29 junho, 2008

DEUS E O HOMEM ENCONTRAM-SE NO AMOR-I

I-O MISTÉRIO DO AMOR

Não permitamos que o outro fique mais pobre por se ter encontrado connosco. Procuremos ser como Jesus que nunca deixou uma pessoa mais pobre ou machucada depois a ter encontrado.

Podemos dizer que o amor é a porta de entrada para a felicidade. O amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

Quando uma pessoa se decide a amar elege o outro como alvo de bem-querer, procura aceitá-lo assim como é, apesar de ser diferente e tenta facilitar a sua realização pessoal.

Quando um ser humano se dispõe a amar uma pessoa, esta, mesmo que esteja longe, sente que uma porta se abriu para ela.

Na verdade, amar é querer bem e agir de modo a que o outro encontro condições para se realizar e ser feliz.

Amar é tornar-se próximo daqueles que se cruzam connosco na vida. Amar é não pretendermos que o outro seja uma cópia de nós mesmos.

Por outras palavras, quando um ser humano decide fazer de uma pessoa o seu próximo, mesmo que esta esteja longe vai sentir a diferença.

O amor é criador de comunhão. Como sabemos, as diferenças são aceites e valorizadas na dinâmica da comunhão amorosa.

Isto quer dizer que o amor gera laços de união orgânica e dinâmica. À medida que o amor cresce, gera vínculos cada vez mais fortes e indestrutíveis. Podemos dizer com toda a verdade que o amor não envelhece.

Na Comunhão Universal do Reino de Deus, todos dançaremos o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que tiver adquirido enquanto viveu na histeria.

Os evangelhos dizem que amor tem a capacidade misteriosa de fazer que uma pessoa seja capaz de pôr o outro em primeiro lugar:

“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos” (Jo 15, 13). Por outras palavras, o amor consegue fazer que uma pessoa viva mais em função dos outros do que de si mesma.

Deus é Amor, diz a primeira Carta de São João (1 Jo 4, 7). Isto quer dizer que só o amor é capaz de nos pôr em sintonia com o próprio Deus (1 Jo 4, 8;16).

Além disso, o amor consegue fazer do nosso coração uma morada para Deus: “Se alguém me ama, guardará a minha Palavra, meu Pai amá-lo-á e nós viremos a ele e faremos nela a nossa morada” (Jo 14, 23). Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E O HOMEM ENCONTRAM-SE NO AMOR-II


II-O AMOR OPTIMIZA AS RELAÇÕES

Só o amor é capaz de nos capacitar para aceitar o outro, apesar dos seus defeitos. Como vemos, o amor concretiza-se em atitudes, , decisões e escolhas.

A fé cristã fala-nos ainda do amor caridade que é o amor optimizado pela acção do Espírito Santo em nós:

“A esperança não desilude, pois o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”( Rm 5,5).

Isto quer dizer que o Espírito Santo não só veicula o amor do Pai e do Filho para nós, como também nos leva a amar os irmãos com o jeito de Deus.

Falando do amor ao jeito de Deus, São Paulo diz o seguinte: “O amor é paciente e amável. Não é invejoso nem cai na gabarolice.

O amor não é orgulhoso nem grosseiro ou inconveniente. O amor nunca gira à volta de si, mas abre-se e compromete-se com o bem dos outros.

O amor não se irrita nem guarda ressentimentos. Não se alegra com o mal, mas alegra-se com a verdade” (1 Cor 13, 4-8).

O melhor sinal que nos confirma de que uma pessoa ama outra é ver se ela está disposta a facilitar a realização e felicidade dessa pessoa.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E O HOMEM ENCONTRAM-SE NO AMOR-III

III-ENCONTRO DE DEUS COM O HOMEM NO AMOR

O amor é o dinamismo mais nobre do Universo. É também a energia mais poderosa de todas as energias, pois é a força do próprio Deus Criador.

O amor nunca morre. Por vezes, o amor é coração sem palavras. Mas nunca é palavras sem coração.

O amor é mais disponibilidade para escutar, do que ânsia de dizer muitas palavras. O amor de Deus emerge sempre no coração do amor humano, optimizando-o e tornando-o fecundo.

Eis as palavras da Primeira Carta de São João: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. O que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8).

Assim como o sangue circula no íntimo do nosso corpo, o dinamismo amoroso e criador de Deus circula no íntimo da nossa interioridade pessoal.

Esta força de Deus activa o melhor das nossas energias, capacitando-nos para realizações que, à primeira vista, pareciam impossíveis:

Deus nunca está longe de nós. Ele habita no mais íntimo de nós mesmos e cuida sempre de nós, diz o diz o profeta Isaías:

“Não tenhas medo, pois estou contigo. Não desfaleças, pois eu sou o teu Deus e vou fortalecer-te e ajudar-te. Eu seguro-te com a minha mão direita” (Is 41, 10).

Não somos seres abandonados na imensidão de um Universo frio e impessoal. Pelo contrário, Deus criou-nos à sua imagem e semelhança e depois fez de nós membros da sua família (Rm 8, 14-16).

O amor humano tem como fonte e plenitude o próprio amor de Deus. O nosso amor para com os irmãos confere-nos o ritmo e a densidade com que havemos de comungar com Deus na festa do Reino de Deus:

“Para que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. Que também eles estejam assim em nós e o mundo creia que tu me enviaste.

Dei-lhes a glória que me deste, a fim de que eles sejam um, como nós somos um. Eu neles e tu em mim, a fim de eles poderem chegar à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim” (Jo 17, 21-23).

Através do amor aos irmãos vamos entrando gradual e progressivamente na união orgânica humana que nos une a toda a Humanidade e, através de Cristo, à própria união orgânica da Santíssima Trindade.

O sangue de Deus, o Espírito Santo, circula no íntimo da nossa vida de relações fraternas, optimizando o nosso amor e criando elos de ligação à Comunhão Divina da Santíssima Trindade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

27 junho, 2008

O BARRO DO QUAL EMERGIU O HOMEM-I

I-A BÍBLIA E O BARRO PRIMORDIAL

O Livro do Génesis diz que Deus, no acto de Criar o Homem, começou por dar um beijo no barro primordial do qual ia fazer emergir o Homem.

