O acontecimento de Cristo ressuscitado é a garantia de que Deus não nos enganou. Pelo contrário, graças à presença do Espírito Santo no nosso íntimo, estamos a caminhar de modo seguro para a plenitude da Vida Eterna.
O apelo interior que nos convida a prosseguir a nossa realização pessoal tem sentido pleno, pois Deus criou-nos como seres em realização.
Isto quer dizer que não estamos a construir para o vazio da morte e a nossa meta não é a perda definitiva da nossa identidade espiritual.
Na verdade, Deus criou-nos para que nos criemos mediante decisões, opções e realizações com a densidade do amor.
A nossa identidade espiritual realiza-se na História, mas tem densidade eterna. Por outras palavras, o nosso jeito de amar e comungar não se perde, pois o nosso destino não é o vazio da morte, mas a Vida Eterna.
Utilizando a imagem da festa, podemos dizer que, no Reino de Deus, todos dançaremos o ritmo do amor.
Mas cada pessoa dançará com o jeito que tiver treinado enquanto se construiu na História. De facto, a pessoa humana está chamada a construir-se de modo único, original e irreversível.
Isto quer dizer que ninguém está a mais, pois não somos réplicas uns dos outros. É também por este motivo que Deus não nos criou acabados, a fim de sermos autores de nós a partir do que recebemos dos outros.
Cada pessoa está chamada a ser como quiser ir sendo através de uma cadeia de escolhas, opções e projectos de vida.
A humanização da pessoa é uma tarefa que ninguém pode realizar por ela. Mas também é verdade que a pessoa não se pode realizar sozinha, pois a humanização é uma tarefa de amor.
O Homem sonhado por Deus tem um rosto comunitário, como diz o livro do Génesis (Gn 1, 26-27).
A emergência da Vida Humana é um projecto histórico que tem como plenitude a divinização ou incorporação na Comunhão Familiar de Deus.
Calmeiro Matias
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