05 julho, 2008

A NOSSA IDENTIDADE NO REINO DE DEUS-III

III-UNIDOS ORGANICAMNETE A CRISTO

Como acabámos de ver, só na comunhão nos podemos sentir realizados e felizes. A solidão asfixia a pessoa, bloqueando todas as suas possibilidades de felicidade.

Por outras palavras, fora da comunhão, a pessoa não se possui nem conhece plenamente. O ser humano está talhado para a relação. Somos imagem de Deus que é uma comunhão de três pessoas.

Eis a razão pela qual a pessoa só se possui plenamente dando-se. O sangue que alimenta a vida e a nossa união dos membros do Corpo com a sua cabeça é o Espírito Santo.

O Espírito Santo é, na verdade, o sangue da Nova Aliança. Ele é a seiva que vem da cepa, fortalecendo e tornando fecundos os ramos da videira que somos nós.

Como diz o evangelho de João, o Espírito Santo é a Água Viva que faz jorrar rios de Vida Eterna no nosso coração (Jo 4, 14; 7, 37-39).

A comunhão do Corpo e Sangue de Cristo, na Eucaristia, tem a ver com o Espírito Santo.
Na verdade, diz o evangelho de São João, não se trata de uma realidade biológica (células ou hemoglobina), mas sim do Espírito Santo.

Eis as palavras do evangelho de São João: “O Espírito é que dá vida. A carne não serve para nada. As palavras que vos disse são Espírito e Vida” (Jo 6, 63).

A carne e o sangue, diz São Paulo, não podem participar no Reino de Deus (1 Cor 15, 51). A nossa realidade interior é espiritual. Mas é histórica, pois emerge de modo gradual e progressivo no nosso interior.

Na base da nossa realização pessoal está uma cadeia enorme de decisões, opções, escolhas, atitudes e realizações orientadas no sentido do amor.

É esta rede de realizações que forma a nossa identidade pessoal, isto é, o nosso jeito de amar e nos relacionarmos com os outros.

É verdade que ninguém se pode realizar sozinho. Mas é igualmente verdade que ninguém nos pode substituir na tarefa da nossa realização pessoal.

Somo realmente seres em construção, tarefa na qual ninguém nos pode substituir. Mas ninguém se pode realizar sozinho, pois o ser humano só pode realizar-se em relações de amor.

Eis a razão pela qual, a pessoa, à medida em que se realiza, se constitui como ser unido e interligado aos demais.

É esta a raiz da união orgânica e dinâmica que liga as pessoas humana umas com as outras. Tal como a Humanidade, também a Divindade é uma união orgânica e dinâmica de três pessoas.

É verdade que os outros são mediações para nos realizarmos, mas não podem programar nem executar a nossa realização.

Nem Deus nos substitui nesta tarefa da nossa realização pessoal, a fim de podermos ser livres, conscientes, responsáveis e termos património pessoal a comungar com os outros.

Deus está sempre connosco, mas não está nunca em nosso lugar. Os outros seres humanos podem favorecer ou condicionar a nossa realização pessoal, mas a última palavra é sempre nossa.
É aqui que radica o fundamento da nossa dignidade pessoal e também a responsabilidade da nossa realização.

Podemos dizer que a nossa realização pessoal é o conteúdo da nossa identidade histórica. Agora já podemos compreender como a nossa realização pessoal é o conteúdo da nossa identidade histórica.

À medida em que se realiza, a pessoa está a edificar-se como um ser livre, consciente, responsável, único, original, irrepetível e capaz de comunhão amorosa.

Resumindo o que acabámos de afirmar podemos dizer que seremos eternamente a pessoa que realizarmos agora na história.

Seremos eternamente aquilo que realizarmos agora na história. Através de Cristo, Deus diviniza o que somos como realização humana.

Mas a humanização é tarefa nossa. Isto quer dizer que será eternamente mais divino quem mais se humanizar na história.

Deus criou-nos inacabados e deu-nos a missão histórica de nos criarmos completando, deste modo, a sua obra.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias



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