27 junho, 2009

O ROSTO DE DEUS PAI NA BÍBLIA-II

II-A TERNURA DE DEUS PAI NO NOVO TESTAMENTO

O Novo Testamento é uma proclamação de Jesus Cristo como o Messias. Ele é o filho prometido a David para o qual Deus seria um Pai (2 Sam 7, 14-16).

O Anjo da Anunciação diz a Maria que ele é o Filho do Altíssimo porque vai herdar o trono de seu pai David (Lc 1, 32-33).

São Paulo diz que Jesus é o filho de David segundo a carne, constituído filho de Deus em todo o seu poder, pelo Espírito Santo, no momento da sua morte e ressurreição (Rm 1, 3-5).

Os evangelhos vão interpretar o baptismo de Jesus como o momento em que ele foi ungido e consagrado pelo Espírito Santo como Messias.

Ao sair da água na qual foi baptizado, Deus Pai proclama Jesus como o seu Filho muito amado (Mt 3, 13-17; Lc 3, 21-22; Mc 1, 9-11).

No início do século segundo, o evangelho de São João reconhece Cristo como o Filho Eterno de Deus Pai.

Deste modo, o Espírito Santo configurou o rosto trinitário de Deus, pois o Filho vive desde toda a eternidade com o Pai e o Espírito Santo.

Cristo é o Filho unigénito do Pai cheio de graça e verdade (Jo 1, 1). Ele é o Filho Eterno de Deus que dá aos que o acolhem o poder de se tornarem filhos de Deus, não pela vontade da carne ou do Homem, mas por vontade de Deus.

Para isso o Verbo encarnou (Jo 1, 12-14). Eis a razão pela qual temos de nascer de novo (Jo 3, 3-6).

Todos os que são movidos pelo Espírito de Deus, diz São Paulo, são filhos de Deus (Rm 8, 14).
Nós não recebemos um espírito de escravidão mas um Espírito de adopção graças ao qual chamamos “Abba”, Papá (Rm 8, 15; Gal 4, 5).

Como Filho Eterno, Cristo é o Unigénito de Deus, cheio de graça e verdade (Jo 1, 1). Como homem é o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29; Col 1, 15).

No evangelho de São João, Jesus diz que nós somos filhos com Ele. Eis as suas palavras: “Subo para junto de Meu Pai e vosso Pai, para junto de Meu Deus e vosso Deus” (Jo 20, 17).

O Filho encarnou, a fim de dar aos homens o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1, 12-14).
Mas para isso temos de nascer de novo pelo Espírito Santo, pois o que nasceu da carne é carne.

Na verdade, só o que nasce do Espírito pertence à esfera do espírito (Jo 3, 6). São Paulo vai nesta mesma linha quando afirma que é através do Espírito que fomos constituídos filhos de Deus (Rm 8, 14; 8, 23; Gal 4, 5).

Jesus dirige-se sempre a Deus chamando-o de Pai (Abba). O Espírito Santo também nos ensina a chamar Deus deste modo (Gal 4, 6).

Ao ensinar aos discípulos o Pai Nosso, Jesus está a convidá-los a falar com Deus Pai, stabelecendo uma relação de filhos com o Pai dos Céus (Mt 6, 9).

Devemos agir em conformidade com a nossa condição de filhos de Deus, tornando-nos irmãos daqueles que não o são pelas vias da carne ou do sangue.

Se Deus é nosso Pai, então nós devemos eleger os outros seres humanos como irmãos, a fim de sermos perfeitos como o nosso Pai do Céu (Mt 5, 43-48).

O Amor de Deus Pai é difusivo, isto é, circula por todos e nunca se detém nem se deixa amarrar.
Por outras palavras, seremos tanto mais filhos de Deus quanto mais formos irmãos dos outros.
São Paulo diz que a criação inteira aguarda a revelação dos filhos de Deus.

Com a ressurreição de Jesus Cristo, os tempos chegaram à sua plenitude. Isto quer dizer que já está em marcha o parto que dá lugar ao nascimento dos filhos de Deus.
Deus realizou em nosso favor tudo o que estava prometido. Já somos filhos seus, diz o Livro dos Actos dos Apóstolos (Act 13, 33).

Chegou o tempo da nossa libertação, pois Deus é nosso Pai. Devemos viver na liberdade dos filhos de Deus e não na escravidão dos que se deixam dominar pelo legalismo e o ritualismo (Rm 8, 21).

Devemos ser fiéis à vontade do Pai como foi Jesus. Ele sabia perfeitamente que a vontade do Pai coincide rigorosamente com o que é melhor para nós.

Eis as suas palavras: “Nem todo aquele que me diz: “Senhor, Senhor” entrará no reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus” (Mt 7, 21).

De tal modo Jesus se identifica com a vontade do seu Pai do Céu que faz depender deste facto a edificação da Família de Deus:

“Todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3, 35; Mt 12, 50).

Com efeito, os que fazem a vontade do pai são realmente filhos de Deus. Na verdade, a paternidade de Deus é decisiva, pois é a única que durará por toda a eternidade.

É este o sentido da seguinte afirmação de Jesus: “Na terra a ninguém chameis pai, pois um só é o vosso Pai, aquele que está na Céu” (Mt 23, 9).

Os evangelhos dizem-nos que Jesus se dirigia a Deus Pai falando com ele como um Filho fala com seu Pai.

São João diz que em Jesus Cristo habitava a plenitude do Espírito Santo (Jo 3, 34). Isto quer dizer que Jesus possui a plenitude da filiação divina.

Eis a razão pela qual Jesus podia dizer com toda a verdade: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir ao Pai senão por mim” (Jo 14, 6).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias























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