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09 julho, 2010

Oração Confiante de um Homem Crente


Trindade Santa,

Vós sois o único Deus Verdadeiro e o nosso Criador. Obrigado por nos terdes amado ainda antes de nós existirmos.

Fostes Vós quem decidiu criar-nos inacabados, a fim de sermos autores da nossa própria realização.


Espírito Santo,

Glória a ti que és o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).

Tu és a ternura maternal de Deus. A tua presença maternal é o princípio animador desse campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Tu és, Espírito Santo, o hálito da vida que, no princípio, saiu das narinas de Deus para o interior do barro amassado do qual saiu Adão!

Ajuda-nos a compreender o Mistério do Homem em construção, a fim de termos critérios para edificar o Homem Novo.

Quando te enviou a nós, Jesus confiou-te a missão de nos conduzires à Verdade plena, diz o evangelho de São João (Jo 16, 13).

És tu, Espírito Santo, quem nos faz compreender o Mistério do Homem em construção.

És tu quem nos dá os critérios certos para sabermos edificar o Homem Novo.

Com esse teu jeito maternal de amar tu nos enches da sabedoria de Deus, a fim de que as nossas palavras sejam sensatas e as nossas atitudes criadoras de fraternidade.

És tu quem nos conduz e ilumina, a fim de ajudarmos as pessoas que se cruzam connosco a ser felizes.


Espírito Santo,

Só com a tua força nós somos capaz de acolher os irmãos assim como eles são.

Graças a ti nós somos capazes de agir de modo a que ninguém fique mais pobre, triste ou machucado, por se encontrar connosco.

És tu quem nos torna fiéis à Palavra de Deus, a fim de fazermos sempre a vontade do Pai como Jesus que um dia disse estas palavras:

“O meu alimento é fazer a vontade do meu Pai e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).


Senhor Jesus Cristo,

Tu ensinaste aos teus discípulos que a vontade do Pai coincide sempre com o que é melhor para nós.

Por isso, após a Páscoa, os Apóstolos começaram a testemunhar o amor de Deus pela Humanidade.

Nós te louvamos porque nos deste o mesmo Espírito Santo que capacitou os teus discípulos para anunciar o Evangelho.

Na verdade, também nós fomos consagrados por este mesmo Espírito Santo, a fim de podermos anunciar a Notícia Bonita da tua ressurreição.

Nós te louvamos, Jesus, por este chamamento que nos fazes.



Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias

24 abril, 2010

ESPÍRITO SANTO E OS OPERÁRIOS DO REINO

O Novo Testamento garante aos evangelizadores que a sua missão terá o mesmo sucesso da missão de Jesus, pois o Espírito que fortalecia Jesus é o mesmo que fortalece e capacita os seguidores do Senhor:

“No decurso de uma refeição que partilhava com os discípulos, Jesus ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que esperassem lá o prometido do Pai, do qual Jesus lhes falou por várias ocasiões.

João baptizava em água, mas vós sereis baptizados no Espírito Santo, disse-lhes Jesus” (Act 1, 4-5).

Podem estar seguros, pois o Espírito Santo será o guia e o mestre deles na tarefa da evangelização:

“Mas o Paráclito, o Espírito que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo e há-de recordar-vos tudo o que eu disse” (Jo 14, 16).

São Paulo diz que os evangelizadores são ministros da Nova Aliança, capacitados pelo Espírito Santo para o serviço do Evangelho:

“Não é que sejamos capazes de realizar algo como coisa vinda de nós. A nossa capacidade vem de Deus, pois é ele que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito, porque a letra mata, mas o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 6).

O trabalho evangelizador do Apóstolo será tanto mais eficaz quanto mais este acolher no seu coração a novidade da Palavra e do Espírito Santo.

O Apóstolo é uma mediação da qual Deus precisa, mas o protagonista da evangelização é o Espírito Santo.

A eficácia da evangelização não depende do Apóstolo. A sua missão é pôr Deus a falar, tornando-se o servidor da Palavra.

Tomando São Paulo como modelo, podíamos dizer que o evangelizador deve agir como se tudo dependesse dele, sabendo, no entanto, que o fundamental é obra de Deus.

Eis o testemunho da Primeira Carta aos Coríntios: “Mas quem é Apolo? Quem é Paulo? Simples servos por cujo intermédio abraçastes a fé.

Na verdade cada um de nós actua segundo a capacidade que Deus nos concedeu: Eu plantei. Apolo regou. Mas foi Deus quem deu o crescimento.
Isto quer dizer que nem o que planta nem o que rega é alguma coisa por si, pois só Deus é capaz de fazer crescer.

O que planta e o que rega formam uma união em Cristo e cada qual receberá o prémio do seu trabalho.

Nós somos, de facto, cooperadores de Deus e vós sois o campo de cultivo do Senhor” (1 Cor 3, 5-9).

Jesus tomou muito a sério a sua condição de consagrado pelo Espírito Santo. Eis as suas palavras no evangelho de São Lucas:

“Jesus veio a Nazaré onde se tinha criado. Segundo o seu costume, entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler.

Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o, deparou com a passagem em que está escrito:

“O Espírito do Senhor está sobre mim porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres.
Enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista. Enviou-me a libertar os oprimidos e a proclamar o ano da graça” (Lc 4, 18-19).

A fecundidade da nossa acção evangelizadora vem-nos do facto de estarmos unidos de modo orgânico a Jesus, diz o evangelho de São João:

“Permanecei em mim que eu permaneço em vós. Tal como o ramo da videira não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira. Vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5).

São Paulo não tinha quaisquer dúvidas de que o Espírito Santo nos dá os dons necessários para realizarmos a nossa missão de evangelizadores:

“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de serviços, mas é o mesmo Senhor.

Há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum (1 Cor 12, 4-7).

O evangelizador deve ser uma pessoa humilde e reconhecer que os frutos da sua missão têm como origem a acção de Cristo ressuscitado.

Por outras palavras, a nossa acção evangelizadora é uma continuação da missão de Jesus Cristo.

O Apóstolo bem formado sabe que não leva Cristo às pessoas. Quando ele chega ao campo de missão, o Espírito Santo já lá está disposto a actuar pela mediação do mesmo Apóstolo.

Na verdade, o Senhor ressuscitado precede o apóstolo, mas temos de estar cientes de o Senhor precisa de mediações para realizar a obra do Evangelho.

É isto que São Paulo quer dizer quando afirma que nós somos o Corpo de Cristo, isto é, mediações de encontro de Cristo com o mundo:

“Vós sois corpo de Cristo e seus membros, cada qual na parte que lhe toca” (1 Cor 12, 27). O corpo de Cristo ressuscitado é espiritual, não físico, diz São Paulo.
É por esta razão que Jesus se une a nós de modo orgânico, a fim de comunicar com o mundo através de nós:

“Mas perguntam alguns: como ressuscitam os mortos? Com que corpo ressurgem? Insensatos! O que semeais não volta à vida se primeiro não morrer.

E o que semeais não é o corpo que há-de vir, mas um simples grão de trigo, por exemplo, ou de qualquer outra espécie.

É Deus que lhe dá o corpo, pois ele dá a cada semente o corpo que lhe corresponde (…). Assim também acontece com a ressurreição dos mortos:
semeado corruptível, ressuscita como corpo incorruptível. Semeado na desonra, ressuscita glorioso.

Semeado na fraqueza ressuscita cheio de força. Semeado corpo físico, ressuscita corpo espiritual.
Na verdade há corpos terrenos e corpos espirituais” (1 Cor 15, 35-44).

O raciocínio de São Paulo é o seguinte: como o corpo do Senhor ressuscitado é espiritual, ele precisa da mediação de um corpo físico para se encontrar com as pessoas.

É por esta razão que o Senhor se une de modo orgânica às comunidades cristãs, fazendo delas o seu corpo.

Evangelizar é, pois, ser mediação de encontro de Cristo com o mundo. É, também, pôr Cristo a falar para os homens de hoje.

É esta a maneira de os cristãos viverem o baptismo no Espírito que é a dimensão pentecostal da vida cristã.

Perante esta verdade importante, o evangelizador tem de ser uma pessoa humilde. Como Jesus disse aos discípulos, a grandeza e a autoridade do Apóstolo radica no serviço aos irmãos:

“Jesus chamou os discípulos e disse-lhes: sabeis que os chefes das nações as governam como senhores e que os poderosos exercem sobre elas o seu poder.

Entre vós não deve ser assim. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo.

O Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela Humanidade” (Mt 20, 25-28).

Os evangelizadores têm qualidades diferentes. Ao consagrar estas qualidades para a missão, o Espírito Santo faz que elas se tornem carismas, isto é, dons em favor de todos.

Deste modo, como diz São Paulo, Deus torna fecunda a vida dos cristãos, servindo o Evangelho e fazendo que a acção de cada um seja incorporada de modo harmonioso na vida e no serviço evangelizador da comunidade (1 Cor 3, 5-9).

O Espírito Santo conduz e ilumina os evangelizadores de modo a que estes compreendam que o sucesso da sua missão está na cooperação e não na competição (1 Cor 3, 5-9).

Por outras palavras, o Espírito Santo conduz os apóstolos a trabalhar em comunhão com Cristo e os irmãos, a fim de a sua missão ser eficaz.

Através do evangelizador, o Espírito Santo ajuda as pessoas a saborear a Verdade de Deus e do Homem na sua profundidade máxima, ajudando-as a sentirem-se pessoas livres e felizes.

Na verdade, as pessoas que nada fazem para sair do erro, da mentira e da ignorância nunca chegarão ser pessoas profundamente livres.

No evangelho de São João, Jesus diz que o Espírito Santo possui a Verdade Plena e quer conduzir-nos para ela (Jo 16, 13).

A Carta aos Gálatas diz que o Espírito Santo é o Espírito da Verdade é também o Espírito da liberdade (Gal 5, 1-2).

A verdade é a compreensão e enunciação correcta e adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

Quanto mais crescermos Verdade, mais capacitados estamos para avançar no processo da nossa humanização e facilitar aos irmãos o seu crescimento humano.

Na véspera da sua morte, Jesus disse aos discípulos que depois de ressuscitar lhes ia enviar o Espírito Santo, a fim de nos conduzir à Verdade Plena (Jo 16, 13).

Uma vez que a verdade tem como horizonte a compreensão e enunciação correcta e adequada da realidade de Deus, do Homem e da História, só Deus a pode possuir em plenitude.

É por esta razão que só o Espírito Santo nos pode conduzir com segurança à Plenitude da Verdade.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


14 março, 2010

JESUS CRISTO E O MISTÉRIO DA ÁGUA VIVA

No relato do encontro de Jesus com a Samaritana, Jesus diz que a Salvação acontece no interior da pessoa, graças à da Água Viva que ele tem para Á Humanidade.

Eis a suas palavras: “Se conhecesses o dom que Deus tem para dar e quem é aquele que te está a pedir água, tu é que lhe pedirias e ele dar-te-ia uma Água Viva” (Jo 4, 10).

A associação da Água Viva à realidade de Deus já vinha dos profetas. O profeta Jeremias repreendeu o povo pela sua ingratidão, pois voltou a costas a Deus que é a fonte da Água Viva.

O evangelho de São João diz expressamente que a Água Viva é o Espírito Santo, o qual faz emergir nos nossos corações nascentes de vida eterna (Jo 7, 39).

São Paulo diz que todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhos e herdeiros de Deus:

“Todos os que se deixam guiar pelo Espírito Santo são filhos de Deus. Nós não recebemos um espírito de escravidão para andarmos com medo, mas sim um Espírito de adopção graças ao qual clamamos “Abba”, Pai Querido.

É o próprio Espírito que dá testemunho no nosso íntimo de que somos filhos de Deus.
Ora, se somos filhos, somos igualmente herdeiros: Somos herdeiros de Deus pai e co-herdeiros com Cristo” (Rm 8, 14-17).

A Primeira Carta aos Coríntios diz que o Espírito Santo é como uma Água Viva que bebemos. A Água do baptismo é um símbolo das Água Viva que geram em nós a Vida Eterna:

“Todos nós fomos baptizados num só Espírito, a fim de formarmos um só corpo, tanto judeus como gregos, escravos ou livres.

Na verdade, todos nós bebemos de um mesmo Espírito” (1 Cor 12, 13).
Graças à acção do Espírito Santo no nosso coração, nós formamos com Cristo um corpo espiritual do qual Jesus é a cabeça e nós somos os membros.

Referindo-se à Eucaristia, o evangelho de São João diz que a carne e o sangue de Jesus Cristo ressuscitado são o alimento da vida eterna, isto é, o Espírito Santo.

No capítulo sexto do evangelho de São João, Jesus diz expressamente que a carne e o sangue do Senhor ressuscitado são o Espírito Santo e não uma realidade de tipo biológico:

“Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes? O Espírito é quem dá a vida, a carne não serve para nada. As palavras que eu vos disse são Espírito e Vida” (Jo 6, 62-63).

Jesus explicou à Samaritana que a Água viva que ele tem para nos dar não é como a água do poço de Jacob junto ao qual Jesus se tinha sentado.

O poço de Jacob representa a antiga Aliança. A Água Viva, pelo contrário, representa o grande dom da Nova Aliança, isto é, o Espírito Santo.

Para ter acesso à Água do poço de Jacob é preciso um balde, isto é, uma multidão de normas, leis, preceitos e ritos.

Para termos acesso à Água Viva basta fé na Palavra de Deus e a aceitação do Espírito que nos vem de Cristo ressuscitado.
As pessoas que bebem do poço de Jacob, disse Jesus à Samaritana que as pessoas que bebem do poço de Jacob voltam a ter sede.
A Água Viva, pelo contrário, mata a sede para sempre, isto é, dá-nos a vida eterna. Eis as suas palavras:

“Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede. Mas aquele que beber da Água que eu lhe der, nunca mais terá sede, pois esta Água, no seu coração, torna-se uma nascente de Vida Eterna” (Jo 4, 13-14).

Esta Água, acrescentou Jesus, é o Espírito Santo que foi difundido no momento da ressurreição de Cristo.

Eis o que Jesus diz no evangelho de São João: “No último dia, o mais solene da festa, Jesus, de pé, bradou:

“Se alguém tem sede venha a mim. Quem crê em mim que sacie a sua sede! Como diz a Escritura, hão-de emergir dos seus corações rios de Água Viva.

Jesus disse isto referindo-se ao Espírito Santo que iam receber os que acreditassem nele. Com efeito, o Espírito ainda não tinha vindo porque Jesus ainda não tinha sido glorificado” (Jo 7, 37-39).

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Na Primeira Carta aos Coríntios ele diz que nós somos templos do Espírito Santo:
“Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Cor 2, 16).

Ao profetizar sobre os tempos da salvação, o profeta Ezequiel descreve a força da Nova Aliança no coração do Homem dizendo o seguinte:

“Dar-vos-ei um coração novo e introduzirei em vós um Espírito Novo:

Arrancarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei o meu Espírito no vosso íntimo, fazendo que sejais fiéis às minhas leis e preceitos” (Ez 36, 26-27).

A Carta aos Efésios que os crentes não se devem embriagar com vinho mas encher-se com a força do Espírito Santo (Ef 5, 18).

Com estas palavras, São Paulo queria dizer que o Espírito Santo é a bebida da Nova Aliança, isto é, a Água Viva (1 Cor 12,13).

O profeta Isaías já tinha falado do Espírito Santo como sendo uma água que mata a sede e faz desabrochar a vida espiritual em abundância.

“Vou derramar água sobre o que tem sede e fazer correr rios sobre a terra árida. Vou derramar o meu Espírito e as minhas bênçãos sobre os vossos filhos e filhas.

Por isso eles vão crescer como plantas junto das fontes e como salgueiros junto das águas dos rios e ribeiros” (Is 44, 3-4).

No relato do Pentecostes, o Livro dos Actos dos Apóstolos diz que o Espírito Santo veio com toda a força sobre os crentes, realizando deste modo o que as Antigas profecias tinham prometido:

“Estes homens não estão embriagados como imaginais, mas tudo isto é a realização do que disse o profeta Joel” (Act 2, 15-16).

O Novo Testamento identifica o Espírito Santo com o Espírito de Cristo ressuscitado. Como estamos unidos a Cristo, temos o mesmo Espírito que o ressuscitou e faz dele a Cabeça do Homem Novo.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


11 março, 2010

A TERNURA MATERNAL DO ESPÍRITO SANTO

Falar do Espírito Santo é falar de uma pessoa divina que tem um jeito maternal de amar.

Por outras palavras, assim com Deus Pai tem um jeito paternal de amar, o ser e agir do Espírito Santo revelam-nos a o mistério da ternura maternal de Deus.

Por seu lado, o Filho Eterno de Deus ama com um jeito filial em relação a Deus e com um jeito fraternal em relação, pois ele é, como a Carta aos Romanos, o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).

De tal modo o seu jeito fraternal de nos amar é fiel e verdadeiro que partilhou connosco a sua herança de Filho único:

“Ora se somos filhos de Deus somos também seus herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, o Filho de Deus” (Rm 8, 17).

Dizer que o Espírito Santo tem um jeito maternal de amar significa que ama com um matiz feminino.

São Paulo compreendeu muito bem este mistério quando disse que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

O evangelho de São João diz que a presença do Espírito Santo em nós é geradora de vida divina em nós. É por esta razão que temos de nascer de novo pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).

São Paulo quer dizer isto mesmo quando afirma que todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhos de Deus do Espírito Santo no nosso interior, o Espírito Santo (Rm 8, 14).

No nosso interior, o Espírito Santo uma nascente de amor e liberdade. Com efeito, o amor e a liberdade caminham sempre juntos: ser livre é ser capaz de viver relações de amor com os irmãos e de interagir criativamente com as coisas e os acontecimentos.

Animado com a força do Espírito Santo, Jesus iniciou a sua missão dizendo que tinha foi ungido com o Espírito Santo, a fim de enviar presos em liberdade e fazer bem a toda a gente:

“O Espírito Santo está sobre mim porque me ungiu. Consagrou-me para anunciar o Evangelho aos pobres, proclamar a libertação dos presos e mandar em liberdade os oprimidos” (Lc 4, 18).

Ninguém é capaz de se tornar livre sem tomar decisões e fazer escolhas na linha do amor.
Sempre que as nossas opções se orientam na linha do amor, estamos a responder ao amor com que fomos amados e aos apelos do Espírito Santo nos nossos corações.

Ser livre é também estar capacitado para interagir de modo criador com as coisas e os acontecimentos.

O amor é uma fonte permanente de novidade. Dá-nos horizontes novos para a vida e inspira-nos planos para melhorarmos o nosso mundo e a nossa História.

Quando os projectos humanos não se orientam na linha da justiça e da salvação da terra que Deus nos deu, temos de reconhecer que esses projectos não são obra do amor.

O pecado, isto é, as nossas resistências ao amor não fazem de nós pessoas livres. Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “Se permanecerdes na minha palavra sereis meus discípulos, conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará (…).

Quem comete o pecado é escravo (…). Mas se o Filho de Deus vos libertar, sereis realmente livres” (Jo 8, 31-36).

São Paulo está a ver as coisas nesta mesma linha quando afirma: “O Espírito Santo é o Espírito da Vida Nova em Cristo Jesus. É ele que nos liberta da lei do pecado e da morte” (Rm 8, 2).

Eis outra afirmação onde São Paulo proclama de modo muito bonito a acção libertadora do Espírito Santo no nosso coração:

“Cristo ressuscitado é um ser espiritual. Onde está o Espírito Santo, isto é, o Espírito do Senhor ressuscitado, aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17).

No íntimo da comunhão trinitária, o Espírito Santo anima a comunhão que existe entre Deus Pai e seu Filho Eterno.

Quando entre os seres humanos acontece uma relação de fraternidade e comunhão, o Espírito Santo está sempre presente, optimizando essas relações de fraternidade.

Quando uma pessoa decide amar os irmãos facilitando a sua realização e felicidade, esta pessoa está a ser mediação do amor maternal do Espírito Santo.

Na verdade, os gestos do amor humano encontram no Espírito Santo a sua raiz mais profunda.

Sem a presença inspiradora do Espírito Santo no coração dos crentes, as Sagradas Escrituras não passariam de letra morta como diz São Paulo: “A letra mata, mas o Espírito Santo dá vida (2 Cor 3, 6).

É o Espírito Santo que vivifica as relações dos cristãos na comunidade, unindo-os de modo orgânico, a fim formarem o Corpo de Cristo (1 Cor 12, 13; 12, 27).

O Espírito que ressuscitou Jesus é o mesmo que nos ressuscita a nós, diz São Paulo:
“Se o Espírito que ressuscitou Jesus está em vós, então ele fará que vivais para sempre” (Rm 8, 11).

É o Espírito Santo quem dinamiza a interacção do divino com o humano no coração de Jesus Cristo.

Com seu jeito maternal de dar vida, o Espírito Santo está no centro do mistério da Encarnação. Na verdade, o Verbo encarnou pelo Espírito Santo (Jo 1, 14).

Foi a ternura maternal do Espírito Santo que optimizou o coração de Maria, a fim de ela amar o Filho de Deus com o jeito divino do Espírito Santo.

O sopro de Deus no barro primordial do qual saiu Adão não é mais que a acção maternal do Espírito Santo fazendo que o barro se torne barro com coração capaz de eleger os outros como alvo de amor (cf. Gn 2, 7).

Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo vai-nos recriando e configurando com Cristo ressuscitado, a fim de ele ser o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).

O Livro do Génesis diz que, no princípio, a terra era uma massa informe, caótica, envolvida numa escuridão total.

Mas eis que Deus decide fazer da terra o berça da vida e a morada do Homem. Nesse momento inicial, diz a Bíblia, o Espírito Santo começa a pairar sobre as águas, a fim delas o berço fecundo da vida primordial (Gn 1, 1-2).

E foi assim que a fecundidade maternal do Espírito Santo iniciou a génese da Vida sobre a terra.

Falando da Vida espiritual humana, Jesus diz no evangelho de São João que as pessoas humanas têm de nascer de novo através do Espírito Santo, a fim de poderem entrar na Vida Eterna:

“Em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.
Aquilo que nasce da carne é carne e aquilo que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3, 5-6).

Nascer da água, no evangelho de são João, significa nascer do Espírito Santo, o qual é a Água Viva (Jo 4, 14).

São João diz que Cristo ressuscitado nos dá uma Água Viva que faz brotar em nós nascentes de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


04 março, 2010

ESPÍRITO SANTO E A HUMILDADE DE CORAÇÃO

Espírito Santo,

Jesus convidou-nos a imitá-lo, construindo um coração idêntico ao seu: “Aprendeu de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29).

Dá-nos a força para sabermos adoptar as atitudes correctas e necessárias, a fim de sabermos moldar um coração de homens novos.

Não podemos moldar um coração de homens novos sem cultivarmos a humildade, assumindo as nossas limitações e os nossos erros.

Na verdade, os homens de coração novo não estão sempre a culpar os outros das suas culpas, insatisfações e fracassos.

É um excelente sinal de humildade a pessoa saber aceitar as próprias limitações e procurar realizar-se com os seus talentos reais.

Ser humilde é ser verdadeiro em relação a si e aos outros. É também reconhecer que uma pessoa, para se realizar, precisa dos outros, pois a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade da comunhão.

Para moldar um coração humilde, a pessoa deve aprender a escutar o irmão e aceitá-lo assim como ele é.

As pessoas demasiado enredadas em si não conseguem escutar os outros. Eis a razão pela qual não são capazes de sintonizar e comungar com os outros.

A pessoa humilde reconhece o seu pecado. A pessoa de coração novo procura não julgar os outros.

Jesus disse que o coração é a fonte da qual emergem as boas e as más decisões. A pessoa que procura ser amável e serena nas relações com os irmãos já está a viver a bênção prometida aos mansos, os quais possuirão a terra, como diz Jesus no evangelho de São Mateus (Mt 5, 5).

A amabilidade desmonta as agressividades com que os outros pretendem muitas vezes agredir-nos.

Ter a gentileza de dar a primazia é uma atitude de que não passa despercebida dos outros e ajuda-nos a moldar um coração atento e fraterno.

A pessoa humilde sabe reconhecer os momentos oportunos para falar e as melhores ocasiões para escutar é sinal de sabedoria.

É um excelente sinal de amor fraterno saber evitar argumentos inúteis que só servem para exaltar os ânimos.

É um excelente sinal de humildade saber reconhecer quando o outro tem razão.
O alicerce da humildade é a sabedoria que capacita a pessoa para se analisar com critérios de verdade, interagir

A pessoa humilde confia em Deus, fazendo dele o rochedo sólido para edificarmos a nossa casa.

A pessoa humilde treina-se na arte de facilitar a realização dos outros, não se esquecendo de que o importante é aceitá-los por eles serem o que são e não por fazerem o que nós queremos.

Nos seus diálogos, a pessoa humilde procura comunicar sempre numa linha de verdade e autenticidade.

No trato com os irmãos não está sempre a olhar só para os seus interesses, tentando sobrepor-se aos outros.

A pessoa humilde recorda-se de que os outros são um dom de Deus, pois são mediações para a ela se poder realizar.

Por outras palavras, a pessoa humilde tem consciência de precisar dos outros, pois sabe que ninguém pode ser feliz sozinho.

Isto torna-se ainda mais claro à luz da fé, pois a Palavra de Deus diz-nos que apenas com os outros podemos formar a Família de Deus.

A pessoa humilde tem consciência de que ninguém é bom em tudo e que nenhuma pessoa é a medida dos outros.

A pessoa humilde é agradecida, sobretudo quando sente que os outros estão a ser atentos e respeitadores da sua originalidade e diferenças.

De facto, a pessoa que tenta controlar e manipular os outros nunca conseguirá ter um coração de homem novo, pois está a impedir que os outros possam emergir como pessoas livres, conscientes e responsáveis.

As pessoas humildes procuram pôr o amor e a fraternidade em primeiro plano e por isso são uma mediação privilegiada do amor de Deus para os irmãos.

A pessoa humilde tenta amar o outro, apesar dos seus defeitos, impedindo assim que ele seja marginalizado apesar das suas imperfeições.

A pessoa humilde tem a capacidade de se alegrar com o com os sucessos dos outros como se fossem seus.

A pessoa humilde nunca se afasta do outro pelo facto de ele ter sofrido revezes e fracassos.

A pessoa humilde não alimenta ressentimentos ou planos de vingança no seu coração.

A sabedoria que serve de alicerce à humildade é um dom do Espírito Santo, o grande arquitecto do Homem de Coração Novo.

A pessoa humilde é disponível e procura alicerçar as suas atitudes e opções no pilar da gratuidade.


Espírito Santo,

São Paulo diz que tu és o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5). Ajuda-nos, nós te pedimos, a moldar em nós um coração manso e humilde como o de Jesus.

Com o teu jeito maternal de amar faz que as nossas atitudes sejam geradoras de paz e harmonia, afim de os nossos corações se configurem com o coração de Jesus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


12 fevereiro, 2010

A FÉ MODELA O SER E O AGIR DOS CRENTES

I-A FÉ CRISTÃ COMO EXPERIÊNCIA

A fé é a capacidade espiritual de acolher uma verdade que nos é comunicada, apesar de não ser evidente nem se poder comprovar.

A fé cristã molda no crente um modo de ser e agir que resultam do encontro com o Cristo ressuscitado no nosso íntimo.

Este encontro acontece no nosso íntimo pela acção maternal do Espírito Santo que anima uma interacção espiritual entre nós e Jesus ressuscitado.

São Paulo diz que ninguém é capaz de reconhecer o Senhor ressuscitado a não ser pelo Espírito Santo (1 Cor 12, 3).

A Primeira Carta aos Coríntios diz que o Espírito Santo habita no nosso coração como num templo:

“Não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo que habita em vós porque o recebestes de Deus e por isso já não vos pertenceis?” (1 Cor 6, 19).

A nossa fé confere-nos horizontes mentais amplos e profundos para olharmos as coisas com os critérios de Deus.

Ao mesmo tempo capacita-nos para agirmos com a segurança própria de quem sabe que Deus está consigo e para si.

Para terem uma fé cristã adulta, os crentes precisam de cultivar o conhecimento dos conteúdos da sua fé.

Uma coisa é esforçar-se por ser uma boa pessoa boa, outra coisa é esforçar-se por possuir uma fé cristã adulta.

No entanto, a nossa fé não se esgota no conhecimento dos seus conteúdos doutrinais. Um crente que tome Deus e os conteúdos da Fé a sério procura exercitar e experimentar a verdade dessa mesma fé.

Se a doutrina da fé é verdadeira, então tem de ser eficaz no concreto da vida, isto é, tem de dar frutos de veracidade.

Por outras palavras, os cristãos que tomam Deus e a fé a sério decidem correr riscos e apostar.
É este o conselho que nos dá a Carta aos Efésios quando afirma:

“Não andeis como os gentios, na futilidade dos seus pensamentos, com o entendimento obscurecido, alienados da vida de Deus devido à ignorância e dureza de coração” (Ef.4,18).

II-A FORÇA LIBERTADORA DA FÉ

A veracidade da fé experimenta-se através da interacção entre o cristão e Deus. Esta interacção é dinamizada e fortalecida pela acção do Espírito Santo.

O nosso coração, isto é, a nossa interioridade espiritual pessoal, é um manancial de energias que configuram a nossa identidade pessoal.

Isto quer dizer que o nosso coração é o ponto de encontro entre nós e Deus. É aí que a acção do Espírito Santo exerce uma acção libertadora.

É deste núcleo profundamente dinâmico que emerge a força do milagre através da força dinamizadora da fé. Jesus dizia que não há milagre sem fé.

O culto que liberta não é feito de ritos vazios sem valor, mas acontece como interacção com o Espírito Santo, fonte da Verdade:

“Deus é Espírito e os que o adoram devem adorá-lo em Espírito e Verdade” (Jo 4, 24). A nossa fé garante-nos que Deus é a origem e o coração das forças espirituais do Universo.

A morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, o qual constitui a interioridade máxima do Universo.

Se pelos ensinamentos da fé acreditamos que Deus está em nós e por nós, então vamos agir em conformidade com estas verdades. É isto o exercício da fé!

Deus é amor omnipotente. O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem as pessoas e como meta a comunhão.

Se Deus está em mim, então o amor omnipotente está em mim. Se o dinamismo espiritual que criou o Universo está ao nosso alcance, então o melhor está ao nosso alcance.

São Paulo estava convencido desta verdade quando afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Se nos prepararmos para acolher o melhor, então o melhor está ao nosso alcance. Esta certeza é legítima para os crentes que edificam sobre a rocha firme da fé amadurecida.

A fé é um alicerce excelente para acontecer interacção entre a pessoa humana e Deus. A fé não só nos confere estes horizontes como também robustece as nossas forças interiores, capacitando-nos para realizarmos maravilhas, como Jesus afirma no evangelho de São Marcos:

“Se acreditas, todas as coisas são possíveis para o que acredita” (Mc 9, 23).
Por outras palavras, a fé converte-nos em crentes, optimizando as nossas capacidades e realizações.

Jesus dá-nos a garantia do sucesso pleno dos que acreditam e tomam Deus a sério:
“Se tiveres fé nada será impossível para ti” (Mt 17, 21).

Segundo os ensinamentos de Jesus, a fé capacita-nos para tudo podermos em Deus: “Faça-se segundo a tua fé” (Mt 9, 29).
III- DA DOUTRINA DA FÉ AO COMPROMISSO DA FÉ

Podemos ter a certeza de que muita gente é derrotada pela vida, não por falta de habilidade ou competência, mas por falta de confiança, entusiasmo e fé.

A fé dinamiza e optimiza o núcleo mais nobre das nossas forças espirituais, isto é, o nosso coração.

Quando realizamos o exercício de Fé, o nosso pensamento e a nossa acção ficam em sintonia com Deus:

“Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderdes discernir sobre a vontade de Deus, o que é um Deus bom, agradável e perfeito” (Rm 12, 2).

Se nos deixarmos conduzir pela dinâmica da fé podemos verificar como é possível atingir os objectivos que mais nos encantam e concretizar os sonhos que mais desejamos realizar.

Mas isto só é possível se estivermos conscientes dos objectivos que queremos atingir e dos sonhos que desejamos realizar.

Isto quer dizer que Deus não nos substitui. Está connosco, mas não em nosso lugar. Animados pela fé e a confiança em Deus podemos realizar o melhor dos nossos talentos e possibilidades, mas nada disto poderá acontecer se não soubermos onde queremos chegar.

É por esta razão que é tão importante criar espaços de diálogo com Deus sobre os nossos planos e objectivos.

Eis o que a Carta aos Gálatas diz a este respeito: “Se vivemos pelo Espírito, pautemos também a nossa vida pelo Espírito” (Gal 5, 25).

Se tomarmos Deus e a fé a sério, a força de Deus fica ao nosso dispor e nós podemos realizar maravilhas como Jesus ensinava:

“Tende fé em Deus. Em verdade vos digo, se alguém disser a este monte: “Tira-te daí e lança-te ao mar acreditando e sem vacilar no seu coração isso acontecerá mesmo” (Mc 11, 22-23).

Os evangelhos falam-nos de algumas ocasiões em que os Apóstolos deram provas de não serem capazes de passar da doutrina da fé ao exercício da mesma fé:

Certo dia, Pedro quis caminhar ao lado de Jesus sobre as águas, símbolo dos problemas e dificuldades da vida.

Como a sua fé começou a fracassar, Pedro começou a afundar-se. Então Jesus disse-lhe: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mt 14, 31).

Quando Jesus foi a Nazaré, diz o evangelho de São Mateus, não fez lá muitos milagres pela falta de fé dos seus conterrâneos:

“E não fez ali muitos milagres por causa da incredulidade deles” (Mt 15,38; cf. Mc 6, 6). Por vezes uma missão parece-nos fácil. Outras vezes parece-nos muito difícil.

Normalmente isto não depende do tipo de missão, mas do modo como estamos a viver a presença e a união com Deus.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

25 outubro, 2009

A ARTE DE RENASCER PELO ESPÍRITO SANTO



A Divindade é relações e a Humanidade também. Quanto mais a Humanidade interage com a Divindade, mais as relações humanas são optimizadas pelo amor de Deus.

A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

O Espírito Santo ama com um jeito maternal que, por ser fecundo, gera filhos e filhas para Deus Pai. A primeira Carta de São João diz que ele é a semente de Deus no nosso íntimo (1 Jo 3, 9).

Ao gerar a vida de Deus em nós faz-nos exultar, clamando Abba, isto é, Pai Querido (Gal 4, 4-6).

Todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo, diz São Paulo, são introduzidos na Família de Deus: Filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-15).

Como o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo optimizou o amor maternal de Maria, a fim de realizar a sua missão de Mãe do Filho de Deus (Lc 1, 35).

Uma pessoa animada pelo Espírito Santo é incapaz de negar Jesus Cristo, diz a Carta aos Romanos.

Do mesmo modo, ninguém é capaz de reconhecer Jesus como o Senhor ressuscitado, a não ser pelo Espírito Santo (Rm 12, 3).

Por ter a plenitude do Espírito Santo, Jesus deu início ao baptismo no Espírito (Mc 1, 8; Lc 3, 16).

Foi o Espírito Santo que consagrou Jesus para anunciar a Boa Nova aos pobres, Dar vista aos cegos.

Foi ele que capacitou Jesus para fazer caminhar os coxos e iniciar a plenitude dos tempos em que pode acontecer a dinâmica da graça no coração dos seres humanos (Lc 4, 18-21).

Por vezes, Jesus exultava de alegria sob a acção do Espírito Santo, dando início a diálogos maravilhosos com Deus Pai (Lc 10, 21).

Após a sua ressurreição, Jesus consagra os discípulos com a força do Espírito Santo que é que é a Força do Alto (Lc 24, 49).

Para tomarmos parte na plenitude do Reino de Deus, disse Jesus, temos de nascer de novo pela acção do Espírito Santo (Jo 3, 6).

De tal maneira a sua acção é central no projecto salvador de Deus que o pecado contra o Espírito Santo é o único que não tem perdão (Mt 12, 31-32, Mc 3, 29; Lc 12, 10-12).

Pecar contra o Espírito Santo significa bloquear a sua acção salvadora no interior da nossa vida.

Pecar contra o Espírito Santo é negar a evidência dos factos e atribuir a forças maléficas o que resulta da sua acção na vida das pessoas.

A pessoa que chega a uma situação destas anula qualquer possibilidade de encontro e comunhão com Deus e os irmãos.

O pecado contra o Espírito Santo e situação de inferno são uma e a mesma coisa: a oposição sistemática e incondicional às propostas do amor.

Jesus disse que é o Espírito Santo quem nos conduz à Verdade plena e total (Jo 14, 26). O Livro dos Actos dos Apóstolos diz que as pessoas que se deixam conduzir pelo Espírito Santo anunciam as maravilhas de Deus com toda a coragem (Act 4, 31).

São Lucas diz no Livro dos Actos dos Apóstolos que os judeus que martirizaram o diácono Estêvão não conseguiam resistir à sabedoria do Espírito Santo que falava nele (Act 6, 10).

Na verdade, os primeiros cristãos viviam repletos da consolação do Espírito Santo diz o Livro dos Actos dos Apóstolos (Act 9, 31).

Utilizando a simbologia do profeta Joel, a Carta a Tito diz que fomos purificados pelo poder regenerador do Espírito Santo que Cristo derramou abundantemente sobre nós (Tit 3, 5-6).


São Paulo diz que a sua pregação era eficaz, não por ser fruto de qualquer ciência humana, mas por ser uma demonstração do Espírito Santo (1 Cor 2, 4).


Ele é, diz a Carta aos Efésios a garantia da nossa salvação. Eis as suas palavras: “Não contristeis o Espírito Santo com o qual fostes selados para o dia da Salvação (Ef 4, 30).


Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo conduz-nos a Deus Pai que nos acolhe como filhos e a Deus Filho que nos recebe como irmãos.


Ele é o hálito da vida que Deus Pai introduziu no barro primordial a partir do qual criou Adão (Gn 2, 7).


Com a sua ternura maternal, o Espírito Santo facilita em nós a tarefa da nossa humanização, inspirando gestos e atitudes, decisões e realizações inspirados pelo amor.


Ele é o fruto da Árvore da Vida plantada no centro do Paraíso (cf. Gn 3, 22-23). É também o sangue de Deus a circular em nós, alimentando e robustecendo em nós a vida divina.


São Paulo diz que ele é a força ressuscitadora de Cristo a actuar no nosso coração (Rm 8,11). Ele é o coração da Nova Aliança assente, não na letra que mata, mas no Espírito que vivifica (2 Cor 3, 6).


É o Espírito Santo que confere ritmo e harmonia à génese grandiosa do Universo em gestação. É também a semente de Deus a gerar vida divina nosso íntimo, como diz a primeira Carta de São João (1 Jo 3, 9).


É o dom da plenitude dos tempos que Deus Filho nos concede pelo beijo da Encarnação. Após o pecado de Adão ele inicia a marcha da História Humana, a qual vai culminar na plenitude dos tempos, isto é, no parto que dá lugar ao nascimento do Homem Novo.


Ele é o princípio da Vida Nova que não se degrada. Mesmo que o nosso ser exterior se vá degradando e envelhecendo, diz São Paulo, o nosso interior vai-se robustecendo cada dia mais graças à acção do Espírito Santo (2 Cor 4, 16).


É ele que nos coloca em interacção com a Comunhão dos Santos que habita a morada de Deus.

A morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas e que constitui a interioridade máxima do Universo.


