29 abril, 2008

O ROSTO HUMANO DO AMOR DE DEUS-I


I-ERA SIMPLES E TRANSPARENTE

Deus Santo,
Louvado sejais pelo acontecimento de Jesus Cristo.

A sua grande paixão era restaurar e defender a dignidade das pessoas. Amava a simplicidade das crianças e deixava sempre mais felizes as pessoas que confiavam nele.

Nunca quis ser rico ou poderoso e preferia a companhia dos mais pobres. Jamais foi cobarde. Por isso defendia sempre os que não sabiam defender-se.

Amava de modo incondicional e defendia a partilha de bens como caminho para chegar à abundância.

Só pela via da partilha, dizia ele, os bens da Terra chegarão para todos. Jamais defendeu a morte ou a marginalização dos pecadores, apesar do seu grande sonho ser a destruição do pecado.

Inaugurou o baptismo no Espírito Santo, a fim de renovar o coração das pessoas, fazendo-as passar do egoísmo para a comunhão fraterna.

Denunciava corajosamente os que oprimiam em nome da religião, da política ou do dinheiro.
Nunca deixou ninguém mais pobre ou privado de sentidos para viver.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

O ROSTO HUMANO DO AMOR DE DEUS-II

II-A SUA PAIXÃO ERA O PLANO SALVADOR DE DEUS

A sua mensagem minava os sistemas caducos que impedem o nascimento da Nova Humanidade.
Eis a razão pela qual os poderosos e os detentores das riquezas não queriam que ele vivesse.

Agia assim, declarando que este seu modo de actuar correspondia a vontade de Deus. Entre os seus inimigos mais ferozes estavam os especialistas de Deus, tais como os sacerdotes e doutores da Lei. Aliás foram eles que programaram a sua morte.

Invadiram a sua tenda, deixando-a vazia. Fizeram-no desaparecer da companhia daqueles que o amavam.

Mas ele estava seguro, pois sabia que Deus toma partido pelos que se gastam amando e servindo a causa da libertação do Homem.

Ele tinha a certeza de que Deus não o deixaria ficar no vazio da morte, nem permitiria que a sua missão terminasse no fracasso.

Tinha consciência de que a sua vida não era apenas sua, pois tomava Deus a sério, ao ponto de fazer dele a causa primeira da sua vida.


Por isso Deus lhe confiou uma missão em favor de todos os seres humanos.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O ROSTO HUMANO DO AMOR DE DEUS-III

III-AMOU DE MODO INCONDICIONAL

Levou o amor até à densidade máxima, isto é, dar a vida por aqueles que amava. Como se deu totalmente, a sua vida não lhe pertencia.

O Espírito Santo, no seu interior, era a grande força que lhe comunicava a coragem e o seu jeito generoso de se gastar pelo bem dos outros.

Ao ressuscitar difundiu o Espírito Santo para nós, a fim de nos moldar com o seu jeito de amar os outros.

Uma vez ressuscitado, a sua vida circula no coração de todos os que amam a justiça e sonham com a fraternidade universal.

Destruíram a sua tenda, matando-o. Mas Deus restaurou a sua vida, fazendo dele o alicerce e a cúpula da Nova Humanidade.

Com ele os seres humanos deram um salto de qualidade: de seres não divinos passaram a ser pessoas divinizadas, mediante a assunção e incorporação na Família de Deus.

Como um pão que se reparte para alimentar a vida dos outros, assim foi a sua vida. Só atacava o que desumaniza o homem e o impede de se realizar e ser feliz.

Não confundia o pecado com o pecador. Ao pecador procurava libertá-lo, curando as feridas do
pecado que rasgavam o seu coração.

Ao pecado, pelo contrário, tentava destruí-lo, a fim de salvar a vida e a dignidade dos pecadores.
Nasceu na Palestina e o seu nome era Jesus de Nazaré.

Amou incondicionalmente a missão que Deus lhe confiou, pois fez de Deus a causa primeira da sua vida.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

28 abril, 2008

DEUS E A ARTE DE AMASSAR O BARRO

Pai Santo,
A bíblia diz que tu, no acto de Criar o Homem, começaste por dar um beijo no barro primordial, a fim de o Homem poder emergir.

Nesse momento, o hálito da vida passou de Vós para o interior do barro e este tornou-se barro com coração (Gn 2, 7).

Barro com coração é pessoa capaz de gastar a vida, a fim de ajudar os outros a realizarem-se e serem felizes.

Barro com coração é a pessoa capaz de comunicar aos outros o melhor da sua experiência e do seu saber.

Barro com coração é a pessoa cujo modo de amar é de tal modo discreto e gratuito que o outro não se apercebe do sacrifício que, por vezes, está a ser feito, para o beneficiar.

Barro com coração é a pessoa que não se afasta do outro, só porque este acaba de ter um fracasso na vida.

Barro com coração é a pessoa que se preocupa por amar de modo cada vez mais pleno e gratuito.
Barro com coração é a pessoa que não gosta de magoar os outros, mas não deixa de dizer a verdade pelo simples facto de que o outro pode não gostar.

Barro com coração é a mãe que cuida dos seus filhos com uma ternura e cuidados admiráveis.
É também o pai que faz planos, esforços e horas extraordinárias para que a sua família tenha o pão de cada dia.

Barro com coração é o casal que acolheu uma criança em situação de risco. É também aquele homem que, por ser honesto e fiel à sua consciência foi perseguido e despedido do emprego.

Barro com coração são os homens e as mulheres que vão gastando a vida pela defesa e libertação dos que não têm voz nem sabem defender-se.

Barro com coração são os jovens que tomam o amor a sério, não traindo os amigos e procuram ser fieis aos seus projectos ou alianças amorosas.

Barro com coração são os rapazes e raparigas, homens ou mulheres que deixam sempre mais ricas as pessoas que se cruzam consigo na vida.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

27 abril, 2008

DIÁLOGO COM DEUS SOBRE A SUA MORADA-I

I-A VOSSA MORADA É UMA FESTA SEMPRE NOVA

Deus Santo,
A nossa Fé diz-nos que a Vida Eterna é a participação na Festa da vossa Família.

O livro do Apocalipse descreve de maneira muito bonita a comunhão que reina entre vós a as pessoas humanas nessa festa. Eis as suas palavras:

“Vi então um Novo Céu e uma Nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia.

E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, enfeitada como uma noiva adornada para o seu esposo.

Depois ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: “Esta é a morada de Deus entre os homens.

Deus habitará com os eles, será o seu Deus e eles serão o seu povo. Deus estará com as pessoas humanas, enxugando as lágrimas dos seus olhos.

Não haverá mais morte, nem luto, nem dor, nem pranto, pois as primeiras coisas passaram”.
Depois o Livro do Apocalipse acrescenta:

O que estava sentado no trono disse: “Eu renovo todas as coisas!” Eu sou o Princípio e o Fim! Ao que tiver sede eu lhe darei a beber gratuitamente da nascente da Água da Vida.

O vencedor receberá estes dons como herança. Eu serei o seu Deus e ele será o meu filho!” (Apc 21, 1-7).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DIÁLOGO COM DEUS SOBRE A SUA MORADA-II

II-A VOSSA MORADA É ALEGRIA NO ESPÍRITO SANTO

Recordo neste momento as palavras de São Paulo acerca da vossa morada a que ele chama Reino de Deus:

“O Reino de Deus não é uma questão de comida e bebida, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14, 17).

Deus Santo,
Obrigado, pois a Vida Eterna emerge no nosso coração pela força do Espírito Santo.

A salvação está a acontece em nós sempre que amamos as pessoas e lhes fazemos bem. Na verdade, ninguém se salva sozinho. Ninguém tem a Vida Eterna isolando-se dos outros.

São Paulo disse isto mesmo afirmando que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

26 abril, 2008

DIÁLOGO COM DEUS SOBRE O SENTIDO DA VIDA-I


I-A ARTE DE CONSTRUIR A VIDA

Deus Santo,
Glória a Vós, pois quisestes criar-nos como pessoas. O animal gosta de brincar, mas não é capaz de celebrar, nem precisa de sentidos para viver.

Pelo facto de estar em realização histórica, a pessoa humana precisa de sentidos para viver e se construir.

Quando lhe faltam sentidos para viver, o ser humano entra em crise e pode mesmo pensar no suicídio.

Por estar a estruturar-se como ser histórico, a pessoa tem a capacidade de associar o passado com o presente e este com planos e sonhos de futuro.

Isto acontece assim porque a pessoa se sente-se a caminho de uma meta que se confirma em cada sucesso que vai concretizando ao longo da sua caminhada.

Por não ser uma pessoa em construção, o animal não tem esta consciência existencial, nem sente um apelo a actuar de acordo com os valores que são o apelos.

Na verdade, os valores são apelos que a pessoa sente no sentido de se construir com sentido e poder realizar-se como pessoa consciente, livre, responsável.

Como ser em realização, a pessoa edifica-se de modo gradual, fazendo emergir o novo. Sempre que fazemos emergir o novo e o diferente, transcendemo-nos e tornamo-nos imagem de Deus.

Deste modo, sem deixarmos de ser os mesmos, vamos sendo de maneira sempre nova e diferente.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

DIÁLOGO COM DEUS SOBRE O SENTIDO DA VIDA-II


II-NÃO PODEMOS VIVER SEM SENTIDOS

A pessoa humana é, realmente, um ser faminto de transcendência, pois tem fome de ser em plenitude.

Eis a razão pela qual o homem não pode deixar de se colocar o sentido da vida.

Como não podemos viver sem sentidos, pomo-nos constantemente interrogações e porquês, sobretudo nos momentos mais sérios e difíceis da vida.

Quando uma pessoa perde os sentidos básicos da vida, deixa de ter razões para viver. O animal, assim como não se põe o sentido da vida também não tem consciência da sua morte.

A consciência da própria morte é um dos estímulos mais profundos que leva a pessoa a colocar-se o sentido da vida.

O mesmo podemos dizer em relações à questão da existência de Deus. Na verdade, Deus não é uma questão secundária para as pessoas que pretendem humanizar-se através de opções, escolhas, e projectos de realização pessoal.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

DIÁLOGO COM DEUS SOBRE O SENTIDO DA VIDA-III

III-JESUS CRISTO É O SENTIDO MÁXIMO DA VIDA

A consciência universal da Humanidade evoluiu no sentido de se colocar a questão religiosa.
Isto significa que a Humanidade, no seu todo, intuiu que não estamos a edificar para a morte.

Jesus Cristo trouxe a grande resposta a estas interrogações básicas do Homem: A sua ressurreição, ensinou aos homens que a morte não tem a última palavra no que se refere projecto histórico da Humanidade.

Pelo mistério da Encarnação, o divino enxertou-se no humano e nós passamos a ser membros da Família de Deus.

Isto quer dizer que os seres humanos, ao darem o salto de qualidade para a vida pessoal, atingiram as condições necessárias para serem assumidos e incorporados na comunhão familiar da Santíssima Trindade.

Deus Santo,
Louvado sejais porque nos quisestes criar como pessoas, a fim de fazerdes uma aliança connosco!
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

24 abril, 2008

JESUS E A NOVIDADE DO REINO DE DEUS-I

I-O FILHO DE DAVID

A expectativa do Reino de Deus é muito anterior a Jesus Cristo. No entanto, Com Jesus Cristo o tema do Reino de Deus ganhou uma dimensão Nova e libertadora, pois passa a ser associado ao amor salvador de Deus.

Tudo começou quando o profeta Natã anunciou a David que o Senhor Deus lhe ia suscitar um filho, o qual construiria um templo para Deus e reinaria com grande poder e majestade.

Deus prometeu a David adoptar este seu filho como filho de Deus, fazendo que o seu reino permaneça para sempre (2 Sam 7, 12-16).

Durante séculos o povo bíblico suspirou pela vinda do filho de David aguardando a restauração do Reino de David com todo o seu esplendor.

Segundo o sonho do profeta Isaías, os povos da terra viriam a Jerusalém procurando a Sabedoria de Deus, trazendo as suas riquezas, fazendo de Jerusalém a capital mais rica do mundo (Is 60, 1-11).

Esta expectativa permaneceu até à vinda de Jesus. Eis as palavras que o anjo comunica a Maria no momento em que lhe comunica que ela vai ser a mãe do Messias:

“Disse-lhe o anjo: “Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.

Ele será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu Pai David.

Reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim” (Lc 1, 30-33). Era assim que os Apóstolos imaginavam a missão messiânica de Jesus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

JESUS E A NOVIDADE DO REINO DE DEUS-II

II-JESUS E O REINO COMO LIBERTAÇÃO

Jesus não via as coisas deste modo. O Espírito Santo tinha-o feito compreender que a sua missão se orientava num outro sentido bem diferente:

Eis o modo como o evangelho de Lucas descreve a descoberta de Jesus: “Jesus veio a Nazaré onde se tinha criado. Segundo o seu costume entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler.

Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o deparou com a passagem em que está escrito:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres.
Enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista.

Enviou-me para libertar os oprimidos e a proclamar um ano favorável do Senhor (…). Começou, então, a dizer-lhes: “Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4, 18-21).

Ao contrário de Jesus, os Apóstolos esperavam que ele viesse restaurar o reino de David e fazer de Jerusalém a capital mais rica do mundo.

Eis a razão pela qual Jesus chama Satanás a Pedro, pois este não entende as coisas segundo Deus, mas sim segundo os critérios dos homens (Mt 16, 23).

Era normal que, perante uma compreensão destas eles aspirassem aos lugares mais importantes na corte messiânica.

E foi assim que Tiago e João seu irmão se dirigiram a Jesus pedindo-lhe que lhes cedesse os dois lugares mais importante na corte.

Os outros dez, ao verem este comportamento começaram a protestar. Jesus aproveitou a oportunidade para lhes explicar a sua missão não se encaixava na visão messiânica tradicional, segundo a qual a o Messias seria um rei poderoso.

Pelo contrário, diz-lhes Jesus, ele veio para servir e dar a vida pela salvação do mundo (cf. Mc 10, 35-45).

Em comunhão convosco
Calmeiro Matias

JESUS E A NOVIDADE DO REINO DE DEUS-III


III-OS APÓSTOLOS E O REINO DE DEUS

O evangelho de São Lucas tem um texto muito sugestivo sobre o lugar de destaque que os Apóstolos terão no banquete do Reino de Deus.

Mas é evidente que estas palavras, na boca de Jesus, não se referiam a um poder e um domínio terreno:

“Vós permanecestes sempre a meu lado nas minhas provações. Por isso disponho do Reino em vosso favor, como meu Pai dispõe dele em meu favor, a fim de que comais e bebais à minha mesa no meu reino.

E haveis de sentar-vos em doze tronos para julgardes as doze tribos de Israel (Lc 22, 28-30).
Após a Ressurreição de Jesus, o Espírito Santo foi conduzindo os discípulos no sentido de estes compreenderem o alcance da missão messiânica de Jesus.

Nos finais do século primeiro, o Evangelho de São João já tem uma visão totalmente distinta:
“Jesus, sabendo que viriam arrebatá-lo para o fazer rei, retirou-se de novo sozinho para o monte” (Jo 6, 15).

Mais à frente acrescenta: “ Pilatos perguntou a Jesus:’ tu és rei dos judeus?’ (...). Jesus respondeu, o meu reino não é deste mundo.

Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue às autoridades judaicas.

Portanto, o meu reino não é de aqui. Disse-lhes Pilatos: ’logo, tu és rei? Respondeu-lhe Jesus: ‘é como dizes: eu sou rei’ Para isto nasci e vim ao mundo: dar testemunho da verdade” (Jo 18, 33-37).

Estas palavras do evangelho de São João já não têm qualquer conotação de poder terreno. As primeiras gerações cristãs, no entanto, esperavam uma segunda vinda de Jesus para julgar os vivos e os mortos e restaurar o Reino de David (Act 3, 19-21; Lc 22, 28-30).

Está nesta mesma linha a visão milenarista do Apocalipse (Apc 20, 4-6). Estamos no terceiro milénio. Isto significa que temos muitos séculos de reflexão sobre o mistério do Reino e o projecto salvador de Deus.

Para os cristãos do terceiro milénio, o Reino de Deus é a comunhão humano-divina da Família de Deus.

Por outras palavras, o Reino de Deus, para nós, significa a assunção e incorporação da Humanidade na comunhão orgânica da Santíssima Trindade.

Esta assunção e incorporação acontece pelo facto de estarmos organicamente unidos a Jesus ressuscitado.

Em comunhão convosco
Calmeiro Matias

JESUS E A NOVIDADE DO REINO DE DEUS-IV

IV-O REINO DE DEUS COMO COMUNHÃO

No evangelho de São João, Jesus afirma que ele e o Pai fazem um (Jo 10, 30). Por outro lado, Jesus faz com a Humanidade uma união orgânica, pois ele é a cepa da videira da qual nós somos os ramos (Jo15, 1-7).

A união orgânica que nos une a Jesus Cristo é idêntica, diz o evangelho de São João, à união que existe entre Cristo e o Pai.

“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, do mesmo modo quem me come viverá por mim” (Jo 6, 56-57).

A carne e o sangue de Cristo ressuscitado é o Espírito Santo, o princípio vital que alimenta a união orgânica que une o Filho Eterno de Deus e Jesus de Nazaré, o Filho de Maria.

É a Água viva que Jesus nos dá, a qual faz jorrar uma nascente de vida eterna nos nosso coração, comunicando-nos a vida humano-divina de Jesus Cristo (Jo 7, 37-39; 4, 14; 6, 62-63).

O Espírito Santo é o princípio animador da comunhão universal do Reino que faz de Cristo um com o Pai e de nós um com Cristo, consumando assim a união humano-divina do Reino de Deus (Jo 17, 21-23)

Todos os que são animados pelo Espírito Santo, diz São Paulo, são filho e herdeiros de Deus Pai e irmãos e co-herdeiros do Filho de Deus (Rm 8, 14-17).

Podemos dizer que o Reino de Deus é a plenitude da Vida Eterna com o nosso Deus, como diz o Apocalipse:

“Vi, então, um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia.

Vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, preparada, qual noiva adornada para o seu esposo.

E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: “Esta é a morada de Deus entre os homens.
Ele habitará com os homens, e estes serão o seu povo. Deus será o seu Deus e estará com eles enxugando todas as lágrimas dos seus olhos.

Então não haverá mais morte, nem luto, nem pranto nem dor, pois as primeiras coisas passaram. O que estava sentado no trono disse: eu renovo todas as coisas” (Jo 21, 1-5).



Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias






JESUS E A NOVIDADE DO REINO DE DEUS-V

V-AS PESSOAS NA PLENITUDE DO REINO

O Reino de Deus é constituído apenas por pessoas que se encontram capacitadas para a amorosa.
Podemos dizer que o Reino de Deus, portanto, é a esfera da Comunhão e da novidade permanente.

Na Festa da Vida Eterna os seres humanos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito com que treinou durante a sua génese pessoal na História.

Por outras palavras, os ressuscitados mantêm a identidade que adquiriram na História.
Somos pessoas em construção. A nossa identidade espiritual é precisamente o jeito de nos relacionarmos amorosamente que vamos edificando na história.

O Reino de Deus é a esfera do amor, essa dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão.

A universalização do Reino de Deus aconteceu precisamente com o acontecimento da morte e ressurreição de Jesus.

Na verdade, Jesus Cristo venceu a morte no próprio acto de morrer. Enquanto, sobre a cruz, ia morrendo o que no homem é mortal, o imortal, ia sendo glorificado e directamente incorporado na comunhão da Santíssima Trindade.

Deste modo, ao morrer o último elemento daquilo que em Jesus é mortal, o imortal, isto é, a sua interioridade espiritual, estava plenamente ressuscitada.

Como vemos, Cristo não esteve um só minuto sob o domínio da morte, como convinha ao Senhor da Vida!

Foi assim que Cristo, ao morrer, destruiu a nossa morte e ao ressuscitar restaurou e conduziu a nossa vida à plenitude.

Foi este o modo como o Espírito Santo realizou em Cristo a vitória sobre a morte, não apenas para si, mas também para todos nós.

Foi assim que aconteceu a plenitude dos tempos, isto é, a fase da recriação e da divinização da Humanidade.

Se não tivesse havido pecado, a salvação em Cristo consistiria apenas na dinâmica da divinização humana.

Por outras palavras, sem o pecado não teria sido necessário a recriar o Homem Novo. Neste caso teria bastado conduzir a Humanidade à sua plenitude pela assunção na comunhão da Santíssima Trindade.

Eis as palavras de São Paulo sobre a plenitude à qual Deus nos conduziu em Cristo: “Foi assim que Deus nos escolheu em Cristo, antes da fundação do mundo, a fim de sermos santos e irrepreensíveis no amor, caminhando na sua presença.

Predestinou-nos para sermos adoptados como seus filhos por meio de Jesus Cristo de acordo com a sua vontade, a fim de ser louvado e glorificado pela graça que derramou sobre nós (…).

Foi este o modo como Deus nos manifestou o mistério da sua vontade e o plano amoroso que estabelecera, a fim de conduzir os tempos à sua plenitude, reunindo sob o domínio de Cristo tudo o que existe no Céu e na Terra.” (Ef 1, 4-10).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

23 abril, 2008

CRISTO NO CENTRO DO PLANO DE DEUS-I

I-NELE TEMOS A VIDA PLENA

Em Jesus Cristo realiza-se a Nova e Eterna Aliança. Por parte de Deus assina o Filho Eterno de Deus, encarnando pelo Espírito Santo.

Por parte do Homem assina Jesus de Nazaré, tornando-se incondicionalmente fiel ao Espírito Santo que o ungiu (Lc 4, 18-21).

Graças à sua fidelidade levamos connosco o penhor da Vida Eterna, isto é, o Espírito Santo que nos assinala para o dia da Salvação.

Deu a vida por amor e, por isso, agora vive em plenitude. Jesus é o centro e a cúpula do projecto salvador de Deus.

Graças ao dom que nos fez do Espírito Santo levamos no nosso íntimo a dinâmica da Vida Eterna.
O Espírito Santo restaurou, no nosso íntimo, a nossa pessoa ferida e mutilada pelo pecado.

Com efeito, o pecado é uma recusa de amor que mutila a pessoa do pecador e bloqueia a dinâmica humanizante das pessoas que foram afectadas por essa recusa de amor.

A primeira vítima do pecado é o próprio pecador. Depois, os que são afectados por esse mesmo pecado.

Quando afirmei que o pecado mutila a pessoa do pecador queria dizer que as nossas recusas de amor destroem em nós elos de relacionamento fraterno e de comunhão amorosa.

O Espírito Santo restaura em nós estes estragos provocados pelo pecado.

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

CRISTO NO CENTRO DO PLANO DE DEUS-II

II-A MORADA DA PLENITUDE

Ao comunicar-nos o Espírito Santo, Jesus comunicou à Humanidade a sua condição humano-divina, introduzindo-nos na plenitude da vida.

O Espírito Santo é o guia seguro que nos conduz à “galáxia” da Comunhão Universal, isto é, a interioridade máxima e coração personalizado do Universo.

É a esfera da Transcendência, ponto de encontro de todas as pessoas capazes de reciprocidade amorosa: É esta a dinâmica do Céu.

Jesus Cristo é o Centro e o medianeiro desta Comunhão Universal. N’Ele se encontram e interagem em unidade orgânica o melhor de Deus e do Homem.

Deste modo se torna para nós a Árvore da Vida, plantada no centro do Paraíso à qual todos nós temos acesso.

Todos temos acesso ao seu fruto. Aqueles que o comem têm a Vida Eterna (Jo 6, 51). Dá-nos a Água Viva que jorra em nós rios de Vida Eterna (Jo 4, 14; 7, 37-39).

No momento da Sua morte e ressurreição foi à morada dos mortos, isto é, entrou em comunhão com a Humanidade que o tinha precedido.

Deste modo, a Humanidade entra na Festa da Plenitude humano-divina. Comunicou a dinâmica divinizante do Espírito Santo a todos, desde Adão até ao Bom Ladrão.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO NO CENTRO DO PLANO DE DEUS-III


III-CRISTO E A FESTA DO PARAÍSO

Abriram-se as portas do Paraíso e começou a Festa da Vida Plena. Nesta Festa todos dançam a música do Amor.

Cada qual, porém, com o jeito de amar que adquiriu durante a vida. É este o vinho bom que vem no fim (cf. Jo 2, 1-10), a fim de a alegria atingir o máximo que a vida pode dar, isto é, o banquete das bodas do Cordeiro:

“Mostrou-me depois um rio de Água Viva, resplandecente como cristal, o qual brota do trono de Deus e do Cordeiro.

No meio da praça da cidade, junto à margem do rio, está a Árvore da Vida (...), cujas folhas servem de medicamento para as nações” (Apc 22, 1-2).

É este o cenário da Vida Eterna desenhado pelo Livro do Apocalipse. Na morada da plenitude não há mais luto, nem lágrimas.

O sofrimento, a dor e o ódio são totalmente banidos da Cidade Nova: “Vi, depois, um novo Céu e um nova Terra.

O primeiro Céu e a primeira Terra tinham desaparecido e o mar já não existia. E vi descer do Céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a Nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para o seu esposo.

E ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: “esta é a morada de Deus entre os homens”.
Deus habitará com eles, os quais formarão o Seu Povo. O mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus.

Enxugará todas as lágrimas dos seus olhos. E não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor.

As primeiras coisas passaram. O que estava sentado no trono afirmou: “Eu renovo todas as coisas” (Apc 21, 1-5 a).

Jesus Cristo tomou Deus e o Homem a sério. Por isso ele é o coração do projecto de Deus.
Passou a vida a fazer o bem a toda a gente. Foi mártir do Amor, pois todos os que se opunham ao bem, à justiça e à fraternidade mataram-no. Por isso agora, vive para sempre em todos nós.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

21 abril, 2008

A VONTADE DE DEUS A NOSSO RESPEITO-I

I-O PLANO SALVADOR DE DEUS

A vontade de Deus a nosso respeito é a nossa salvação, diz a Carta aos Hebreus (Heb 10, 9-10).
Isto torna-se mais fácil de entender se tivermos presente que a Humanidade pertence à cúpula personalizada do Universo e que este é obra de Deus.

Deus é três pessoas em comunhão familiar. Podemos dizer que o Universo traz consigo as impressões digitais do seu Criador, isto é, a marco da vida pessoal-espiritual.

Se Deus é uma Comunhão Amorosa, então temos de dizer que ainda antes de existir o Universo já existia o Amor, dinâmica de bem-querer que tem como origem a pessoa e como meta a comunhão amorosa.

Por outras palavras, Deus imprimiu na marcha da Criação possibilidades de vida pessoal-espiritual muitas das quais se concretizaram na terra.

Possivelmente muitas outras também estão a concretizar-se noutros quadrantes do Universo.
O Cosmos físico é como que a casca deste ovo imenso, destinado a terminar num montão de matéria esmagada depois de ter feito germinar os possíveis de vida pessoal espiritual que leva no seu ventre.

O fim do Universo por esmagamento da matéria é uma afirmação ligada a muitos cientistas.
Para a nossa fé este aspecto é secundário. O importante é sabermos que no interior do Universo está a emergir vida pessoal-espiritual talhada para a comunhão com as três pessoas divinas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A VONTADE DE DEUS A NOSSO RESPEITO-II

II-O CÉU É A PLENITUDE HUMANO-DIVINA

Na verdade, a nossa fé garante-nos de que não estamos a caminhar para o vazio do nada, pois já fazemos parte da cúpula personalizada do Universo cujo coração é a Santíssima Trindade.

A Divindade é comunhão de pessoas. A Humanidade está a construir-se para ser, também, uma comunhão de pessoas.

No coração do Universo está o Céu. De facto, Deus é a interioridade máxima de toda a realidade.
Graças ao mistério da Encarnação, o divino enxertou-se no humano, a fim de a Humanidade ser assumida na comunhão com a Divindade.

É este o plano de Deus para nós. É esta a vontade divina a respeito da Humanidade. Jesus anunciou esta realidade chamando-lhe o Reino de Deus no qual todos nós dançaremos o ritmo do amor com o jeito que tivermos treinado enquanto estamos em realização histórica.

A vontade de Deus, portanto, é que aconteça o seu Reino, essa comunhão humano-divina da qual Jesus ressuscitado é o medianeiro.


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A VONTADE DE DEUS A NOSSO RESPEITO-III

III-SABER ACOLHER O AMOR DE DEUS

Por ser um dom, o projecto salvador de Deus implica a oferta gratuita da salvação, a qual deve ser aceite por nós com gratidão.

Para nos motivar a aceitar e a viver já este plano de amor, diz a Carta aos Efésios, Deus tomou a iniciativa de nos revelar o seu plano de Salvação. (Ef 3, 3-13).

Fazer a vontade de Deus é, pois, acolher o dom da salvação e viver em dinâmica de amor eucarístico, isto é, em atitude de acção graças pelas maravilhas que realizou em nosso favor.

A vontade de Deus a nosso respeito é, como acabamos de ver, a salvação da Humanidade.
Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.

A sua vontade é esta: que eu não perca nenhum daqueles que me deu, mas o ressuscite no último dia.

Portanto, a vontade do meu Pai é esta: que todo aquele que vê o Filho e crê nele tenha a vida eterna. E eu ressuscitá-lo-ei no último dia” (Jo 6, 38-40).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

20 abril, 2008

QUANDO A VIDA TEM SABOR A PLENITUDE-I

I-VIVER PARA AMAR

Deus Santo,
Nós vos louvamos pelo dom da vida eterna e pela maneira bonita como ela emergiu na história da Teresa.

Soube construir a vida segundo critérios de doação e fecundidade espiritual, pois teve uma vida rica em sementes de fraternidade e amor.

Partiu com a expressão de alguém que está a transpor o último degrau para entrar na plenitude da Vida.

O sorriso foi a última expressão daquele rosto enrugado e sereno do qual irradiava a beleza que emerge de um coração bom.

A sua história pessoal é o resultado de quase noventa anos de decisões, opções, escolhas e projectos de vida, marcados com o selo do amor.

A sensatez ia conferindo sabor de autenticidade à sua história bonita. De entre as muitas pessoas que se cruzaram com ela ao longo da sua vida, nenhuma ficou mais triste ou mais só
pelo facto de a terem encontrado.

Tinha um jeito muito sereno de se relacionar com as outras pessoas, deixando nelas as impressões digitais do amor.

Chegou ao fim da sua história com a feliz sensação de ter dado o melhor de si. Eis a razão pela qual a sua partida para a plenitude foi vivida pela Teresa como um acontecimento jubiloso.

Comunicava as coisas mais sublimes com uma linguagem simples e sem pretensões de qualquer espécie.

As suas palavras exprimiam a verdade profunda e a coerência do seu ser.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO A VIDA TEM SABOR A PLENITUDE-II


II-VIVER PARA EDIFICAR A VIDA ETERNA

Ouvi-lhe dizer muitas vezes que tinha saudades de Deus! Pouco a pouco fui-me apercebendo de que, para a Teresa,

Deus era realmente uma questão primeira, coisa muito rara entre os seres humanos, exceptuando os profetas.

Agora já podemos entender facilmente como o momento de entrar na plenitude fosse algo tão ardente e espontaneamente desejado!

Durante a sua longa história, a Teresa construiu uma infinidade de laços de amor e comunhão fraterna.

No momento de entrar na Comunhão Universal, o encontro com Deus conferiu plenitude aos encontros de amor e comunhão que realizou ao longo da sua vida.

Durante a sua vida na terra, o seu jeito de comunicar estimulava as pessoas a amar os irmãos, fazendo o bem.

Leva como identidade definitiva o seu jeito de se comunicar com os irmãos, bem como o seu modo peculiar de sorrir e dar as mãos.

Depois de contemplar aquela partida cheia de certezas de vida eterna, disse de mim para comigo: “A Teresa acaba de entrar na plenitude da Vida Eterna e já vive a dinâmica da felicidade do Reino de Deus.

Nessa festa cada pessoa interage e comunga com Deus e os irmãos mantendo o mesmo jeito que treinou enquanto viveu na terra.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

QUANDO A VIDA TEM SABOR A PLENITUDE-III

III- A PLENITUDE DO ENCONTRO NO REINO

Quando me lembro da Teresa, imagino-a na plenitude da comunhão com Deus e os irmãos onde ele realiza aquilo que ela mais desejava: fazer os outros felizes.

Imagino a Teresa a sorrir às crianças e, de modo especial a esses de quem ela gostava tanto: os que foram pobres na terra.

Para os que souberam moldar um coração aberto ao amor e à fraternidade, a morte é o momento solene da assunção na festa da Comunhão Universal, onde a pessoa saboreia o amor infinito de Deus com a densidade com que amou os irmãos.

No Reino de Deus, a pessoa possui-se na medida em que se relaciona amorosamente com Deus e os irmãos. Na verdade, a plenitude da pessoa não está em si, mas na reciprocidade do amor.

A plenitude da vida é a participação na Família de Deus, onde somos incorporados pelo Espírito Santo (Rm 8, 14-16).

O Espírito Santo, com seu jeito maternal de amar, conduz-nos ao Pai que nos acolhe como filhos e ao Filho que nos acolhe como irmãos.

Na verdade, o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz a Carta aos Romanos (cf. Rm 5, 5).

A morte da Teresa ajudou-me a compreender o sentido da vida e o como formamos a Humanidade reconciliada com Deus, pelo facto de estarmos unidos ao Senhor Jesus
ressuscitado (2 Cor 5, 17-19).

Quando Deus ocupa o primeiro lugar, na vida de uma pessoa, a vida está cheia de sentido e o coração dessa pessoa está pleno de Vida Nova.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

18 abril, 2008

JESUS E O PÃO DE CADA DIA-I

I-A FORÇA MIRACULOSA DA PARTILHA

O Novo Testamento insiste muitas vezes em que a finalidade da vida não é amontoar riquezas.
Não é bom para o ser humano andar obcecado com o que devemos comer ou vestir (Mt 6, 31; Lc 12, 29).

Quando isto acontece, é sinal que a justiça, a solidariedade e a fraternidade estão doentes. Jesus não defende a carência como ideal ou como caminho de felicidade.

A proposta de Jesus, pelo contrário, vai no sentido de que aconteça a abundância para todos.
Segundo os ensinamentos de Jesus, a solidariedade e a partilha é o caminho certo para se chegar à meta da solidariedade para todos.

Por outras palavras, Jesus ensinou que a dinâmica da partilha é o caminho da abundância para todos.

A pessoa não precisa apenas do pão material. Necessita também, dizia Jesus, da Palavra de Deus, a qual é a fonte de sabedoria que conduz à comunhão e à fraternidade universal (Mt 4, 3-4; Lc 4, 4).

O milagre da multiplicação dos pães ensina-nos que, no gesto da partilha, o pão chega para todos e ainda sobra (Mt 14, 15-20; Mc 6, 31-34; Lc 9, 10-17; Jo 6, 1-13).

Eis a razão pela qual Jesus se recusou a transformar as pedras em pão. Fazer isto seria negar a verdade da providência de Deus e da abundância que brota da partilha:

A Terra é um excelente sinal da generosidade e providência divinas: dá frutos suficientes para todos.

Mas para isso é preciso que o Homem aprenda a partilhar e a viver a fraternidade. No entanto, para atingir esta meta o Homem precisa de viver segundo a Palavra de Deus (Mt 4, 3-4; Lc 4, 4).


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

JESUS E O PÃO DE CADA DIA-II

II-PARTILHA E COMUNHÃO COM DEUS

É verdade que o Pai-Nosso é um ensinamento teológico e não um manual de ciências políticas, sociais ou económicas.

Mas não há dúvida de que na medida em que as pessoas acolham no seu coração a Palavra de Deus, começarão a entrar na dinâmica da fraternidade e comunhão.

O evangelho de São João interpreta a multiplicação dos pães como sendo o resultado maravilhoso da partilha.

É este o caminho para os seres humanos chegarem ao essencial que é a abundância, a fraternidade e a comunhão com Deus:

“Vós procurais-me, não por teres entendido os sinais de Deus, mas porque comestes dos pães e vos saciastes.

Ponde o vosso empenho, não no alimento que perece, mas no que perdura para a vida eterna. É este o alimento que o Filho do Homem vos dará (...).

Não foi Moisés que vos deu o pão do céu. O meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do céu, aquele que desce do céu e dá a vida ao mundo (...).

Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não mais terá fome. Quem crê em mim jamais terá sede (Jo 6, 26-35).

A plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão. Reduzida a si, a pessoa está em estado de malogro ou perdição.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias