Assim como ninguém se realiza sozinho, também ninguém se salva sozinho. A salvação acontece no entretecido orgânico da Comunhão do Reino de Deus.
São Paulo diz que o Reino de Deus não é uma questão de comida ou bebida, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo Rm 14, 17).
Isto quer dizer que estar no Céu é participar na plenitude do amor. A Primeira Carta de São João diz que Deus é amor e que só podemos conhecer Deus mediante a nossa capacidade de amar (1 Jo 4, 7-8; 16).
O Céu, portanto, é um estado da pessoa, não um lugar. Tomar parte na Vida Eterna, portanto, significa participar na intimidade familiar da Santíssima Trindade e comungar com os irmãos.
Somos seres a emergir na Históricos e a convergir para Deus. Esta meta nós a atingimos, não de modo individual, mas na medida em que formamos uma união orgânica com Jesus, como ele diz no evangelho de São João:
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, do mesmo modo quem me comer viverá por mim” (Jo 6, 56-57).
A Carne e o sangue de Cristo ressuscitado é o Espírito Santo, a Água viva que faz emergir uma nascente de Água viva no nosso íntimo (Jo 7, 37-39).
O Espírito Santo é o sangue de Cristo ressuscitado. É ele que vivifica a interacção humano-divina que existe entre Jesus de Nazaré e o Filho Eterno de Deus.
Por outras palavras, a interioridade espiritual humana de Jesus e a interioridade divina do Filho Eterno de Deus estão organicamente unidas e são dinamizadas pelo Espírito Santo:
“Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, do mesmo modo quem me comer viverá por mim” (Jo 6,57).
É esta a dinâmica do Espírito Santo no mistério da Encarnação da qual a Eucaristia é sacramento.
Eis as palavras de Jesus a este propósito:
“Isto escandaliza-vos? E se virdes o Filho do Homem subir para onde estava antes? A carne não presta para nada. As palavras que vos disse são Espírito e Vida” (Jo 6, 62-63).
Jesus diz que ele e o Pai fazem uma união orgânica (Jo 10, 30). Do mesmo modo Jesus, o Filho de Maria, e o Filho Eterno de Deus fazem um no Espírito Santo.
Podemos dizer que o alicerce da nossa divinização é sólido e inabalável, pois o homem Jesus nunca deixará de estar ligado de modo orgânico à Santíssima Trindade.
São Paulo compreende muito bem este mistério quando afirma que os seres humanos que são movidos pelo Espírito Santo são filhos e herdeiros de Deus Pai, bem como irmãos e co-herdeiros do Filho de Deus (Rm 8, 14-16).
O mesmo São Paulo diz que Deus nos modelou em harmonia com Cristo, a fim de ele ser o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).
O evangelho de São João diz que a união orgânica que nos liga a Jesus é semelhante à união que existe entre a cepa da videira e os seus ramos (Jo 15, 1-7).
Nós só podemos ser ramos vivos e fecundos se estivermos unidos a Cristo ressuscitado que é a cepa da videira da qual recebemos a seiva da vida, isto é, o Espírito Santo (Jo 15, 4-5).
No momento em que Jesus ressuscita, os que o precederam na história entram na plenitude da ressurreição.
Isto não quer dizer que tenham mudado de lugar, mas sim que mudaram de densidade espiritual ficando seres humanos divinizados.
Este salto de qualidade não acontece de modo isolado, mas sim a todas as pessoas que formam a comunhão orgânica com Cristo.
São Paulo afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).
Graças ao mistério da Encarnação, a Humanidade está entretecida de modo orgânico com Cristo e, através dele, com a Santíssima Trindade.
Com a ressurreição de Cristo, a Humanidade deu um salto de qualidade, pois os seres humanos passaram de não divinos à condição de pessoas divinizadas.
Calmeiro Matias
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