02 julho, 2008

VIDA ESPIRITUAL E NOVA HUMANIDADE-III

III-A FORÇA CRIADORA DA PALAVRA DE DEUS

Uma vida demasiado agitada e ruidosa sufoca a voz do Espírito Santo, impedindo-o de fazer ouvir no nosso íntimo a Palavra de Deus e as suas propostas de crescimento espiritual.

O contrário de uma coração espiritualmente amadurecido é o coração vazio e superficial.
A meditação põe-nos em sintonia com a voz do Espírito Santo.

É esta a razão pela qual a meditação e a oração são tão fecundas. São Paulo diz que a Palavra de Deus gera em nós a Sabedoria que vem do Alto, a qual se opõe à sabedoria do mundo, isto é, aos critérios mundanos que se opõem à humanização do Homem.

Eis as suas palavras: “A minha palavra e a minha pregação não têm os argumentos persuasivos próprios da sabedoria humana.

Pelo contrário, é uma demonstração do poder do Espírito Santo, a fim de a vossa fé não se apoiar na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.

No entanto, foi de sabedoria que falámos no vosso meio. Falámos de uma sabedoria que não é deste mundo, nem dos senhores deste mundo, os quais caminham para o fracasso da morte.

Nós ensinamos a sabedoria de Deus, a qual inclui um mistério oculto que Deus, desde tempos antigos, predestinou para nossa alegria e felicidade.

Os senhores deste mundo não conheceram esta sabedoria (…), mas foi-nos revelada a nós por meio do Espírito Santo.

O Espírito Santo penetra até às profundidades do mistério de Deus. Como sabemos, só o espírito de uma pessoa sabe o que vai no íntimo dessa pessoa.

Do mesmo modo, só o Espírito Santo, por ser o Espírito de Deus, é o único que sabe o que vai no interior de Deus.

Na verdade, nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito de Deus, a fim de podermos conhecer o mistério gratuito da sua salvação.

Nós não falamos deste mistério com a linguagem e a sabedoria mundana, mas segundo a inspiração do Espírito Santo (…).

O homem velho, como é terreno, não aceita as palavras que vêm do Espírito de Deus, pois estas palavras parecem-lhe uma loucura (…). Mas nós temos o pensamento de Cristo” (1 Cor 2, 4-16).

Este texto é um testemunho magnífico do pensamento de São Paulo sobre a originalidade cristã no mundo e a força transformadora da maturidade cristã.

A Palavra de Deus ensina-nos a arte de moldarmos a vida com o jeito do amor. Na verdade, o amor é uma razão que vale tanto para viver como para morrer.

Podemos dizer com toda a verdade que a sem amor não é plenamente humana, pois o amor é a força da humanização.

Não é por acaso que a bíblia nos diz que Deus é Amor (1 Jo 4, 7). O amor é uma dinâmica que tem como origem as pessoas e como meta a comunhão.

Para ser humana, a vida precisa de ser inventada, programada e executada. O amor torna a vida fecunda, pois é capaz de fazer de cada dia um acontecimento criador e gerador de vida nova.

Um ser humano que passe pela história sem assumir a vida, construindo-a de acordo com os apelos do amor não se realiza como pessoa.

Podemos dizer que apenas soube viver e morrer com dignidade a pessoa que gastou a vida amando os outros.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

Sem comentários: