Por se concretizar em pessoas a Humanidade atinge a sua plenitude na comunhão com a Divindade.
Mediante a morte, o ser humano liberta-se das coordenadas biológicas, psíquicas, rácicas, linguísticas e espacio-temporais.
À luz da Fé, a morte surge realmente como o parto final através do qual a pessoa humana entra na comunhão universal do Reino de Deus.
A divinização, portanto, não acontece como coisa individual, mas como resultado da assunção pessoal na comunhão humana universal.
Esta incorporação na comunhão divina assenta sobre dois pilares fundamentais: A encarnação e a ressurreição do Filho de Deus.
Pela encarnação, o divino enxerta-se no humano em Jesus Cristo. Como resultado deste enxerto, os seres humanos ficam com a possibilidade de se tornarem membros da família divina (Jo 1, 12-14).
Pela ressurreição de Cristo, a Humanidade é divinizada pelo Espírito Santo: “No último dia, o mais solene da festa, Jesus, de pé, bradou: “Se alguém tem sede venha a mim.
Quem crê em mim que sacie a sua sede! Como diz a Escritura, hão-de correr do seu coração rios de Água viva”.
Jesus disse isto referindo-se ao Espírito Santo que iam receber os que acreditassem nele.
Com efeito, o Espírito Santo ainda não tinha vindo pelo facto de Jesus ainda não ter sido glorificado” (Jo 7, 37-39).
O Espírito actuava no mundo desde a criação do homem. Foi a comunicação primordial do Espírito Santo que fez do Homem um ser vivente, diz o livro do Génesis (Gn 2, 7).
Mas o Senhor ressuscitado comunica o Espírito Santo como força divinizante. Na verdade, é o Espírito Santo que alimenta a união orgânica que nos une a Cristo, como a cepa da videira está unida aos seus ramos (Jo 15, 1-7).
São Paulo diz esta mesma verdade mas com outro exemplo: nós somos os membros de um corpo cuja cabeça é Jesus Cristo (1 Cor 10, 17; 12, 27).
Eis o que a Primeira Carta aos Coríntios diz a este propósito: “De facto, fomos baptizados num só Espírito, a fim de formarmos um só corpo.
Tanto os escravos como os homens livres, todos bebem de um só Espírito” (1 Cor 12, 13). São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Como ternura maternal de Deus e princípio animador de relações, o Espírito Santo confere dinamismo amoroso à nossa relação familiar com Deus.
Graças a esta acção dinâmica do Espírito Santo, somos acolhidos por Deus Pai como filhos e por Deus Filho como irmãos, como diz a Carta Aos Romanos:
“De facto, todos os que são conduzidos pelo Espírito Santo são filho de Deus. Vós não recebestes um espírito que vos escravize.
Pelo contrário, recebestes o Espírito Santo que faz de vós filhos adoptivos. O próprio Espírito Santo dá testemunho no mais íntimo do nosso espírito de que somos realmente filhos de Deus.
Ora, se somos filhos de Deus, somos também herdeiros: herdeiros de Deus Pai e co-herdeiros com Cristo” (Rm 8, 14.17).
Só um amor infinito e incondicional era capaz de sonhar um projecto com tanta ternura e beleza em favor da Humanidade!
Calmeiro Matias
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