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05 junho, 2010

DEUS TALHOU-NOS PARA A LIBERDADE

São Paulo entende a acção libertadora de Cristo como uma capacitação para sermos livres. Eis o que ele diz na Carta aos Coríntios:
“O Senhor ressuscitado é Espírito e onde está o Espírito do Senhor, aí habita a liberdade” (2 Cor 6, 17).

E na Carta aos Gálatas diz que Jesus nos salvou, a fim de sermos livres:

“Foi para a liberdade que Cristo nos salvou. Portanto, permanecei firmes e não vos sujeiteis de novo ao jugo da escravidão” (Gal 5, 1).

Como imagem de Deus que é, a Humanidade é constituída por pessoas. Ora, uma das características fundamentais da pessoa humana é o facto de possuir o livre arbítrio ou seja, a capacidade de se tornar livre.

O livre arbítrio é a capacidade psíquica de optar pelo bem ou pelo mal e, deste modo, poder tornar-se livre.

Na verdade, o ser humano torna-se livre na medida em que rejeita o mal e opta pelo bem.

Pelo facto de ser uma pessoa em construção, o ser humano não nasce acabado. Faz-se, fazendo. Realiza-se, realizando.

Isto quer dizer que Deus quis que o Homem tivesse parte na sua própria realização, a fim de poder construir-se como pessoa livre.

A pessoa humana não pode tornar-se livre sem exercitar o livre arbítrio, optando pelo bem.

Na verdade não basta exercitar o livre arbítrio para que uma pessoa se torne livre, pois este é a capacidade de optar pelo bem ou pelo mal.

Mas a pessoa só chega a ser livre se as suas opções se orientarem na linha do amor. O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

O amor implica eleger o outro como alvo de bem-querer, aceitando-o como é, apesar de ser diferente de nós, e agir de modo a facilitar a sua realização e felicidade.

A liberdade da pessoa em construção vai-se afirmando de modo gradual e progressivo à medida que via estruturando uma cadeia de realizações na linha do amor.

Por outras palavras, pessoa torna-se livre na medida em que se compromete com o processo da humanização.

Isto quer dizer que uma pessoa que nunca se tenha comprometido com as causas do bem nunca chegará a ser livre.

E depois acrescenta: “Por amor fazei-vos servos uns dos outros. Quem ama cumpre plenamente a Lei de Moisés, a qual diz: “Ama o teu próximo como a ti mesmo” (Ga 5, 14).


São Paulo entendeu perfeitamente o modo de agir de Jesus, o qual resumiu as normas, leis e preceitos da Lei de Moisés resumiu num único mandamento:

“Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13, 34).

Podemos dizer que a liberdade é o resultado de uma vida vivida como processo de libertação.

À medida que vai emergindo, a liberdade capacita a pessoa para se relacionar amorosamente com os outros e interagir criativamente com as coisas e os acontecimentos.

Isto quer dizer que a liberdade é sempre um bem. Já não podemos dizer a mesma coisa do livre arbítrio, pois este pode ser orientado no sentido do bem ou do mal.

O livre arbítrio não é a liberdade, mas apenas a capacidade de a pessoa se tornar livre.

É este o sentido das palavras de Jesus no evangelho de São João: “Quem comete o pecado é escravo” (Jo 8, 34).

Deus é infinitamente livre, mas não tem livre arbítrio, pois as pessoas divinas não estão a realizar-se como seres livres.

Por outras palavras, as pessoas divinas não são liberdades em construção, pois são infinitamente livres.

À medida que se realiza como pessoa, o ser humano emerge como interioridade espiritual livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.

Com efeito, é dos outros que recebemos o leque dos talentos que formam a matéria-prima da nossa realização.

Começámos por ser o que os outros fizeram de nós. Não escolhemos nada: nem a raça, nem a nacionalidade, nem o século em que queríamos viver.

É por esta razão que cada pessoa se realiza de modo único, original e irrepetível. É com estes dados que os seres humanos estão chamados a avançar na marcha da sua humanização cuja lei é:
“Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a Comunhão Universal”.

É este o sentido das palavras de Jesus no evangelho de São João: “Quem comete o pecado é escravo” (Jo 8, 34).

À luz das Escrituras, o Espírito Santo é o protagonista do processo histórico da libertação humana.

Logo no princípio da Criação, diz o Livro do Génesis, o hálito de Deus, isto é, o Espírito Santo, entrou no interior do Homem e este tornou-se um ser vivente (Gn 2, 7).

Trata-se de uma intervenção especial de Deus que não aconteceu na criação de qualquer animal.

Esta intervenção especial de Deus na criação do Homem significa que o Espírito Santo está sempre presente no nosso íntimo optimizando as nossas capacidades, a fim de darmos frutos de Vida Eterna.

E é assim que o Espírito Santo se torna em nós, e nunca sem nós, o arquitecto da nossa libertação.

É este o sentido das palavras de Jesus quando na sinagoga de Nazaré anunciou que o Espírito Santo o consagrou para a missão de libertar a Humanidade:

“O Espírito do Senhor está sobre mim porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres e a libertação aos cativos” (Lc 4, 18).

As condições sociais, políticas, económicas ou culturais, podem facilitar ou dificultar o crescimento da liberdade humana, mas não são capazes de destruir o que o ser humano já é como pessoa livre.

Na verdade, não é pelo facto de uma pessoa estar na prisão que deixa de ser livre, mas está condicionada nas possibilidades de crescer na sua liberdade.

Na verdade, uma pessoa encerrada num cárcere está limitada nas possibilidades de exercitar o seu livre arbítrio, condição fundamental para continuar a amadurecer na sua liberdade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


29 maio, 2010

RELAÇÕES HUMANAS E EMERGÊNCIA PESSOAL

I-A FORÇA ESTRUTURANTE DAS RELAÇÕES

Ninguém se pode realizar sozinho, embora os outros não possam substituir-nos na nossa realização pessoal.

Os que caminham ao nosso lado são dons de Deus para nós, pois são mediações fundamentais para nos podermos realizar.

A qualidade das nossas relações está condicionada pela qualidade das relações que os outros tiveram connosco na primeira etapa da vida.

É por isso que o bem-amado está capacitado para amar bem, pois vive intimamente equilibrado.
Isto quer dizer que o bem-amada está mais possibilitado para se realizar como pessoa do que o mal-amado.

A pessoa comunica-se na medida em que se possui. Nessa mesma medida acolhe a comunicação do outro, aceitando-o e facilitando a sua comunicação.

É nesta interacção que a pessoa se vai estruturando e fazendo emergir o seu ser espiritual e capaz de reciprocidade amorosa.

A criança precisa tanto da ternura para se estruturar na sua afectividade como do pão para viver e crescer.

Daí a sua arte para cativar os adultos e obter a ternura fundamental para obter um crescimento psicológico equilibrado.

É através das relações com os outros que a pessoa vai sendo capaz de se possuir, de se conhecer em profundidade e ser capaz de gostar de si.

A pessoa não é capaz de gostar de si antes de alguém a ter valorizado e apreciado. Esta fome de realização e reconhecimento social que leva as pessoas a criar grupos, associações e outros espaços fundamentais para se conhecerem e realizarem.

À medida que a pessoa amadurece socialmente começa a ser capaz de sair de si, para ir ao encontro dos outros e descobrir as suas diferenças e qualidades.

Deste modo cresce em si o sentido da solidariedade, do trabalho em equipa, do companheirismo, da generosidade e a capacidade de ser dom para os demais.

II-CULTIVAR RELAÇÕES COM QUALIDADE

A construção da pessoa é tarefa que dura a vida toda e implica a dinâmica das relações. Só as relações interpessoais de cooperação e aceitação mútua são verdadeiramente humanizantes.

Vivemos num mundo onde se multiplicam enormemente as relações meramente funcionais:
De tipo comercial, marcadas pelo sentido da produção e do consumo.

Infelizmente, as relações de fraternidade não aumentam nesta mesma proporção. Eis a razão de tantos dramas de solidão que se manifestam através de comportamentos estranhos, tais como:
Pessoas a falar sozinhas nas ruas. Fugas no álcool ou na droga.

Fugas no sexo sem qualidade amorosa ou no atordoamento de espectáculos sem qualidade. Tudo isto quer dizer que vivemos uma crise de qualidade nas nossas relações.

A própria família tem enormes dificuldades para realizar a missão de espaço privilegiado para as relações e a comunhão amorosa.

É preocupante o aumento de casos de neuroses e depressões provocados pela solidão e a descompensação afectiva.

As crianças e os jovens não encontram modelos de doação generosa. Os jovens são impiedosamente empurrados para um mundo de concorrência feroz, acabando por truncar a sua capacidade de solidariedade.

Isto é preocupante, pois a pessoa leva consigo o estilo de relações que a modelou no início da sua estruturação pessoal.

Somos seres históricos. Todas as experiências e relações que nos estruturaram formam um entretecido que nos acompanha ao longo da vida.

Na verdade, começámos por ser o que os outros fizeram de nós. Isto quer dizer que a qualidade das relações e experiências primordiais nos possibilitam e condicionam ao longo da vida.
Ao mesmo tempo levam-nos a possibilitar ou condicionar os que se cruzaram connosco na vida.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


23 maio, 2010

FOME DE SER QUE SÓ O AMOR PREENCHE

I - CHAMADOS A RENASCER

Nascemos inacabados. Eis a razão pela qual levamos connosco uma fome imensa de plenitude.

São João diz que o nosso ser interior, por ser espiritual, não nasce dos impulsos da carne, mas da ternura do Espírito Santo (Jo 3, 3-6).

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações. Nascemos para entrar na dinâmica da humanização cuja lei é:

“Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal da Família de Deus.

A emergência pessoal acontece como fortalecimento espiritual e capacidade de interacção amorosa.

O Homem surgiu na História como fruto de uma marcha evolutiva.

Utilizando a imagem bíblica do barro, diríamos que a evolução é o processo do barro a ser moldado, a fim de surgir Adão.

No interior deste barro emerge o interior espiritual da pessoa como o pintainho emerge dentro do ovo.

A plenitude da vida espiritual acontecerá no dia em que o ovo eclodir, a fim de o pintainho nascer para a Comunhão Universal.

Estamos a emergir, pois somos seres em construção.

À medida que emergimos, vamos convergindo para a Família de Deus.


II - NASCEMOS TALHADOS PARA DEUS

Deus é amor, diz a Bíblia (1 Jo 4, 7). Isto significa que fomos criados pelo amor e para o amor.

São João diz que as pessoas que não amam não conhecem a Deus, pois Deus é amor (Jo 4, 16).

O nosso ser espiritual cresce e robustece-se em relações de amor. Renascer significa emergir como vida pessoal livre, consciente, responsável e capaz de amar.

É a este nível que o Homem é realmente imagem de Deus. Na verdade, a Divindade é pessoas e a Humanidade também.

A plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão. Por outras palavras, apenas na reciprocidade amorosa a pessoa encontra a sua plena identidade.

Por outras palavras, fechada em si, a pessoa está em estado de malogro: não se encontra nem se possui plenamente.

Pelo facto de serem pessoas, os seres humanos são proporcionais a Deus. O divino pode interagir com o humano em comunhão humano-divina.

E foi por esta razão que Deus, comunhão familiar de três pessoas, decidiu incorporar-nos a própria Família Divina.

Isto quer dizer que o divino se enxertou no humano para que este seja divinizado.

Graças a Jesus Cristo, já fazemos uma união orgânica com a comunhão familiar da Santíssima Trindade.

Somos seres com identidade histórica. Só podemos acontecer como pessoas na medida em que renascemos. Os seres humanos são o resultado de uma realização histórica.

Por outras palavras, para se dizer, a pessoa tem de contar uma história, pois a sua identidade é histórica.

Na Festa do Reino de Deus, todos dançaremos o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que treinou enquanto esteve na História.

A nossa identidade física é constituída pelas nossas impressões digitais e pelo nosso ADN.

A nossa identidade espiritual, pelo contrário, é constituída pelo nosso jeito de amar e comungar pelos irmãos.

Por outras palavras, o nosso ser espiritual mede-se pela originalidade e densidade das nossas relações de amor.

Na verdade, que a pessoa humana não vale pelo que tem, mas sim pelo que é. À medida que se realiza, a pessoa emerge de modo único, original e irrepetível.

É por esta razão que na comunhão universal do Reino de Deus, ninguém está a mais.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


17 maio, 2010

CHAMADOS A VENCER O PECADO E A MORTE

Pecar é recusar-se a crescer como pessoa através de relações de amor e comunhão.

Só há pecado quando a pessoa tem a possibilidade de dizer sim ao amor e decide dizer não.
Quando peca, a pessoa diz não à sua realização pessoal e condiciona ou bloqueia a realização dos outros.

Por outras palavras, ao pecar, a pessoa inscreve ritmos negativos, isto é, forças de bloqueio no tecido social.

Face à realidade do pecado, a pessoa pode encontrar-se na situação de vítima, ou na situação de culpada.

Encontrar-se na situação de vítima significa que a pessoa sofre as consequências negativas do pecado sem dele ser culpada.

Quantos milhões de crianças, por exemplo, sofrem as terríveis consequências pecado sem dele serem culpadas.

Há pessoas que fazem o mal, mas que na realidade são vítimas do pecado e não pecadoras.

Estão neste caso as multidões de mal amados com distorções psíquicas e comportamentos compulsivos cuja origem está no facto de terem sido mal amados.

O evangelho dá provas de possuir uma grande sabedoria quando nos proíbe de julgar os outros.
Na verdade, nós não temos nas mãos a história das experiências dolorosas e traumatizantes das pessoas.

É verdade que os outros nos capacitam mas também nos condicionam nas possibilidades de amar e fazer o bem.

A lei do amor é esta: ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado e o mal amado ama mal, mesmo quando dá o melhor de si.

Do mesmo modo que o amor dos outros nos capacita para amar, as suas recusas de amor, condicionam-nos nas nossas possibilidades de amar.

Na verdade, a pessoa humana começa por ser o que os outros fizeram dela, mas o mais importante é o que ela faz com as possibilidades que recebeu.

O feixe primordial das possibilidades que e dos condicionamentos que nos marcaram formam o leque dos talentos que, logo à partida, fazem da pessoa um ser único, original e irrepetível.

Referindo-se à diversidade dos talentos, Jesus disse que há pessoas que recebem cinco, outras recebem dois, três ou um (cf. Mt 25, 14-30).
Por ser uma oposição ao amor, o pecado mata possíveis de realização tanto no pecador como nas pessoas que são vítimas do pecado.


O Livro do Génesis diz que o pecado de Adão deu como fruto imediato o fratricídio de Caim do qual resultou a morte do seu irmão Abel (Gn 4, 8-16).

Talhado por Deus para criar fraternidade através do amor, o Homem, ao pecar, inicia uma cadeia de fratricídios, opondo-se ao projecto da Família Universal de Deus.

São Paulo diz que Jesus Cristo é o Novo Adão. Tal como pelo pecado de Adão veio o fracasso da morte, a vitória da Vida Eterna veio por Jesus (1 Cor 15, 20-21; Rm 5, 17-19).

Para o pensamento bíblico, a Humanidade forma um todo orgânico da qual foi a sua primeira cabeça.

Quando a cabeça não tem juízo, quem paga é o corpo. Foi por esta razão que o pecado de Adão se difundiu de modo orgânico pelo tecido universal da Humanidade.

Por outras palavras, com o seu pecado, Adão introduziu a Humanidade inteira no caminho do fracasso e do malogro.

O Livro do Génesis diz que Deus expulsou o Adão pecador do Paraíso (Gn 3, 23-24). Foi esta a razão pela qual os seres humanos ficaram sem acesso ao Paraíso.

Jesus veio como o Novo Adão. No momento da sua morte e ressurreição, diz o evangelho de São Lucas, Jesus reabre as portas do Paraíso e a Humanidade entra com ele na plenitude da Vida Eterna.

Eis as palavras que Jesus dirige ao Bom Ladrão no momento da sua morte e ressurreição:

“Em verdade te digo: hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).

Por outras palavras, a ressurreição de Jesus significa a vitória sobre a infidelidade de Adão. No evangelho de São João, Jesus apresenta-se não só como aquele que nos introduziu no caminho que nos conduz a Deus, mas ele mesmo é o caminho:

“Jesus respondeu a Filipe:”Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai, senão por mim” (Jo 14, 6).

Este ensinamento de Jesus é muito importante, pois ensina-nos que é preciso estar unidos de modo orgânico a Jesus para chegarmos à comunhão com o Pai.

Com a sua infidelidade, Adão opôs-se ao plano de Deus, acabando por colocar a Humanidade no caminho da perdição.

Jesus Cristo, pelo contrário, realizou de modo perfeito a vontade do Pai, introduzindo-nos deste modo, no caminho da salvação:

“O meu alimento, diz Jesus no evangelho de São João, é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).

Depois acrescenta: “Eu não procuro a minha vontade, mas a vontade de quem me enviou” (Jo 5, 30).

A atitude de Jesus face a Deus é totalmente oposta à atitude de Adão. O relato do pecado de Adão ensina-nos que todos nós, ainda antes de sermos pecadores, já somos vítimas do pecado.

Isto quer dizer que a vocação básica do ser humano é a sua humanização mediante relações de amor, a fim de atingir a plenitude da comunhão com Deus.

A lei da humanização é esta: “Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a fraternidade e a comunhão universal”.

Para realizarmos esta meta podemos contar com a presença do Espírito Santo no nosso íntimo que é, como diz São Paulo, o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Sem amor o coração do ser humano fica árido como um tronco ressequido na vastidão do deserto.

Quando o amor não emerge no coração de uma pessoa, a fonte da alegria seca e o vigor da vida murcha.

Sem amor, a pessoa não se pode estruturar, pois ela foi talhada para o encontro e a comunhão.

O coração é o núcleo mais íntimo do nosso ser espiritual. É o ponto de encontro com Deus e os irmãos.

O nosso coração é o ponto de emergência do qual brotam as decisões que optimizam as nossas relações de amor.

Quando o coração do ser humano está vazio de amor, essa pessoa fica dominada pela solidão, o tormento de não poder possuir-se de modo perfeito, nem poder atingir uma realização plena.

Sem amor, o coração da pessoa é um espaço onde não habita a alegria do face a face e da reciprocidade.

Sem água, as plantas secam e os animais não podem viver. Assim acontece à pessoa que não tem amor no coração.

Com o coração vazio de amor, a pessoa está privada da força necessária para se construir na vida.

Com efeito, as nossas recusas de amor não só impedem a nossa estruturação pessoal, como bloqueiam a realização das pessoas que se cruzam connosco na vida.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


13 maio, 2010

CHAMADOS A REINAR COM CRISTO

Na Carta aos Romanos, São Paulo anuncia de maneira firme que Jesus Cristo é o descendente prometido a David, o qual realizou o de modo fiel e perfeito o plano messiânica sonhado por Deus:

“Ele é filho de David segundo a carne (Rm 1, 3). Depois acrescenta: “Foi constituído Filho de Deus, isto é, rei glorioso, no momento da sua ressurreição de entre os mortos (Rm 1,4-5).

É um rei que não se impõe pela força e em cujo reino apenas existe um mandamento, como Jesus declara no evangelho de São João:

“Dou-vos um mandamento novo:”Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” As pessoas saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).

Na verdade, o amor propõe-se, nunca se impõe. O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

A Primeira Carta de São Pedro diz a realeza de Jesus assenta sobre um povo de reis.

Por outras palavras, Por ser a Cabeça da Nova Humanidade, Jesus partilhou a sua realeza connosco, fazendo de nós membros do seu Corpo:

Eis as palavras de São Paulo a este propósito: “Vós sois o Corpo de Cristo e seus membros, cada um na parte que lhe toca” (Rm 12, 27).

E a Primeira Carta de São Pedro acrescenta: “Vós, porém, sois um povo escolhido, sacerdócio santo, povo de reis, povo reunido e adquirido, a fim de proclamardes as maravilhas do Deus que vos chamou das trevas para a sua luz admirável” (1 ped 2, 9).

O Reino de Cristo, portanto, é um povo de reis. É por esta razão que, neste reino só existe um mandamento:

“O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).

Quando a poder de um reino assenta no amor, todos reinam, pois o amor é comunhão e partilha.

Antes de morrer, Jesus dizia que o Reino de Deus estava no meio das pessoas (Lc 17, 21).
Na verdade, durante a vida do Jesus histórico, o reino de Deus isto é, a união orgânica do humano com o divino estava a acontecer apenas no interior de Jesus.

Como o reino estava a emergir no interior de Jesus e ele vivia no meio das pessoas, ele afirmava que o Reino estava no meio daaspessoas.

Mas no momento da sua morte e ressurreição, Jesus passou para as coordenadas da equidistância e da interioridade, ficando mais interior a nós que nós próprios.

Ao ressuscitar, Jesus ficou unido de modo orgânico a toda a Humanidade, assumindo-nos no mistério da Família Divina.

A partir deste momento o reino de Deus ficou a habitar no nosso íntimo, do mesmo modo que antes da morte de Jesus só habitava no seu interior.

Com a ressurreição de Jesus o reino de Deus passou para a face interior do Universo. Com efeito, após a sua ressurreição, Jesus vem sempre a nós a partir de dentro e o Espírito Santo optimiza a nossa comunhão com ele no nosso coração, capacitando-nos, deste modo, para reinarmos com ele.

A multidão dos seres humanos que precederam Jesus na História ressuscitaram com ele no momento da sua ressurreição, como diz o evangelho de São Mateus (Mt 27, 52-53).

Do mesmo modo, todos os que viveram antes de nós na História já participam de modo pleno na comunhão Universal do Reino de Deus.

E nós, graças ao facto de estarmos unidos de modo orgânico a Cristo, já estamos unidos a eles. É este o mistério da Comunhão Universal dos Santos.

Por outras palavras, nós e os nossos seres queridos que já participam de modo pleno na face interior da comunhão dos Santos, estão muito próximos de nós, pois já não existe qualquer lonjura a este nível.

Os que habitam de modo definitivo com Cristo a morada de Deus, portanto, habitam a interioridade máxima do Universo.

Com efeito, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Isto quer dizer que podemos comungar com as pessoas divinas e as humanas que já habitam a plenitude do Reino de Deus.

É exactamente este o sentido profundo da afirmação de Jesus segundo a qual o Reino de Deus está no nosso íntimo:

“Interrogado pelos fariseus sobre o momento em que chegaria o reino de Deus, Jesus respondeu-lhes: “A vinda do Reino de Deus não é observável.

Não se poderá dizer: “Ei-lo aqui ou acolá”, pois o Reino de Deus está no meio de vós” (Lc 17, 20-21).

Após a ressurreição de Cristo, o reino de Deus torna-se interior a tudo e a todos. Eis as palavras de São Paulo: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?

Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá, pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós” (1 Cor 3, 16-17).

Na Carta aos Romanos, São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (cf. Rm 5, 5). Isto quer dizer que o mistério do amor e da comunhão universal já estão no nosso íntimo.

A Carta aos Gálatas diz que, com Cristo, chegou a plenitude dos tempos. Os tempos anteriores a Cristo foram os tempos da gestação.
Com a Encarnação começou a dinâmica do parto, dando origem ao nascimento dos filhos de Deus:

“Mas quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho nascido de uma mulher sujeita ao domínio da Lei de Moisés, a fim de resgatar da servidão da Lei e lhes a adopção de Filhos de Deus.

E porque somos filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho que, nos nossos corações clama: “Abba, papá querido”.

Deste modo já não és escravo, mas filho. E se és filho és também herdeiro pela graça de Deus” (Gal 4, 4-7).

Segundo a Carta aos Romanos, nós somos incorporados na Família de Deus como filhos e herdeiros em relação a Deus Pai e como irmãos e co-herdeiros em relação ao Filho de Deus” (Rm 8, 14-17). É isto que nos capacita para reinarmos com Cristo.

Eis as palavras de São na Carta aos Romanos: “De facto, todos os que são conduzidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus.

Vós não recebestes um espírito de escravidão para andardes com medo. Pelo contrário, recebestes um Espírito de adopção que faz de todos nós filhos de Deus e nos faz clamar “Abba”, isto é, Pai Querido!”

É o próprio Espírito Santo que, no nosso íntimo, dá testemunho de que somos realmente filhos de Deus.

Ora, se somos filhos, somos também herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com o Filho de Deus” (Rm 8, 14-17).

Os evangelhos gostam de apresentar o Reino de Deus em forma do grande banquete da Família de Deus.

Isto que dizer que o Reino de Deus é a festa universal do Amor. Nesta festa, todos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que treinou enquanto viveu na terra.

É magnífico saber que estamos a edificar na História a nossa identidade espiritual e o nosso jeito de participar para sempre na festa do Reino de Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


08 maio, 2010

RENASCER É CONSTRUIR-SE PARA DEUS

Fomos criados para nos criarmos. O ser humano não age de modo consciente no parto através do qual nasce para a sociedade.

É verdade que não fomos os protagonistas do nosso primeiro nascimento, mas somos autores do nosso segundo nascimento em união com o Espírito Santo.

A dinâmica da humanização é, na verdade, o parto através do qual a pessoa vai renascendo, oferecendo a Deus a matéria-prima da divinização.

Por outras palavras, o ser humano será tanto mais divino quanto mais se humanizar. A humanização da pessoa acontece como emergência espiritual mediante relações de amor e convergência espiritual para a Comunhão Universal do Reino de Deus.

Apesar de o Espírito Santo ter um papel central nesta dinâmica da humanização, ele não nos substitui. De facto, Deus está connosco, mas nunca em nosso lugar.

A emergência espiritual acontece como robustez espiritual e capacidade de interagir de modo amoroso com Deus e os irmãos.

Deus não nos criou como seres acabados, a fim de podermos renascer como seres livres, conscientes, responsáveis e capazes de amar.


A matéria-prima de que dispomos para realizar este processo de renascer é o conjunto dos nossos talentos, isto é, as possibilidades de realização que recebemos dos outros.

Renascer é emergir e crescer como pessoas com uma interioridade espiritual, a qual constitui a nossa identidade espiritual.

É verdade que temos a nossa identidade física constituída pelas nossas impressões digitais e o nosso ADN.

Esta identidade não é resultado de uma decisão nossa, pois é resultado dos dons que recebemos dos outros.

Na verdade, começamos por ser o que os outros fizeram de nós. Não escolhemos nada à partida.

Mas para lá da nossa identidade física, temos também a nossa identidade espiritual que consiste no nosso jeito de amar e comungar com Deus e os irmãos.

A nossa identidade física acaba no cemitério. A nossa identidade espiritual, pelo contrário, é a veste nupcial com a qual participaremos para sempre no Reino de Deus.

Podemos dizer que, na festa do Reino de Deus, todos dançam o ritmo do amor, mas cada um com o jeito que foi adquirindo ao longo da sua realização histórica.

Com efeito, a pessoa humana é uma obra-prima feita de barro dentro da qual está a emergir e a robustecer-se outra obra-prima feita de espírito.

Isto quer dizer que o nosso ser espiritual está a emergir no nosso interior como o pintainho vai emergindo dentro do ovo.

Isto significa que nascemos para renascer. À medida que renascemos, emergimos e estruturamo-nos como pessoas únicas, originais, irrepetíveis e capazes de amar.
Somos seres que se vão realizando na história e a meta desta realização é a comunhão universal da Família de Deus.
Somo seres estruturalmente históricos. É por esta razão que as pessoas, para se dizerem, têm de contar uma história.


Nascemos com uma vocação básica, diz Jesus no evangelho de São João: renascer pelo Espírito Santo, a fim de atingirmos a Vida Eterna.

O que nasce da carne é carne e o que nasce do Espírito é espiritual. É por esta razão que temos de renascer pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).

Nascemos talhados para amar. Deus capacitou-nos para realizar esta tarefa insuflando o hálito da vida no barro primordial do qual saiu Adão.

Depois, graças ao mistério da Encarnação, a Humanidade ficou unida de modo orgânico à própria divindade através de Jesus Cristo.

À medida que renascemos estamos a caminhar de modo seguro para a plenitude da Família de Deus: Filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (cf. Gal 4, 4-7).

O Espírito Santo conduz este processo de humanização à plenitude da divinização. São Paulo diz que o Espírito Santo é o Amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Ele é o vínculo maternal de comunhão orgânica que nos une à Comunhão humano-divina do Reino de Deus.

Ele é a força pessoal que dinamiza e optimiza as nossas relações de amor com as pessoas divinas e as pessoas humanas.

Falando da necessidade que temos de renascer, Jesus diz que só podemos tomar parte no Reino de Deus se renascermos pelo Espírito Santo (Jo 3, 3-6).

Criada à imagem de Deus, a pessoa humana está talhada para o dom: Quanto mais se dá mais se possui.

Ao darmos as nossas coisas materiais ficamos sem elas. Com a vida espiritual acontece o contrário: quanto mais nos damos, mais nos possuímos.

Através do amor e do dom de si, a pessoa está chamada a fazer da sua vida uma obra-prima de humanidade.

O Espírito Santo transforma os nossos corações optimizando a nossa capacidade de amar e fazer o bem, a fim de podermos entrar na plenitude das relações do Reino de Deus habitando para sempre nas coordenadas da Comunhão Universal.

A morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas que constitui a interioridade máxima do Universo, mas sem se confundir com ele.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


02 maio, 2010

O SOFRIMENTO HUMANO À LUZ DE CRISTO

Jesus declara aos mensageiros enviados por João Baptista que a vontade de Deus é a libertação total das pessoas:

“Os coxos andam, os cegos vêem, os leprosos são curados, os surdos ouvem e os mortos ressuscitam (Mt 11, 4-5).

Jesus veio inaugurar o Reino de Deus em cuja plenitude não terá lugar o sofrimento, a morte, a dor, a tristeza ou a solidão.

No Reino de Deus, o sofrimento e a morte serão totalmente banidos. (Apc, 3-4; Heb 2, 43, 3).

O Antigo Testamento via a questão do sofrimento segundo o esquema: pecado-castigo, justiça-felicidade.

Marcados por esta visão antiga, os discípulos perguntam a Jesus a propósito do cego de nascença:

“Quem pecou ele ou o pai dele?”. (Jo 9, 2). Nem ele nem o pai. As situações de sofrimento são um apelo de Deus a solidarizarmo-nos e comprometermo-nos com os que sofrem (Jo 9, 3-7).


Deus não é o autor do sofrimento. Existe um sofrimento que deriva do próprio facto de a pessoa humana estar em processo de realização.

Mas este sofrimento é tolerável e vantajoso. É o sofrimento dos partos mediante os quais nasce o Homem Novo.

Há também um sofrimento que resulta das limitações da natureza, a qual é frágil e inacabada.

Também este sofrimento é tolerável quando vivido numa dinâmica de solidariedade e partilha.

Mas existe um sofrimento que é intolerável e chocante para a razão humana: Pessoas oprimidas. Crianças maltratadas. Seres humanos a morrer de fome perante a indiferença de povos que vivem esbanjando.

Há tantas fronteiras criadas para impedir a circulação dos bens que esta Terra generosa e fecunda produz para todos.

Seres humanos que asfixiam de solidão. Pessoas idosas abandonadas e sós. Pobres explorados. Sistemas sociais alicerçados na injustiça, marginalizando pessoas.

Doenças provocadas pelo egoísmo humano que está a destruir a natureza. Guerras monstruosas que destroem pessoas e cidades, desencadeadas devido ao egoísmo de meia dúzia de indivíduos desumanos.

Seres humanos privados da sua dignidade e reduzidos a objectos de compra, venda ou meros objectos de prazer sexual.

Além destas, há muitas outras situações de sofrimento intolerável e revoltante. Este sofrimento é obra do egoísmo e das nossas recusas de amor.

Deus vai suscitando profetas que denunciam estas situações de sofrimento e convidam os homens a caminhar segundo o plano de Deus:

Os cristãos estão chamados a ser no mundo uma consciência teologal. A nossa vocação é ler os acontecimentos com os olhos da revelação de Deus, actuando de acordo com os critérios de Jesus.

Deus chama-nos a luta contra o sofrimento dos doentes, dos nus, dos presos, dos doentes e dos oprimidos.
Seremos julgados pelos nossos compromissos neste sentido, diz Jesus no texto do juízo final de São Mateus (Mt 25, 31-46).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

19 abril, 2010

A VIDA E A MORTE À LUZ DA FÉ CRISTÃ

À luz da ressurreição de Cristo o acto de morrer é a derradeira possibilidade de renascer para a plenitude do Reino de Deus.

A própria consciência da morte estimula o ser humano a aprofundar o sentido da vida.

Os animais não sabem que um dia hão-de morrer e por isso não sentem necessidade de criar sentidos para viver, pois o sentido da vida e da morte caminham a passo igual.

É por esta razão que, normalmente, o sentido mais profundo da vida emerge na fase terminal, quando a pessoa vê com clareza que o amor é a grande razão que vale para viver e morrer.

Jesus ensinou que amar até à morte é atingir a densidade máxima da vida.

Felizes as pessoas que sabem gastar a vida pelas causas do amor, mesmo que essa opção faça com que a morte chegue mais cedo.

Na verdade, sempre que temos a coragem de gastar a vida pelas causas do amor vamos morrendo ao homem velho que há em nós.

O homem velho tenta poupar a vida a qualquer preço, mesmo que seja a rotura com o amor.
Jesus disse que as pessoas que passam a existência a poupar a vida perdem-na.

A ideia da morte surge ao homem velho como uma tragédia sem saída.

à luz dos ensinamentos de Jesus, pelo contrário, morrer para dar vida é a maneira mais perfeita de viver disse Jesus.

Isto quer dizer que o Homem Novo não pode nascer sem que o velho vá morrendo.

No evangelho de São João, Jesus diz que as pessoas nasceram para renascer (Jo 3,3-6).

A Vida Nova não nasce sem que a velha se vá gastando pelas causas do amor.

Há seres humanos que vão nascendo todos os dias para a plenitude da vida, pois sabem morrer às forças que, em nós, bloqueiam o amor.

Olhada com este sentido, a morte apresenta-se como o último parto para a pessoa renascer de modo definitivo para a Vida Eterna.

À luz da fé cristã a certeza da nossa morte é o convite a criar sentidos válidos para que a vida não seja um fracasso.

Por ter uma interioridade espiritual, o ser humano não cai sob a alçada da morte, nem caminha para o vazio do nada.

A nossa fé diz-nos que é pelo acontecimento da morte que a pessoa entra de modo pleno e definitivo na festa da comunhão universal.

O acontecimento da ressurreição de Jesus Cristo garante-nos que a pessoa humana entra na plenitude da Vida no próprio acto de morrer.

Isto quer dizer que a razão fundamental da nossa existência não é somente prolongar o mais possível a vida mortal, mas construir a vida eterna.

Podemos dizer que no interior da nossa vida mortal a vida imortal emerge como o pintainho dentro do ovo.

Felizes são as pessoas que sabem ocupar a vida presente para construir a vida futura.

Para estas pessoas, a morte surge como a condição indispensável para atingir a sua glorificação com Cristo Ressuscitado.

Foi esta a razão pela qual o Filho de Deus se fez nosso irmão, a fim de nós sermos membros da família divina.

A sabedoria universal da Humanidade diz que a morte não mata a totalidade da pessoa humana, pois esta é imortal no seu ser espiritual.

A Boa Nova da ressurreição de Jesus Cristo confere aos crentes a certeza de que a sua vitória sobre a morte é também uma vitória para nós.

Servindo-nos do relato do Livro do Génesis sobre o Paraíso primordial, podemos dizer que Jesus ressuscitado é a Árvore da Vida que nos dá o fruto da Vida Eterna, isto é, o Espírito Santo (Gn 3, 22-23).

São Paulo diz que Jesus é o Novo Adão que veio restaurar as distorções operadas em nós pelo primeiro Adão, vencendo até a nossa morte (Rm 5, 17-19).

Por outras palavras, ao ressuscitar, Jesus colocou de novo o fruto da Vida Eterna ao nosso alcance!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


14 abril, 2010

A LIBERDADE COMO CAMINHO DE SALVAÇÃO

I – A LIBERDADE É UMA CAMINHADA

A Liberdade é uma conquista e uma tarefa a realizar, pois a pessoa humana não nasce livre.

A liberdade é a capacidade de a pessoa se relacionar amorosamente com os outros e interagir criativamente com as coisas e os acontecimentos.

Isto quer dizer que a liberdade, o amor e a criatividade caminham juntos.

É importante não confundir liberdade com livre arbítrio, a capacidade psíquica que a pessoa tem de optar pelo bem ou pelo.

O livre arbítrio não é a liberdade, mas sim a possibilidade de a pessoa se tornar livre.

Isto quer dizer que ninguém se pode tornar livre sem exercitar o livre arbítrio.

De facto, ninguém se torna livre sem tomar decisões e fazer escolhas na linha do amor.

Por outro lado não basta exercitar o livre arbítrio, para pessoa se construir como pessoa livre.

Deus é infinitamente livre e, no entanto não tem livre arbítrio, pois é incapaz de optar pelo mal.

Deus é infinitamente livre porque interage em relações de amor infinito e sempre criador.

Do mesmo modo, o ser humano só se constrói como pessoa livre, consciente e responsável através do amor.

Podemos dizer que a nossa liberdade é o resultado de uma cadeia de decisões, opções e realizações na linha do amor.

Isto quer dizer que o amor e a criatividade são a matriz da liberdade.

Vista a esta luz já podemos compreender como a liberdade é sempre um bem.

Por outro lado, o livre arbítrio pode ser fonte do bem e também de grandes males.

Os seres humanos que passaram a vida a fazer o mal não chagaram a atingir um grau elevado de liberdade.

Estas mesmas pessoas também não atingiram um elevado nível de consciência nem de responsabilidade.

Este facto deriva do facto de o ser humano se estar a construir como pessoa.

Como não nasce feito, o ser humano está a realizar-se de modo gradual e progressivo. A pessoa faz-se, fazendo.

Cada pessoa está chamada a realizar-se a partir dos talentos que recebeu dos outros.
E assim, por exemplo, ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado e o mal-amado fica a amar mal sem disso ser culpado.

Como o feixe de talentos das pessoas não se repete, cada ser humano se realiza de modo único, original e irrepetível.

II – OS OUTROS E A NOSSA LIBERDADE

Como podemos ver, ninguém é capaz de se tornar livre sozinho.

Isto quer dizer que nós, os seres humanos, precisamos dos outros para nos podermos tornar pessoas livres.

Mas os outros não nos podem substituir, pois a realização do ser humano como pessoa livre, consciente e responsável é uma tarefa pessoal.

Começámos por ser o que os outros fizeram de nós, pois foi deles que recebemos a matéria-prima para nos construirmos.

Mas o decisivo e o mais importante é o que agora construímos com os talentos que recebemos.

Ninguém pode edificar-se como pessoa livre sem ter construir uma vida comprometida.

Não bastam sonhos e devaneios, para uma pessoa chegar a ser livre.

É verdade que os sonhos positivos são importantes, pois funcionam como inspirações que convidam a pessoa a ser criativa.

No entanto, só os sonhos não bastam, pois a pessoa não é igual ao que diz ou sonha, mas sim ao que realiza.

Na verdade há muitos sonhos que não passam de fugas à realidade.

Os seres humanos que se deixam embalar por este tipo de sonhos nunca atingirão grande maturidade nem uma grande realização como pessoas livres.

O Reino de Deus é a Comunhão Universal de pessoas livres.

Isto quer dizer que Deus criou o Homem para que este atinja a liberdade.

Ninguém pode dar a liberdade a outra pessoa. O mais que podemos fazer neste campo é facilitar a realização dos outros para se realizem como pessoas livres.

Há sociedades injustas que metem na prisão pessoas que são profundamente livres e criadoras.

Estas sociedades estão a limitar as possibilidades de estas pessoas exercitarem a sua liberdade e, portanto, a condicionar o seu crescimento em liberdade.

Mas ninguém é capaz de roubar a liberdade a estas pessoas, pois a liberdade faz parte da interioridade máxima da nossa esfera espiritual.

Jesus disse que a pessoa que se opõe ao amor torna-se escrava.

O pecado é a oposição da pessoa amor. Pecar é dizer não ao amor. Foi por esta razão que Jesus disse que quem comete o pecado se torna escravo do pecado (Jo 8, 34).

Cristo libertou-nos das amarras do medo e deu-nos duas asas fundamentais para voarmos em direcção à liberdade: o Espírito Santo e a Palavra de Deus.

As asas não se nos impõem, mas capacitam-nos para voar, caso sintonizemos com a sua capacidade de voar.

Eis o que diz o evangelho de São João a este respeito:

“Se permanecerdes na minha Palavra sereis meus discípulos, conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará” (Jo 8, 31-32).

A Palavra de Deus coincide com a Verdade perfeita e plena.

De facto, a verdade é a compreensão e enunciação adequada e correcta da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

Isto quer dizer que apenas Deus, por ser o autor de toda a realidade a pode conhecer e enunciar de modo pleno.

Por ser a Verdade, a Palavra de Deus dá-nos os critérios certos para optarmos e decidirmos na linha do amor, condição fundamental para sermos livres.

No nosso íntimo, o Espírito Santo convida-nos a agir de acordo com o amor, a fim de sermos livres e chegarmos à comunhão dos Filho de Deus.

A afirmação segundo a qual Deus nos dá a liberdade precisa de ser explicada: Em primeiro lugar é preciso saber que todos os dons de Deus nos são feitos em forma de possibilidades ou talentos.

Esta é uma condição essencial para que as dádivas divinas sejam dons e não imposições.

A possibilidade de sermos livres assenta tanto no nível biológico como no psíquico.

Na Carta aos Gálatas, São Paulo escreveu um texto muito importante sobre a nossa vocação a ser livres:

São Paulo, na carta aos Gálatas transmite-nos um ensinamento muito importante em relação à liberdade:

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto permanecei e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão (…).

Que a liberdade não sirva de pretexto para vos deixardes subjugar pela carne, o homem velho.
Pelo contrário, mediante o amor, ponde-vos ao serviço uns dos outros” (Ga 5, 1-13).

Como dissemos acima, cada pessoa emerge de modo único, original e irrepetível.

Consciente desta verdade, São Paulo aconselha as pessoas que têm um nível maior de liberdade a não chocarem os mais fracos:

“Tende cuidado para que a vossa liberdade não venha a ser ocasião de queda para os mais fracos.

Se alguém te vê, a ti que tens a ciência e a liberdade, comer alimentos que foram consagrados aos ídolos, é capaz de se voltar para os ídolos.

Deste modo, pela tua ciência vai perder-se quem é fraco?” (1 Cor 8, 9-10).

Isto quer dizer que a lei do amor continua a ser a expressão da liberdade de uma pessoa.

Ao mesmo tempo, o amor continua a ser o caminho para a pessoa continuar a crescer como ser livre.

É este o caminho para a pessoa chegar à comunhão universal com Deus e os irmãos.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


08 abril, 2010

A FELICIDADE COMO DOM E TAREFA

I- A FELICIDADE COMO TAREFA

No entanto, apesar de estar connosco, Deus não nos substitui. Isto quer dizer que há uma série de atitudes e opções que não podemos deixar de realizar no dia-a-dia da nossa vida, a fim de edificarmos a felicidade.

Por outras palavras, a felicidade é um dom de Deus mas é também uma tarefa nossa.

Eis algumas atitudes importantes que devemos cultivar, a fim de atingirmos esse estado de paz interior e alegria próprio das pessoas felizes:

Aprender a viver com aquilo que não podemos mudar.

É muito importante aprendermos a aceitar-nos, apesar das nossas limitações.

Cultivar pensamentos construtivos e partilhar com os outros uma visão positiva da vida.

É fundamental cultivar a honestidade consigo e os outros.

Felizes dos que enfrentam as dificuldades da vida com confiança, procurando viver unidos a Deus.

É muito importante não andarmos sempre a comparar-nos com os demais.

Não nos devemos deixar esmagar por situações cuja solução não está nas nossas mãos.

Não será feliz quem não aprende a partilhar com os outros o seu tempo, os seus bens e o seu saber.

É importante cultivar o sentido de humor, impedindo que os pensamentos negativos nos dominem.

Não nos devemos esquecer de cuidar de nós. Quem não gosta de si não conseguirá gostar dos outros.

Ajudemos os outros sempre que se nos ofereçam ocasiões de o fazer.

Mantenhamo-nos o mais possível calmos, evitando situações de stress.

Procuremos ser moderados na comida e na bebida.

Nas relações com os outros procuremos adoptar atitudes de humildade e discrição.

É muito importante aprender a escutar as mensagens que os outros nos querem transmitir.

Procuremos estar sempre actualizados nos assuntos que fazem parte do nosso trabalho ou missão.

Cultivemos a capacidade de partir de uma situação para outra.

As mudanças trazem com frequência novas possibilidades de crescimento e realização pessoal.

Procuremos viver a vida com paixão. Mantenhamo-nos ocupados com coisas das quais gostamos verdadeiramente.

Respeitemos os outros como gostaríamos de ser respeitados por eles.

Não ponhamos como objectivo da nossa vida o simples amontoar de riquezas.

Lembremo-nos sempre de que a fonte da felicidade é o amor e não o dinheiro.

Isto quer dizer que as pessoas que têm muito dinheiro, se quiserem ser felizes, têm de pôr o dinheiro ao serviço do amor.

Isto acontecerá se procurarmos aplicar os nossos bens em favor da nossa realização pessoal e da fraternidade, cultivando o sentido da partilha com os mais pobres.

Procuremos ser gratos para com os outros, aceitando os seus dons e as oportunidades de realização que eles nos oferecem.

Elaboremos objectivos de vida e procuremos realizá-los, numa linha de fidelidade a nós mesmos.
Não percamos de vista as metas e objectivos que pretendemos alcançar.

Dentro do possível evitemos endividar-nos, procurando gerir os nossos bens de modo a bastar-nos.

Não corramos riscos incontrolados, sobretudo não nos comprometamos em campos que não conhecemos e não controlamos.

II-A FELICIDADE COMO TAREFA

Devemos ter presente que Deus, apesar de estar connosco, Deus não nos substitui.
Isto quer dizer que há uma série de atitudes e opções que não podemos deixar de realizar no dia-a-dia da nossa vida, a fim de edificarmos a felicidade.

Por outras palavras, a felicidade é um dom de Deus mas é também uma tarefa nossa.

Eis algumas atitudes importantes que devemos cultivar, a fim de atingirmos esse estado de paz interior e alegria próprio das pessoas felizes:

Aprender a viver com aquilo que não podemos mudar.

É muito importante aprendermos a aceitar-nos, apesar das nossas limitações.

Cultivar pensamentos construtivos e partilhar com os outros uma visão positiva da vida.

É fundamental cultivar a honestidade consigo e os outros.

Felizes dos que enfrentam as dificuldades da vida com confiança, procurando viver unidos a Deus.

É muito importante não andarmos sempre a comparar-nos com os demais.

Não nos devemos deixar esmagar por situações cuja solução não está nas nossas mãos.

Não será feliz quem não aprende a partilhar com os outros o seu tempo, os seus bens e o seu saber.

É importante cultivar o sentido de humor, impedindo que os pensamentos negativos nos dominem.

Não nos devemos esquecer de cuidar de nós. Quem não gosta de si não conseguirá gostar dos outros.

Ajudemos os outros sempre que se nos ofereçam ocasiões de o fazer.

Mantenhamo-nos o mais possível calmos, evitando situações de stress.

Procuremos ser moderados na comida e na bebida.

Nas relações com os outros procuremos adoptar atitudes de humildade e discrição.

É muito importante aprender a escutar as mensagens que os outros nos querem transmitir.

Procuremos estar sempre actualizados nos assuntos que fazem parte do nosso trabalho ou missão.

Cultivemos a capacidade de partir de uma situação para outra.

As mudanças trazem com frequência novas possibilidades de crescimento e realização pessoal.

Procuremos viver a vida com paixão. Mantenhamo-nos ocupados com coisas das quais gostamos verdadeiramente.

Respeitemos os outros como gostaríamos de ser respeitados por eles.

Não ponhamos como objectivo da nossa vida o simples amontoar de riquezas.

Lembremo-nos sempre de que a fonte da felicidade é o amor e não o dinheiro.

Isto quer dizer que as pessoas que têm muito dinheiro, se quiserem ser felizes, têm de pôr o dinheiro ao serviço do amor.

Isto acontecerá se procurarmos aplicar os nossos bens em favor da nossa realização pessoal e da fraternidade, cultivando o sentido da partilha com os mais pobres.

Procuremos ser gratos para com os outros, aceitando os seus dons e as oportunidades de realização que eles nos oferecem.

Elaboremos objectivos de vida e procuremos realizá-los, numa linha de fidelidade a nós mesmos.

Não percamos de vista as metas e objectivos que pretendemos alcançar.

Dentro do possível evitemos endividar-nos, procurando gerir os nossos bens de modo a bastar-nos.

Não corramos riscos incontrolados, sobretudo não nos comprometamos em campos que não conhecemos e não controlamos.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


01 abril, 2010

O AMOR É FONTE DE OPÇÕES HUMANIZANTES

O acto de amar não é para a pessoa humana um comportamento espontâneo, pois o ser humano não é capaz de amar antes de ter sido amado.

Eis a lei do amor: É o amor dos outros que nos capacita para amar. Eis a razão pela qual o mal amado fica a amar mal, apesar de não ter culpa.

O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

O amor capacita-nos para eleger os outros como próximos, isto é, como alvo do nosso bem-querer.

Na verdade, o próximo propõe-se mas nunca se nos impõe. Somos nós que mediante os apelos do amor o elegemos como tal.

O Amor capacita-nos para agir de modo a facilitar a realização e felicidade dos outros.

Jesus teve a coragem de anular os preceitos e mandamentos do judaísmo, reduzindo-os ao mandamento do amor:

“Dou-vos um mandamento novo: amai-vos uns aos outros como eu vos amei. As pessoas saberão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35).

O campo privilegiado para o amor actuar e se difundir é o tecido das relações humanas.

Por outras palavras, o amor optimiza as relações, conferindo-lhes a força da humanização.

Isto demonstra a importância de as pessoas procurarem optimizar as relações mediante opções e atitudes de amor.

A título de exemplo apresentamos algumas atitudes geradoras de amor e, portanto, capazes de acelerar a dinâmica do processo humanizante das pessoas:

Amar é ser capaz de estar presente nas horas difíceis, pois o amor tende sempre para a comunhão.

Amar é ajudar o outro a gostar de si, valorizando as suas realizações positivas, mesmo que estas não estejam de acordo com os nossos interesses.

É também ajudar o outro a superar a solidão e ajudá-lo a suportar os fardos com que a vida, por vezes, nos carrega.

Amar é facilitar o amadurecimento dos seres humanos, dando-lhes oportunidades para que se realize como pessoa livre, consciente e responsável.

A pessoa que ama não substitui os outros, mas gosta de os ajudar sem se sobrepor.

A pessoa que ama molda a sua vida de acordo com o princípio fundamental do bem-querer: “É melhor dar do que receber.”

Amar é ajudar o outro a descobrir sentidos para viver de modo empenhado e feliz.

Amar é ser capaz de ficar calado quando se está magoado, esperando a oportunidade certa para dialogar com serenidade.

Amar é acreditar no outro e não pretender que a minha opinião é a única que vale.

Amar implica reconhecer as qualidades do outro e não girar apenas à volta dos seus defeitos.

Amar é ser capaz de partilhar não só o que tenho, mas também o que sei e, sobretudo o que sou.

Amar é orientar a viva como disponibilidade para aceitar as diferenças dos outros, sabendo que isto vale mais do que dar presentes.

Ama mais e melhor quem dá o primeiro passo no sentido da reconciliação.

Amar é estar atento, a fim de ver se o outro está precisando de mim. Não basta pensar: “Quando quiser que venha ter comigo”.

O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

Ama mais quem se antecipa a ser dom para os outros. Jesus levou o amor até à sua expressão máxima: Deu-se de modo pleno. Deu tudo, até a própria vida.

O nosso amor será tanto mais perfeito quanto mais nos aproximarmos do jeito de Jesus amar.
O amor modela o coração da pessoa para a comunhão e capacita-a para saber edificar a sua casa sobre a rocha firme.

O amor é a veste indispensável para podermos participar no banquete do Reino de Deus.

O Amor é uma dinâmica criativa, capaz de gerar constantemente o novo e o diferente. O Amor é também uma fonte de liberdade.

De facto, a liberdade é a capacidade de uma pessoa se relacionar de modo amoroso com os outros e interagir de modo criativo com as coisas e os acontecimentos.

O amor tenta conviver com os defeitos dos outros, apesar de isto exigir renúncia.

O amor menciona os sucessos do outro e menciona as suas qualidades.

O amor não está sempre a exigir disponibilidade da parte do outro, mas procura estar disponível quando este precisa de si.

Quando dá uma opinião ou aconselha alguém, a pessoa que ama procura comunicar sempre o melhor da sua experiência e do seu saber.

O jeito de se dar da pessoa que ama é discreto, ao ponto de o outro nem se aperceber do sacrifício que está a ser feito em seu favor.

A pessoa que ama não se afasta do outro quando este teve um fracasso.

Por ser dinâmico, o amor é capaz de um crescimento constante, capacitando as pessoas para uma doação cada vez mais plena e gratuita.

Pelo modo gratuito e atento de se dar, a pessoa que ama é sempre a primeira a ser recordada por aqueles a quem se deu, sobretudo quando estes estão a passar por momentos difíceis.

A pessoa que ama evita magoar, mas não deixa de dizer a verdade pelo simples facto de que o outro pode não gostar.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matiaas