18 agosto, 2009

A FORÇA LIBERTADORA DA ESPERANÇA-III

III-ESPERANÇA CRISTÃ E RAZÕES PARA VIVER

O que distingue um cristão dos outros seres humanos é a vida teologal de fé, esperança e amor ao jeito de Cristo ou caridade.

A densidade teologal da vida cristã consiste no facto de os cristãos alimentarem a sua mente com a Palavra de Deus e deixar-se conduzir pela força do Espírito que habita no seu coração.

A vida cristã exprime-se através das virtudes teologais de fé, esperança e caridade.

Para o cristão amadurecido na fé, a vida está cada vez mais identificada com os critérios de Jesus Cristo.

A esperança dá-nos a certeza de que não estamos abandonados por Deus. Eis o que diz o profeta Jeremias: “Conheço muito bem os planos que fiz para vós, diz o Senhor.

Pensando em vós, eu fiz planos para prosperardes e não para serdes aniquilados, a fim de que tenhais esperança num futuro bom.

Nessa altura chamareis por mim. Far-me-eis a vossa oração e eu escutar-vos-ei” (Jer 29, 11-12).

A esperança cristã é certeza, embora não evidente, pois assenta na Palavra e na fidelidade inabalável de Deus.

Mesmo nos momentos de dificuldade, a esperança dá-nos a certeza de que não estamos sós, pois o nosso Deus é o Emanuel, isto é, o Deus connosco.

Depois de ter pedido a Deus que o libertasse de uma dificuldade, São Paulo ouviu esta resposta do Senhor:

“Basta-te a minha graça, pois o meu poder libertador é perfeito quando se trata de ajudar a fraqueza” (2 Cor 12, 9).

A Carta aos Colossenses dá-nos uma norma eficaz para fortalecermos a esperança quando afirma:

“Colocai a vossa mente nas coisas do alto e não nas terrenas” (Col 3, 2).

O Salmo cento e vinte e seis descreve de modo poético a dinâmica da esperança no coração do homem que luta pela vida. Eis as suas palavras:

“Os que semeiam com lágrimas vão ceifar com cânticos de alegria. Os que saem chorando, ao levar a semente para a sementeira, voltarão com canções de alegria trazendo molhos de espigas consigo” (Sal 126, 5-6).

Eis o conselho da Primeira Carta de São Pedro aos cristãos, a fim de serem testemunhas de esperança no mundo em que vivem:

“Acolhei Cristo nos vossos corações, a fim de estardes preparados para responder aos que vos procuram sobre as razões da vossa Esperança” (1 Pd 3, 15).

É verdade que a certeza da esperança radica na fé, não na evidência. Mas nem por isso deixa de ser uma certeza que se reforça progressivamente.

A esperança dá-nos a certeza de que, apesar dos sofrimentos e dificuldades da vida presente, Deus tem para nós uma meta onde saborearemos a vida em plenitude.

O único limite nesta meta da plenitude será a nossa capacidade de saborear a alegria e a felicidade:

“Bem-aventurados vós os que agora chorais, pois haveis de rir” (Lc 6, 21).

Os pilares da Esperança cristã são a Palavra e o Espírito Santo interagindo no nosso coração.

A Palavra revela-nos o significado do plano de Deus. O Espírito Santo realiza em nós o que a Palavra significa.

Alimentado com a palavra e fortalecido pelo Espírito Santo, o cristão torna-se, deste modo, uma força capaz de transformar o coração das pessoas e a realidade social.

A Carta aos Hebreus diz que Abraão é um modelo de esperança: Com efeito, apesar de a evidência sugerir o contrário, ele confiou em Deus, abrindo o coração à esperança.

Por esta razão ele obteve o que esperava: “E assim, depois de ter esperado pacientemente, Abraão recebeu o conteúdo da promessa” (Heb 6, 15).

A esperança cristã é cristocêntrica. O conteúdo da promessa concretizada é Cristo consiste em participar com Cristo na festa da Família de Deus.

Nessa festa dançaremos o ritmo do amor com o jeito com que tivermos treinado aqui na história.

Apesar de nos capacitar para saborearmos a vida com os horizontes da plenitude no Céu, a esperança não nos distrai dos compromissos históricos.

Pelo contrário, a esperança convida-nos a construir um mundo fraterno edificado sobre o alicerce do amor ao jeito de Cristo.

No evangelho de São Mateus, Jesus convida-nos a ser sal, luz e fermento no meio do mundo (cf. Mt 5, 13-16).

Graças à esperança, os cristãos estão capacitados projectar uma luz nova sobre as dificuldades da vida.

A morte e os sofrimentos não são vistos como tragédias sem saída, diz São Paulo (Rm 8, 18).


Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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