia estamos a robustecer a nossa união orgânica com Cristo: "Comemos do mesmo pão porque fazemos um só Corpo" (1 Cor 10, 17).

O evangelho de São João diz que o Espírito Santo é a Carne e o Sangue de Jesus ressuscitado, o qual faz de nós participantes da sua ressurreição:

"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue viverá por mim" (Jo 6, 56-57).

Ao comerem o Pão e beberem o Vinho da Eucaristia, os cristãos estão a afirmar que é no interior da pessoa humana que acontece a união e a interacção que nos diviniza.

Obrigado, Trindade Santa, pelo mistério admirável da Encarnação e da Ressurreição de Cristo!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


26 dezembro, 2009

JESUS E A VIDA NOVA DO ESPÍRITO

Senhor Jesus Ressuscitado,
Falando com a Samaritana tu disseste que tinhas uma Água Viva Vida capaz de fazer brotar no nosso íntimo uma nascente de Vida Eterna (Jo 4,14).

Numa outra passagem do evangelho de São João, tu explicitas melhor o teu pensamento sobre a Água viva, dizendo que se trata do Espírito Santo que tu virias a difundir pela Humanidade após a tua ressurreição (Jo 7, 37-39).

A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).
Quando São Paulo fez esta afirmação, tu já tinhas ressuscitado Senhor Jesus. Isto quer dizer que ele já vivia a experiência da Nova Aliança cuja força animadora é o Espírito Santo, o qual actua no nosso íntimo capacitando-nos para construirmos a comunhão humana universal.

O evangelho de São João diz que pelo mistério da Encarnação, do Filho de Deus deu-nos o poder de nos tornarmos também filhos de Deus (Jo 1,12-14).

Este plano salvador, possibilitado pela Encarnação, concretizou-se pela ressurreição. Eis o que São Paulo diz a propósito da comunicação do Espírito Santo e fraternidade universal:

“Todos nós fomos baptizados num só Espírito, a fim de formarmos um só corpo. Tanto os judeus como os gregos, os escravos ou os homens livres, bebem todos do mesmo Espírito” (1 Cor 12, 13).

O evangelho de São João diz que o pão que comemos na Eucaristia é a carne de Cristo ressuscitado, isto é, o Espírito Santo, que alimenta em nós a vida divina (Jo 6, 62-63).

Espírito Santo,
Nós te louvamos por seres o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5). És tu que, com teu jeito maternal de amar, nos geras para a vida Eterna, fazendo de nós membros da Família de Deus e nos levas a exclamar “Abba”, Pai querido (Gal 4, 4-7).

Pai Santo,
O jeito de amar do teu Filho é em tudo semelhante ao teu. Ver o seu modo de acolher os pobres e perdoar aos pecadores é ver o teu jeito de nos acolher e salvar.

Jesus exclamou a sua plena sintonia contigo, Pai Santo, quando disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

Noutra passagem do evangelho de São João, Jesus disse: “ Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).
Trindade Santa,
Nós vos agradecemos, pois Jesus de Nazaré, homem em tudo igual a nós, menos no pecado, exprimia em grandeza humana o vosso amor por nós.

Por ser homem como nós, Jesus construiu uma história que pode ser resumida deste modo:
Nasceu na Palestina e a sua paixão era levar por diante o plano salvador de Deus.

Amava a simplicidade das crianças e defendia com coragem os que não eram capazes de se defender.

Deixava mais felizes as pessoas que tinham a sorte de o encontrar. Como não tinha pretensões ser rico ou poderoso, partilhava com os outros a sua vida e os bens.

Amava a todos, mas preferia acompanhar com os mais pobres. Nunca foi cobarde, pois habitava nele a força do Espírito Santo.

Inaugurou o baptismo no Espírito, a fim de renovar o coração das pessoas, capacitando-as a passar do egoísmo para o amor fraterno.

Por ser leal e amar sem fingimento, Deus confiou-lhe uma missão em favor de todos os seres humanos.

Como era generoso e puro de coração, foi fiel até ao fim. Levou o amor à sua profundidade máxima, isto é, dar a vida por aqueles a quem se ama.

Como se deu inteiramente pela causa da nossa salvação, agora vive em todos nós. Um dia ele disse que a união que o liga a nós de tipo orgânico, tal como é orgânica a união que existe entre cepa da videira e os seus ramos (Jo 15, 4-6).
As forças velhas do egoísmo mataram-no. Mas tu, Pai Santo, restauraste a sua vida, fazendo dele o alicerce da Nova Humanidade.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


21 dezembro, 2009

CHAMADOS A REINAR COM CRISTO

A realeza de Jesus Cristo assenta no facto de ele ser a Cabeça da Nova Humanidade reconciliada com Deus (2 Cor 5, 17-19).