Nesse momento, o hálito da vida divina passou para o interior do barro e este tornou-se barro com coração (Gn 2, 7).

Barro com coração é pessoa capaz de se gastar para que o outro possa crescer como pessoa feliz.
Barro com coração é a pessoa que se esforça por aceitar o outro como ele é, apesar disso exigir renúncia e sacrifício.

Barro com coração é a pessoa capaz de se alegrar com o sucesso dos outros. Barro com coração é a pessoa que não está sempre a exigir disponibilidade da parte do outro, mas que procura estar disponível quando este precisa de si.

Barro com coração é a pessoa que ao aconselhar alguém, procura comunicar sempre o melhor da sua experiência e do seu saber, sem preocupação de reservar o melhor para si.

Barro com coração é a pessoa cujo modo de amar é de tal discreto e gratuito que o outro não se apercebe do sacrifício que, por vezes, está a ser feito, a fim de o ajudar.

Barro com coração é a pessoa que não se afasta do outro, só porque este acaba de ter um fracasso na vida.

Barro com coração é a pessoa que se preocupa por amar de modo cada vez mais pleno e gratuito.
Barro com coração é aquela pessoa de quem nos lembramos em primeiro lugar nos momentos de dificuldade ou sofrimento.

Barro com coração é a pessoa que não gosta de magoar os outros, mas não deixa de dizer a verdade pelo simples facto de que o outro pode não gostar.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O BARRO DO QUAL EMERGIU O HOMEM-II

II-DEUS E O BARRO COM CORAÇÃO

Deus Gostou da sua obra, pois era uma imagem perfeita de Deus. Deus viu que o Barro com coração é a mãe que cuida dos seus filhos com uma ternura e cuidados admiráveis.

É também o pai que faz planos, esforços e horas extraordinárias para que a sua família tenha o pão de cada dia.

Barro com coração é o casal que acolheu uma criança em situação de risco. É também aquele homem que, por ser honesto e fiel à sua consciência foi perseguido e despedido do emprego.

Barro com coração são os homens e as mulheres que vão gastando a vida pela defesa e libertação dos que não têm voz nem sabem defender-se.

Barro com coração são os jovens que tomam o amor a sério, não traindo os amigos e procuram ser fieis ao projectos ou alianças amorosas.

Barro com coração são os rapazes e raparigas, homens ou mulheres que deixam sempre mais ricas as pessoas que se cruzam consigo na vida.

Isto supõe uma atenção especial à presença dinâmica do Espírito Santo no nosso coração, pois é ele o hálito da vida que nos vai moldando à imagem e semelhança de Deus.

É agora, portanto, a nossa grande oportunidade. Ou nos realizamos colaborando com o Espírito Santo ou nos malogramos.

É agora que o Espírito Santo nos convida a amassar o barro, configurando a nossa identidade definitiva, isto é, o nosso jeito definitivo de nos relacionar e comungar com os outros.

No Reino de Deus, todos dançaremos o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que adquirir agora. É hoje o tempo de treinar.

Na medida em que o barro se vai amassando, estrutura-se de modo progressivo a nossa interioridade pessoal-espiritual que é única, original e irrepetível.

A nossa interioridade pessoal é um núcleo de energias espirituais que crescem em densidade espiritual e capacidade de interacção amorosa.

Ninguém pode ser substituído nesta tarefa. Comungaremos para sempre na Festa da vida eterna com a identidade que imprimirmos agora ao barro que temos a missão de amassar.

O ser humano é, pois uma obra-prima feita de barro em cuja interioridade está a emergir outra obra-prima feita de espírito e com capacidade de amar.

As nossas decisões, opções, escolhas e realizações são o cinzel com que modelamos este barro precioso.

A configuração que atingirmos mediante a tarefa da nossa realização na história constitui a nossa identidade definitiva.

Não nos podemos esquecer que apenas conseguiremos modelar e o barro, isto é, humanizarmo-nos, em comunhão com Deus e os outros.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O BARRO DO QUAL EMERGIU O HOMEM-II

O BARRO DO QUAL EMERGIU O HOMEM-III

III-DEUS FAZ HISTÓRIA CONNOSCO

A configuração que vamos dando ao barro que temos amassar e moldar vai-se revelando através das opções, atitudes do nosso dia-a-dia.

Se nos interrogarmos com frequência sobre o sentido habitual das nossas opções, escolhas, decisões e atitudes, iremos obtendo a resposta fundamental sobre o modelo de pessoa que estamos a edificar.

Na verdade, não nascemos acabados. Deus criou-nos para que nos criemos. Somos por natureza chamados a ser criadores de nós mesmos e sempre em dinâmica de relações de amor.

Na medida em que nos realizamos também estamos a melhorar o leque de talentos e possibilidades dos que se cruzam connosco na vida.

Na medida em que nos humanizamos, vamos modificando a calda social deste barro a amassar-se.

No seio de uma sociedade fraterna e justa torna-se mais fácil modelar o barro segundo os critérios de Deus.

O compromisso com a transformação do meio em que vivemos é também uma decisão importante para modelarmos de maneira mais plena e perfeita o barro que Deus está amassando connosco.

Na fase infantil, o homem é sobretudo um barro a ser modelado pelos outros: pais, escola ou o contexto social.

A criança é um feixe de possibilidades de vida livre, consciente e responsável que falta realizar.
Na verdade, ela é uma história por contar e um romance por escrever.

Ao longo dessa história surgirão paixões, agressividades, sofrimentos, opções certas e erradas que formam o entretecido da história de cada pessoa.

Os adultos facilitam ou dificultam a estruturação e vivência desta história por contar, deste poema que ainda não está escrito e desta estátua não plenamente esculpida.

Podermos dizer que uma criança é uma história de amor que ainda não aconteceu e uma canção que ainda não foi cantada.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O BARRO DO QUAL EMERGIU O HOMEM-IV

IV-NINGUÉM SE FAZ SOZINHO

As crianças começam por adquirir o jeito do contexto em que crescem e se desenvolvem: Se crescem num contexto de fé aprendem a ser crentes.

Se crescem num ambiente religiosamente indiferente aprendem a ser indiferentes. Se crescem num ambiente onde as pessoas tomam a vida a sério, aprendem a ser pessoas comprometidas consigo, com os outros e com Deus.

Se vivem rodeadas de atitudes hostis aprendem a defender-se através de atitudes e comportamentos agressivos.

Se vivem em ambientes vazios de ternura começam a sentir-se inseguras e dominadas pelo medo.

Se vivem em ambientes onde não são valorizadas nem estimadas ficam enredadas em sentimentos de auto compaixão e não alimentam a sua auto-estima.

A criança é um dom que ainda não se realizou e que apenas se realizará na medida em outros sejam dom para ela.

A criança é um coração não poluído, mas que os outros podem introduzir progressivamente no mundo da poluição moral.

É uma fé que ainda não foi posta à prova. Por isso acredita cegamente nos adultos que a rodeiam, em especial nos seus pais.

Se vivem em meios marcados pela inveja aprendem a ser invejosas. Se têm a sorte de encontrar pessoas que as encorajam tornam-se auto-confiantes.

O Livro do Génesis diz que o Homem, depois de ter recebido o hálito da vida se tornou um ser vivente (Gn 2, 7).

O hálito da vida é, como vimos, o Espírito Santo. São Paulo diz que é pelo Espírito Santo que somos assumidos e incorporados na Família de Deus:

Filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus (Rm 8, 14-16). Depois acrescenta que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5).

Somos templos do Espírito Santo, diz a Primeira Carta aos Coríntios (2 Cor 3,16). 1-Levamos no nosso íntimo o selo do amor de Deus, o qual nos orienta e ilumina nesta tarefa de modelar o barro.

Deus Pai deu-nos o beijo da Criação. O Filho Eterno de Deus deu-nos o segundo beijo, isto é o beijo da Salvação.

Através deste beijo Salvador, o Filho de Deus comunicou-nos o Espírito Santo, a Água Viva que, no nosso íntimo se torna uma nascente a jorrar Vida Eterna (Jo 4, 14; 7, 37-39).

Através de Cristo ressuscitado, nós recebemos o dom do Espírito Santo, graças ao qual fomos assumidos na Comunhão da Família divina (Gal 4, 4-7).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

25 junho, 2008

HINO À PRIMAZIA DE CRISTO-I

I-A FIDELIDADE INCONDICIONAL DE CRISTO

Espírito Santo,
Dá-nos o dom da Sabedoria,
a fim de podermos compreender e
saborear e agradecer a fidelidade incondicional
de Cristo à missão que Deus lhe confiou.

Senhor Jesus ressuscitado,
Ao consagrar-te, o Espírito Santo
tornou-te consciente do amor e entrega necessária
para levares a efeito a missão da salvação do Homem.

Obrigado Jesus Cristo, pelo modo como te
Te entregaste sem reservas.


Ajuda-nos a compreender também
que da nossa fidelidade pode depender
a felicidade de uma multidão de irmãos nossos.

Também nós queremos ser mediação
do amor de Deus para os nossos irmãos,
Como tu foste para nós.

Dá-nos essa certeza que tinhas
de que Deus toma partido pelos que gastam
a vida pelas causas do amor.

Senhor Jesus Cristo
a tua ressurreição é a confirmação
de que Deus não permite que o justo
seja destruído pelas forças da iniquidade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

HINO À PRIMAZIA DE CRISTO-II

II-A ENCARNAÇÃO COMO ACTO DE AMOR

Em ti, Jesus Salvador, o humano
e o divino estão organicamente unidos.

Foi de modo plenamente livre
Que decidiste ser nosso irmão,
Filho eterno de Deus!

Decidiste manifestar-te em grandeza
humana em Jesus, o Filho de Maria,
Destes-nos a possibilidade de interagir
de modo novo com o Espírito Santo,
a fim de sermos incorporados e assumidos
na Família de Deus.

E assim te tornaste a cabeça da Nova Criação.
São Paulo diz o seguinte:
“Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação.
O que era antigo passou. Eis que tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus que, em Jesus Cristo,
nos reconciliou com Deus,
não levando mais em conta o pecado
dos homens” (2 Cor 5, 17-19).

Tu és o único medianeiro entre Deus
e o Homem (1 Tim 2, 15).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

HINO À PRIMAZIA DE CRISTO-III

III-SALVOS DE MODO GRATUITO

Bendito, Sejas, Filho Eterno de Deus,
pois fizestes de nós membros da Família Divina.


Adão, criado à imagem e semelhança
De Deus, não aceitou a sua condição de servo de Deus.

Por isso se sentiu nu, isto é, fracassado e incapaz.
Levou a Humanidade para o precipício do malogro,
Pois ele era a sua cabeça.

Também tu, Jesus Cristo,
és a imagem perfeita da Divindade.

Mas ao contrário de Adão,
não pretendeste ser igual a Deus.

Pelo contrário, com a tua
fidelidade incondicional, colocastes-nos,
de novo, no caminho da plenitude com Deus.

Eis a maneira bonita
como a Carta aos Colossenses descreve
este contraste entre ti, Jesus Cristo e Adão:

“Jesus Cristo
é a imagem perfeita do Deus invisível.

Ele é o primogénito de toda a Criação,
pois foi de acordo com ele que todas as coisas
foram criadas, tanto as do Céu como as
da Terra, as visíveis e as invisíveis(…).

Tudo foi criado nele e por ele, pois ele
é anterior a todas as coisas e todas
subsistem por ele.

Ele é a cabeça da Igreja, o princípio
e o primogénito de entre os mortos,
a fim de ter a primazia em todas as coisas.

Aprouve a Deus que habitasse nele toda
a plenitude, afim de que todas as coisas
fossem reconciliadas com Deus” (Col 1, 15-20).

Pai Santo,
Alivia-nos dos fardos que bloqueiam
a nossa caminhada para ti.

Dá-nos a força para nos libertarmos
dos nossos ódios e ressentimentos.

Espírito Santo,
Ajuda-nos, a fim de nos libertarmos
dos sentimentos de fracasso e incapacidade,
bem como das nossas pretensões a sermos
superiores aos irmãos de outras raças, línguas,
culturas e nações!

Fortalece-nos, a fim de sermos capazes
De dar um salto de qualidade,
fazendo que a nossa vida banal
e sem grande rasgos de criatividade
faça emergir o Homem Novo segundo Cristo.

Espírito Santo,
ajuda-nos, a saborear o mistério de
Jesus Cristo ressuscitado.

Ele é, realmente, a Árvore da Vida
Que nos dá o fruto da vida eterna
que és tu, Espírito Santo!

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

23 junho, 2008

JESUS CRISTO E A PLENITUDE HUMANA-I

I-A EMERGÊNCIA DO HOMEM ESPIRITUAL

O evangelho de São João diz que a humanização do Homem supõe um segundo nascimento (cf. Jo 3, 3-6).

Podíamos comparar o Universo a um ovo gigante fecundado, isto é, cheio de possibilidades que podem realizar-se ou não.

O ovo de galinha fecundado, se for estrelado nunca dará pintainho. Mas se for metido na chocadeira com os seus trinta e seis graus de temperatura dá pintainho no curo espaço de vinte e um dias.

Assim acontece com a quantidade infinita de possíveis que habitam este ovo gigante que é o Universo.

O Universo está cheio de possibilidades de vida pessoal-espiritual no seu interior. Deus que é pessoas em comunhão imprimiu na génese criadora do Universo as suas impressões digitais.

É esta a razão pela qual a vida pessoal-espiritual surgiu na plenitude da génese histórica do Universo.

A vida pessoal-espiritual, na sua essência, é um feixe de energias espirituais constituídas em identidade pessoal livre, consciente, responsável, única, original e capaz de comunhão amorosa.
O Livro do Génesis sublinha que Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26-27).

Isto não é dito sobre nenhum outro animal. Com esta afirmação, o Livro do Génesis revela-nos a realidade profunda do Homem.

Mas além disso, dizer que o Homem foi criado à imagem de Deus é também um ensinamento que nos revela a realidade de Deus.

A Humanidade está a acontecer como emergência histórica de pessoas cuja plenitude só pode acontecer na comunhão universal.

Por outras palavras, a Humanidade está a emergir de modo único, original e irrepetível no concreto de cada pessoa.

Na verdade, cada pessoa humana está a edificar-se sobre o alicerce da sua unicidade, mas interiormente talhado para a reciprocidade amorosa.

Isto quer dizer que a plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão amorosa. É por esta razão que a realidade divina não é constituída por três deuses, mas por três pessoas em comunhão amorosa.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

JESUS CRISTO E A PLENITUDE HUMANA-II

II-CRIADOS À IMAGEM DE DEUS

O Homem é, de facto, um ser constituído à imagem e semelhança de Deus. A Divindade não podia ser menos que pessoas em comunhão amorosa, pois criou o Homem como comunhão orgânica e dinâmica de pessoas.

Com efeito, Deus não podia ser menos que pessoas, pois criou-nos à sua imagem e semelhança e nós somos pessoas.

Do mesmo modo, a divindade não pode deixar de ser comunidade de pessoas, pois a pessoa apenas se encontra em plenitude na dinâmica da comunhão.

A fé cristã vem ao encontro da fome de sentido da mente humana, afirma que Deus é uma comunidade de amor familiar.

Por outras palavras, no coração da realidade habita o amor concretizado como comunhão familiar de três pessoas.

O Amor é uma dinâmica relacional de bem-querer que estrutura não só as pessoas, como também a comunhão entre elas.

A experiência ensina-nos que uma pessoa isolada não está completa. Todos compreendemos os efeitos desvastadores que a solidão opera no coração das pessoas.

Por outras palavras, a solidão asfixia a pessoa humana, pois impede a emergência do melhor que há nela e bloqueia o encontro amoroso.

Estamos talhados para a comunhão. É por esta razão que a solidão é tanto maior quanto mais a pessoa estiver reduzida a si.

A nossa fé diz-nos que o malogro e o fracasso definitivo da pessoa acontece no estado de inferno, cuja essência é a ausência total de relações e comunhão amorosa.

Estar no inferno significa não ter ninguém para fazer uma festa. Em estado de inferno, o ser humano não é uma pessoa em estado de plenitude e, portanto, não é uma imagem perfeita de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

JESUS CRISTO E A PLENITUDE HUMANA-III

III-TALHADOS PARA A COMUNHÃO

A pessoa em estado de perfeição não é nunca um ser reduzido a si. A felicidade é sempre um estado em que acontece a experiência de relação fraterna e de comunhão amorosa.

Ser feliz é possuir-se e amar-se, sentindo-se bem por ser quem é. De facto, ninguém pode ser feliz sem gostar de si. Mas a pessoa não é capaz de gostar de si sem a mediação das outras pessoas.

Por outras palavras, a pessoa humana não é capaz de gostar de si antes de alguém ter gostado dela.

Mas isto só pode acontecer pela mediação dos outros. De facto, o ser humano não é capaz de gostar de si sem antes alguém ter gostado dele, aceitando-o assim como é e valorizando-o.

Isto quer dizer que a pessoa humana só pode estruturar-se de modo feliz em contexto de relações de amor.

Os outros possibilitam ou condicionam a nossa realização e nós possibilitamos e condicionamos a realização dos outros.

Deus confere sentido pleno à existência humana, pois surge no horizonte da nossa esperança como a garantia do sucesso eterno da vida.

Este sucesso acontece como incorporação na comunhão orgânica da Santíssima Trindade.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

JESUS CRISTO E A PLENITUDE HUMANA-IV

IV-ENCARNAÇÃO E SALVAÇÃO

A pessoa humana não é uma emanação de Deus, tal como a Humanidade não é um prolongamento da Divindade. Mas a pessoa humana já faz parte da Família Divina.

Pelo acontecimento da morte, a pessoa humana entra nas coordenadas de Deus, saindo do espaço e do tempo e transpondo o limiar da vida definitiva.

No Reino de Deus, a pessoa comungará tanto mais profunda e plenamente quanto mais se tiver exercitado na vida de comunhão enquanto viveu na História.

Utilizando uma imagem que me é muito querida, diria que todos nós dançaremos eternamente o ritmo do amor com o jeito que tivermos treinado na História.

O Espírito Santo é o vínculo orgânico da comunhão universal e da sua integração na comunhão divina.

À medida que a pessoa cresce na capacidade de amar fortalecem-se os vínculos da comunhão.
Como ser em realização histórica, a pessoa será eternamente segundo se tenha realizado ou não no presente.

O espiritual emerge do material. Isto é possível porque o material emergiu a partir do espiritual concretizado numa comunhão amorosa de três pessoas.

Na verdade, o Criador do Universo é uma realidade espiritual: Três pessoas em comunhão amorosa.

Antes de existir o Universo material existia uma comunhão amorosa espiritual. A Humanidade entrou na plenitude dos tempos com o acontecimento de Cristo.

Pela dinâmica da Encarnação o divino enxertou-se no humano, a fim de este ser divinizado.
Antes, o limoeiro do pomar dava limões de alta qualidade.

Com o passar do tempo começou a ficar frágil e carcomido pela ferrugem do pecado e os seus limões começaram a ser cada de pior qualidade.

Mas o dono decidiu enxertar o limoeiro numa laranjeira jovem e robusta. Uma vez enxertado na laranjeira recebe dela a seiva que o renova.

O enxerto, portanto, não prejudicou a natureza do limoeiro. Pelo contrário, optimizou-a, capacitando-a para dar limões de altíssima qualidade.

Esta alegoria é excelente para dizer o mistério da Encarnação: o divino enxertou-se no humano, a fim de a Humanidade ser divinizada.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

JESUS CRISTO E A PLENITUDE HUMANA-V

V-JESUS CRISTO COMO MEDIANEIRO

Graças ao facto de Jesus ser homem connosco faz um todo orgânico e interactivo connosco.
Por outro lado, a interioridade espiritual deste homem é o ponto da união orgânica da Humanidade com a Divindade.

Esta condição era essencial para acontecer a nossa divinização. Por outras palavras, por Jesus Cristo renascemos como membros da Família de Deus.

Em Cristo e, pelo Espírito Santo, passamos a interagir organicamente com a comunidade familiar da Santíssima Trindade.

Todos os que estão em Cristo, diz São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios são uma nova criação (2 Cor 5, 17).

E na Carta aos Romanos acrescenta: Todos que são movidos pelo Espírito Santo são filhos e herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com o Filho de Deus (Rm 8, 14-16).

É possível renascer porque estamos enxertados em Cristo e dele nos vem a seiva da Vida Nova, isto é, o Espírito Santo.

A assunção na família divina pelo vínculo orgânico e a ternura maternal do Espírito Santo é a dinâmica da ressurreição de Cristo acontecer em nós.

O evangelho de São João diz que Jesus é a cepa da videira da qual nós somos os ramos (cf. Jo 15, 1-8).

Os que estão separados de Cristo são ramos que secam e não dão fruto. Como vemos, a plenitude do Homem está em Deus e Jesus Cristo é o medianeiro para a Humanidade poder atingir esta plenitude.

Em Jesus Cristo o melhor de Deus encontra-se com o melhor do Homem.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

20 junho, 2008

DEUS E A POSSIBILIDADE DO PECADO-I

I-DEUS E A POSSIBILIDADE DO PECADO

Deus Santo,
Vós inscrevestes, não o pecado, mas a possibilidade do pecado na História da Humanidade, a fim de o ser humano poder ser livre e autor de si mesmo.

O pecado é sempre uma oposição ao amor. Pecar é recusar-se a crescer como pessoa através de relações de fraternidade e amor.

Só há pecado quando a pessoa tem a possibilidade de dizer sim e diz não às propostas do amor.
Mediante o pecado, o pecador diz não ao processo da sua realização pessoal e condiciona ou bloqueia a realização dos outros.

Além disso, através do pecado, a pessoa inscreve ritmos negativos, isto é, forças de bloqueio tecido social.

Isto quer dizer que, face à realidade do pecado, a pessoa pode encontrar-se em duas situações diferentes: situação de vítima, ou situação de culpada.

A vítima do pecado sofre as suas consequências negativas sem dele ser culpada. Na verdade, quantos milhões de crianças sofrem as terríveis consequências pecado sem dele serem culpadas.

A pessoa culpada do pecado é o próprio pecador. A pessoa é culpada do pecado na medida em que é autora do mesmo pecado.

Há ainda a situação das pessoas que fazem o mal, mas que na realidade são vítimas do pecado e não pecadoras.

Estão neste caso as multidões de mal amados com distorções psíquicas e comportamentos compulsivos cuja origem está no facto de terem sido mal amados.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E A POSSIBILIDADE DO PECADO-II


II-SOMOS POSSIBILITADOS E CONDICIONADOS

O evangelho dá provas de possuir uma grande sabedoria ao proibir-nos de julgar as pessoas. Na verdade, nós não temos nas mãos a história das experiências dolorosas e traumatizantes das pessoas.


Com efeito, nós não podemos compreender de modo perfeito os traumas que perturbam e condicionam as atitudes e os comportamentos das pessoas.

A verdade é que os outros nos capacitam e também nos condicionam nas possibilidades de amar e fazer o bem.

A lei do amor é esta: ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado e o mal amado ama mal, mesmo quando dá o melhor de si.

Do mesmo modo que o amor dos outros nos capacita para amar, as suas recusas de amor, condicionam as nossas possibilidades de amar e fazer o bem.

Podemos dizer que começamos por ser o que os outros fizeram de nós, mas o mais importante é o que fazemos com as possibilidades recebidas dos demais.

O feixe primordial das possibilidades e condicionamentos que recebemos dos outros faz de nós, logo à partida, seres únicos, originais e irrepetíveis.

Para significar a diferença das possibilidades de cada pessoa, a parábola dos talentos diz que uns recebem cinco outros três, dois ou um (cf. Mt 25, 14-30).

Enquanto oposição ao amor, o pecado mata sempre possíveis de realização humana, tanto no pecador, como nas vítimas do pecado.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E A POSSIBILIDADE DO PECADO-III

III-CONSEQUÊNCIAS DO PECADO

O Livro do Génesis, o pecado de Adão deu como fruto imediato o fratricídio de Caim, o qual matou seu irmão Abel (Gn 4, 8-16).

Criado por Deus para criar fraternidade através do amor, o Homem, ao pecar, inicia uma cadeia de fratricídio, opondo-se ao plano da Família Universal de Deus.

Jesus Cristo, diz São Paulo, é o Novo Adão. Tal como pelo pecado de Adão veio o fracasso da morte, a vitória da Vida Eterna por Jesus (1 Cor 15, 20-21; Rm 5, 17-19).

Segundo a visão bíblica, o pecado de Adão é uma realidade orgânica. É esta a razão pela qual, Adão introduziu a Humanidade inteira no caminho do fracasso e do malogro.

O Livro do Génesis diz que Deus expulsou Adão do Paraíso (Gn 3, 23-24). Como Adão é a cabeça da Humanidade, todos os seres humanos ficaram sem acesso ao Paraíso.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DEUS E A POSSIBILIDADE DO PECADO-IV

IV-JESUS CRISTO E A VITÓRIA SOBRE O PECADO

No momento da sua morte e ressurreição, diz o evangelho de São Lucas, Jesus reabre as portas do Paraíso e a Humanidade entra com ele na plenitude da Vida Eterna.

Eis o que Jesus diz ao Bom Ladrão no momento da sua morte e ressurreição: “Em verdade te digo: hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).

A vitória sobre a infidelidade de Adão vem-nos pela fidelidade incondicional de Jesus Cristo. Adão opôs-se ao plano de Deus, colocando a Humanidade no caminho da perdição.


Jesus Cristo realizou de modo perfeito a vontade de Deus Pai, introduzindo-nos no caminho da salvação:

“O meu alimento, diz Jesus no evangelho de São João, é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4, 34).


Depois acrescenta: “Eu não procuro a minha vontade, mas a vontade de quem me enviou” (Jo 5, 30).

Com o relato do pecado de Adão, a bíblia que dizer que todos nós, ainda antes de sermos pecadores, já somos vítimas do pecado.

Devemos ter presente que o Espírito Santo está connosco, mas nunca está em nosso lugar, pois nunca nos substitui.

A vocação básica do ser humano é a sua humanização através de relações de amor. Humanizar-se é crescer em densidade espiritual e capacidade de interagir amorosamente com os outros.

Isto quer dizer que será eternamente mais divino quem mais se humanizar agora na História.

Espírito Santo,
São Paulo diz que tu és o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5,5). Ajuda-nos a gastar a vida ao serviço do amor, a fim de darmos frutos de Vida Eterna.

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Calmeiro Matias

18 junho, 2008

O AMOR COMO ORIGEM E META DA CRIAÇÃO-I

I-O AMOR COMO FORÇA CRIADORA

O amor é uma dinâmica que optimiza o coração das pessoas e das suas relações. Na verdade, o amor é uma dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

Quando dizemos que Deus é amor estamos a afirmar que a Divindade é pessoas em relação de amor cuja plenitude acontece na comunhão.

O amor é uma dinâmica de bem-querer cuja origem está na pessoa. Isto significa que o amor, na sua génese, pressupõe a decisão de agir em benefício do outro.

Mas o amor só atinge a sua plenitude na comunhão amorosa. Por outras palavras, apesar de ter origem pessoal, a dinâmica amorosa só atinge a sua plenitude na reciprocidade da comunhão.

De facto, o amor unidireccional não encontra a sua plenitude. Eis a razão pela qual o ser humano não é capaz de impedir que Deus o ame, pois o amor de Deus é incondicional e infinitamente perfeito.

No entanto, o ser humano é capaz de impedir que aconteça a comunhão com Deus, pois o amor unidireccional não culmina na comunhão.

O amor de Deus é uma novidade permanente. Mas isto não significa que seja mais o menos perfeito.

O amor humano, pelo contrário é uma perfeição em génese. Na verdade, a pessoa humana é um ser em processo de amorização.

A lei do amor é a seguinte: “Ninguém é capaz de amar antes de ter sido amado e o mal amado ama mal”.

Como acabámos de ver, o amor dos outros capacita-nos para amar. Mas isto não quer dizer que nos determina, pois o amor nunca se impõe. Ninguém é capaz de obrigar o outro a amar.

Todos começamos por ser possibilitados pelo amor dos outros e condicionados pelas suas recusas de amor.

Isto quer dizer que o ser humano tem razões suficientes para fazer o bem ou o mal que faz. Mas isto não quer dizer que tenha de ser assim.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR COMO ORIGEM E META DA CRIAÇÃO-II

II-OPÇÕES QUE CAPACITAM PARA AMAR

Para se realizar como pessoa, o ser humano tem de optar pelo amor, pois apesar de termos sido possibilitados e condicionados pelos outros, não estamos determinados.

O amor e a liberdade caminham juntos, pois a liberdade é a capacidade de se relacionar amorosamente com os outros e de interagir criativamente com as coisas e os acontecimentos.

Pelo facto de a pessoa humana estar a emergir como pessoa livre, consciente, responsável e capaz de amar, a pessoa vai-se aperfeiçoando na sua capacidade de amar.

É por esta razão que a pessoa só poderá crescer na sua capacidade de amar elegendo os outros como alvos de amor.

Esta eleição implica uma série de atitudes fundamentais para edificar o amor. Eis, a título de exemplo, algumas atitudes importantes para a realização pessoal e a comunhão com os irmãos:

Em primeiro lugar diríamos que o amor implica a eleição do outro como alvo de bem-querer.
Também implica pedir perdão quando magoamos e perdoar quando somos magoados.

O amor interpela a pessoa no sentido de estar presente nas horas difíceis, sobretudo quando o outro é incompreendido e humilhado.

Amar é dar a mão ao mais fraco, pois o amor é o grande arquitecto da fraternidade. O amor é o alicerce da cooperação e não edifica sobre a competição desleal.

Amar é ajudar o outro a gostar de si, valorizando as suas realizações e empenhamentos, mesmo quando não correspondem aos nossos interesses.

Amar acolher e aceitar o outro, ajudando-o a superar a solidão e a suportar os fardos pesados com que, por vezes, a vida nos carrega.

Amar é agir de modo a facilitar o amadurecimento do outro, dando-lhe oportunidades para que se realize com pessoa livre, consciente e responsável.

O amor nunca substitui. Amar é ajudar sem se sobrepor. Amar é ajudar o outro a descobrir sentidos para viver de modo empenhado e feliz.

Amar é saber calar quando se está magoado, esperando o dia seguinte para dialogar serenamente.

Amar é acreditar nas palavras e na rectidão de intenção do outro. Amar é não pretender que a minha opinião é a única válida, procurando caminhar para a convergência através do diálogo leal e verdadeiro.

Amar é reparar nas qualidades do outro e não girar obsessivamente ao redor dos seus defeitos.
Amar é pôr a disponibilidade em primeiro lugar, sabendo a escuta e o acolhimento é mais importante do que os presentes.

Amar é aceitar as diferenças. As pessoas que pretendem fazer dos outros meras cópias de si estão a agir contra o amor.

Amar é ajudar o outro a descobrir as suas qualidades pessoais, a fim de ele se sentir válido e motivado para dar o melhor de si.

Ama mais e melhor quem toma a iniciativa da reconciliação. Amar é alegrar-se com o sucesso do outro, ajudando-o a emergir como pessoa única original e irrepetível.

Amar é não exigir demasiada disponibilidade do outro para connosco e estar a tento para ver se o outro está precisando de mim.

Amar é agir de modo a impedir que o outro fique mais pobre e infeliz por se ter cruzado connosco na vida.

Amar é deixar que o outro realize o melhor das suas possibilidades, mesmo que isso implique seguir rumos de que não gostamos muito.

Jesus levou o amor até à sua expressão máxima: “Dar a vida pelo amigo”. O amor é a única rocha firme sobre a qual podemos edificar de modo seguro a nossa casa.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR COMO ORIGEM E META DA CRIAÇÃO-III

III-O AMOR ESTÁ NO PRINCÍPIO DE TUDO

Pela experiência só conhecemos o amor em construção. Mas a Palavra de Deus revela-nos o Amor como plenitude e princípio da criação.

Graças à Revelação sabemos que Deus é família. Antes de existir o Universo, garante-nos a nossa fé, já existia o amor como comunhão familiar de três pessoas.

A génese do Universo teve início no próprio diálogo amoroso da Santíssima Trindade. Como ser em realização, a pessoa humana emerge como processo de amorização.

Quando se recusa a avançar na marcha da sua humanização, a pessoa está a impedir a sua realização e a dificultar a realização das outras pessoas.

Estamos a caminhar para a plenitude da comunhão amorosa da Trindade Divina. É agora o tempo de nos construirmos. No nosso interior, o Espírito Santo é o grande protagonista da nossa realização.

Por outras palavras, o Espírito de Deus actua no nosso íntimo como intervenção especial de Deus na criação do Homem.

Se Deus é amor, podemos dizer que a Criação, e de modo especial o Homem, é um projecto sonhado pelo amor.

Isto significa que não fomos criados para a solidão ou o vazio da morte. O amor iniciou a criação do Homem através da comunicação do Espírito Santo, esse hálito que Deus insuflou no barro primordial do qual saiu Adão.

Somos seres em génese histórica. Com efeito, realizar-se como pessoa é construir uma história.
O ser humano, para se dizer tem de contar a sua história.

A meta deste processo histórico é a comunhão com o amor em plenitude mediante a incorporação orgânica na comunhão da Família Divina.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O AMOR COMO ORIGEM E META DA CRIAÇÃO-IV

IV-AO ENCONTRO DO AMOR PLENO

A plenitude do Homem é humano-divina. Esta meta é possível porque através da Encarnação o divino se enxertou no humano, a fim de o Homem ser divinizado.

Podemos dizer que o amor é uma dinâmica relacional que estrutura as pessoas e a comunhão entre elas.

A Humanidade é a cúpula da Criação, pois é constituída por pessoas. A Humanidade é pessoas e a Divindade também. As pessoas humanas não são iguais às divinas mas são-lhe proporcionais.

Por isso temos a possibilidade de pertencer à comunidade familiar da Santíssima Trindade.
Somos colaboradores de Deus na nossa realização e salvação.

A vida humana emerge e torna-se fecunda na medida em que é dinamizada pelo amor. O Amor dá-nos a possibilidade de renascer. O evangelho de São João diz que nascemos para renascer pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).

Quando uma pessoa tem uma génese marcada por rejeições e recusas do amor, a sua história vai ficando marcada por vivências dolorosas e experiências de desencontro.

Podemos dizer que a identidade de uma pessoa é o seu jeito de amar e comungar com os outros.
O Livro do Génesis diz que Deus ao criar o Universo e gostou de o ter feito.

Eis algumas afirmações importantes da bíblia para dizer que Deus criou movido por um impulso de amor:

Ao criar a luz, Deus viu que a luz era boa. Então o Senhor Deus separou a luz das trevas (Gn 1, 4).

E Deus chamou Terra ao solo seco e Mar ao conjunto das águas. E Deus viu que tudo isto era bom (Gn 1, 10).

E Deus disse: “Que a Terra germine plantas cada qual com as sementes próprias da sua espécie e árvores que produzam frutos e sementes segundo a sua espécie. E Deus viu que isto era bom” (Gn 1, 12).

Deus Criou o Sol para iluminar o dia e a Lua para iluminar a noite e separou a luz das trevas. E Deus viu que isto era bom (Gn1, 18).

