Seremos tanto mais pessoas realizadas quanto mais os outros tiverem lugar no nosso coração.
Na verdade, a pessoa tem a capacidade de eleger os outros como irmãos, para lá dos laços da carne e do sangue.
O Espírito Santo é a ternura maternal que anima as relações familiares entre Deus e o Homem.
Foi esta a razão pela qual o Filho de Deus encarnou pelo Espírito Santo, a fim de sermos incorporados na Família Divina.
É verdade que as pessoas humanas não são iguais às divinas em densidade espiritual e capacidade de interacção amorosa, mas são-lhe proporcionais.
É Por esta razão que pode acontecer comunhão entre o melhor de Deus e o melhor do Homem.
A nossa identidade pessoal é histórica. Não nascemos feitos ou acabados. O nosso ser exterior mede-se por quilos, densidade das nossas emoções e afectos.
Por outras palavras, o homem exterior mede-se pelo ter. O interior, como é espiritual, mede-se pela capacidade de amar e comungar.
Na verdade, a pessoa não vale pelo que tem mas pelo que é. A nossa identidade definitiva é espiritual e eterna.
A nossa identidade exterior é genética (ADN) e acaba no cemitério. A nossa identidade interior é espiritual é espiritual e consiste no nosso jeito de amar.
De facto, dançaremos eternamente o ritmo do amor com o jeito que tenhamos adquirido na história.
Com efeito, nascemos para emergir como pessoas livres, conscientes, responsáveis e capazes de amar.
A plenitude da Humanidade acontece mediante a assunção na comunhão divina da Santíssima Trindade.
Apenas a nossa interioridade pessoal, por ser espiritual, pertence à esfera da transcendência.
Isto quer dizer que o sentido mais profundo da existência humana não é apenas prolongar a vida mortal, mas construir a vida imortal.
Dos pais recebemos a vida exterior, isto é, o nível biológico e psíquico do nosso ser. Por isso temos de renascer de novo pelo Espírito Santo, diz o evangelho de São João, a fim de tomarmos parte na plenitude de Deus (Jo 3, 3-6).
Na medida em que a nossa interioridade espiritual emerge, passamos a pertencer à galáxia da vida personificada, cujo coração é a comunhão familiar da Santíssima Trindade.
O nosso ser exterior acaba no silêncio da solidão cósmica, tal como as plantas ou animais após a morte.
O nosso ser interior, pelo contrário, está chamado à plenitude amorosa da Comunhão Universal.
No íntimo do núcleo pessoal e espiritual do ser humano habita o Espírito Santo como num Templo, diz São Paulo.
A Carta aos Romanos diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Calmeiro Matias
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