28 maio, 2008

CONFIGURAÇÃO ESPIRITUAL DO SER HUMANO-II

II-A FORÇA MODELADORA DAS RELAÇÕES

As relações marcadas com a densidade do amor são, de facto, a dinâmica da nossa realização.
A opção pelo amor é, realmente, a única opção verdadeiramente livre que podemos realizar.

É por esta razão que ninguém é capaz de obrigar uma pessoa a amar. O outro torna-se nosso próximo a partir do momento em que o elegemos como tal no íntimo do nosso coração.

Eleger o outro como próximo é bom para ele mas também é muito bom para nós. Na verdade, ao elegermos o outro como nosso próximo, isto é, alvo do nosso bem-querer, o nosso coração dilata-se e, portanto, aumenta a nossa capacidade de participarmos na plenitude da Família de Deus.

Somos seres talhados para a reciprocidade do amor. Sem o amor dos outros não somos capazes de gostarmos de nós.

Além disso, a pessoa mal amada nem sequer é capaz de resolver da melhor maneira as nossas dificuldades e problemas.

O amor está presente, possibilita, mas nunca substitui. Pretender que os outros sejam à nossa medida ou que actuem de acordo com o nosso modo de ver é recusar-se a amar o irmão, deixando-o emergir na sua originalidade.

Amar é facilitar a emergência do outro, a fim de este se realizar de acordo com o melhor das suas possibilidades.

Só poderemos facilitar esta emergência na medida em compreendamos e aceitemos que as qualidades dos outros são diferentes das minhas.

Na verdade, o ser humano emerge de modo único, original e irrepetível enquanto pessoa livre, consciente, responsável e capaz de comunhão amorosa.

Por outras palavras, a pessoa que pretende colocar-se no lugar do outro e ser a medida dele, não o está a amar.

À medida que se realiza, a pessoa emerge como novidade constante. Um dos aspectos fundamentais da dignidade do Homem em construção consiste precisamente em poder ser autor de si mesmo e emergir de modo único.

Quando respondemos fielmente aos apelos do amor, a nossa vida espiritual dilata-se no nosso íntimo, capacitando-nos para estabelecermos relações mais profundas e interagirmos de modo mais pleno e fraterno.

Quanto mais vazia de amor for a vida de uma pessoa, mais pesada e difícil se torna.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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