Deus também criou os grandes monstros marinhos, as criaturas vivas que se movem nas águas, bem como as aves, todos segundo as suas próprias espécies. E Deus viu que isto era bom (Gn 1, 21).

Depois, Deus criou também os animais selvagens e os animais domésticos segundo as suas próprias espécies. E Deus viu que isto era bom (Gn 1,25).

Ao contemplar a obra criada, Deus gostou daquilo que fez. Por ter surgido a partir de uma decisão de amor, o Universo tem sentido e aponta para a plenitude do amor.

Por isso o Homem surgiu como momento especial da génese criadora do Universo. O Homem representa o momento em que a marcha da criação deu o salto para a vida pessoal-espiritual.

O Cosmos seria uma aventura inútil se não oferecesse uma saída válida para a vida pessoal-espiritual e com capacidade para amar.

É certo que o Universo não é uma pessoa. Mas a sua génese teve início na comunhão amorosa de três pessoas.

Além disso, no seu interior surgiram biliões de pessoas, as quais pertencem, por adopção, à esfera da Comunhão Familiar de Deus.

O sentido mais profundo da génese da Génese criador é o aparecimento da vida pessoal, proporcional a Deus e capaz de comunhão amorosa.

Podíamos dizer que o Universo é um ovo fecundado em cuja interioridade estão a emergir pintainhos: as pessoas humanas e todas as outras que possam existir neste Cosmo quase infinito.

À medida que os pintainhos emergem dentro do ovo transcendem o próprio ovo. Continuando com esta imagem diríamos que a meta mais nobre do ovo fecundado é possibilitar a existência do pintainho.

Do mesmo modo, a meta mais nobre do Universo é possibilitar a emergência de pessoas, seres livres, conscientes, responsáveis e capazes de amar.

É verdade que as pessoas humanas não são iguais às divinas, mas os seres humanos, por serem pessoas, são já proporcionais ao próprio Deus.

A Encarnação, ao possibilitar a união orgânica do Humano com o Divino, é a expressão máxima de que a História Humana faz parte de um plano cheio de sentido.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

16 junho, 2008

VIDA CRISTÃ E COMUNIDADE-I

I-AS RELAÇÕES COMUNITÁRIAS

Deus Santo,
Ajuda-nos a realizar a nossa vocação de crentes chamados a viver em comunidade.

O Novo Testamento entende a comunidade cristã como uma comunhão orgânica e dinâmica de pessoas animadas pelo Espírito Santo, a Palavra de Deus e o amor fraterno.

As relações na comunidade cristã devem ser relações primárias, isto é, as pessoas conhecem-se pelo seu próprio nome e sentem-se solidárias umas com as outras.

Graças à acção do Espírito Santo, o grande dom do Senhor ressuscitado, a comunidade é o espaço adequado para os crentes fazerem a experiência do Senhor ressuscitado.

A comunidade cristã, diz São Paulo é o Corpo de Cristo (1 Cor 10, 17; 12,27). Isto quer dizer que o mundo não pode encontrar-se com Jesus ressuscitado a não ser pela mediação da comunidade cristã.

A Palavra de Deus e o Espírito Santo são as colunas sobre as quais emerge a vida comunitária e, ao mesmo tempo, faz que os crentes amadureçam na vida teologal

São Paulo diz que a comunidade cristã é uma realidade orgânica como se fosse um Corpo: “Como sabemos, cada corpo é uno, apesar de ter muitos membros.

Deste modo, os membros do corpo, apesar de serem muitos, constituem um só corpo. O mesmo acontece com Cristo. Na verdade, fomos todos baptizados num mesmo Espírito Santo, a fim de formarmos um só corpo, pois todos bebemos de um só Espírito Santo” (1 Cor 12, 12-13).

Na comunidade amadurecida existe um objectivo comum que é programado, decidido e executado por todos.

Não pode haver uma verdadeira comunidade cristã se as pessoas não são tomadas a sério. Como a Palavra de Deus é sempre mediatizada pela Palavra humana.

É por esta razão que, na comunidade, todos os crentes encontram espaço para dizerem o que sentem.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

VIDA CRISTÃ E COMUNIDADE-II

II-COMUNIDADE E MINISTÉRIOS

A presidência comunitária é um ministério que tem como objectivo coordenar a caminhada comunitária, a fim de a comunidade crescer como corpo de Cristo.

Por outras palavras, a presidência é uma mediação para acontecer a Palavra de Deus, a comunhão orgânica e a acção do Espírito Santo.

O presidente realiza este ministério presidindo e coordenando o diálogo e a partilha, a fim de o Espírito Santo poder revelar a vontade de Deus.

Eis a importância de todas as pessoas se sentirem livres para exprimirem o seu pensamento.

Por outras palavras, apenas em contexto de diálogo fraterno a comunidade pode ter a certeza de estar a ser fiel à Palavra e ao Espírito Santo.

O Espírito Santo não prepara pessoas isoladas para a causa do Evangelho, pois não há telefonemas do Céu para pessoas isoladas.

É sempre pela mediação de alguém que as pessoas recebem a Palavra que gera a fé, pois ninguém chega à fé sozinho.

Os membros da comunidade são mediações da Palavra e do Espírito Santo uns para os outros.

Ninguém deve ser marginalizado na comunidade, pois todos têm alguma aportação para enriquecer a vida comunitária.

A fé sincera em Deus leva os membros da comunidade a acreditarem uns nos outros. Com efeito, não acredita sinceramente em Deus quem está constantemente a desconfiar dos irmãos.

Eis a razão pela qual na comunidade não existem pessoas que pretendem ser o padrão e as detentoras da verdade.

Ninguém substitui os outros nas tarefas e ministérios que lhes estão atribuídos, mas todos estão dispostos a ajudar-se mutuamente.

Numa comunidade amadurecida não há homens faz-tudo, pois estes minam e destroem a vida comunitária.

Os homens faz-tudo levam os irmãos a demitir-se da vida comunitária, pois sentem-se marginalizados.

É melhor haver muitos a fazer pouco do que poucos a fazer tudo!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias