Podemos dizer que a evolução animal foi o modo como Deus foi amassando o barro primordial do qual viria sair Adão.
Depois de o barro ter adquirido a complexidade adequada para o salto da hominização, Deus debruçou-se para lhe dar um beijo e o Hálito da Vida passou de Deus para o Homem.
Nesse momento começa a dinâmica histórica da humanização. Foi assim que o ser humano passou para a condição de pessoa em construção.
Deste modo, o barro do qual saiu Adão tornou-se barro com coração. O hálito da vida que iniciou o movimento histórico da humanização no coração do Homem é o Espírito Santo.
Uma vez no nosso coração, o Espírito Santo optimiza as relações humanas possibilitando que estas se convertam em relações de amor e comunhão.
Esta comunicação primordial do Espírito Santo é o impulso que põe em marcha o processo do Homem em construção.
Graças ao processo histórico da humanização, o nosso ser interior começa a emergir dentro do nosso ser exterior como o pintainho emerge dentro do ovo.
Haverá um dia em que a casca do ovo rebenta e a pessoa entra definitivamente na plenitude da Família de Deus.
O crescimento espiritual do ser humano acontece como densidade espiritual e capacidade de interagir de mo amoroso com os outros.
Como o grande arquitecto do projecto humano, o Espírito Santo é, no nosso interior, o modelador que nos vai configurando com Cristo, tornando-nos perfeita imagem de Deus.
Imaginando a História da Criação e da Salvação como se de um dia se tratasse, diríamos que, ao nascer da aurora, Deus amassou o barrou e comunicou-lhe a força personalizante do Espírito Santo.
Ao meio-dia, enxertou o divino no humano através do mistério da Encarnação. Neste momento, Cristo inaugurou a plenitude dos tempos, isto é, a fase da divinização do Homem, mediante a sua incorporação na Família de Deus (Gal 4, 4-7).
De facto, a fome de felicidade e plenitude que levamos connosco é o sinal de que a nossa meta é, realmente, a incorporação na Família de Deus.
Calmeiro Matias
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