II-JESUS REVELA-NOS O AMOR DO PAI
Logo no princípio da Criação, Deus deixou claro que a divindade é masculinidade e feminilidade.
Por outras palavras, o masculino, por si só, não exprime de modo pleno e perfeito a realidade de Deus.
O mesmo relato da Criação também deixa a porta aberta para a revelação de Deus como Trindade, pois coloca na boca de Deus o plural e não o singular:
“Façamos o ser humano à nossa imagem e à nossa semelhança” (Gn 1, 26). É verdade que o livro do Génesis não afirma que Deus é uma comunidade de pessoas divinas, mas deixa o caminho aberto para avançar por aí.
Do mesmo modo, quando Deus diz ao rei David que lhe vai dar um filho o qual será ao mesmo tempo filho de Deus, não está ainda a revelar o mistério do Filho eterno de Deus (cf. 2 Sam 7, 12-16).
No entanto, esta profecia dirigida a David deixou a porta aberta para acontecer a revelação da preexistência do Filho Eterno de Deus.
Por outras palavras, a revelação feita a David atinge o seu sentido pleno no Novo Testamento.
Eis o que diz o evangelho de São João: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus.
O Verbo estava com Deus e tudo começou a existir por meio dele e sem ele nada veio à existência” (Jo 1, 1-3).
Este salto de qualidade na dinâmica da revelação revelou outra verdade fundamental: Deus é comunhão de pessoas.
A Divindade é uma união orgânica e dinâmica de pessoas que se relacionam de modo familiar.
O evangelho de São João exprime esta união orgânica de modo admirável quando diz que o Pai e o Filho fazem um (Jo 10, 30).
Noutra passagem, Jesus diz a Filipe que quem vê o Filho está a ver o Pai, pois o modo de agir e amar do Filho está em sintonia perfeita com o modo de agir e amar do Pai:
“Disse-lhe Filipe: “Senhor mostra-nos o Pai e isso nos basta!” Jesus respondeu-lhe: “Há tanto tempo que estou convosco, Filipe, e não me conheceis? Quem me vê, vê o Pai!
Como é que tu ainda me dizes, mostra-nos o Pai? Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim?” (Jo 14, 8-10).
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