14 agosto, 2009

QUANDO O ESPÍRITO SANTO NOS CONDUZ-II


II-ESPÍRITO SANTO E FIDELIDADE

Através do Espírito Santo, Deus é verdadeiramente o Emanuel, isto é, o Deus connosco. São Paulo diz que ele é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

O Espírito foi anunciado no Antigo Testamento como o grande dom dos tempos messiânicos.

O Novo Testamento proclama Jesus como o Messias anunciado, o portador da abundância do Espírito do Espírito.
Após a sua ressurreição, Jesus partilha o dom do Espírito Santo como quem partilha a própria vida ou, se quisermos, a sua carne e o seu sangue:

“E ser virdes o filho do Homem subir para onde estava antes? O Espírito é que dá vida, a carne não serve para nada. As palavras que vos disse são Espírito e Vida” (Jo 6, 62-63).

“No dia de Pentecostes Pedro faz um discurso aos judeus convidando-os a receber o baptismo, a fim de receberem o Espírito Santo:

“Então Pedro disse-lhes: “Arrependei-vos e cada um de vós seja baptizado no nome de Jesus Cristo para a remissão dos pecados.

Então recebereis o dom do Espírito Santo” (Act 2, 38). Após a conversão dos primeiros samaritanos, Pedro e João foram à Samaria e oraram por eles, a im de eles receberem o Espírito Santo.

Com efeito, o Espírito Santo ainda não tinha vindo sobre eles, pois apenas tinham sido baptizados em nome de Jesus.

Então Pedro e João impuseram-lhes as mãos e eles receberam o Espírito Santo” (Act 8, 15-17).

Esta passagem é muito importante, pois afirma claramente que o baptismo no Espírito não é um acto mágico derivado do rito baptismal, mas supõe a dinâmica da palavra e da oração em comunidade.

São Paulo encontrou em Éfeso um grupo de crentes que apenas tinham recebido o baptismo de João Baptista.

Estas pessoas não conheciam o baptismo no Espírito. São Paulo, então, baptizou-os em nome de Jesus e, ao impor-lhes as mãos, estes ficaram cheios do Espírito Santo (Act 19, 1-6)

Tratando-se do baptismo de adultos, o Baptismo no Espírito precede o rito litúrgico do baptismo, como testemunham os Actos dos apóstolos:

“Pedro estava ainda a falar, quando o Espírito desceu sobre quantos ouviam a Palavra. Os fiéis circuncidados ficaram estupefactos ao verificarem que o dom do Espírito Santo fora derramado também sobre os pagãos, pois ouviam-nos falar línguas e glorificar a Deus.

Pedro, então, declarou: “Poderá alguém recusar a água do baptismo aos que já receberam o Espírito Santo como nós?” (Act 10, 44-47).

É este o baptismo no Espírito de que falava João Baptista: “E João dizia: “Vai chegar um depois de mim que é maior do que eu e eu nem sequer sou digno de lhe levar as sandálias. Eu baptizo-vos em água, mas ele vos baptizará com o Espírito Santo” (Mc. 1, 8).

É com a força do Espírito Santo que os discípulos vão testemunhar a ressurreição de Jesus Cristo até aos confins da Terra, como Jesus garante aos discípulos:

“Ides receber a força do Espírito Santo que virá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria, até aos confins da Terra” (Act 1, 8).

A Fé Cristã é um privilégio, pois concede ao ser humano a possibilidade de olhar e compreender a vida e os acontecimentos com a sabedoria da Palavra de Deus.

À medida que o Espírito Santo anima as pessoas, estas começam a realizar maravilhas em favor dos irmãos.

As qualidades das pessoas tornam-se, pois, carismas, isto é, dons para os demais. A dinâmica consagradora do Espírito Santo consiste em optimizar as qualidades das pessoas no sentido de as capacitar para servir.

É este o modo como o Espírito santo transforma as qualidades em carismas. Há pessoas que tiveram grandes qualidades mas que foram grandes assassinos da Humanidade.

Como vemos, não basta ter qualidades, pois estas podem ser postas ao serviço da destruição do Homem.

Não basta comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, isto é, a ciência humana.

É preciso que a ciência seja optimizada pela sabedoria que vem do Espírito Santo, o fruto da Árvore da Vida.

Quando isto acontece, as pessoas começam a olhar e valorizar a Vida, a História e o sentido da Criação com os critérios de Deus.

Por outras palavras, as qualidades humanas são válidas na medida em que se tornam carismas, isto é, dons em favor dos irmãos.

Esta optimização das qualidades é obra do Espírito Santo, o Espírito da Verdade:

“Quando vier o Espírito da Verdade, ele conduzir-vos-á à Verdade Plena” (Jo 16,13). Procedendo assim, o Espírito Santo facilita a nossa realização e felicidade.

Na verdade, a pessoa humana só se realiza mediante o amor aos irmãos. Mas isto só pode acontecer se estivermos unidos a Cristo de modo orgânico, diz Jesus no evangelho de São João:

“Permanecei em mim que eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-6).

São Paulo diz que é pelo facto de formarmos uma união orgânica com Cristo que o Espírito Santo nos torna dom para os irmãos:

“A respeito dos dons do Espírito irmãos, não quero que fiqueis na ignorância (…). Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de serviços mas o Senhor é o mesmo.

Há diversidade de modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito Santo para proveito comum.

A um é dada uma palavra de Sabedoria (dom de aconselhar). A outro o Espírito dá uma palavra de ciência, segundo o mesmo Espírito (…).

Assim como o Corpo é um só e tem muitos membros e todos os membros, apesar de serem muitos, constituem um só corpo. Assim também Cristo.

De facto, fomos baptizados num único espírito, a fim de formarmos um só corpo” (1 Cor 12, 4-13).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias



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