II-A LIBERDADE NUNCA É UM MAL
Quando Deus pensou em criar a pessoa humana, estava a pensar numa obra-prima. Uma das características fundamentais da pessoa é o facto de ter a possibilidade de ser livre.
Como já vimos, é importante não confundir liberdade com livre arbítrio, pois o livre arbítrio, como vimos, é a capacidade psíquica de a pessoa optar.
De facto, o ser humano não nasce feito. Faz-se, fazendo. Realiza-se, realizando. Constrói-se, construindo.
Por outras palavras, Deus não criou o Homem feito, a fim deste poder ter parte na sua própria realização.
Este facto é condição essencial para que a pessoa chegar a ser livre. Na verdade, a pessoa humana não nasce livre, mas sim com a possibilidade de se tornar livre, graças ao livre arbítrio.
Mas não basta exercitar o livre arbítrio para que a pessoa se torne livre. É preciso optar no sentido do amor.
Isto quer dizer que a liberdade é uma conquista do Homem em construção. De facto, a liberdade é resultado de uma vida vivida como processo de libertação.
Podemos dizer que a liberdade é sempre um bem. Já não podemos afirmar do livre arbítrio, a capacidade psíquica de optar pelo bem ou pelo mal.
Deus é infinitamente livre, mas não possui livre arbítrio, pois não pode optar pelo mal. Na verdade, as pessoas divinas são infinitamente livres e não uma liberdade em construção.
Muitas vezes, ao tentar falar da liberdade, as pessoas estão simplesmente a falar do livre arbítrio.
À medida que cresce como pessoa, o ser humano emerge como ser livre, consciente, responsável, e capaz de amar.
No evangelho de São João, Jesus faz a seguinte afirmação: “O que comete o pecado é escravo” (Jo 8, 34).
À luz do Novo Testamento, o Espírito Santo é o grande protagonista do processo da libertação humana.
Embora não nos substitua, o Espírito Santo optimiza as nossas capacidades de agir segundo os apelos do amor.
Deste modo, ele se torna em nós e connosco, o grande protagonista da libertação humana.
Eis as palavras de Jesus no evangelho de São Lucas:
“O Espírito do Senhor está sobre mim porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres e a libertação aos cativos” (Lc 4, 18).
São Paulo diz que Cristo nos libertou para sermos realmente livres (Gal 5, 1).
Calmeiro Matias
Sem comentários:
Enviar um comentário