29 setembro, 2008

DEUS E A REVELAÇÃO DA NOVA ALIANÇA-III


III-NOVA ALAIANÇA E REVELAÇÃO DE DEUS

A Nova Aliança não é uma simples continuidade em relação à Antiga, tal como Cristo não está apenas numa linha de continuidade em relação a Moisés.

Por outras palavras, a Nova Aliança representa um salto de qualidade em relação à Antiga. Na verdade, a libertação e a divinização do Homem realizada pela Encarnação, não está numa simples continuidade em relação à libertação da escravidão do Egipto.

Entre estes dois acontecimentos existe, pois, uma diferença qualitativa. A libertação realizada pela Nova aliança tem o alcance de uma salvação definitiva cuja meta consiste na assunção e incorporação da humanidade na Família Divina.

Pela Encarnação, diz o evangelho de São João foi-nos dado o poder de nos tornarmos filhos de Deus (Jo 1, 12-14).

A Carta aos Efésios diz tratar-se de um plano sonhado por Deus desde toda a eternidade e que se concretizou na História através de Jesus Cristo (Ef 3, 11).

De facto, continua a Carta aos Efésios, Deus planeou a salvação da Humanidade ainda antes da criação do Mundo (Ef 1, 4).

São Mateus diz que o Reino que havemos de partilhar com Jesus Cristo foi preparado para nós desde a Criação do Mundo (Mt 25, 34).

Este plano de salvação, esteve oculto e inacessível para muitos profetas e reis, mas foi revelado pelo Espírito Santo quando chegou a plenitude dos tempos diz o evangelho de São Lucas:

“Nesse mesmo instante, Jesus estremeceu de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:
“Bendigo-te ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e aos inteligentes e as revelastes aos pequeninos.

Sim, Pai, porque foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho houver por bem revelar-lho”.

Voltando-se depois para os discípulos disse-lhes: “Felizes os olhos que vêem o que estais a ver.
De facto, digo-vos eu, muitos profetas e reis quiseram ver o que vedes e não o viram, ouvir o que ouvis e não o ouviram!” (Lc 10, 21-24).

O projecto da Nova Aliança é anterior ao plano da Antiga, pois esta foi concebida como meio para conduzir até à plenitude da Nova Aliança.

A Carta aos hebreus diz que Deus ao falar de uma Nova Aliança declarou obsoleta a Antiga. Como o que se torna obsoleto está prestes a desaparecer, assim acontece com a Antiga Aliança (Heb 8, 13).

No livro do profeta Ezequiel aparece Deus a prometer ao povo uma Nova aliança: “Lembrar-me-ei da Aliança que fiz contigo, no tempo da tua juventude e estabelecerei contigo uma aliança Eterna (…).

Estabelecerei contigo a minha Aliança e então saberás que eu sou o Senhor, a fim de que te lembres de mim e sintas vergonha e não abras mais a boca no Meio da tua confusão.

Isto acontecerá no dia em que eu te perdoar tudo o que fizestes, oráculo do Senhor” (Ez 16. 60-63).

Segundo o profeta Jeremias, a Nova aliança assenta em novos alicerces: num coração renovado e no dom do Espírito Santo:

“Dias virão em que estabelecerei uma Nova aliança com a casa de Israel e a casa de Judá, oráculo do Senhor.

Não será como a Aliança que estabeleci com seus pais, quando os tomei pela mão para os fazer sair da terá do Egipto, aliança que eles não cumpriram, embora eu fosse o seu Deus, oráculo do Senhor.

Esta será a aliança que estabelecerei depois desses dias com a casa de Israel, oráculo do Senhor: Imprimirei a minha Lei no seu íntimo e gravá-la-ei no seu coração.

Serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jer 31, 31-33). A Nova Aliança, portanto, não é escrita em tábuas de pedra, como a Antiga, mas sim no coração das pessoas.

São Paulo diz aos membros a comunidade de Corinto que eles são uma carta de Cristo, escrita pelo Espírito Santo, pois pertencem à Nova Aliança:

“A nossa carta sois vós, uma carta escrita nos nossos corações, conhecida e lida por todos os homens.

Sois uma carta de Cristo confiada ao nosso ministério, escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo.

Escrita, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne que são os vossos corações (…). É Deus que nos torna aptos para sermos ministros de uma Nova aliança, não da letra, mas do Espírito, pois a letra mata, enquanto o Espírito dá vida” (2 Cor 3, 2-6).

Cristo é o medianeiro da Nova Aliança. Nele, Deus realiza em favor de todos nós o seu plano de salvação pela graça.

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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