02 junho, 2009

É DANDO QUE SE RECEBE-III

III-É DANDO QUE SE RECEBE

Quando nos relacionamos com os outros temos, em princípio, a possibilidade de ser dom. Eis alguns gestos significativos que nos ajudam a ser dom quando comunicamos com os outros:

A amizade: A amizade acontece quando duas ou mais pessoas se encontram e decidem ser dom umas para as outras.

Os amigos são dons recebidos e dons oferecidos. Quando as pessoas aceitam ser dom acontece a comunhão, dinâmica que conduz o amor à plenitude.

A amizade é um dos maiores remédios para combater a doença da solidão. Com efeito, o amor dos amigos faz que gostemos mais de nós.

É preciso ser humilde para merecer ter amigos. As pessoas que estão sempre a pretender ser mais que os outros ou estar acima deles nunca chegarão a ter verdadeiros amigos.

Os verdadeiros amigos querem o melhor para os seus amigos. Os amigos autênticos são capazes de os elogiar os seus amigos, mas também são capazes de lhes dizer verdades que não são agradáveis, a fim de os ajudar a crescer como pessoas.

No entanto, os amigos verdadeiros aceitam os seus amigos assim como eles são. Atenção aos outros: Vivemos num mundo cheio de solidão.

Dar atenção a uma pessoa é como dar de comer a uma criança que não se pode alimentar por si.
Na verdade, uma pessoa não é capaz de sair sozinha da solidão.

Os outros são uma mediação indispensável para a cura deste sofrimento. A maneira de concretizar este amor libertador é dar atenção à pessoa do outro, escutando-a, compreendendo-a, aceitando-a como é sem fazer juízos de valor.

Amabilidade: é uma das formas mais simpáticas de viver o amor. Um gesto amável ou uma palavra amiga ajuda o outro a sentir-se aceite e valorizado.

Mostrar simpatia por uma pessoa é aumentar as suas possibilidades de integração e realização social.

Com efeito, a pessoa não é capaz de gostar de si antes de alguém ter gostado dela. Construímo-nos em relações com os outros e encontramos a nossa plenitude na comunhão com eles.

Perdão: É uma atitude fundamental para poderem acontecer relações humanizantes. O perdão beneficia a pessoa perdoada, mas sobretudo a pessoa que perdoa.

Com efeito, enquanto não perdoamos às pessoas, estas dominam-nos. As pessoas contra as quais sentimos rancor gravitam no nosso íntimo, impedindo-nos de viver em paz e sossego.

É no momento em que perdoamos ao outro que ele deixa de ser em nós uma presença obsessiva.
Quando decidimos perdoar a uma pessoa sentimo-nos livres e essa pessoa sente-se desculpabilizada.

Compreensão: Compreender não é tentar anular as diferenças entre as pessoas, pois cada pessoa é única, original e irrepetível.

Compreender é procurar entender o que o outro está a tentar dizer-nos. Aceitação: Ninguém é indiferente às atitudes dos outros para consigo.

Damo-nos muito bem conta de quando os demais nos estão a dar a mão ou nos estão a marginalizar e rejeitar.

Uma criança é capacitada para fazer melhor quando se sente valorizada e apreciada. Por outras palavras, a pessoa compreende muito bem quando está a ser bem acolhida ou, pelo contrário, está a ser indesejada.

Isto quer dizer que a pessoa só se possui plenamente na reciprocidade amorosa. Perdoar não é uma atitude de cobardia. Pelo contrário, o perdão é um gesto de pessoas corajosas.

Deus foi o primeiro a tomar a iniciativa de nos perdoar totalmente em Jesus Cristo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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