18 junho, 2008

O AMOR COMO ORIGEM E META DA CRIAÇÃO-IV

IV-AO ENCONTRO DO AMOR PLENO

A plenitude do Homem é humano-divina. Esta meta é possível porque através da Encarnação o divino se enxertou no humano, a fim de o Homem ser divinizado.

Podemos dizer que o amor é uma dinâmica relacional que estrutura as pessoas e a comunhão entre elas.

A Humanidade é a cúpula da Criação, pois é constituída por pessoas. A Humanidade é pessoas e a Divindade também. As pessoas humanas não são iguais às divinas mas são-lhe proporcionais.

Por isso temos a possibilidade de pertencer à comunidade familiar da Santíssima Trindade.
Somos colaboradores de Deus na nossa realização e salvação.

A vida humana emerge e torna-se fecunda na medida em que é dinamizada pelo amor. O Amor dá-nos a possibilidade de renascer. O evangelho de São João diz que nascemos para renascer pelo Espírito Santo (Jo 3, 6).

Quando uma pessoa tem uma génese marcada por rejeições e recusas do amor, a sua história vai ficando marcada por vivências dolorosas e experiências de desencontro.

Podemos dizer que a identidade de uma pessoa é o seu jeito de amar e comungar com os outros.
O Livro do Génesis diz que Deus ao criar o Universo e gostou de o ter feito.

Eis algumas afirmações importantes da bíblia para dizer que Deus criou movido por um impulso de amor:

Ao criar a luz, Deus viu que a luz era boa. Então o Senhor Deus separou a luz das trevas (Gn 1, 4).

E Deus chamou Terra ao solo seco e Mar ao conjunto das águas. E Deus viu que tudo isto era bom (Gn 1, 10).

E Deus disse: “Que a Terra germine plantas cada qual com as sementes próprias da sua espécie e árvores que produzam frutos e sementes segundo a sua espécie. E Deus viu que isto era bom” (Gn 1, 12).

Deus Criou o Sol para iluminar o dia e a Lua para iluminar a noite e separou a luz das trevas. E Deus viu que isto era bom (Gn1, 18).

Deus também criou os grandes monstros marinhos, as criaturas vivas que se movem nas águas, bem como as aves, todos segundo as suas próprias espécies. E Deus viu que isto era bom (Gn 1, 21).

Depois, Deus criou também os animais selvagens e os animais domésticos segundo as suas próprias espécies. E Deus viu que isto era bom (Gn 1,25).

Ao contemplar a obra criada, Deus gostou daquilo que fez. Por ter surgido a partir de uma decisão de amor, o Universo tem sentido e aponta para a plenitude do amor.

Por isso o Homem surgiu como momento especial da génese criadora do Universo. O Homem representa o momento em que a marcha da criação deu o salto para a vida pessoal-espiritual.

O Cosmos seria uma aventura inútil se não oferecesse uma saída válida para a vida pessoal-espiritual e com capacidade para amar.

É certo que o Universo não é uma pessoa. Mas a sua génese teve início na comunhão amorosa de três pessoas.

Além disso, no seu interior surgiram biliões de pessoas, as quais pertencem, por adopção, à esfera da Comunhão Familiar de Deus.

O sentido mais profundo da génese da Génese criador é o aparecimento da vida pessoal, proporcional a Deus e capaz de comunhão amorosa.

Podíamos dizer que o Universo é um ovo fecundado em cuja interioridade estão a emergir pintainhos: as pessoas humanas e todas as outras que possam existir neste Cosmo quase infinito.

À medida que os pintainhos emergem dentro do ovo transcendem o próprio ovo. Continuando com esta imagem diríamos que a meta mais nobre do ovo fecundado é possibilitar a existência do pintainho.

Do mesmo modo, a meta mais nobre do Universo é possibilitar a emergência de pessoas, seres livres, conscientes, responsáveis e capazes de amar.

É verdade que as pessoas humanas não são iguais às divinas, mas os seres humanos, por serem pessoas, são já proporcionais ao próprio Deus.

A Encarnação, ao possibilitar a união orgânica do Humano com o Divino, é a expressão máxima de que a História Humana faz parte de um plano cheio de sentido.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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