A pessoa humana não é uma emanação de Deus, tal como a Humanidade não é um prolongamento da Divindade. Mas a pessoa humana já faz parte da Família Divina.
Pelo acontecimento da morte, a pessoa humana entra nas coordenadas de Deus, saindo do espaço e do tempo e transpondo o limiar da vida definitiva.
No Reino de Deus, a pessoa comungará tanto mais profunda e plenamente quanto mais se tiver exercitado na vida de comunhão enquanto viveu na História.
Utilizando uma imagem que me é muito querida, diria que todos nós dançaremos eternamente o ritmo do amor com o jeito que tivermos treinado na História.
O Espírito Santo é o vínculo orgânico da comunhão universal e da sua integração na comunhão divina.
À medida que a pessoa cresce na capacidade de amar fortalecem-se os vínculos da comunhão.
Como ser em realização histórica, a pessoa será eternamente segundo se tenha realizado ou não no presente.
O espiritual emerge do material. Isto é possível porque o material emergiu a partir do espiritual concretizado numa comunhão amorosa de três pessoas.
Na verdade, o Criador do Universo é uma realidade espiritual: Três pessoas em comunhão amorosa.
Antes de existir o Universo material existia uma comunhão amorosa espiritual. A Humanidade entrou na plenitude dos tempos com o acontecimento de Cristo.
Pela dinâmica da Encarnação o divino enxertou-se no humano, a fim de este ser divinizado.
Antes, o limoeiro do pomar dava limões de alta qualidade.
Com o passar do tempo começou a ficar frágil e carcomido pela ferrugem do pecado e os seus limões começaram a ser cada de pior qualidade.
Mas o dono decidiu enxertar o limoeiro numa laranjeira jovem e robusta. Uma vez enxertado na laranjeira recebe dela a seiva que o renova.
O enxerto, portanto, não prejudicou a natureza do limoeiro. Pelo contrário, optimizou-a, capacitando-a para dar limões de altíssima qualidade.
Esta alegoria é excelente para dizer o mistério da Encarnação: o divino enxertou-se no humano, a fim de a Humanidade ser divinizada.
Calmeiro Matias
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