Elegeu o nosso coração como ponto de encontro entre nós, a Comunhão Universal dos eleitos cujo coração é a Santíssima Trindade.


Na Primeira Carta aos Coríntios, São Paulo diz que ele habita no nosso coração como num templo (1 Cor 6, 19).


Com o seu jeito maternal de amar ele optimiza as relações de amor entre os seres humanos.
Isto quer dizer que, no nosso íntimo, o Espírito Santo é santo e santificador.


Ele está presente a todas as interacções amorosas que formam o entretecido da Comunhão Amorosa Universal do Reino de Deus.


É a força que vai estruturando a Nova Criação, isto é, a Humanidade reconciliada com Deus através de Cristo (2 Cor 5, 17-19).


O Livro dos Actos dos Apóstolos diz que é o Espírito Santo que ilumina os corações dos não cristãos, capacitando-os para acolher a Palavra de Deus quando esta lhes é proclamada (Act 10, 44-45).


Só com a iluminação do Espírito Santo podemos antecipar na esperança a felicidade que nos espera no Reino de Deus.


Com a sua luz inspiradora, ele faz-nos saborear a verdade do Evangelho, esse tesouro inesgotável que é sempre antigo e sempre novo.


É ele quem nos ensina a discernir as coisas de Deus, capacitando-nos para separarmos, no nosso coração, a luz das trevas.


Sem o Espírito Santo, a palavra evangelizadora não passava de um conjunto de sons sem conteúdo de vida e força transformadora.


É ele que confere sabor à vida, convidando as pessoas a realizarem-se como seres livres, conscientes e responsáveis. Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias




22 setembro, 2009

A FONTE DA SABEDORIA É O ESPÍRITO SANTO

Entendida como capacidade de saborear a vida e os acontecimentos à luz de Deus, a sabedoria é um dom que optimiza o ser e o agir da pessoa humana.

O Livro da Sabedoria diz que o homem sábio está capacitado para saborear a beleza e a bondade de Deus na Criação.

O Insensato, pelo contrário, fixa-se nas aparências e não consegue elevar-se até ao autor da harmonia e da beleza da Criação:

“A ignorância acerca de Deus e das suas obras instalou-se no coração dos insensatos. Na verdade, o insensato não é capaz de chegar a Deus através das belezas visíveis” (Sb 13, 1).

São Paulo chama a atenção de alguns cristãos de Corinto que se tinham desviado da sabedoria de Deus, seduzidos pela falsa sabedoria das filosofias pagãs.

Muito destes cristãos acabaram por se desviar do modo viver proposto pela sabedoria do Evangelho, acabando por ignorar o essencial da fé.

Eis as suas palavras: “Alguns de vós ignoram tudo a respeito de Deus. Para vossa vergonha o digo!” (1 Cor 15, 34).

A Carta aos Efésios diz que a Sabedoria que conduz à verdade de Deus é uma revelação que acontece no coração da pessoa humana, graças à acção do Espírito Santo:

“Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória, vos dê o Espírito da Sabedoria e da Revelação, a fim de poderdes conhecer o Deus da Glória” (Ef 1, 17).

A sabedoria que vem do Espírito Santo emerge no nosso coração como uma capacidade de ver as coisas com os critérios de Deus.

O evangelho de São João diz que o Espírito Santo tem a missão de nos conduzir à Verdade plena:
“Quando vier o Espírito da Verdade, ele guiar-vos-á para a Verdade completa” (Jo 16,13).

A Verdade é a compreensão e enunciação correcta e adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

A sabedoria e a verdade caminham juntas, pois têm a mesma fonte. Não é difícil compreender como apenas Deus pode compreender e enunciar de modo correcto e adequado a realidade de Deus, do Homem, do Universo e da História.

É por esta razão que o evangelho de São João nos diz que o Espírito Santo é quem nos conduz à plenitude da Verdade:

“O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á tudo.
Além disso, recordar-vos-á as coisas que eu vos disse” (Jo 14,26).

Como não está em sintonia com o Espírito Santo, o mundo está privado da Verdade e da Sabedoria que vem de Deus.

Eis as palavras de Jesus no Evangelho de são João: “O Pai vai enviar-vos Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, pois não o vê nem o conhece.

Mas vós conhecei-lo, pois ele está junto de vós e em vós” (Jo 14, 17).

Como origem da Sabedoria, Deus concede-a aos que lha pedem, sobretudo às pessoas que acolhem a sua Palavra com simplicidade de coração.

Ao aperceber-se do modo bonito como as pessoas simples acolhem a Palavra de Deus, Jesus exultou de alegria e disse:

“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos doutores e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11, 25; Lc 10, 21).

Na Carta aos Romanos, São Paulo demonstra saber muito bem o que significa saborear as coisas quando afirma:

“O Reino de Deus não é uma questão de comida e bebida, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17).

Foi este Espírito, diz ele, que o enviou para ensinar a Sabedoria de Deus aos homens:

“Ensinamos a Sabedoria de Deus, misteriosa e oculta deste os tempos mais remotos e que Deus destinou para nossa glória” (1 Cor 2, 7).

O evangelho de São Lucas diz que Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens (Lc 2, 52).



Jesus diz aos Apóstolos que não precisam de estar preocupados sobre o que devem dizer nos momentos de perseguição, pois o Espírito Santo enchê-los-á de Sabedoria:

“Naquela hora dar-vos-ei eloquência e sabedoria, às quais nenhum dos vossos adversários poderá resistir nem contradizer” (Lc 21, 15).

O Livro Actos dos Apóstolos diz que Estêvão, no momento do seu martírio, estava cheio do Espírito Santo e da Sabedoria, pelo que os seus inimigos não podiam resistir-lhe (Act 6, 10).

A Segunda Carta a Timóteo diz que os textos bíblicos nos comunicam a Sabedoria que conduz à salvação em Cristo (2 Tm 3, 15).

Por seu lado, a Carta aos Efésios vai ainda mais longe quando afirma: “Que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória, vos encha do Espírito da Sabedoria e da revelação, a fim de bem o conhecerdes” (Ef 1, 17).

A Carta de São Tiago diz que Deus nunca nega o dom da Sabedoria àqueles que lha pedem:

“Se alguém entre vós tem falta de Sabedoria, peça-a a Deus, pois ele concede-a generosamente a todos” (Tg 1, 5).

A inveja, o ódio e o egoísmo, diz ainda a Carta de São Tiago, não procedem da Sabedoria de Deus, mas antes da sabedoria maldosa do mundo (Tg 3, 13-15).

Nesta mesma linha, São Paulo diz aos coríntios que a Sabedoria de Deus e a sabedoria do mundo são totalmente contrárias.

Eis as suas palavras: “Ninguém se iluda: se alguém de entre vós julga ser sábio aos olhos do mundo, torne-se louco, a fim de obter a Sabedoria de Deus.

Na verdade, a sabedoria do mundo é loucura diante de Deus” (1 Cor 3, 18-19).

As pessoas que cultivam a Sabedoria empenham-se seriamente na construção de uma Humanidade melhor.

Os sábios fazem o bem, conscientes de que o melhor prémio do bem que fazem é a alegria de o terem feito.

Podemos dizer que a sabedoria é o cinzel que modela os grandes mestres, dos quais, o maior foi Jesus Cristo.

Um mestre é uma pessoa que, pelo seu jeito de falar e agir, inspira os outros, ajudando-os a crescer como pessoas livres, conscientes, responsáveis e capazes de comunhão amorosa.

As pessoas que se deixam conduzir pela Sabedoria marcham no caminho da verdade, da justiça e do amor.

Para isso procuram viver segundo estes critérios: o que não é justo não deve ser feito. O que não é verdadeiro não deve ser dito. O amor é uma razão que vale tanto para viver como para morrer.

No evangelho de São Mateus Jesus louva a Deus pelo facto de conceder o dom da Sabedoria às pessoas simples:

“Eu te louvo, Pai, Senhor do Céu e da Terra porque escondestes estas coisas aos sábios e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11, 25).

São Paulo reconhece que a Sabedoria lhe foi dada por revelação de Deus, a fim de a comunicar aos seres humanos:

“Foi-me dada a sabedoria de Deus, a fim de a dar a conhecer” (Ef 3, 10).

Na Primeira Carta aos Coríntios ele diz ainda: “Ensinamos a sabedoria de Deus, misteriosa e oculta, a qual foi destinada por Deus desde os tempos primordiais para nossa glória” (1 Cor 2, 7).

A Carta de Tiago diz que a sabedoria confere à vida do crente uma série de qualidades que fazem dele uma força transformadora no meio do mundo:

“A sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, paciente, conciliadora, cheia de misericórdia e bons frutos, isenta de parcialidade e hipocrisia” (Tg 3, 17).

A Sabedoria tem a missão de iluminar e dar critérios aos homens, a fim de estes orientarem as ciências para o bem da Humanidade.

A História tem dado provas de que a ciência dos homens, sem os critérios da Sabedoria pode conduzir a Humanidade à destruição.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias




22 agosto, 2009

CRISTO E A NOVA HUMANIDADE- I

I-A DINÂMICA DO NASCIMENTO ESPIRITUAL

Jesus dizia que é muito importante morrer ao homem velho, a fim de dar lugar ao Homem Novo:
“O que nasce da carne é carne. O que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3, 6).

Eis o que a este propósito diz a Carta aos Efésios: “Em Cristo aprendestes a remover o vosso modo de vida anterior, o homem velho corrompido pelas más inclinações.

Vós aprendestes a renovar-vos de acordo com o Espírito Santo. Deste procurai revestir-vos do Homem Novo criado de acordo com o plano de Deus, na justiça e santidade verdadeiras” (Ef 4, 21-24).

Eis o modo bonito como a Segunda Carta aos Coríntios descreve a morte do homem velho e a emergência do Homem Novo:

“Ainda que em nós o homem carnal se vá degradando pelo envelhecimento, o homem espiritual vai-se robustecendo cada vez mais pela acção do Espírito Santo” (2 Cor 4, 16).

São Paulo sentia-se perturbado pela tensão interior que sentia devido à luta entre as forças do homem velho e as do homem novo que se debatiam no seu interior.

Eis as suas palavras: “Eu sei que na minha carne habitam as forças do mal. Deste modo, desejar o bem está ao meu alcance, mas realizá-lo, não.

É por esta razão que não faço o bem que quero, mas o mal que não quero” (Rm 7, 18-19).

O Espírito de Cristo vai-nos renovando, tanto na mente como no coração. Na mente renovada habita a sabedoria, isto é, a capacidade de saborear a vida, os acontecimentos e as coisas com os critérios de Deus.

Estes critérios vão sendo moldados na nossa mente pela Palavra de Deus. No coração renovado habita o Espírito Santo que nos vai inspirando e convidando a agir em conformidade com o amor.

O Homem Novo emerge em nós na medida em que nos deixamos transformar pela Palavra e pelo Espírito Santo.

Mas o Homem Novo é um projecto que é preciso realizar, colaborando com o Espírito Santo, o grande arquitecto da humanização das pessoas.

Quando tivermos de tomar uma decisão ou elaborar um projecto de vida significativo ponhamo-nos a seguinte questão: “Que faria Jesus na minha situação?”

Jesus disse que o Espírito Santo vem em nosso auxílio para nos revelar o mistério de Jesus e a vontade do Pai (Jo 14, 26).

Sempre que nos confrontamos com Jesus estamos a sintonizar com o fundamento da Nova Criação, diz São Paulo:

“Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. Passou o que era velho. Eis que tudo se fez novo!
Tudo isto vem de Deus que nos reconciliou consigo em Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO E A NOVA HUMANIDADE- II


II-O HOMEM NOVO E A VERDADE

Jesus disse que o Homem está talhado para a verdade. A fonte da Verdade é Deus e o Espírito Santo é quem nos conduz no crescimento da mesma Verdade.

Eis as palavras de Jesus: “Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse é que vos ensinará tudo e há-de recordar-vos tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 26).

A verdade é a compreensão e enunciação correcta e adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

Por ser modelado pelo Espírito Santo, o Homem Novo emerge em conformidade com Cristo que é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14, 6).

Deus chama-nos a ser construtores do Homem Novo, confiando em Jesus Cristo que é a fiel e verdadeiro.

Na verdade, a Palavra de Jesus coincidia com a verdade de Deus. Eis o que diz o evangelho de São João:

“A graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo” (Jo 1, 17). Jesus disse a Pilatos que a sua missão é comunicar a verdade aos seres humanos:

“Para isto nasci e para isto vim ao mundo: dar testemunho da verdade, pois quem é da verdade escuta a minha voz” (Jo 18, 37-38).

A fidelidade e a veracidade de Deus são a razão fundamental da nossa confiança. Segundo a Bíblia, as verdades fundamentais emergem e amadurecem no nosso coração.

É certo que a inteligência, ajudada pelas ciências e a filosofia é capaz de atingir aspectos importantes da verdade.

No entanto, a ciência sem a sabedoria não atinge a raiz mais profunda da verdade. Isto significa que a ciência, sem a sabedoria, sofre de uma profunda ambiguidade. Tanto pode servir para o bem como para o mal.

Bem sabemos como as maiores conquistas da ciência serviram para matar milhões de seres humanos.

A bíblia diz que é no coração que a verdade lança as suas raízes mais profundas. O coração é o núcleo mais nobre da interioridade espiritual da pessoa.

É a partir do coração que emergem as decisões, as opções e os projectos para fazer o bem ou o mal.

É no coração que decidimos realizar o Homem Novo em colaboração com Deus ou impedir que este possa emergir.

É no nosso coração que o Espírito Santo faz emergir a sabedoria do alto, a qual nos capacita para agirmos em conformidade com a vontade de Deus.

Graças à revelação, os seres humanos podem saborear o pleno sentido da Vida humana e o lugar do Homem no plano de Deus.

O que fecham a mente à Palavra de Deus e o coração à acção do Espírito Santo não conseguirão saborear os horizontes da verdade.

Vejamos o que diz São Paulo: “Nós ensinamos a sabedoria, mistério oculto que Deus, antes dos séculos, predestinou para nossa felicidade.

Nenhum dos senhores deste mundo a conheceu, pois se a tivessem conhecido não teriam crucificado o Senhor da glória.

Mas como está escrito, o que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o coração humano não pressentiu, Deus o preparou para aqueles que o amam.

A nós porém, Deus o revelou por meio do Espírito Santo, pois o Espírito tudo penetra, mesmo as profundezas de Deus” (1 Cor 2, 7-10).

Pilatos interrogou Jesus o que é a verdade. Mas Jesus calou-se e não disse nada. Isto quer dizer que Pilatos não tinha o coração preparado para atingir a raiz mais profunda da verdade.

De tal modo a verdade de Jesus coincidia com a verdade de Deus, que Jesus se identificou totalmente com a vontade do Pai:

“Jesus respondeu-lhe: há tanto tempo que estou convosco e não me conheceis, Filipe? Quem me vê, vê o Pai!” (Jo 14, 5-9).

Após a ressurreição de Jesus, o coração dos Apóstolos só ficou preparado para acolher a verdade da revelação:

“Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade que procede do Pai, e que eu vos enviarei, ele dará testemunho em meu favor” (Jo 15, 26).

Guiados pelo Espírito Santo, os discípulos puderam atingir a raiz profunda da Verdade que Cristo tinha vindo a Comunicar:

“Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa” (Jo 16, 12-13).

Jesus disse que só a Verdade torna o Homem verdadeiramente livre:“Se permanecerdes na minha Palavra sereis meus discípulos.

Então conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres” (Jo 8, 31-32). O evangelho de São João diz que a graça e a verdade nos vieram por Cristo (Jo 1, 14. 17).

Os que agem de acordo com a Verdade, diz Jesus, aproxima-se da luz, a fim de que se veja que as suas obras são feitas em Deus (Jo 3, 21).

A primeira Carta a Timóteo diz que a vontade de Deus é que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da Verdade (1 Tim 2, 4).

É esta a meta do Homem Novo. Jesus Cristo é o único medianeiro entre Deus e o Homem, acrescenta a mesma Carta a Timóteo (1 Tim 2, 5).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO E A NOVA HUMANIDADE- III

III-CRISTO COMO FUNDAMENTO DO HOMEM NOVO

À luz da revelação, a Humanidade forma uma união orgânica, tal como a Divindade.

Graças ao acontecimento da Encarnação, a Humanidade e a Divindade ficaram definitivamente unidas.

As pessoas humanas, tal como as divinas, não são ilhas. Existe apenas uma Divindade, apesar de serem três as pessoas divinas.

Do mesmo modo existe apenas uma Humanidade, apesar de existirem biliões as pessoas.

Segundo esta maneira de entender as coisas, o bem e o mal que as pessoas fazem não as afecta apenas a elas, mas também a toda a Humanidade, unida de modo orgânico.

A mesma coisa acontece com o bem que as pessoas fazem. É aqui que está a base da dinâmica histórica da salvação:

Deus tomou partido por Jesus, ressuscitando-o e glorificando-o. Como a Humanidade forma um todo orgânico e dinâmico com Jesus, todos nós fomos assumidos e glorificados nele e com ele.

É este o argumento usado na Segunda Carta a Timóteo: “Eis uma palavra digna de confiança: “Se morremos com Cristo também vivemos com ele” (2 Tim 2, 11).

São Paulo diz que, graças a esta união orgânica, todos temos a mesma dignidade Jesus Cristo:

“Já não há diferença entre judeu ou grego, escravo ou livre. Já não há diferença entre homem ou mulher, pois todos formamos um só em Cristo Jesus” (Gal 3, 28).

O evangelho de São João diz que Jesus Cristo é o alicerce da nossa incorporação familiar em Deus:

“Nesse dia compreendereis que eu estou no Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 20). Depois acrescenta: “Eu neles, tu em mim, Pai, a fim de eles serem perfeitos na unidade.

Deste modo o mundo conhecerá que me enviaste e os amaste a eles, tal como me amaste a mim” (Jo 17, 23).

Graças a esta união orgânica entre nós e Cristo, fomos incorporados na Família de Deus, tornando-nos filho em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

São Paulo explicita ainda melhor a nossa pertença à Família de Deus por Cristo dizendo:

“Àqueles que Deus conheceu antecipadamente, também os predestinou para serem uma imagem idêntica à do seu Filho, de tal modo que este é o primogénito de muitos irmãos” (Rm 8, 29).

Graças a esta união orgânica com Cristo vamos deixando os frutos da carne, isto é, as acções do homem velho e passando gradualmente a produzir os frutos da Nova Humanidade enxertada em Cristo:

“A carne deseja o que é contrário ao Espírito e o Espírito o que é contrário à carne (Gal 5, 17).



Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias





14 agosto, 2009

QUANDO O ESPÍRITO SANTO NOS CONDUZ-I

I-CONDUZIDOS PELO ESPÍRITO SANTO

O gosto e o jeito de ser do Espírito Santo é criar laços entre as pessoas e fortalecer a comunhão que as anima.

Por ser uma pessoa divina, o Espírito Santo movimenta-se em coordenadas de universalidade e equidistância.

O seu ser é exclusivamente espiritual e transcende as limitações do espaço e do tempo. O termo hebraico Ruah (Espírito) significa vento, brisa, sopro, espírito e é quase sempre feminino.

A bíblia associa o Espírito Santo à vida e à fecundidade. O livro do Génesis diz que, no princípio, a terra era uma massa caótica, sem forma, e que o Espírito de Deus pairava sobre a escuridão do caos primordial.

O Espírito Santo é o hálito da vida que Deus insuflou no barro primordial do qual saiu Adão.

Habita de modo permanente no coração do Homem, facilitando o processo da sua humanização.
O Livro do Génesis diz que José do Egipto era um homem corajoso e muito válido, pois estava cheio do Espírito de Deus (Gn 41, 38).

No momento em que Jesus saiu das águas após o seu baptismo o Céu abriu-se e Jesus viu o Espírito de Deus vir sobre ele em forma de pomba (Mt 3, 16).

A partir deste momento, Jesus começa a agir movido pelo Espírito Santo. O Espírito Santo foi a força que ressuscitou Jesus. É também ele que nos ressuscita a nós com Cristo:

“E se o Espírito Santo que ressuscitou Jesus está em vós, também ele fará que os vossos corpos vivam por meio do mesmo Espírito que vive em vós” (Rm 8, 11).

Ao ressuscitar-nos, o Espírito Santo insere-nos na comunhão orgânica da Família de Deus:
“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus” (Rm 8, 14).

O profeta Isaías, pensando no futuro Messias, diz que ele terá a plenitude do Espírito:

“O Espírito do Senhor repousará sobre ele. Espírito de Sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, de conhecimento e temor de Deus” (Is 11,2).

O Espírito Santo, continua o livro de Isaías, vai consagrá-lo e capacitá-lo para realizar de modo perfeito a sua missão:

“O Espírito do Senhor está sobre mim porque me consagrou. Enviou-me para levar a Boa Nova aos que sofrem e curar os desesperados,

Para anunciar a libertação aos exilados, a liberdade aos prisioneiros. Ungiu-me para proclamar o ano da graça do Senhor, o dia em que o nosso Deus fará justiça, a fim de consolar os tristes” (Is 61, 1-3).

O Espírito Santo actuará nos crentes com a força da Palavra nos momentos de perseguição:

“O Espírito do vosso Pai Celeste falará por vós naqueles momentos” (Mt 10, 20). Ele é o Espírito do Pai que Jesus vai enviar, o qual testemunhará de Jesus:

“Quando o Consolador vier, o qual eu vos vou enviar desde o Pai, o Espírito da Verdade que procede do Pai, ele testemunhará de mim” (Jo 15, 26)

Nos momentos em que, mediante a oração, comunicamos com o Pai do Céu, o Espírito Santo gera em nós um coração filial.

Com seu jeito maternal de amar configura o nosso coração com o coração filial de Jesus, o Filho fiel.

Deste modo, a nossa relação com o Pai vai adquirindo o jeito do Filho unigénito de Deus: “E porque somos filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos nossos corações pelo qual clamamos “Abba”, ó Pai” (Gal 4, 6).

Tudo isto mostra bem com o Espírito Santo é princípio animador de relações e vínculo da comunhão orgânica que no incorpora na comunhão da Santíssima Trindade.

O profeta Zacarias diz que Deus, ao enviar o Messias, derramará sobre os crentes o Espírito de Graça e oração sobre os habitantes de Jerusalém:

“Derramarei o meu Espírito de graça e oração nos habitantes de Jerusalém. Eles olharão para aquele que trespassaram e chorarão por ele como se chora a morte de um filho único” (Zac 12, 10).

São Paulo diz que o Espírito Santo habita no coração do ser humano como num templo. Eis a razão pela qual o nosso agir deve processar-se em conformidade com Deus, a fim de não causarmos desgosto ao Espírito Santo:

“Não contristeis o Espírito Santo pelo vosso modo de agir. Lembrai-vos que ele vos marcou com o selo para o dia da salvação, quando a libertação do pecado atingir a sua plenitude” (Ef 4, 30).

O Espírito Santo é o consolador, diz Jesus no evangelho de São João: “Eu pedirei ao Pai e ele vos dará um outro Paráclito, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece.

Ele estará sempre convosco, pois permanece junto de vós e está em vós” (Jo 14, 16-18).

Enquanto está com os discípulos, Jesus é o seu defensor e consolador. Ao partir, Jesus vai enviar aos discípulos outro defensor e consolador, isto é, o Espírito Santo:

“No entanto, digo-vos a verdade: convêm-vos que eu vá, pois se eu não for o Consolador não virá a vós. Mas se eu partir eu vo-lo enviarei” (Jo 16, 7).

“No nosso íntimo, o Espírito Santo é o vínculo da comunhão orgânica que nos incorpora na família de Deus:

“Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito de escravidão para cairdes no temos, mas recebestes um Espírito de adopção que, no vosso íntimo, grita: “Abba”, papá” (Rm 8, 14-15).

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias