À luz da Fé, a morte surge como o parto final através do qual a pessoa atinge a sua plenitude nas coordenadas de Deus.
Ao ser incorporada na comunhão familiar da Santíssima Trindade, a pessoa humana é divinizada.
Isto quer dizer que a divinização não acontece como coisa individual, mas como resultado da assunção da pessoa na comunhão orgânica da Família de Deus.
Esta incorporação do Homem na Família Divina assenta sobre dois pilares fundamentais: a Encarnação do Filho de Deus e a ressurreição de Cristo.
Pela Encarnação, o divino enxerta-se no humano: a interioridade divina do Filho de Deus e a interioridade humana de Jesus de Nazaré passam a interagir de modo directo.
Graças a esta união humano-divina de Cristo, os seres humanos ficam com a possibilidade de se tornarem filhos de Deus, como diz o evangelho de São João:
“Mas, a quantos o receberam, aos que nele crêem, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram dos laços do sangue, nem dos impulsos da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.
E o Verbo encarnou e habitou entre nós” (Jo 1, 12-14). O outro momento fundamental da nossa divinização é a morte e ressurreição de Cristo:
“No último dia, o mais solene da festa, Jesus, de pé, bradou: “Se alguém tem sede venha a mim.
Quem crê em mim que sacie a sua sede, pois como diz a Escritura, do seu coração hão-de correr rios de Água viva”.
Jesus disse isto referindo-se ao Espírito Santo que iam receber os que acreditassem nele. Com efeito, o Espírito Santo ainda não tinha vindo em virtude de Jesus não ter sido glorificado” (Jo 7, 37-39).
É verdade que o Espírito Santo actuava no mundo desde a criação do homem. A primeira intervenção histórica do Espírito Santo aconteceu com a comunicação primordial do Espírito Santo que fez do Homem um ser vivente, como diz o Livro do Génesis (Gn 2, 7).
Mas o Senhor ressuscitado comunica o Espírito de maneira divinizante, isto é, de forma intrínseca, de tal modo que o Espírito Santo faz de nós um todo orgânico com Cristo.
Calmeiro Matias
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