São Paulo dizia Jesus Cristo é o descendente que Deus prometeu a David: “Ele é filho de David segundo a carne (Rm 1, 3).

Mas foi constituído Filho de Deus, isto é, rei glorioso no momento da sua ressurreição de entre os mortos (Rm 1,4-5).

É um rei que nunca se impõe pela força e em cujo reino apenas existe uma Lei:
“Dou-vos um mandamento novo:”Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei.” As pessoas saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).

Isto quer dizer que o poder de Jesus é o poder do amor. Por outras palavras, Jesus só aceita reinar se reinar connosco.

Na verdade o amor propõe-se, mas nunca se impõe. O amor é uma dinâmica de bem-querer que tende para a comunhão e a partilha total.

Por isso Jesus partilhou a sua realeza connosco, como diz a Primeira Carta como diz a Primeira Carta de São Pedro:

“Vós, porém, sois um povo escolhido, sacerdócio santo, povo de reis, povo reunido e adquirido, a fim de proclamardes as maravilhas do Deus que vos chamou das trevas para a sua luz admirável” (1 ped 2, 9).


Por isso o seu reino tem apenas um mandamento. Eis as palavras de Jesus:
“O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).

Quando a força de um reino é o amor, todos reinam, pois o amor é comunhão e partilha.
Antes de morrer, Jesus dizia que o Reino de Deus estava no meio das pessoas (Lc 17, 21).
De facto, enquanto Jesus viveu na terra, o Reino de Deus ou seja, a comunhão orgânica do humano com o divino estava a emergir apenas no interior de Jesus.

Como Jesus vivia no meio dos homens, o Reino que estava a emergir no seu interior, estava realmente no meio das pessoas.

Mas no momento da sua morte e ressurreição, Jesus passou para as coordenadas da interioridade máxima e da equidistância ficando mais interior a nós que nós próprios.

Deste modo, ao ressuscitar, Jesus uniu-nos de modo orgânico ao mistério da Santíssima Trindade.
A partir desse momento, o Reino de Deus passa a emergir no nosso íntimo como antes emergia no interior de Jesus.

Por outras palavras, com a ressurreição de Jesus o Reino de Deus passou para a interior máxima do Universo que é a morada de Deus.Com efeito, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias





02 dezembro, 2009

O DEUS BONDOSO E A EXISTÊNCIA DO PECADO

Pai Santo,

Nós te agradecemos o facto de nos teres enviado Jesus Cristo, a fim de nos libertar do pecado e nos introduzir na comunhão da Santíssima Trindade.

O pecado é um conjunto de forças negativas que derivam das recusas de amar dos seres humanos.

As forças do pecado do pecado bloqueiam o processo da humanização do Homem, impedindo a sua realização e felicidade.

Pai Santo,
Nós sabemos que o pecado não é uma realidade criada por ti, mas o resultado negativo das decisões erradas do Homem.

Na verdade, o pecado é a recusa do Homem a emergir como pessoa humanizada mediante opções e projectos de amor.

Do mesmo modo, não foste tu, Pai Santo, que criaste o inferno, entendido como um lugar destinado à punição eterna dos seres humanos.

A nossa fé diz-nos que Deus é amor e não pode nada contra o amor, pois seria negar-se a si mesmo.

As pessoas que se condenam não vítimas de uma condenação de Deus. Pelo contrário, as pessoas que estão em estado em inferno condenaram-se por sua própria decisão.

É certo que tu, Pai Santo, ao criares o Homem, lhe deixaste a possibilidade de pecar. Esta possibilidade é, aliás, a condição para que a pessoa se realize como ser livre, consciente e responsável.

Face a este mistério do pecado, temos de dizer que o pecado é um mal, mas a possibilidade de pecar é condição para que o projecto humano seja óptimo.

Isto quer dizer que nem tudo o que é possível deve ser realizado, sob pena de destruirmos a Humanidade.

É a primeira vez que a Humanidade tem arsenais com forças de morte a capazes de pôr fim à História Humana.

Mas pelo facto de isto ser possível não quer dizer que deva ser realizado. Na verdade, pôr fim à História humana seria o pecado total, ou seja, a oposição total ao amor.
Somos seres inacabados. É por esta razão que, por vezes, somos visitados pela tentação de nos opormos aos apelos do amor.

A tentação é uma sugestão subtil que visita a nossa mente, querendo fazer-nos crer que o mal é um bem.

A possibilidade da tentação radica no facto de não nascermos determinados e, portanto, não estamos sujeitos a qualquer forma de destino.

À luz da fé cristã, o destino não existe, pois o homem não é uma marioneta nas mãos de Deus.
Somos nós quem decide o que seremos ou não, sendo fiéis ou não aos nossos talentos, isto é, às nossas possibilidades de realização.

O pecado é um mal, tanto para o pecador, como para as outras pessoas. Com efeito, além das consequências pessoais, o pecado tem também consequências sociais, políticas, históricas e ecológicas.

Isto quer dizer que o pecado mutila não apenas o pecador, mas também as pessoas que sofrem as consequências as suas consequências.

Ao ressuscita, Jesus comunicou-nos o dom do Espírito Santo, a fim de fazer de nós uma Nova Criação (2 Cor 5, 17- 19).

Jesus Cristo,
Nós te louvamos por nos teres libertado das forças bloqueadoras do pecado, abrindo-nos o caminho da nossa libertação.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


25 novembro, 2009

APRENDER A SUPERAR OS FRACASSOS

Deus Santo,
Por vezes nos sentimo-nos inseguros e com medo de tomar iniciativas. Esta instabilidade emocional bloqueia as nossas capacidades criativas, limitando em nós a emergência de uma personalidade mais realizada e adulta.

Na verdade, a realização de uma pessoa implica fazer projectos, procurando atingir metas e objectivos.

É importante ter consciência de que no caminho de qualquer realização pessoal de sucesso há sempre fracassos pelo meio.

É sinal de maturidade humana saber começar de novo após os fracassos que nos acontecem na vida.
Por outras palavras, a grandeza de uma pessoa não consiste em não falhar, mas em saber seguir em frente depois dos reveses.

A pessoa que não aceita a possibilidade de fracassar, tem muita dificuldade em correr riscos e atingir objectivos.

Os medos bloqueiam a nossa capacidade de sonhar e elaborar projectos que facilitem a nossa realização pessoal.

O cristão tem este caminho facilitado, pois ele sabe que o Espírito Santo está presente no interior da pessoa, agindo como força inspiradora que liberta e optimiza as suas capacidades.

São Paulo tinha uma consciência perfeita desta verdade e por isso ele não hesita em dizer que o primeiro protagonista da sua acção evangelizadora era o Espírito Santo:

“Estou agradecido àquele que me dá força e me consagra para o serviço do Evangelho” (1 Tim 1, 12).

É impressionante o seu testemunho sobre o muito que sofreu por amor ao Evangelho de Jesus Cristo e como tinha consciência de que a sua força e capacidade vinham do Espírito Santo que estava nele.

Eis o que ele diz na Segunda Carta aos Coríntios: “São hebreus? Também eu. São descendentes de Abraão? Também eu.

São ministros de Cristo? Falo como quem delira: eu muito mais pelos trabalhos, muito mais pelas prisões, imensamente mais pelos açoites e pelas vezes que estive em perigo de morte.

Cinco vezes recebi dos judeus os quarenta acoites menos um. Três vezes fui flagelado com vergastadas. Uma vez apedrejado. Três vezes naufraguei, passando uma noite e um dia no alto mar.

Viagens a pé sem conta. Perigos nos rios. Perigos de salteadores. Perigos da parte dos meus irmãos de raça. Perigos da parte dos pagãos.
Perigos na cidade. Perigos no deserto. Perigos no mar. Perigos da parte dos falsos irmãos!
Trabalhos e fadigas incontáveis. Fome, sede e muitas noites sem dormir. Frequentes jejuns, sede e nudez!

Além disto havia ainda a preocupação quotidiana e a solicitude por todas as igrejas e muitas outras preocupações (…). Deus sabe que não minto.

Em Damasco, o etnarca do rei Aretas mandou guardar a cidade, a fim de me prender. Mas fui descido num cesto, por uma janela da muralha, escapando assim das suas mãos” (Act 11, 22-33).
Na verdade, o medo de correr riscos é a causa de muitas histórias fracassadas. As pessoas persistentes acabam sempre por chegar ao sucesso, apesar dos fracassos que possam surgir no percurso.

É muito importante saber contar com a força criadora de Deus que está ao nosso dispor no nosso íntimo.

O Espírito Santo fortalece-nos, a fim de não cairmos na fuga fácil que consiste em deitar a culpa dos nossos fracassos para cima dos outros, armando-nos em vítimas.

Este modo de proceder é um obstáculo que nos impede de contornar e ultrapassar as crises que os fracassos fazem surgir na nossa caminhada.

Senhor Jesus Cristo,
A tua ressurreição é a prova de que, após um fracasso, é sempre possível retomar o caminho do sucesso.

Dá-nos a sabedoria necessária para sabermos que numa vida de sucesso há sempre fracassos pelo meio.

Tu tiveste a coragem de acreditar sempre na força do Espírito Santo e na fidelidade de Deus, vencendo todos os fracassos, inclusive o fracasso da morte.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


28 outubro, 2009

PENTECOSTES E A UNIVERSALIDADE DA FÉ



Apesar de na Igreja nascente haver tensões e dificuldades em relação ao acolhimento dos pagãos, o Espírito Santo foi conduzindo os Apóstolos e as comunidades no sentido de aceitarem os gentios
em pé de igualdade com os judeus.

O Espírito Santo foi abrindo os horizontes dos cristãos de origem judaica, a fim de eles compreenderem que o plano Salvador de Deus se destina aos homens de todas as raças, línguas, povos e nações.

O Pentecostes surge assim como o impulso universalista da ressurreição de Cristo. Os cristãos começam a dar-se conta que o baptismo no Espírito é a dinâmica da salvação a acontecer no coração das pessoas.

Os evangelhos sublinham claramente a diferença essencial que existe entre o baptismo de João, rito de purificação, e o baptismo iniciado com a ressurreição de Jesus, isto é, o baptismo no Espírito.

Depois de mim virá alguém que é maior que eu dizia João Baptista pois eu nem sou digno de levar as suas sandálias. Será ele quem vos baptizará no Espírito Santo e no Fogo (Mt 3, 11).

O Espírito Santo é o protagonista da salvação e habita em nós como num templo, diz São Paulo:
“Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Cor 3, 16).

O Espírito Santo é o impulso libertador da salvação de Deus a actuar no nosso coração: “Onde está o Espírito de Cristo ressuscitado aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17).

Após a sua ressurreição, Jesus ordena aos Apóstolos para permanecerem em Jerusalém, a fim de receberem o Espírito Santo que os vai qualificar para anunciarem o Evangelho até aos confins da terra (Act 1, 8).

Foi o Espírito Santo que ressuscitou Jesus. É este mesmo Espírito que faz germinar em nós a Fé e nos capacita para proclamar a Boa Nova da ressurreição.

São Paulo diz que a sua pregação não se apoia na sabedoria humana ou em palavras persuasivas, mas na manifestação do Espírito Santo (1 Cor 2, 4-5).

Tudo isto é a realização da profecia do profeta Joel, como diz o Livro dos Actos dos Apóstolos:
“Depois disto derramarei o meu Espírito sobre toda a Humanidade. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão.

Os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões. Naquele dia também derramarei o meu Espírito sobre vossos servos e servas” (Jl 3, 1-2; cf. Act 2, 16-21).

Os frutos da presença do Espírito Santo em nós, diz a Carta aos Gálatas são: paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, gentileza e auto controle.

Não existe Lei contra este novo jeito de viver que o Espírito Santo difunde por todos nós (Gal 5, 22-23).


E foi assim que Jesus Cristo, ao ressuscitar, nos fez passar da aliança da letra que mata, para a Aliança do Espírito que dá Vida (2 cor 3, 6).

A Carta aos Efésios vai nesta mesma linha quando afirma que o Homem Novo nasce do Espírito e não da letra:

“No que toca à vossa conduta, deveis despir-vos do homem velho, corrompido por desejos enganadores.

Renovai-vos de acordo com a acção do Espírito que anima as vossas mentes, revestindo-vos do Homem Novo criado em conformidade com Deus na justiça e na santidade verdadeiras” (Ef 4, 22-24).

Graças ao baptismo no Espírito Santo os mistérios de Deus são-nos revelados de modo gradual e progressivo:

“Foi ainda em Cristo que vós ouvistes a Palavra da verdade, o Evangelho que vos salva.
Foi neste Evangelho que acreditastes e, por isso, fostes marcados com o selo do Espírito Santo prometido, o qual é a garantia da herança que receberemos no dia da redenção” (Ef 1, 13-14).

É pelo Espírito Santo, diz Jesus no evangelho de São João que nós seremos conduzidos à verdade. Ele é “O Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, pois não o vê nem o conhece.

Vós conhecei-lo porque Ele está convosco e em vós” (Jo 14, 17). Pelo baptismo no Espírito, os crentes têm um guia e um mestre que os conduz para a Verdade plena:

“Fui-vos revelando estas coisas enquanto permanecia convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e recordar-vos-á tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 25-26).

Apesar de ser judeu, São Paulo viveu a experiência do baptismo no Espírito, o qual fez que lhe caísse dos olhos uma espécie de escamas que o impediam de ver o mistério de Cristo:

“Então Ananias partiu, entrou na casa indicada, impôs as mãos sobre ele e disse: “Saulo, meu irmão, foi o senhor que me enviou, esse Jesus que te apareceu no caminho, a fim de recobrares a vista e ficares cheio do Espírito Santo”.

Nesse mesmo instante caíram-lhe dos olhos uma espécie de escamas e recobrou a vista. Depois, levantou-se e recebeu o baptismo” (Act 9, 17-18).

Foi esta experiência que levou São Paulo a dizer que Cristo nos ajuda a passar da aliança da letra que mata para a Aliança do Espírito que vivifica (2 Cor 3, 6).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias