A acção da Palavra e do Espírito Santo no nosso coração optimizam a nossa capacidade de amar, capacitando-nos para amar ao jeito de Deus.
A tradição cristã chama caridade ao amor humano optimizado pela acção do Espírito Santo no coração dos crentes.
A espiritualidade cristã fala da vida teologal como a dinâmica de fé, da esperança e do amor com uma densidade nova devido à acção do Espírito Santo no coração dos crentes.
Vista nesta perspectiva, a caridade é o amor teologal ou o amor ao jeito de Deus. Por outras palavras, o amor teologal é a optimização do amor humano operada pelo Espírito Santo e levada a cabo pelo Espírito Santo que é o amor de Deus derramado nos nossos corações, como diz São Paulo (Rm 5, 5).
Podemos dizer que a pessoa humana que age com caridade, está a amar ao jeito de Deus. Isto significa que sem deixar de ser amor humano, a caridade é o amor com uma densidade nova, graças à acção do Espírito Santo em nós.
Eis o modo como a Carta aos Efésios entende esta dinâmica: “Progredi na caridade segundo o exemplo de Cristo que nos amou e se entregou por nós a Deus como sacrifício de agradável odor” (Ef 5, 2).
O amor ao jeito de Cristo configura-nos com ele. Por outro lado, quanto mais configurados com Cristo mais unidos organicamente a ele e, através dele, mais incorporados na Família de Deus.
É esta a dinâmica da salvação. Por outras palavras, somos salvos na medida em que formamos um todo orgânico com Cristo.
O evangelho de São João diz que apenas participamos da vida de Cristo na medida em que estamos unidos organicamente a ele, tal como os ramos da videira estão unidos à cepa (Jo 15, 1-8).
São Paulo compara a nossa união com Cristo com a união que existe entre a cabeça e os membros do corpo humano (1 Cor 10, 17; 12,27; 12,12).
A Carta aos Gálatas descreve-nos o modo como São Paulo entendia esta união a Cristo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim.
A vida que vivo agora na carne, vivo-a na fé, sabendo que o Filho de Deus me amou e se entregou por mim” (Gal 2, 20).
Calmeiro Matias
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