Segundo São Marcos, o mensageiro misterioso que estava no sepulcro, não é um anjo. Trata-se de um jovem que está dentro do sepulcro aberto. As mulheres são três e não uma como no evangelho de São João.
O jovem encarrega as mulheres de avisarem os discípulos, dizendo-lhes que deve ir para a Galileia, a fim de verem o Senhor (Mc 16, 3-8).
Para o evangelho de São, como disse, havia apenas uma mulher. Trata-se de Maria Madalena, a mulher que sentiu de modo profundo o amor libera libertador de Jesus.
Ao ver o sepulcro aberto, Maria correu a avisar Pedro e João. Foram estes, diz o evangelho de São João, os primeiros a fazer a experiência pascal (Jo 20, 1-10).
É curioso notar que só após a aparição a Pedro é que Maria Madalena, tem a aparição de Jesus ressuscitado.
Agora, Maria vê dois anjos e logo a seguir vê o Senhor ressuscitado, a quem ela confunde com o jardineiro (Jo 20, 11-16).
Ao aperceber-se de que era Jesus, Maria tenta abraçar os pés de Jesus, mas este não permite, pois tem de ir para o Pai (Jo 20, 17).
Em Mateus, as mulheres lançam-se aos pés de Jesus e abraçam-no sem qualquer reparo por parte de Jesus (Mt 28, 9).
Para o evangelho de São João, experiência pascal e Pentecostes são realidades simultâneas. ( Jo 20, 20-23).
Numa passagem do evangelho de São Lucas, os discípulos assustaram-se ao verem o Senhor, pois pensaram tratar-se de um fantasma.
Para os tranquilizar, Jesus diz-lhes que o podem tocar, a fim de verificarem que é ele e não um fantasma, pois os fantasmas não têm carne e ossos como ele tem (Lc 24, 36-39).
Depois de os tranquilizar, Jesus come com eles (Lc 24, 41-42). Do mesmo modo, no relato de Tomé, Jesus desafia o apóstolo, mandando que o toque e que meta a mão na chaga do seu peito.
Mas Tomé não lhe chegou a tocar, fazendo uma profissão de fé no Senhor, chamando-o de “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20, 27-29).
No final do Evangelho de João aparece Jesus ressuscitado a assar peixe para dar aos discípulos e a comer com eles (Jo 21, 9-13).
Ao acentuar o aspecto físico de Jesus, os discípulos estão apenas a defender que o Jesus o Senhor ressuscitado não é um fantasma, mas o mesmo Jesus com o qual eles conviveram e comeram.
Estamos longe da sobriedade dos relatos dos primeiros trinta anos, onde Jesus ressuscitado era visto como um ser totalmente espiritualizado.
Algumas décadas antes destes relatos, São Paulo insistia em que o corpo do Senhor ressuscitado é uma realidade espiritual e não biológica (1 Cor 15, 42-50).
Calmeiro Matias
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