16 maio, 2009

O BEM, O MAL E A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO-II

II-A TAREFA DA HUMANIZAÇÃO

A pessoa é um ser faminto de sentidos. Sem sentidos para viver, a pessoa entra em crise e pode chegar ao suicídio.

A pessoa humana sabe que é um ser em construção e portanto tem necessidade de fazer projectos para se realizar e ser feliz.

O animal gosta de brincar, sobretudo enquanto é jovem. Mas não é capaz de celebrar a vida nem sonhar com um futuro diferente.

O animal nunca se faz perguntas. A pessoa humana, pelo contrário, sente uma fome enorme de criar sentidos para viver.

O ser humano tem consciência da própria morte e, apesar disso, não entra em greve perante a vida.

O animal não tem consciência da sua morte e, por isso, não se sente estimulado a criar sentidos para a vida.

A pessoa humana é capaz de chegar à conclusão de que o amor é a grande razão que vale para viver e também para morrer.

De facto, ninguém diz que uma pessoa que morreu para salvar a vida de outra se suicidou. Pelo contrário, nós entendemos que essa pessoa levou o amor até à sua densidade máxima.

O ser humano é capaz de se elevar acima da satisfação imediata das necessidades, tornando-se criador.

Como ser criador, a pessoa humana é capaz de fazer surgir o novo, dando origem às ciências, às técnicas, às artes ou aos gestos maravilhosos de amor.

Por não estar dominado pelo mundo dos instintos, o ser humano tem o livre arbítrio, capacidade psíquica que lhe permite optar pelo bem ou pelo mal.

O livre arbítrio não é ainda a liberdade, mas a possibilidade de ser livre. A liberdade é a capacidade de a pessoa se relacionar em dinâmica de amor com os outros e interagir de modo criador com as coisas e os acontecimentos.

O ser humano não ficou enredado no círculo das respostas instintivas aos diversos estímulos.

Por isso transcende o nível da simples satisfação das necessidades biológicas, dando o magnífico salto de qualidade, tornando-se um ser criador de cultura.

Mas os seres humanos também são capazes de potenciar enormemente as possibilidades de fazer acontecer a morte e a destruição.

Somos capazes de fazer guerras monstruosas e criar instrumentos diabólicos para matar.
Somos capazes de oprimir e explorar os outros para amontoar riquezas tantas vezes
desnecessárias.

Somos capazes de raptar e matar crianças, conceber instrumentos para torturar e destruir a natureza.

Mas também somos capazes de criar música, poesia e antecipar um ambiente com uma calda maravilhosa de gestos de ternura e amor.

Na verdade, o ser humano é tão capaz de pilhar e destruir pessoas inocentes, como idealizar e criar planos de solidariedade.

É um ser faminto de verdade. A verdade é a compreensão e enunciação adequada da realidade de Deus, do Homem, da História e do Universo.

É capaz de pôr em realização os grandes planos de Verdade aos quais o Espírito Santo nos quer conduzir:

“Quando ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa” (Jo 16, 13).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

Sem comentários: