Segundo a simbologia usada por São João no relato das Bodas de Caná, a água das lavagens judaicas é transformada por Jesus em vinho de qualidade superior (Jo 2, 6-10).
No pensamento de São João a alta qualidade deste vinho simboliza o salto de qualidade da Nova Aliança em relação à Antiga.
O Espírito Santo é o princípio animador da Nova Aliança e que é fonte de Vida Nova. A Antiga aliança, pelo contrário, assenta na letra e nos ritos que conduzem à morte, diz São Paulo:
“Cristo é quem nos capacita para sermos ministros de uma Nova Aliança, não da letra, mas do Espírito.
Com efeito, a letra mata, mas o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 6). Associando o Espírito Santo com a Eucaristia, podemos dizer que o Espírito Santo é a Bebida da Nova Aliança:
“Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue, o qual vai ser derramado por vós” (Lc 22, 20).
O profeta Isaías compara o Espírito Santo a uma água que mata a sede e faz desabrochar em nós vida em abundância.
Eis as suas palavras: “Vou derramar água sobre o que tem sede e fazer correr rios sobre a terra árida.
Vou derramar o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção sobre os teus descendentes.
Estes crescerão como plantas junto das fontes e como salgueiros junto das águas correntes” (Is 44, 3-4).
Os que bebem a Água Viva tornam-se templos do Espírito Santo, a nascente da qual brota a Vida Eterna no nosso coração:
“Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Cor 2, 16).
Por seu lado, o profeta Jeremias anunciou a Nova Aliança como o tempo da acção do Espírito Santo:
“Dias virão em que firmarei uma Nova Aliança com a casa de Israel e a casa de Judá (…). Esta será a Aliança que estabelecerei depois destes dias com a casa de Israel, oráculo do Senhor:
Imprimirei a minha lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração. Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Jer 31, 31-33).
O Profeta Jeremias queria dizer que ao chegar a Nova Aliança, Deus purificará o coração dos homens com o Espírito Santo.
O profeta Isaías via os tempos messiânicos como a idade de oiro em que todos teriam acesso às fontes da salvação.
Eis as suas palavras: “Este é o Deus da minha Salvação! Estou confiante e nada temo, pois o Senhor é a minha força e o meu canto. Ele é a minha Salvação.
Cheios de alegria todos irão tirar Água às fontes da Salvação (Is 12, 2-3). Os ritos de purificação foram inúteis, pois eram um mero rito exterior.
A verdadeira pureza dizia Jesus, acontece no interior das pessoas e não em meras lavagens exteriores:
A Água Viva da Nova Aliança está no coração das pessoas e não em vasos de barro. A Carta aos Efésios apela os crentes no sentido de não se embriagarem com vinho, mas a encher-se do Espírito Santo (Ef 5, 18).
A primeira Carta aos Coríntios diz que o Espírito Santo é a bebida da Nova Aliança (1 Cor 12,13).
Jesus ia nesta mesma linha quando fez as seguintes afirmações:
“Se alguém tem sede venha a mim e beba” (Jo 7, 37). Ou então: “Aquele que beber da Água que eu lhe der nunca mais terá sede” (Jo 4, 14).
Os Actos dos Apóstolos vêem no acontecimento do Pentecostes o cumprimento da profecia do profeta Joel.
Face ao entusiasmo dos apóstolos, os judeus acusam-nos dizendo que estarem bêbedos. Os Apóstolos respondem dizendo que a bebida que os faz exultar assim é a realizações das profecias messiânicas:
“Não, estes homens não estão embriagados como imaginais, pois apenas vamos na terceira hora do dia. Tudo isto é a realização do que disse o profeta Joel” (Act 2, 15-16).
Calmeiro Matias
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