08 janeiro, 2009

O PERDÃO DE DEUS COMO DOM GRATUITO-III

III-O POVO COMO UNIÃO ORGÂNICA

O povo forma uma união orgânica. O pecador traz sofrimento para o justo e a justiça do justo traz libertação para o povo.

Encontramos outra situação semelhante no Livro do Génesis, sobre a destruição de Sodoma:
Se em Sodoma houvesse dez justos, a cidade não teria sido destruída, pois Deus é incapaz de maltratar os justos.

Em Sodoma só lá havia um justo: Lot, o sobrinho de Abraão. Deus salvou-o a ele e à sua família, acabando por destruir a cidade.

Este diálogo entre Deus e Abraão sobre Sodoma significa que os pecadores são poupados por Deus, caso haja justos no meio no meio do Povo (Gn 18, 23-32).

Segundo o Salmo Vinte e Um, Deus glorifica sempre o justo, mesmo quando este é maltratado pelos pecadores.

Esta perspectiva está muito longe da visão da Idade Média, segundo a qual Deus Pai decretou a morte do seu Filho, a fim de ter uma vítima de valor infinito, a única suficiente para aplacar a ira de Deus.

Santo Anselmo vê nos sofrimentos de Jesus Cristo o sacrifício expiatório da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade que, por ser uma pessoa divina, tem valor infinito.

O sacrifício desta pessoa, portanto, teria um valor suficiente para satisfazer a justiça infinita de Deus.

Ao falar da paixão e morte de Jesus o evangelho de São João não fala da vítima expiatória, mas sim da fidelidade total de Jesus à missão que Deus lhe confiou:

Ao aceitar esta morte, Jesus está a levar o seu amor a Deus e ao Homem à sua perfeição máxima que é dar a vida pela pessoa que se ama.

Eis as palavras de Jesus no evangelho de São João: “É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei.

Na verdade, ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).

O Espírito Santo criou uma sintonia perfeita entre o amor pleno do Filho Eterno a seu Pai e a fidelidade de Jesus à missão messiânica que Deus lhe confiou.

A morte violenta sofrida por Jesus não foi um acto expiatório com o fim de o Homem ser absolvido do pecado.

O que agradou a Deus foi a fidelidade plena de Jesus que não deixou de seguir em frente face ao perigo que se fazia adivinhar.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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