29 março, 2009

MARIA COMO MEDIAÇÃO DO AMOR DE DEUS-I

I-MARIA E A COMUNIDADE DE JERUSALÉM

A ultima passagem do Novo Testamento que nos fala de Maria é o relato da comunidade apostólica logo após o Pentecostes.

Depois de referir o nome dos onze discípulos, Lucas acrescenta: “E todos unidos pelos mesmos sentimentos, entregavam-se assiduamente à oração, com algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus, e seus irmãos” (Act 1, 14).

Após a Páscoa Maria e os discípulos de Jesus formavam o resto fiel reunido em nome de Jesus ressuscitado, o Messias de Deus.

Segundo os Actos, o resto fiel era constituído pelos onze discípulos, pela mãe de Jesus e seus irmãos e por um grupo de cerca de cento e vinte pessoas (Act 1, 15).

Ao fazer a síntese das aparições do Senhor ressuscitado, São Paulo declara estar a repetir exactamente o que os Apóstolos lhe comunicaram, pois ele, nessa altura, ainda não fazia parte do grupo dos cristãos.

Depois de mencionar a aparição do Senhor a Pedro, aos doze, a mais de quinhentos irmãos, Paulo fala de uma aparição a Tiago.

É evidente que não se trata de Tiago irmão de João, pois este estava incluído no grupo dos doze, mas de Tiago, o irmão de Jesus que, na altura em que Paulo escreveu o texto era o chefe da comunidade de Jerusalém.

Na Carta aos Gálatas, Paulo menciona Tiago, o irmão do Senhor e diz que este foi o único Apóstolo que viu quando se encontrou com Pedro em Jerusalém:

“Passados três anos subi a Jerusalém para conhecer Pedro e fiquei com ele durante quinze dias.
Mas não vi nenhum outro Apóstolo a não ser Tiago, o irmão do Senhor.

O que vos escrevo, digo-o diante do Senhor, pois não estou a mentir” (Gal 1, 19). Segundo o relato das aparições de Jesus ressuscitado, Tiago é mencionado entre os que tiveram uma aparição própria.

É evidente que na lista dos nomes das pessoas beneficiadas com uma aparição do Senhor não há nenhum nome de mulher.

Isto revela como este texto é antigo. Ainda estamos em pleno contexto judaico, onde a mulher não podia servir de testemunha.

Se na lista das pessoas beneficiadas com as aparições do Senhor ressuscitado houvesse nomes de mulheres, em vez de Tiago teríamos naturalmente o nome de Maria.

Agora já podemos ler o relato das aparições, tal como os Apóstolos o transmitiram a Paulo.
Eis as palavras do Apóstolo na Primeira Carta aos Coríntios:

“Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu próprio recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras.

Foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as mesmas Escrituras. Apareceu a Pedro e depois aos Doze.

Em seguida pareceu a mais de quinhentos irmãos, de uma só vez, a maior parte dos quais ainda vive, enquanto alguns já morreram. Depois apareceu a Tiago” (1 Cor 15, 3-7).

Este texto dá-nos a garantia de que Maria e o seu núcleo familiar mais íntimo foram beneficiados com uma aparição do Senhor ressuscitado.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MARIA COMO MEDIAÇÃO DO AMOR DE DEUS-II

II-MARIA E O RESTO FIEL

O evangelho de São João diz de maneira muito sugestiva que Maria, após a hora de Jesus, passa a fazer parte do resto fiel continuando a sua missão maternal de mediação privilegiada do resto fiel com o qual o Espírito Santo ia fundar a Igreja:

“Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria, a mulher de Cléofas e Maria Madalena.

Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que ele amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis o teu filho!”

Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” E desde aquela hora, o discípulo acolheu-a em sua casa” (Jo 19, 25-27).

Seria errado pensar que Jesus entregou Maria a João, a fim de esta não ficar só e abandonada.

Os Actos dos Apóstolo testemunham que Maria, após a Páscoa, se fazia acompanhar dos irmãos de Jesus (Act 1, 14).

O texto de João, utilizando um simbolismo muito bonito, diz que Maria, após a Páscoa, continua a sua missão maternal de ajuda para do resto fiel.

Isto quer dizer que o Espírito Santo escolheu Maria para ajudar a comunidade apostólica de Jerusalém, esse embrião do qual ia nascer o novo povo de Deus.

Como sabemos, a dinâmica do amor maternal é básica para o desenvolvimento de qualquer embrião.

Referindo-se aos tempos messiânicos, o profeta Ezequiel fala de uma intervenção decisiva de Deus, a fim de purificar a terra.

Deus vai destruir os pecadores, a fim de acabar com o pecado. Por seu lado, os justos vão ser poupados, a fim de formarem o resto fiel com o qual o Senhor vai edificar o novo povo de Deus (Ez 14, 22).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MARIA COMO MEDIAÇÃO DO AMOR DE DEUS-III

III-MARIA E O MESSIAS REI

Deus vai conceder um coração e um espírito novos, diz o profeta Ezequiel, a todos os que permanecerem fiéis.

Estes serão libertos da escravidão e reconduzidos para Jerusalém onde encontrarão a felicidade, a paz e a prosperidade (Ez 11, 17-19).

Os poderosos vão ser humilhados. Os simples e pobres vão ser exaltados. No dia do Messias as coisas vão mudar, pois o humilde será exaltado e o que está no alto será humilhado (Ez 21, 30-31).

Estas afirmações estão bem representadas no Magnificat, o cântico que Lucas põe na boca de Maria, a fim de indicar a grandeza da missão de Maria.

Segundo o profeta Ezequiel o dia punição, atingirá a terra inteira, punindo todos os povos (Ez 30, 3s).

À frente do pequeno resto o Senhor vai colocar um pastor que sairá da casa de David. Então Yahvé será o único Deus e o descendente de David o único pastor. Israel viverá numa paz sem limites (Ez 34, 11-25).

Foi nesta perspectiva que São Lucas viu a missão de Jesus de Nazaré. Eis a palavras que ele põe na boca do anjo da anunciação quando este comunicou a Maria o plano de Deus:

“Disse-lhe o anjo: “Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Vais conceber no teu seio e dar à luz um filho ao qual porás o nome de Jesus.

Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David.

Ele reinará eternamente sobre a casa do Jacob e o seu reinado não terá fim” (Lc 1, 30-33).

Apesar de Lucas pôr na boca do anjo esta mensagem para Maria, podemos dizer que Maria nunca se considerou a rainha-mãe.

Por outras palavras, a esperança messiânica de Maria não era de tipo davídico como era a esperança dos apóstolos (cf. Mc 10, 35-42; Mt 16, 23).

Como Jesus morreu sem subir ao trono de David, os discípulos, logo que tiveram as aparições o Senhor ressuscitado, começaram a anunciar que Jesus é o rei messiânico anunciado pelos
profetas.

Deus ressuscitou-o e sentou-o à sua direita, isto é, entronizou-o. Agora só é preciso aguardar a sua vinda como rei.
O dia do Senhor vai chegar e Deus vai realizar o castigo previsto para os pecadores. Do mesmo modo os justos serão premiados.

Esse dia vai chegar de surpresa. Daqui a necessidade de estarmos preparados. Eis o que são Paulo diz a este propósito:

“Vós sabeis perfeitamente que o dia o Senhor virá como um ladrão que vem pela calada da noite (…).

Mas vós não andais nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão” (1 Ts 5, 2-4).

O evangelho de Mateus faz um bom resumo da visão que os discípulos tinham sobre o resto fiel e o dia da Ira de Deus.

Maria ocupa um lugar de destaque no conjunto deste pequeno resto. Ela é a mãe do resto do qual vai emergir o Novo Povo de Deus (Jo 19, 25-27).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

MARIA COMO MEDIAÇÃO DO AMOR DE DEUS-IV

IV- MARIA COMO MEDIAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO

As referências a Maria nos evangelhos de São Mateus, São Marcos e São Lucas deixam bem claro que a realidade de Cristo como Messias é obra do Espírito Santo e não de Maria:

“Enquanto ele falava, uma mulher, levantando a voz do meio da multidão, disse: “Felizes as entranhas que te trouxeram e os seios que te amamentaram!”

Ele, porém, retorquiu: “Felizes antes os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 27-28).

Jesus tinha consciência de vir a construir a Família de Deus, a qual não assenta nos laços do sangue, mas sim nos laços do Espírito Santo.

Foi esta a razão pela qual Jesus rejeita certas afirmações que parecem opor-se a esta verdade fundamental da realidade messiânica.

“Estava ele ainda a falar à multidão, quando apareceram sua mãe e seus irmãos que, do lado de fora, procuravam falar-lhe:

Disse-lhe alguém: “A tua mãe e os teus irmãos estão lá fora e querem falar-te”. Jesus respondeu ao que lhe deu esta informação: “Quem é a minha mãe e quem são os meus irmãos?”

E indicando com a mão os discípulos, acrescentou: “Aí estão minha mãe e meus irmãos, pois todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está no Céu, esse é que é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12, 46-50).

Lucas e Marcos substituem a expressão “fazer a vontade do Pai” por “Escutar a Palavra e pô-la em prática” (Lc 8, 20; cf. Mc 3, 31-35).

Em Nazaré Jesus sentiu que a sua missão estava a ser bloqueada devido à falta de fé de seus conterrâneos:

Eles sabiam quem era Jesus e conheciam muito bem as suas origens: “Chegado o sábado, Jesus começou a ensinar na sinagoga.

Os numerosos ouvintes enchiam-se de espanto e diziam: “De onde lhe vem tudo isto e que sabedoria é esta?

Como é possível realizar tais milagres? Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão?

E as suas irmãs não estão aqui entre nós?” E isto chocava-os” (Mc 6, 2-4). No relato da visita a Santa Isabel, Lucas apresenta Maria como mediação da comunicação do Espírito Santo a João Baptista.

O relato tem um forte significado simbólico. Em primeiro lugar afirma que não foi João que comunicou o Espírito Santo a Jesus, mas foi Jesus que comunicou o Espírito Santo a João.

Depois aparece Maria como a grande mediação do Espírito, pois é Maria que leva Cristo, o portador do Espírito Santo, até João Baptista:

“Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para as montanhas, a uma cidade da Judeia.

Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.

Então, erguendo a voz, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.

E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? De facto, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio” (Lc 1, 39-44).

É um texto bonito para fazer a ligação entre João Baptista e Jesus. Naturalmente que se trata de um “midrash”, isto é, um texto elaborado em forma de relato histórico mas que tem apenas um intenção teológica.

Maria aparece neste relato como uma mulher de Fé. Eis as palavras de Isabel para a Mãe do Messias: “Feliz de ti que acreditaste” (Lc 1, 45).

Tal como Abraão, também Maria acreditou. Graças à sua fé, Abraão tornou-se o medianeiro das bênçãos da salvação para a Humanidade:

“Disse o Senhor a Abraão: “Farei de ti um grande povo. Abençoar-te-ei, engrandecerei o teu nome e serás uma fonte de bênçãos.

Abençoarei aqueles que te abençoarem e amaldiçoarei aqueles que te amaldiçoarem. E na tua descendência todas as famílias da terra serão abençoadas” (Gn 12, 2-3).

Graças à sua fé, Maria recebeu amissão de ser a mãe do Messias, aquele que tinha a missão de trazer para a Humanidade as bênçãos prometidas a Abraão.

As bênçãos prometidas a Abraão chegam à Humanidade mediante o dom do Espírito Santo que faz dos seres humanos membros da Família de Deus:

“Todos os que se deixam guiar pelo Espírito Santo são filhos de Deus. Vós não recebestes um espírito de escravidão, mas um Espírito de adopção, graças ao qual clamais: “Abba, Papá!” (Rm 8, 14-15).

Em comunhão convosco
Calmeiro Matias

25 março, 2009

O DEUS QUE FAZ COMUNHÃO CONNOSCO-I

I-O DEUS QUE SE REVELA COMO EMANUEL

O nosso Deus não é um sujeito infinito omnipotente e sozinho. O Deus de Jesus Cristo é uma comunidade familiar de três pessoas.

O Espírito Santo ocupa um lugar central nesta comunhão familiar. Com seu jeito maternal de amar o Espírito Santo é animador das relações de amor entre o Pai e o Filho, inspirando gestos novos de reciprocidade amorosa.

É também o Espírito Santo que nos introduz na comunidade familiar divina, como diz São Paulo:

“Todos os que são movidos pelo Espírito Santo São filhos de Deus Pai e irmãos do Filho de Deus (Rm 8, 14).

O Espírito Santo vai-nos fazendo experimentar o jeito de Deus Pai ser para nós um Pai atento, fiel, verdadeiro, protector e amigo.

É também o Espírito Santo que nos ajuda a saborear que o Filho Eterno de Deus, ao encarnar, se tornou o primogénito de muitos irmãos (Rm 8,29).

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Na Primeira Carta aos Coríntios ele diz que o Espírito Santo habita nos nossos corações como num templo (1 Cor 3, 16).

A presença do Espírito Santo em nós é dedicada, inspiradora, compreensiva, atenta e gratuita.
Com o seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo optimiza a nossa capacidade de comungar com Deus e irmãos.

É ele que nos faz exultar de alegria sempre que verificamos os efeitos transformadores da Palavra de Deus em nós e nas pessoas a quem essa Palavra é anunciada.

Eis as Palavras São Lucas: “Naquele mesmo instante, Jesus exultou de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:

“Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra. Tu escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes, mas revelaste-as aos simples e pequeninos. Sim, Pai, foi este o teu agrado” (Lc 10, 21).

É o Consolador que nos inspira e assiste nos momentos de dificuldade e nas perseguições (Mt 10, 20).

Ele é o mestre que torna claro o sentido da Palavra de Deus no íntimo do nosso coração e o plano salvador de Deus (Ef 3, 3-5).

É o Espírito Santo que faz cair dos nossos olhos essa espécie de escamas que obscurecem a mente e não nos deixam ver em profundidade o amor de Deus Act 9, 18).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O DEUS QUE FAZ COMUNHÃO CONNOSCO-II

II-O HOMEM E A COMUNIDADE DIVINA

Jesus veio revelar o amor em densidade teologal, isto é o amor ao jeito de Deus: “Ouvistes que foi dito: “Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”.

Eu, porém, digo-vos: “Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem”. Fazendo assim tornar-vos-eis filhos do vosso pai que está nos Céus, o qual faz com que o sol se levante todos os dias sobre bons e maus e faz cair a chuva sobre justos e pecadores (…).

Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai do Céu é perfeito” (Mt 5, 43-48). Jesus tinha consciência de que o seu jeito de amar era uma expressão do jeito de amar de Deus Pai.

Foi esta consciência que o levou Jesus a fazer esta afirmação espantosa: “Há tanto tempo que estou convosco e ainda não me conheceis, Filipe? Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14, 9).

Isto fazia que Jesus vivesse a sua união com o Pai em forma de uma perfeita reciprocidade amorosa.

Jesus tinha consciência de viver uma perfeita união orgânica com o Pai, e por isso afirmou: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10, 30).

Quando o ser humano atinge a densidade do amor caridade, isto é, ao jeito de Deus, começa a viver uma união orgânica com Deus através de Cristo (Jo 15, 1-7).

Eis o que São Paulo diz na Carta aos Romanos: “Amar o próximo como a si mesmo resume toda a Lei de Moisés” (Rm 13, 8).

Depois acrescenta que o amor é a plenitude da Lei (Rm 13, 10). No evangelho de Mateus Jesus declara que o amor ao próximo é sentido por ele como amor a si mesmo (Mt 25, 40).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O DEUS QUE FAZ COMUNHÃO CONNOSCO-III

III-O HOMEM NA PLENITUDE FAMILIAR DE DEUS

Podemos dizer que o Reino de Deus é uma comunhão de grandeza humano-divina cuja dinâmica é o amor.

Quando a lei de um reino é o amor, todos reinam, pois as relações são de comunhão amorosa.
Pelo mistério da Encarnação o Filho de Deus revelou-se como um rei que fez de nós seus irmãos e amigos:

Movido pelo desejo de comungar connosco a sua realeza, Jesus insere-nos de moo orgânico no próprio mistério da Santíssima Trindade:

“Se alguém me tem amor guardará a minha palavra e meu Pai o amará. Então nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada” (Jo 14, 23).

Estas palavras de Jesus querem dizer que o Reino de Deus é uma realidade interior a cada um de nós.

A nossa participação na plenitude do Reino de Deus é apenas delimitada pela nossa capacidade de comungar com o próprio Deus.

Uma vez inseridos na Comunhão do Reino de Deus, todos nós dançaremos o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que tiver adquirido enquanto treinou na terra.

Em comunhão convosco
Calmeiro Matias

23 março, 2009

CRITÉRIOS EVANGÉLICOS PARA ORAR-I

I-A ORAÇÃO COMO DIÁLOGO FAMILIAR

É confrangedor verificar como são poucos os cristãos que fazem da oração um encontro dialogado com Deus.

Mais triste ainda é saber que Deus está sempre disponível para comunicar connosco e como há muitos cristãos a pensar que só é possível orar em determinados lugares.

Se as pessoas que amamos estão ao nosso lado podemos falar com elas até quando estamos ocupados. Assim devia ser a prática cristã da oração.

Como sabemos, a respiração é fundamental para podermos viver. Do mesmo modo a oração é essencial para o cristão poder crescer na vida espiritual.

São Paulo diz que devemos orar sem cessar, dando constantemente graças a Deus (1 Tes 5, 17-18).

Não devemos pensar que a oração é um modo mágico de manipular Deus levando-o a fazer as coisas como nós queremos.

A nossa fé diz-nos que a vontade de Deus coincide sempre com o que é melhor para nós. Eis a razão pela qual Jesus, no Pai-Nosso, nos ensinou a pedir ao Pai do Céu que se faça a sua vontade.

Proceder assim é o mesmo que pedir a Deus que se faça o que é melhor para nós.

Muitas vezes nós insistimos junto de Deus que faça a nossa vontade sem nos darmos conta que a nossa vontade pode estar longe de coincidir com o que é melhor para nós.

Eis as palavras que Jesus dirigiu aos discípulos num ensinamento que lhes fez sobre a oração:

“Nas vossas orações não façais como os pagãos, pois estes gostam de repetir muitas palavras inúteis, pensando que, por falarem muito, serão melhor atendidos.

Não façais como eles porque o vosso Pai do Céu sabem bem do que precisais ainda antes de lho pedirdes” (Mt 6, 7-8).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRITÉRIOS EVANGÉLICOS PARA ORAR-II

II-ORAÇÃO E COMPROMISSO DE VIDA

No Pai-Nosso, Jesus ensinou os discípulos a pedir o pão de cada dia (Mt 6, 11). Mas São Paulo insiste em que devemos trabalhar para termos pão para comer (2 Tes 3, 10).

Isto quer dizer que Deus está connosco, mas não está em nosso lugar. Por outras palavras, Deus nunca nos substitui. Está connosco, mas não está em nosso lugar.

Orar, portanto, não é um modo mágico de obrigar Deus a agir de acordo com a nossa vontade.

Pelo contrário, dispor-se a acolher a luz e a força, bem como as mediações adequadas para agir de acordo com a sua vontade.

São Tiago convida-nos a pedir a Deus o dom da Sabedoria (Tg 1, 5). A sabedoria, na visão cristã, é a capacidade de saborear o sentido da vida e das coisas com os critérios da Deus.

A Sabedoria que vem de Deus obtém-se mediante a meditação da Palavra de Deus e a atenção à voz do Espírito Santo no nosso coração.

A oração feita com estes critérios prepara o nosso coração, no sentido de nos predispor a acolher os dons de Deus e a agir de acordo com a sua vontade.

O evangelho de São Mateus diz que o Pai do Céu nos ama como um Pai que dá coisas boas a seus filhos.

São Paulo pediu a Deus que o libertasse de um problema difícil que o estava a atormentar.

Segundo o seu modo de falar, ele dizia que o seu problema era como um espinho espetado na carne.

Deus respondeu-lhe que preferia dar-lhe a forçado Espírito Santo, a fim de o capacitar para vencer essa e muitas outras dificuldades (2 Cor 12, 7-10).

Deus deseja dar-nos sempre o que é melhor para nós. Mas isto não significa que se limite aos nossos planos e esquemas.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

CRITÉRIOS EVANGÉLICOS PARA ORAR-III

III-ORAR NO ESPÍRITO SANTO

O evangelho de São João diz-nos que se pedirmos alguma coisa em nome de Jesus isso nos será concedido (Jo 14, 13-14).

O nome, na bíblia, significa a missão. O nome de Jesus, significa, pois a sua missão de medianeiro da salvação.

Pelo facto de estarmos organicamente unidos a Cristo, recebemos dele o Espírito Santo, o qual nos põe em sintonia com o querer de Deus.

Orar em nome de Jesus é o mesmo que orar no Espírito Santo. A Segunda Carta a Timóteo diz que Jesus é o único medianeiro entre Deus e os homens (1 Tim 2, 5).

A Carta aos Hebreus diz que Jesus é o nosso sumo-sacerdote, isto é, o medianeiro da nossa comunicação com Deus.

O nosso sumo-sacerdote está permanentemente a interceder por nós junto do Pai (Heb 4, 14-16).

Orar em nome de Jesus significa participar na sua oração, pois somos membros do seu corpo (1 Cor10, 17; 12, 27; 13, 12).

Jesus disse que nós somos os ramos da videira e ele é a cepa dessa mesma videira. Só podemos dar frutos de vida eterna se estivermos unidos à cepa.

O Espírito Santo é o vínculo orgânico e o princípio animador da comunhão que nos liga familiarmente a Deus.

Na verdade, é o Espírito Santo que em nós clama “Abba”, papá, e faz de nós co-herdeiros com Cristo (Rm 8, 14-17).

Orar ao jeito de Jesus é dizer a Deus o que nos vai no coração, seja no sentido de pedir, louvar, falar desta Humanidade a sofrer.

Eis o que diz São Paulo a este respeito: “Orai com o espírito e com a inteligência. Pensai nas palavras, a fim de entenderdes o que estais a dizer.

Quando orardes em comunidade, fazei-o de modo a que as pessoas vos entendam, a fim de poderem dizer “Ámen” à vossa oração” (1 Cor, 14, 15-16).

Não useis palavras vazias de significado, diz o evangelho de São Mateus, como fazem os pagãos (Mt 6, 7).

A nossa oração não deve ser como a dos hipócritas que se põe a julgar os outros ou a pensar que são mais que os demais.

Estes não tomam Deus a sério e por isso, diz o evangelho de São Marcos, não ficam justificados (Mc 12, 40).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRITÉRIOS EVANGÉLICOS PARA ORAR-IV

IV-A ORAÇÃO COMO ALIMENTO DA VIDA CRISTÃ

Sem oração podemos ter conhecimentos teóricos dos conteúdos da Fé, mas nunca podemos ter uma experiência viva de Deus.

A humildade é uma atitude fundamental para que a nossa oração seja um momento de comunhão com Deus.

Uma oração bem fundamentada tem de ter como alicerce o amor. Eis o que diz a primeira Carta de São João: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus.

Aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. Aquele que não ama não chega a conhecer Deus, pois Deus é amor” (1 Jo4, 7-8).

O amor a Deus e aos irmãos é, na verdade, o alicerce sólido para que a nossa oração seja um diálogo amoroso com Deus.

O ponto de encontro deste diálogo amoroso é sempre o nosso coração. Não é legítimo separar a nossa oração da nossa vida real.

A primeira carta de São João insiste nesta verdade. Eis o que ele diz numa outra passagem:
“A Deus nunca ninguém o viu. Se nos amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós e o seu amor, em nós, chegou à perfeição.

Nós damo-nos conta de que permanecemos em Deus e ele em nós, porque nos faz participar do seu Espírito Santo (…).

Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser que ama a Deus mas odiar o seu irmão, esse é um mentiroso.

De facto, aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.
Nós recebemos de Cristo este mandamento: quem ama a Deus ame também o seu irmão” (Jo 4, 12-21).

Quanto mais fizermos de Deus uma questão primeira e tomarmos Deus a sério, mais a nossa oração será uma força transformadora e recriadora em nós e no mundo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

21 março, 2009

CRISTO E O DOM DA VIDA ETERNA-I

I-FÉ EM CRISTO E VIDA ETERNA

São Paulo diz que ninguém pode reconhecer Jesus Como o Senhor ressuscitado a não ser pelo Espírito Santo:

“Por isso quero que saibais que nenhuma pessoa que fale sob a inspiração do Espírito poderá dizer que Jesus é um maldito.

Do mesmo modo ninguém é capaz de proclamar Jesus como o Messias ressuscitado a não pela inspiração do Espírito Santo (1 Cor 12, 3).

Ao consagrar Jesus para a sua missão messiânica, o Espírito Santo optimizou a sua capacidade de se dar de modo fiel e total ao plano salvador de Deus.

Nós fomos salvos graças à sua fidelidade. Mediante o baptismo no Espírito Santo também nós somos consagrados para realizar a vontade do Pai.

Da nossa fidelidade a esta vontade também pode depender a felicidade de muitos irmãos nossos.

O Espírito Santo vai-nos ajudando no sentido de compreendermos de que toma partido pelos que gastam a sua vida pelas causas do amor.

A ressurreição de Jesus é a prova de que Deus não permite que o justo seja destruído pelas forças da do mal.

Devido ao facto de Jesus ser um homem perfeito connosco também nós participamos da sua ressurreição.

Na verdade, o humano e o divino unem-se de maneira perfeita em Cristo. Graças a este facto, foi-nos dado o poder de nos tornarmos filhos de Deus.

Não por decisão do Homem, mas por vontade de Deus. Eis a razão, diz o evangelho de São João, pela qual o Verbo encarnou e habitou entre nós (cf. Jo 1,12-14).

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO E O DOM DA VIDA ETERNA-II

II-JESUS CRISTO COMO SERVO FIEL

E foi assim que o Filho de Deus decidiu tornar-se nosso irmão, a fim de sermos assumidos e incorporados na Família de Deus.

Deste modo o Filho Único de Deus tornou-se o primogénito de muitos irmãos, proporcionando novos membros à Família de Deus (Rm 8, 29).

Foi em Jesus Cristo que os seres humanos deram o salto de qualidade que fez deles uma Nova Criação, como diz São Paulo:

“Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. O que era antigo passou. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que, em Jesus Cristo, nos reconciliou com Deus, não levando mais em conta os pecados dos homens (2 Cor 5, 17-19).

Graças à fidelidade de Jesus Cristo fomos reconciliados com Deus. Deus criou o Homem (varão e mulher) è sua imagem e semelhança, diz o Livro doe Génesis (Gn 1, 26).

Mas Adão, levado pelo seu orgulho, quis ser igual a Deus, rejeitando a sua condição de servo de Deus.

Com este procedimento, Adão arrastou a Humanidade para o caminho do fracasso e da morte.

Jesus Cristo como servo fiel, reconduzindo a Humanidade para o caminho da vida (Rm 5, 17-19).
A Carta aos Colossenses põe um paralelismo entre Adão e Jesus Cristo.

Também Cristo foi criado à imagem de Deus. Mas este aceitou a sua condição de servo numa atitude de plena fidelidade.

Eis as suas palavras sugestivas do hino sobre a fidelidade de Cristo: “Jesus Cristo é a imagem perfeita do Deus invisível.
Ele é o primogénito de toda a Criação, pois foi de acordo com ele que todas as coisas foram criadas, tanto as do Céu, como as da Terra, as visíveis e as invisíveis (…).

Tudo foi criado nele e por ele. Ele é anterior a todas as coisas e todas subsistem por ele. Ele é a Cabeça da Igreja, o princípio e o primogénito de entre os mortos, a fim de ter a primazia em todas as coisas.

Aprouve a Deus que habitasse nele toda a plenitude, a fim de que todas as coisas fossem reconciliadas com Deus” (Col 1,15-20).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO E O DOM DA VIDA ETERNA-III

III-CRISTO E O DOM DA VIDA ETERNA

São Paulo diz que o Espírito Santo habita em nós como num templo (1 Cor 3, 16). É importante sabermos acolher a sua força criadora, a fim de darmos um salto de qualidade, passando de uma vida banal para uma vida que dê frutos de vida eterna.

Para que isto aconteça basta vivermos unidos a Cristo como os ramos da videira estão unidos à cepa, como diz o evangelho de São João:

“Permanecei em mim que eu permaneço em vós. O ramo da videira não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira.

O mesmo acontecerá convosco se não estiverdes em mim. Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5).

Com a sua luz reveladora, o Espírito Santo faz-nos compreender o sentido desta união orgânica com Cristo.

Ele é realmente a Árvore da Vida que está no Centro do Paraíso. Graças à união orgânica que o liga à Humanidade, o fruto da vida eterna já ao alcance de todos nós.

No evangelho de São João, Jesus diz que tem uma Água Viva para nos dar, a qual faz brotar uma nascente de Vida Eterna no nosso Coração. Esta Água, diz São João, é o Espírito Santo (Jo 7, 37-39).

Noutra passagem Jesus fala do fruto da Vida Eterna, associando-a à Eucaristia: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a Vida Eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia” (Jo 6, 54).

Este dom é-nos concedido na medida eu que nós fazemos uma união orgânica com Jesus, tal como ele faz uma união orgânica com o Pai:

“Assim com o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, também aquele que me come viverá por mim” (Jo 6, 57).

No mesmo evangelho, Jesus afirma a sua união orgânica com o Pai e também connosco. É esta a condição para nós sermos incorporados na Comunhão Familiar de Deus:

“Eu vivo e vós também haveis de viver. Nesse dia vós compreendereis que eu estou no meu Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14, 19-20).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

17 março, 2009

AJUDAR AS CRIANÇAS A SER RESPONSÁVEIS-I

I-EDUCAR PARA A RESPONSABILIDADE

Ajudar as crianças e os adolescentes a ser responsáveis é a melhor maneira de facilitar a sua realização como pessoas.

Facilitar não significa substituir. A substituição não é nunca uma maneira válida para ajudar alguém a ser responsável.

Ensiná-los a saber respeitar e compreender os outros. Incutir neles o hábito de falar e agir com verdade e honestamente.

Estimulá-los a ser corajosos agindo de modo coerente com os valores em que acreditam. É bom
Ensiná-los a auto controlar-se e a não se deixarem manipular pelos outros.

Os pais devem ensinar os filhos a cooperar nas tarefas domésticas, a fim de aprenderem a ser responsáveis pelo bem comum.

Os pais devem falar com os filhos acerca da importância de tomar decisões e fazer escolhas acertadas.

tanto em relação à sua realização pessoal, como em relação a contribuir para a construção de uma sociedade melhor.

Nós nunca sabemos as consequências das nossas decisões, tanto em relação à nossa realização pessoal como em relação à construção da sociedade em que vivemos.

É muito importante confiar aos adolescentes tarefas que impliquem responsabilidade, embora sem ir além das suas capacidades.

É muito importante cumprir as promessas feitas às crianças e aos adolescentes.

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Calmeiro Matias




AJUDAR AS CRIANÇAS A SER RESPONSÁVEIS-II

II-SABER DOSEAR AS EXIGÊNCIAS DOS FILHOS

Os pais não devem esquecer-se de que os filhos aprendem com aquilo que vêem fazer aos pais e não com aquilo que eles dizem.

Os pais e professores não devem esquecer-se de reconhecer e elogiar um trabalho bem feito.
Ensinem os adolescentes a não se deixarem dominar por preconceitos, pois estes são sempre maus conselheiros.

Expliquem aos adolescentes a importância de compreender os pontos de vista dos outros, apesar de serem diferentes dos nossos.

Não devemos esquecer-nos de que a felicidade das crianças se faz de pequenas coisas. Os pais não devem esquecer a importância de um passeio ao supermercado, sair para comprar de um gelado ou um caderno para pintar.

Mais doloroso ainda é sentir dificuldades na aquisição de um determinado cereal importante para a sua alimentação.

Não nos esqueçamos de que as crianças de hoje são bombardeadas com uma publicidade agressiva.

Se estivermos preparados saberemos defender-nos melhor. Na verdade as crianças aprendem depressa o nome de produtos caros e os encantos que a publicidade lhes atribui.

Na verdade, não é fácil, por exemplo, dizer aos filhos que não podem ter as coisas que pedem, apesar de eles argumentarem que os pais dos seus amigos já as ofereceram aos filhos deles.

É importante ajudar as crianças a compreender o valor do dinheiro e o papel que este joga nas nossas vidas.

É bom ajudar as crianças a gerir o seu dinheiro e ensiná-las a poupar logo de pequeninas. As crianças que são bem acompanhadas pelos pais correm menos riscos de cair em comportamentos socialmente perturbadores.

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Calmeiro Matias

AJUDAR AS CRIANÇAS A SER RESPONSÁVEIS-III


III-A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO

Quanto mais os pais estiverem envolvidos na vida dos filhos, mais estes se sentem seguros e melhor tentarão responder à fé que os pais depositam neles.

É muito importante que os pais arranjem tempo para estar com os filhos. Procurem um tempo semanal para fazerem qualquer coisa em conjunto fora da rotina do dia-a-dia.

Mais que tentar saber onde os filhos foram é conhecer os seus amigos e os pais destes. Sempre que possível procure estar em casa quando os seus filhos voltam da escola.

A zona de perigo para o uso das drogas é a saída da escola, pela tarde, quando nenhum dos pais está presente.

Sempre que possível, procurem comer com os filhos. A refeição é um momento excelente para falar acerca dos acontecimentos do dia.

Estudos recentes demonstraram que crianças e adolescentes que comem pelo menos cinco vezes por semana com os pais têm muito menos probabilidades de se envolverem em problemas de droga e álcool.

É importante que os pais desenvolvam um clima de diálogo com os filhos. Procure saber como vão as coisas na escola. Seja claro sobre os valores a ter em conta:

Seja um bom ouvidor. Não se ponha logo a moralizar quando o filho ou a filha lhe fazem um desabafo.

Pelo contrário, faça-lhe perguntas e comunique-lhe força e coragem. Resuma e sublinhe o que o filho lhe comunicou, a fim de lhe demonstrar que entendeu bem a comunicação.

Dê respostas honestas. Quando for o caso, não afirme o que não conhece, mas prometa encontrar a resposta certa e verdadeira.

Não se descontrole para não ter de pôr fim ao diálogo. Tenta aprofundar as questões, mesmo que o filho tenha feito declarações que o chocaram.

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Calmeiro Matias

AJUDAR AS CRIANÇAS A SER RESPONSÁVEIS-IV

IV-AS REGRAS QUE TÊM DE EXISTIR

Procure ser um exemplo para os seus filhos. Não queira que eles façam aquilo que lhes diz mas que não faz.

Preocupe-se por agir como gostaria que eles actuassem. Crie regras e discuta com os filhos as consequências do desrespeito das mesmas.

Cumpra os castigos previstos e não acrescente outros arbitrariamente. Estabeleça a hora do toque de recolher e seja rigoroso. Mas esteja preparado para renegociar em ocasiões especiais.

Não tenha reparo em permitir que os seus filhos tragam amigos para casa. É o melhor modo de conhecer as pessoas com as quais os seus filhos acompanham.

Encoraje o seu filho e felicite-o quando acontece uma coisa boa. Este encorajamento dá-lhe força para não cair em experiências destrutivas.

Acentue o positivo que observa nos comportamentos dos seus filhos. O afecto e apreço fazem que eles se sintam bem.

Esta maneira de proceder tem mais impacto na decisão de fazer o bem do que uma multidão de proibições.


Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

15 março, 2009

A PARTILHA É A PORTA DA ABUNDÂNCIA-I

I-JESUS E A PARTILHA

Jesus ensinou aos discípulos que o caminho para acabar com a fome é a dinâmica da partilha.

A terra bonita e fecunda que Deus nos deu ainda dá frutos que cheguem para todos, mas o egoísmo humano que estes frutos circulem por todos.

E o número de pessoas que morrem de fome não cessa de aumentar de dia para dia. Se aprendêssemos a partilhar e a ser irmãos uns dos outros, deixava de haver tantas crianças a morrer de fome.

Todos os dias morrem de fome muitos milhares de crianças. Algumas pessoas têm medo de partilhar porque temem que lhes venha a faltar.

Há ainda outras pessoas que são incapazes de pensar nos demais. Têm muito para partilhar e razões para o fazer, mas preferem estruturar-se como parafusos enroscados sobre si próprios, incapazes de olhar para os outros.

A experiência demonstra que há muitas pessoas cheias de dinheiro e que são profundamente infelizes.

Na verdade, a fonte da felicidade é o amor, não o dinheiro.

Se a fonte da felicidade é o amor, isto quer dizer que as pessoas que têm muito dinheiro apenas conseguirão ser felizes se começarem a partilhar.

Há ainda o escândalo dos países ricos que se apoderam dos bens da Terra deixando os países pobres na miséria.

Estes países são fontes de injustiça e de violência no mundo. São os principais responsáveis dos gritos dos pobres e do desespero das mães que vêem os seus filhos morrer de fome.

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Calmeiro Matias

A PARTILHA É A PORTA DA ABUNDÂNCIA-II

II-PARTILHA E ABUNDÂNCIA

Jesus enviou os Apóstolos a pregar a partilha, a fim de apontar o caminho que conduz à abundância.

Isto quer dizer que quando as pessoas começam a partilhar, acontece o milagre da abundância.

Jesus deixou-nos a Eucaristia, a fim de nos dar um sinal de que o pão partilhado dá para todos e ainda sobra.

Nunca ninguém morreu à fome por ter começado a partilhar os seus bens. O grande obstáculo para acontecer o milagre da abundância é o nosso coração egoísta.

Se tomássemos o Evangelho a sério, depressa aprenderíamos que a partilha é o caminho da libertação.

A partilha faz bem a todos. Faz bem aos que recebem porque se abre para eles uma possibilidade de realização.

Também faz bem aos que partilham, pois com este modo de proceder estão a iniciar o caminho da sua libertação, vencendo o egoísmo.

Certo dia, Jesus encontrou um jovem muito rico que tinha feito a catequese toda e cumpria os mandamentos.

Cheio de vontade de ser mais perfeito, este jovem foi ter com Jesus e pediu-lhe que lhe indicasse o caminho para crescer na perfeição.

Jesus deu-lhe os parabéns e disse-lhe: “Se fores coerente com este apelo do Espírito Santo, terás um lugar muito especial na comunhão do Reino dos Céus”.

“Para seres perfeito só te falta uma coisa: vai partilhar os teus bens com os pobres”.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A PARTILHA É A PORTA DA ABUNDÂNCIA-III

III-PARTILHA E COMUNHÃO COM DEUS

O coração das pessoas que partilham dilata-se e abre-se aos horizontes da comunhão universal.
Além disso começa a saborear o paladar da felicidade.

No coração das pessoas que partilham o Espírito Santo tem um lugar especial. Do mesmo modo, estas pessoas têm um lugar especial no coração de Deus e das pessoas com as quais partilham.

É esta a qualidade dos que atingem um lugar especial na Comunhão Universal da Família de Deus.

Ao ouvir a proposta de Jesus o jovem retirou-se em silêncio e triste e nunca mais se aproximou de Jesus.

Se nos abrirmos à acção do Espírito Santo, o nosso coração começa a adquirir pouco a pouco o jeito da fraternidade e da partilha.

À medida que isto acontece, começamos a ser irmãos dos outros e membros da Família de Deus.

Só o Espírito de Deus nos pode capacitar para vencer os medos que nos bloqueiam e impedem de partilhar.

Na verdade, se acolhermos a presença renovadora do Espírito Santo em nós, o nosso coração vai-se curando de modo gradual e progressivo da enfermidade do egoísmo.

Na verdade, o egoísmo é a enfermidade que impede a pessoa de entrar na comunhão humano-divina do Reino de Deus.

Quando partilhamos, Cristo torna-se uma presença salvadora no nosso coração. É este o sentido da comunhão do pão partilhado na Eucaristia.

Este é um dos grandes sinais que Deus nos dá para aprendermos a tomar atitudes semelhantes às de Jesus.

A pessoa que sente alegria em partilhar é um sinal inconfundível de que está em sintonia com o coração de Deus!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

12 março, 2009

A FORÇA LIBERTADORA DA FÉ CRISTÃ-I

I-FÉ COMO DOM DE DEUS

A fé cristã assenta sobre os conteúdos da Palavra de Deus. Na verdade, podemos dizer que os horizontes da Fé cristã são os mesmos da Palavra de Deus.

Por isso dizemos que a Fé é um dom de Deus e não resultado de uma simples reflexão humana.

A fé, a esperança e a caridade são designadas como virtudes teologais, pois têm como fundamento a revelação de Deus.

Por vezes também se diz que a fé, a esperança e a caridade são virtudes infusas, isto é, infundidas por Deus e não adquiridas.

Esta designação distingue as virtudes teologais das virtudes morais que são resultado do treino humano como acontece com as virtudes morais.

Eis alguns aspectos básicos em que nós, os cristãos, acreditamos:Em primeiro lugar acreditamos em um só Deus que é uma comunhão familiar de três pessoas.

Acreditamos que o Universo tem como fonte uma comunhão familiar de três pessoas.A bíblia diz que Deus é amor (1 Jo 4,7; 16).

Se Deus é amor, então a criação é essencialmente boa, pois brota da acção criadora do amor.

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Calmeiro Matias

A FORÇA LIBERTADORA DA FÉ CRISTÃ-II

II-FÉ E HISTÓRIA DA SALVAÇÃO

A nossa fé diz-nos também que, pelo mistério da Encarnação, o divino se enxertou no humano, a fim de este ser divinizado.

Acreditamos que o Filho Eterno de Deus se exprimiu em grandeza humana o Filho Eterno de Deus.

Acreditamos que, em Cristo, o humano e o divino fazem uma união orgânica e interactiva.

Graças a esta união, o Filho Eterno de Deus e Jesus de Nazaré, o filho de Maria, fazem um, mas sem se confundirem nem fundirem.

Acreditamos que a pessoa do Espírito Santo é uma presença animadora da comunhão orgânica constituída pelas pessoas do Pai e do Filho.

Acreditamos igualmente que a pessoa do Espírito Santo é o princípio animador da comunhão orgânica constituída pelo Filho Eterno de Deus e por Jesus de Nazaré.

Por outras palavras, acreditamos que o Espírito Santo, com seu jeito maternal de amar, exerce um papel fundamental no acontecimento de Cristo.

Explicitamos esta verdade quando afirmamos que o Filho de Deus encarnou pelo Espírito Santo.

Acreditamos que Deus decidiu revelar-se ao Homem, escolhendo, para isso, um povo que seja o medianeiro da revelação para toda a Humanidade.

A nossa fé diz-nos que até Jesus Cristo o medianeiro da revelação de Deus para a Humanidade foi o povo bíblico.

Jesus Cristo dá início ao Povo da Nova Aliança constituído, não por uma raça e uma língua, mas por gentes de todas as raças, línguas, povos e nações.

Deste modo, o Novo povo de Deus torna-se capaz de proclamar a Palavra de Deus no interior de todas as raças, línguas, povos e nações.

Deste modo, o Novo Povo de Deus é sacramento da Universalidade do Plano Salvador de Deus.
Acreditamos que Deus é amor e, portanto, não condena ninguém.

Acreditamos que Deus é amor e, portanto, não se pode negar a si mesmo, deixando de amar.
A pessoa humana é capaz de romper a comunhão amorosa com Deus, voltando-lhe as coisas.

Na verdade, para haver comunhão amorosa o amor deve circular nas duas direcções: Deus e Homem, Homem e Deus.

Por outras palavras, um amor unidireccional não chega para constituir comunhão amorosa.
Apesar de a pessoa humana poder romper com a comunhão amorosa não é capaz de impedir que Deus a continue a amar de modo incondicional.

Por ser amor, Deus não condena ninguém. As pessoas que vão para a morte eterna condenam-se por sua própria decisão.

Acreditamos que está criando o Homem à sua imagem e semelhança, pois este ainda não está acabado.

Na verdade, o Homem é um ser em construção, tanto na sua dimensão física, como psíquico, social ou espiritual.

Acreditamos que a pessoa humana não se esgota na sua dimensão biológica. Isto que dizer que a morte não mata a pessoa. Ao morrer, a interioridade espiritual da pessoa é assumida e incorporada na Família de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A FORÇA LIBERTADORA DA FÉ CRISTÃ-III

III-O CRISTÃO COMO TESTEMUNHA DO EVANGELHO

Acreditamos que a Vida Eterna acontece através da ressurreição e não apenas através de uma simples subsistência imortal.

Por outras palavras, o coração do Evangelho é a Boa Notícia da ressurreição e não uma simples crença na imortalidade da alma.

Com efeito, a imortalidade é um conceito que já existia no mundo pagão muito antes de Jesus Cristo.

Acreditamos que a humanização do Homem é uma tarefa ética que, em síntese, implica dizer sim aos apelos do amor e dizer não ao que se opõe ao amor.

A vivência do amor é a dinâmica que possibilita a humanização das pessoas. Acreditamos que Jesus fez do amor o seu único mandamento.

Acreditamos que o anúncio do Evangelho é um serviço importante para o bem da Humanidade.
A nossa fé diz-nos que, para o cristão, a disposição de viver como discípulo de Jesus Cristo é a melhor opção para o cristão se realizar e ser feliz.

Não são muitas as pessoas que fazem de Deus uma questão primeira. Deus não é um ser que se limita a pedir-nos práticas religiosas fundadas em cultos com ritos bem executados.

É sinal de maturidade cristã ter presente que o Espírito Santo habita no nosso íntimo e aí nos vai moldando à imagem e semelhança de Deus.

Quanto mais os crentes vivem esta realidade de modo consciente, mais capazes se tornam de testemunha o amor de Deus para com os seres humanos.

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Calmeiro Matias

A FORÇA LIBERTADORA DA FÉ CRISTÃ-IV


IV-A FÉ OPTIMIZA O SENTIDO DA VIDA

O sentido da vida humana não é uma evidência que se impõe logo à partida, mas uma descoberta gradual e progressiva que vai amadurecendo em nós.

Em primeiro lugar trata-se de uma descoberta que vai amadurecendo no coração da pessoa que tenta encontrar as razões do que lhe acontece.

Para os cristãos, o sentido da vida é visto numa perspectiva mais profunda: Trata-se de uma revelação, isto é, de uma confidência do Espírito Santo habita em nós e vai balbuciando em nós a Palavra de Deus.

Por outras palavras, o sentido cristão da vida tem como alicerce a Palavra de Deus que o Espírito Santo vai confidenciando no íntimo do nosso coração.

Eis o que diz o evangelho de São João: “Quando o Espírito da Verdade vier, ele vai guiar-vos para a Verdade Plena.

Ele não falará só por si, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos-á o que há-de vir” (Jo 16, 13).

Os crentes que se abrem à Palavra de Deus e à luz do Espírito Santo começam a adquirir uma sabedoria cujos horizontes transcendem o alcance da inteligência Humana.

As mediações de que o Espírito Santo se serve para fazer esta confidência no nosso íntimo são a Escritura, a Comunidade Cristã e os acontecimentos da História Humana.

À luz da Palavra de Deus, a grande razão pela qual vale a pena viver é o amor. Jesus ensinou aos discípulos que o amor é uma razão que vale tanto para viver como para morrer:

“É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Ninguém tem mais amor do que aquele que dá ávida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).

Na verdade, só o Espírito Santo pode projectar luz sobre muitos acontecimentos que parecem tirar todo o sentido à vida.

Podemos dizer que a Palavra de Deus optimiza o sentido daquilo que já o tem e confere sentido àquilo que, à simples luz da razão, parece não o ter.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias