20 maio, 2008

ESPERANÇA CRISTÃ E SENTIDO DA VIDA-III

III-SALVAÇÃO E COMPROMISSO HUMANO

A salvação de Deus em Jesus Cristo é um dom. Por outras palavras, a salvação não é uma conquista do Homem.

A nossa esperança garante-nos que o plano salvador de Deus já está inaugurado e atingirá a sua plenitude.

Eis a razão pela qual ele tenta comprometer-se com os apelos e propostas de Deus. Na verdade, o plano salvador de Deus implica também o compromisso do Homem.

A divinização do Homem é um dom gratuito, mas Deus só pode divinizar a pessoa humana na medida em que esta emerge através do processo da humanização.

Como sabemos, a humanização do homem é uma tarefa que cada pessoa tem de realizar. Ninguém nos pode substituir nesta missão.

Graças à ressurreição de Jesus Cristo, a Humanidade já entrou na plenitude dos tempos, isto é, na fase da divinização.

A plenitude dos tempos significa um salto de qualidade que a Humanidade deu, devido ao facto de formar um todo orgânico com Cristo.

O evangelho de São João diz que a divinização do Homem acontece pela comunicação especial do Espírito Santo, a qual atinge o homem no mais íntimo do seu ser e o faz dar um salto de qualidade.

Eis as suas palavras: “No último dia, o mais solene da festa, Jesus, de pé, exclamou: “Se alguém tem sede venha a mim. Quem acredita em mim que sacie a sua sede! Como diz a Escritura, do seu peito hão-de emergir rios de Água viva”.

Jesus disse isto referindo-se ao Espírito que iam receber os que acreditassem nele. Com efeito, o Espírito ainda não tinha vindo, pois Jesus ainda não tinha sido glorificado” (Jo 7, 37-39).

A revelação abre os horizontes da nossa Esperança muito para lá da vida mortal. Graças à sua Fé, os cristãos conseguem vislumbrar muito para além dos horizontes da morte.

Eis o que diz a Carta aos Filipenses: “Para nós, a cidade a que pertencemos está nos céus, de onde esperamos o Senhor Jesus Cristo, o nosso Salvador.

Com a energia que possui e o capacita para sujeitar todas as coisas, ele transfigurará o nosso corpo, configurando-o ao seu corpo glorioso” (Flp 3, 20-21).

O horizonte máximo da nossa Esperança, portanto, é Jesus Cristo ressuscitado e assumido na glória da Santíssima Trindade.

A Carta aos Hebreus descreve a Esperança como a expectativa confiante dos bens que estão para vir (Heb 6, 11).

Num texto cheio de profundidade, a Segunda Carta aos Coríntios diz-nos que não estamos a edificar para a morte, mas para a Vida Eterna.

Este texto é um testemunho magnífico dos horizontes da esperança: “Por isso, não desfalecemos. E ainda que, em nós, o homem exterior vá caminhando para a ruína, o homem interior renova-se dia após dia.

Com efeito, a nossa momentânea e leve tribulação proporciona-nos um peso eterno de glória, além de toda e qualquer medida.

Na verdade, olhamos mais para as coisas invisíveis do que para aquelas que se vêem. De facto, as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas” (2 Cor 4, 16-18).

Este texto exprime bem o horizonte da nossa Fé e a força da nossa Esperança, a qual nos possibilita olhar a saborear as coisas com um sentido e um sabor totalmente novo.

Vale a pena empenharmo-nos, pois não estamos a construir para o vazio da morte. A Esperança confere-nos um olhar novo, o qual nos capacita para podermos valorizar as coisas com os critérios da revelação de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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