28 abril, 2009

O LUGAR DA ESPERANÇA NA VIDA CRISTÃ-I

I-O FUNDAMENTO DA VIDA CRISTÃ

A vida cristã assenta sobre três pilares: a fé, a esperança e o amor ao jeito de Cristo, isto é, a Caridade.

A esperança tem um papel fundamental na vida cristã. A esperança confere-nos a certeza de conseguirmos algo de bom que será fundamental para a nossa realização e felicidade.

A Esperança antecipa, isto é, torna presente já agora, a certeza de que havemos de possuir os dons prometidos por Deus, os quais dão sentido e conferem horizontes de plenitude ao futuro.

É pela porta da esperança que nós podemos entrar e saborear antecipadamente o futuro que Deus preparou para nós.

É esta a razão pela qual os cristãos celebram já no presente o que serão na plenitude. O alimento da esperança é a Palavra de Deus.

É esta Palavra que nos faz compreender e saborear o que seremos na Comunhão da Família de Deus.

Por outras palavras, a Palavra de Deus revela-nos o que havemos de ser com Deus na festa da salvação.

Por seu lado, o Espírito Santo vai modelando o nosso coração de acordo com as realidades que vislumbramos pela esperança.

Podemos dizer que a Palavra de Deus nos revela o que seremos em Cristo e o Espírito Santo vai-nos configurando com aquilo que a Palavra nos revela.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O LUGAR DA ESPERANÇA NA VIDA CRISTÃ-II

II-A PALAVRA É O ALIMENTO DA ESPERANÇA

A esperança cristã está para a mente como os binóculos estão para os olhos: potenciam e optimizam as capacidades da mente.

Podemos dizer que a esperança nos ajuda a ver o nosso futuro com os olhos da Palavra de Deus e não apenas com os olhos da inteligência humana.

Isto quer dizer que à medida que aprofundamos a Palavra de Deus mais capazes somos de olhar as pessoas e as coisas com os critérios de Deus.

A Esperança dá-nos a certeza de que Deus sonhou um plano de amor onde nós temos um lugar muito especial.

Como Deus é fiel e verdadeiro, nós vamos ficando cada vez mais certos de que ele realizará aquilo que nos foi prometendo pela sua Palavra.

A esperança, portanto, ilumina e desperta no nosso coração o desejo da plenitude que Deus nos promete através da sua Palavra.

Os dons que Deus no promete não se referem apenas aos bens do corpo, mas também aos bens do espírito.

Isto quer dizer que os horizontes da nossa esperança ultrapassam os limites estreitos da vida que acaba no cemitério.

Por outras palavras, a esperança abre os olhos dos crentes para verem, não apenas os bens da Terra, mas também a Vida Eterna que viveremos como na Festa da Família de Deus.

São Paulo diz que tudo o que foi escrito nas Sagradas Escrituras foi escrito para alimentar a nossa esperança (Rm 15, 4).

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Calmeiro Matias

O LUGAR DA ESPERANÇA NA VIDA CRISTÃ-III

III- A ESPERANÇA CRISTÃ GERA SEGURANÇA

A fé, a esperança e a caridade constituem os pilares da vida cristã. São chamadas as virtudes teologais por terem como fundamento a Palavra de Deus.

O cristão distingue-se dos outros seres humanos pela vida teologal. As virtudes teologais interagem entre si e crescem ao mesmo ritmo.

Por outras palavras, O que distingue um cristão dos não cristãos é o facto de o cristão, graças à Palavra de Deus fica capacitado para olhar a realidade e a vida com os critérios de Deus.

A esperança ajuda o cristão a ver os sofrimentos e a morte como acontecimentos têm sentido dentro do plano da salvação.

Tenho a certeza, diz São Paulo, que os sofrimentos do tempo presente nada são em comparação com a alegria e a felicidade que teremos no futuro junto de Deus (Rm 8, 18).

Graças aos horizontes da esperança, os cristãos já celebram no tempo a plenitude da Vida Eterna.

A nossa esperança dá-nos a certeza de que a História da Humanidade faz parte de um plano de amor.

A Palavra de Deus garante-nos que o Homem não está a caminhar para o vazio da morte.
Deus tem um projecto de salvação para a Humanidade.

Eis as palavras do profeta Jeremias a este respeito: “Conheço muito bem os planos que fiz para vós, diz o Senhor.

Fiz planos para crescerdes e terdes sucesso, e não para fracassardes ou serdes destruídos. O meu plano é fazer que tenhais um futuro bom. Tende confiança em mim, diz o Senhor.

Quando eu vos der as coisas boas que penso dar-vos, vós chamareis por mim, far-me-eis a vossa oração e eu escutar-vos-ei” (Jer 29, 11-12).

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Calmeiro Matias

O LUGAR DA ESPERANÇA NA VIDA CRISTÃ-IV

IV-A ESPERANÇA ILUMINA O CAMINHO DA VIDA

A esperança cristã confere aos crentes um sentido de vida que o capacita para ver os outros como membros da Família de Deus.

A esperança é uma certeza assente não na evidência, mas na fé de que a fidelidade de Deus não nos desilude.

Mesmo nos momentos de dificuldade, a esperança dá-nos a certeza de que não estamos sós, pois o nosso Deus é fiel e verdadeiro.

Quando tomamos Deus a sério e confiamos nele sentimo-nos mais tranquilos, pois sabemos que o Senhor faz maravilhas em nosso favor.

Eis o que o Espírito Santo disse a São Paulo, uma vez em que ele estava desanimado por causa da sua fragilidade:

“Basta-te a minha graça, pois o meu poder libertador é perfeito quando se trata de ajudar a fraqueza de alguém” (2 Cor 12, 9).

Durante a última Ceia, Jesus fortalece a confiança dos Apóstolos, pois eles estavam com medo de ficar sós após a partida de Jesus.

Eis as palavras de Jesus: “Agora estais abatidos, mas ver-vos-ei de novo e haveis de vos alegrar e já ninguém poderá tirar-vos a vossa alegria” (Jo 16, 22).

A Carta aos Colossenses dá-nos uma norma sábia para nos tornarmos fortes na esperança:
“Colocai a vossa mente nas coisas do alto e não apenas nas coisas nas terrenas” (Col 3, 2).

Quanto mais a nossa mente e o nosso coração se deixam possuir pela Palavra de Deus, mais o Espírito Santo nos transforma e torna semelhantes a Jesus.

A nossa esperança dá-nos a certeza de que estamos a caminhar para a Deus que é a fonte da plenitude humana.

Eis as palavras do Apocalipse a este propósito: “E vi descer do Céu de junto de Deus, a cidade santa, a Nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para p seu esposo.

Depois ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia: “Esta é a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles e eles serão o seu povo.

Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele mesmo enxugará todas as lágrimas dos seus olhos.

Não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor porque as primeiras coisas passaram.
E o que estava sentado no trono afirmou: eis que eu renovo todas as coisas” (Apc 21, 2- 5).

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Calmeiro Matias

22 abril, 2009

CRISTO COMO REI, PROFETA E SACERDOTE-I

I-O MESSIAS PROFETA NO ANTIGO TESTAMENTO

Com a morte Do rei Salomão, o reino de David dividiu-se em dois: Ao sul, o reino de Judá, ligado à casa de David. Ao norte o reino de Israel, constituído pelas dez tribos separatistas.

Reboão, o sucessor de Salomão, começou por sobrecarregar o povo com impostos muito altos.
Então o povo enviou emissários ter com o rei e pediram-lhe para baixar os impostos altíssimos com que Salomão tinha sobrecarregado o povo.

Eis como o livro dos reis descreve o conflito que levou à divisão do reino de David: “Todo o Israel (as dez tribos separatistas) ao ver que o rei não o quis atender, replicou: “Que temos nós a ver com a casa de David?

Que herança temos nós em comum com o filho de Jessé! Depois acrescentaram: Governa a tua casa David!” E Israel voltou para as suas tendas.

Mas o rei Reboão continuou a reinar sobre os filhos de Israel que pertenciam à tribo de Judá” (1 Rs 12, 16-17).

Deste modo, o rei do reino do Norte não era da casa de David e, portanto, não estava ligado à promessa messiânica.

Os escribas do reino do norte redigem um livro, assinando-o com o nome de Moisés, a fim de conferirem mais credibilidade às suas palavras.

O livro ficou conhecido com o nome de Deuteronómio, isto é, Nova Lei. No fundo é um resumo das normas e leis já existentes nos livros anteriores da chamada Lei de Moisés.

A esperança messiânica no livro do Deuteronómio não é associada à casa de David, pois os reis do norte não eram descendentes de David.

O futuro Messias, diz Moisés no Livro do Deuteronómio, será um profeta à maneira de Moisés.

Temos assim uma esperança messiânica associada à casa de David no reino de Judá e outra associada ao profetismo no Reino do Norte.

Com o desaparecimento da monarquia, a teologia sacerdotal começa a acentuar cada vez mais a vinda de um Messias da linhagem sacerdotal.

Alguns profetas começam a falar de dois Messias: um da casa de David e outro da linhagem sacerdotal (Zac 3, 8; 6, 11-12; Jer 33, 17-22).

Com a divulgação do livro do Deuteronómio, começa-se a falar de um Messias profeta, como Moisés diz no Livro do Deuteronómio:

Disse Moisés: “As gentes das terras que vos vou dar acreditam em agoireiros e adivinhos, mas a ti, o Senhor Deus não o permite.

O Senhor teu Deus suscitará no meio de vós, dentre os vossos irmãos, um profeta como eu. Deves escutá-lo.

No Monte Horeb dissestes: “Não queremos mais ouvir o Senhor no meio de relâmpagos e trovões, nem voltar a ver o fogo, a fim de não morrermos.”

O Senhor disse-me então: Está certo o que eles dizem. Suscitar-lhes-ei um profeta como tu, dentre os seus irmãos.

Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que eu lhe ordenar. Os que não derem crédito às palavras que este profeta vai pronunciar em meu nome, receberão o seu castigo” (Dt 18, 14-19).

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Calmeiro Matias

CRISTO COMO REI, PROFETA E SACERDOTE-II

II-JESUS ACEITA O TÍTULO DE PROFETA

A tradição cristã começou a interpretar a missão messiânica de Jesus Cristo como participando dos poderes reais, sacerdotais e proféticos.

Se quisermos ser fiéis ao pensamento bíblico teremos de dizer que é uma maneira de dizer que Jesus possui a plenitude das funções de medianeiro.

São Paulo diz que o Senhor ressuscitado é o único medianeiro entre Deus e o Homem (1 Tim 2, 5).

O Novo Testamento atribui várias vezes o título de profeta a Jesus Cristo. No evangelho de São Lucas, o próprio Jesus se designa como um profeta:

“Hoje, amanhã e depois devo seguir o meu caminho, pois não pode acontecer que um profeta morra fora de Jerusalém” (Lc 13, 33).

Jesus declara que nenhum profeta é honrado na sua terra. Os relatos que nos falam da acção de Jesus na sua terra relatam as dificuldades que ele ali encontrava devido à falta de fé das pessoas:

As pessoas da sua terra diziam: “Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a sua mãe Maria e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?

E as suas irmãs não vivem todas entre nós? De onde lhe vem, pois, tudo isto? As pessoas estavam escandalizados por causa de Jesus.

Mas ele disse-lhes: “Um profeta só é desprezado na sua pátria e em sua casa. E não fez ali muitos milagres por causa da falta de fé daquela gente” (Mt 13, 55-58).

As palavras do evangelho de Marcos são praticamente as mesmas que as do evangelho de Mateus (cf. Mc 6, 4).

Os evangelhos de São João e São Lucas limitam-se a repetir as palavras de Jesus segundo as quais um profeta não é bem recebido na sua terra (Jo 4, 43; Lc 4, 24).

O facto de estas afirmações estarem nos quatro evangelhos significa que têm um grande peso histórico.

Jesus, nestas passagens dá-se a si mesmo o título de profeta. As multidões também o aclamam como profeta:

“A multidão dizia: “Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia” (Mt 21, 11). Os chefes dos judeus procuravam matar Jesus, diz o evangelho de São Mateus, mas tinha receio, pois a multidão considerava-o um profeta:

“Os sumo-sacerdotes e os fariseus, ao ouvirem as suas parábolas, compreenderam que eram eles os visados.

Embora procurassem um meio de prender Jesus tinham receio, pois o povo considerava Jesus um profeta” (Mt 21, 45-46).

Os discípulos de Emaús, após a morte do Senhor falam dele como de um grande profeta: “E um deles, chamado Cléofas, respondeu: “Tu és o único forasteiro a ignorar o que lá se passou nestes dias?”

Ele perguntou-lhes: “Que foi”. Responderam-lhe: “O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo” (Lc 24, 18-19).

A Samaritana falando com Jesus chama-lhe profeta. Jesus não rejeitou este título (Jo 4, 19).

Como vemos, os evangelhos não vêem dificuldade em chamar profeta a Jesus Cristo, apesar que saberem antecipadamente que ele é o Messias.

No evangelho de São João o povo interroga-se sobre se Jesus não será o Messias Profeta tal como foi anunciado por Moisés (Dt 18, 15; 18-19).

Depois da multiplicação dos pães, o povo diz que Jesus é realmente o profeta anunciado. “Aquela gente, ao ver o milagre que Jesus fizera dizia: “Este é realmente o profeta que devia vir ao mundo”.

Por isso Jesus, ao saber que o viriam buscar para o fazerem rei, retirou-se de novo, sozinho, para o monte” (Jo 6, 14-15).

Como podemos ver, passa-se facilmente do Messias profeta para o Messias rei sem que isso trouxesse qualquer problema.

Ao falar de Jesus como sacerdote, o Novo Testamento nunca associa o sacerdócio de Jesus ao sacerdócio cultual dos levitas:

“Mas Cristo veio como Sumo-sacerdote dos bens futuros, através de uma tenda maior e mais perfeita, a qual não foi feita por mãos humanas, isto é, não pertence ao mundo criado.

Entrou uma só vez no Santuário, não com o sangue de carneiros ou de vitelos, mas com o seu próprio sangue, obtendo assim uma redenção eterna” (Heb 9, 11-12).

São João diz que depois de Jesus prometer o Espírito Santo como fonte de Vida Eterna, alguns dos ouvintes diziam que Jesus era o profeta, outros diziam que ele era o Messias:

“Entre a multidão de pessoas que escutaram o ensinamento de Jesus dizia-se: “Ele é realmente o profeta”. Outros diziam: “É o Messias” (Jo 7, 40-41).

É interessante notar como São João acentua que as pessoas diziam que Jesus era o profeta e não um profeta.

Esta maneira de falar referia-se, naturalmente, ao Messias profeta anunciado no Deuteronómio.
Isto quer dizer de Jesus que ele é o profeta é o mesmo que dizer que ele é o Messias.

Segundo o evangelho de São Lucas, Jesus reconhece que o profeta Isaías ao falar do Messias estava a falar da sua pessoa:

“Jesus veio a Nazaré onde se tinha criado. Segundo o seu costume entrou em dia de sábado na sinagoga e levantou-se para ler.

Entregaram-lhe o livro do profeta Isaías e, desenrolando-o, deparou com a passagem em que está escrito:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres.
Enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, o recobrar da vista.

Enviou-me para mandar em liberdade os oprimidos e a proclamar um ano de graça da parte do Senhor”.

Depois enrolou o livro, entregou-o ao responsável e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele.

Começou, então a dizer-lhes: “Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4, 16-21).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

CRISTO COMO REI, PROFETA E SACERDOTE-III

III-JESUS COMO SACERDOTE

Após a morte e ressurreição de Jesus, os evangelhos vêem Jesus como o Servo sofredor que foi maltratado e humilhado.

O Servo é justo e, por isso, não merecia aquelas humilhações. Por ser solidário com os pecadores, o seu sofrimento e a sua morte violenta acabou por trazer vida para os pecadores.

Jesus não é um profeta, mas o profeta, diz o evangelho de João. Segundo o Novo Testamento, Jesus realiza a sua missão messiânica como rei, sacerdote e profeta.

A Primeira Carta de São Pedro diz que os crentes são as pedras vivas de um templo espiritual do Senhor sacerdócio Senhor.

Os cristãos, uma vez consagrados com o mesmo Espírito Santo que consagrou Jesus, ficam participantes desta tripla dimensão da consagração de Jesus.

A vocação dos crentes, diz a Primeira Carta de São Pedro, é oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por meio Jesus Cristo (1 Ped 2, 5)

Depois acrescenta que a comunidade é um povo escolhido, uma nação santa, um povo sacerdotal, cuja missão é proclamar as maravilhas daquele que nos chamou das trevas para a sua luz admirável (1 Ped 2, 9).

Jesus reconheceu a dimensão sacerdotal da sua missão: Ao escolher o pão e o vinho, Jesus estava a afirmar que ele era o portador das bênçãos prometidas por Deus a Abraão.

As bênçãos concedidas a Abraão, diz o Livro do Génesis, foram-lhe concedidas pela mediação do Sumo-Sacerdote Melquisedec que era rei e Sumo-Sacerdote (Gn 14, 18-20).

As bênçãos concedidas por Deus a Abraão destinavam-se a todas as famílias da terra, diz o Livro do Génesis (Gn 12, 3).

Jesus ligou a sua missão messiânica ao sacerdócio de Melquisedec. Era este o sacerdócio de David, como proclama o salmo cento e dez (cf. Sal 110, 4).

A Carta aos Hebreus diz que o sacerdócio cultual dos levitas não tem qualquer poder para realizar a salvação:

“Por isso, ao entrar no mundo, Cristo diz: “Não te agradaram os holocaustos nem os sacrifícios pelos pecados.

Então eu disse: “Eis que venho, como está escrito de mim no livro, para fazer, ó Deus, a tua vontade (…). Deste modo, Cristo suprime o primeiro culto para instaurar o segundo” (Heb 10, 5-9).

Na verdade, Jesus Cristo nunca teve qualquer pretensão a exercer funções sacerdotais no Templo.

No evangelho de São João ele diz à Samaritana que Deus quer um culto realizado em espírito e verdade e não os cultos do templo (Jo 4, 21-24).

O sacerdócio da Nova e Eterna Aliança é o portador das bênçãos prometidas a Abraão, diz a Carta aos Hebreus:

“Muitas vezes e de muitos modos, Deus falou nos tempos antigos aos nossos pais, por meio dos profetas.

Nestes dias, que são os últimos, Deus falou-nos por meio do seu Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por mediação do qual fez o mundo.

O filho é o resplendor da glória do Pai, a imagem fiel do seu ser, o qual sustenta todas as coisas com a sua palavra poderosa.

Depois de ter realizado a purificação do pecado, sentou-se à direita da majestade de Deus nas alturas.

Ele é tanto mais superior aos anjos quanto superior ao deles é o nome que recebeu em herança.
Com efeito, a qual dos anjos Deus disse alguma vez:

“Tu és meu filho, hoje mesmo te gerei?” E ainda: “Eu serei para ele um pai e ele será para mim um filho?” (Heb 1, 1-5).

Entronizado à direita de Deus como rei e Sumo-sacerdote, Jesus é medianeiro de uma Aliança muito superior à Aliança que fez com Moisés:

“Considerai Jesus como Apóstolo e o sumo-sacerdote da Fé que professamos. Ele é fiel àquele que o constituiu sumo-sacerdote, tal como Moisés foi fiel à missão que Deus lhe concedeu.

Dizer que Jesus é rei, sacerdote e profeta significa proclamar que ele é o único mediador da Salvação, como diz a Primeira Carta a Timóteo:

“Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo, Homem” (1 Tim 2, 5).

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Calmeiro Matias

19 abril, 2009

A MORADA DE DEUS É DINÂMICA E PRÓXIMA-I

I-A PROXIMIDADE DE DEUS

A morada de Deus é um campo espiritual de interacções amorosas. Por ser comunidade familiar, Deus existe como dinâmica de relações amorosas.

Por ser eterno, Deus precede o espaço e o tempo. Por ser transcendente, está para lá de todas as coisas.

Por outras palavras, Deus torna-se presente a todas as coisas a partir de dentro. Como está para lado espaço e do tempo, o ser e o habitar, em Deus, coincidem.

Deus é um campo de interacções amorosas que nos atrai e convida a partir de dentro, pois é a interioridade máxima do Universo.

As pessoas humanas levam consigo uma fome enorme de amor que só pode ser plenamente saciada neste campo infinito de interacções amorosas que é Deus.

Como sabemos, a plenitude da pessoa humana não está em si, mas na interacção amorosa com os outros, culminando na interacção amorosa que é Deus.

Isto significa que a Humanidade também se está a edificar como um campo espiritual de relações amorosas interiormente atraído por Deus.

A pessoa humana é um ser a emergir como uma interioridade espiritual livre, consciente, responsável e capaz de interacções amorosas.

É por esta razão que as pessoas humanas estão talhadas para o encontro com Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

A MORADA DE DEUS É DINÂMICA E PRÓXIMA-II


II-O DEUS QUE NOS ATRAI E CATIVA A PARTIR DE DENTRO

O Espírito Santo é o vínculo que nos atrai e convida a entrar nesse campo infinito e eterno de relações de amor.

Se nos abrirmos ao apelo amoroso que nos vem de Deus somos incorporados nele pela acção do Espírito Santo.

À medida que surgem seres com interioridade pessoal neste Universo imenso, estes sentem-se atraídos por esse apelo de amor que os toca por dentro.

Todo o Universo emergiu a partir deste campo original de interacções amorosas. O fundamento primordial do qual tudo emergiu por criação é a família da Santíssima Trindade.

Isto quer dizer que o fundamento do Universo é um campo espiritual de interacções amorosas, pois Deus é Amor e Família!

O amor é sempre fecundo, quer seja no sentido de gerar, quer no sentido de imprimir novos ritmos no tecido da criação.

O Deus do Antigo Testamento não é diferente do Deus do Novo. Diferente era a consciência teologal, isto é, a capacidade de saborear a verdade de Deus e do seu jeito de amar.

Quanto mais o Homem cresce na capacidade de amar, melhor compreende o mistério de Deus, pois Deus é Amor.

É precisamente este o ensinamento da Primeira Carta de São João quando afirma: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus.

Todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus. Aquele que não ama não chegou a conhecer Deus, pois Deus é amor.


Em Comunhão Convosco

Calmeiro Matias

16 abril, 2009

FOME DE SER QUE SÓ OAMOR PREENCHE-I

I-NASCEMOS PARA RENASCER

Nascemos inacabados. Eis a razão pela qual levamos connosco uma fome imensa de plenitude.

São João diz que o nosso ser interior, por ser espiritual, não nasce dos impulsos da carne, mas da ternura do Espírito Santo (Jo 3, 3-6).

São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações. Nascemos para entrar na dinâmica da humanização cuja lei é:

“Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal da Família de Deus.

A emergência pessoal acontece como fortalecimento espiritual e capacidade de interacção amorosa.

O Homem surgiu na História como fruto de uma marcha evolutiva. Utilizando a imagem bíblica do barro, diríamos que a evolução é o processo do barro a ser moldado, a fim de surgir Adão.

No interior deste barro emerge o interior espiritual da pessoa como o pintainho emerge dentro do ovo.

A plenitude da vida espiritual acontecerá no dia em que o ovo eclodir, a fim de o pintainho nascer para a Comunhão Universal.

Estamos a emergir, pois somos seres em construção. À medida que emergimos, vamos convergindo para a Família de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

FOME DE SER QUE SÓ OAMOR PREENCHE-II

II-NASCEMOS TALHADOS PARA DEUS

Deus é amor, diz a Bíblia (1 Jo 4, 7). Isto significa que fomos criados pelo amor e para o amor.

São João diz que as pessoas que não amam não conhecem a Deus, pois Deus é amor (Jo 4, 16).

Na verdade, o nosso ser espiritual cresce e robustece-se em relações de amor. Renascer significa emergir como vida pessoal livre, consciente, responsável e capaz de amar.

É a este nível que o Homem é realmente imagem de Deus. Na verdade, a Divindade é pessoas e a Humanidade também.

A plenitude da pessoa não está em si, mas na comunhão. Apenas na reciprocidade amorosa a pessoa encontra a sua plena identidade.

Por outras palavras, fechada em si, a pessoa está em estado de malogro: não se encontra nem se possui plenamente.

Pelo facto de serem pessoas, os seres humanos são proporcionais a Deus. O divino pode interagir com o humano em comunhão humano-divina.

E foi por esta razão que Deus, comunhão familiar de três pessoas, decidiu incorporar-nos a própria Família Divina.

Isto quer dizer que o divino se enxertou no humano para que este seja divinizado.

Graças a Jesus Cristo, já fazemos uma união orgânica com a comunhão da Santíssima Trindade!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

FOME DE SER QUE SÓ OAMOR PREENCHE-III

III-SOMOS SERES COM IDENTIDADE HISTÓRICA

Só podemos acontecer como pessoas na medida em que renascemos. Os seres humanos são o resultado de uma realização histórica.

Para se dizer, a pessoa tem de contar uma história, pois a sua identidade é histórica. Na verdade, a pessoa humana será eternamente segundo o modo como se realizou na história.

Na Festa do Reino de Deus, todos dançaremos o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que treinou enquanto esteve n a História.

A nossa identidade física é o nosso ADN. A nossa identidade espiritual é o jeito que temos de nos relacionar e amar.

Por outras palavras, o nosso ser espiritual mede-se pela nossa capacidade de amar e comungar.

Isto quer dizer que a pessoa humana não vale pelo que tem, mas sim pelo que é. A natureza humana realiza-se de modo único, original e irrepetível em cada pessoa.

Isto significa que ninguém está a mais na festa da Comunhão Universal!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

10 abril, 2009

ALEGORIA SOBRE O NASCIMENTO DA PÁSCOA-I

I-DEUS TOMA PARTIDO

Era uma noite escura, embora serena e calma. Deus tinha comunicado a Moisés que naquela noite iria acontecer o milagre da libertação do povo.

Os filhos de Abraão estavam a sofrer o tormento da escravidão no Egipto, havia perto de setenta anos.

Moisés, pediu ao Faraó para dispensar o povo dos trabalhos, a fim de realizarem um culto ao Senhor no deserto.

O povo estava saturado dos trabalhos duríssimos e dos tormentos infligidos pelos egípcios.

Moisés começou por falar aos hebreus, tentando levantar o seu ânimo abatido e despertar a força da fé, a única que é capaz de gerar verdadeiros heróis.

Esta noite, dizia Moisés, o Deus de Abraão vai chegar para nos libertar. Esta será a noite do castigo para os egípcios.

Lembrai-vos de que o Senhor jurou a Abraão que um dia viria libertar os seus filhos das mãos dos seus inimigos.

Deus tinha comunicado a Moisés que aquela era a noite da Páscoa, isto é, a noite da passagem do anjo que Deus ia enviar para libertar o povo.



ALEGORIA SOBRE O NASCIMENTO DA PÁSCOA-II

II-MOISÉS DÁ ÂNIMO AO POVO

Moisés olhava com dor para os hebreus esmagados pelo sofrimento da escravidão e disse-lhes:
Deus não suporta mais ouvir os vossos gemidos, pois vós sois os seus eleitos.

A próxima noite é o momento escolhido por Deus para intervir. Entrai nas vossas casas e preparai as coisas para partir.

Os egípcios nem suspeitam, acrescentou Moisés, o que está para acontecer. O Senhor vai realizar o seu julgamento. Ele vai julgar e condenar os nossos opressores, acrescentou Moisés.

Vós sois os filhos de Abraão e, portanto, sois o povo amado de Deus. Na verdade, como mais tarde diria o profeta Oseias, o povo hebreu é o filho primogénito de Deus.

Eis as suas palavras: “Quando Israel era ainda Menino, eu amei-o e chamei o meu filho do Egipto” (Os 11, 1).

Os egípcios têm esmagado os filhos de Abraão. Mas esta noite a peste vai entrar nas suas casas, matando os seus primogénitos.

A peste destruirá também os primogénitos dos seus animais domésticos. E é assim que Moisés, pouco a pouco, começa a preparar os hebreus para a grande intervenção libertadora de Deus.

Esta noite, dizia-lhes ele, o Senhor Deus vai passar pelas casas dos egípcios, a fim de os castigar pelo mal que nos têm feito.

Esta é a noite da Páscoa, pois é a noite da intervenção salvadora de Deus.Mas para os egípcios vai ser uma noite de dor e sofrimento para o povo do Faraó, o rei do Egipto.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ALEGORIA SOBRE O NASCIMENTO DA PÁSCOA-III

III- PREPARANDO A MARCHA DA LIBERTAÇÃO

Moisés ordena que cada família prepare um cordeiro, a fim de o sacrificar a Deus ao cair da noite.
Em seguida, as famílias devem cozinhá-lo. O cordeiro pascal ficará para sempre o sinal da libertação.

Todos os anos, acrescenta Moisés, os filhos de Israel devem sacrificar o cordeiro pascal e cozinhá-lo, a fim de celebrarem a Ceia da Páscoa.

Esta noite deveis pintar a porta das vossas casas com o sangue do cordeiro, disse Moisés a fim de que o anjo da morte, quando vier castigar os egípcios, reconheça as vossas casas e passe em frente.

O castigo infligido pelo Senhor aos egípcios significa que Deus toma partido pelos oprimidos e maltratados.

A Noite de Páscoa significa também que Deus se mostrou fiel à Aliança que tinha feito com
Abraão.

É a Noite em que todas as famílias israelitas devem comer um cordeiro juntamente com ervas amargas e pão sem fermento.

As ervas amargas recordavam aos israelitas o sofrimento amargo dos setenta anos da escravidão no Egipto.

O pão ázimo, isto é, não fermentado, significava a urgência de partir: Não houve tempo para aguardar que o pão levedasse.

Moisés disse aos israelitas para comerem de pé, a fim de estarem preparados para partir em direcção à liberdade.

Para encorajar os hebreus a esforçarem-se pela caminhada para a liberdade, Moisés dizia-lhes que na terra para onde o Senhor os ia conduzir os frutos tinham sabor a mel e a requeijão.

Ao entardecer, o povo começou a preparar a refeição. Por volta da meia-noite, quando as famílias já tinham jantado, ouviu-se um grito cheio de angústia e desespero:

Era uma mãe egípcia que acabava de perder o seu filho primogénito. Logo de seguida, ouve-se outro grito e outro, e outro, e outro, e muitos outros.

Em cada casa, o anjo da morte deixava sem vida o primogénito, isto é, o filho mais velho daquela família.

Ao ver o sinal do sangue nas portas dos hebreus, o anjo da morte passava à frente. Algum tempo depois ouve-se uma forte trombeta. Logo a seguir outra e outra. Depois, começam a ouvir-se muitas flautas.

Eram os músicos hebreus a avisar que chegara a hora de partir. O Deus de Abraão está a chegar como libertador do seu povo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

ALEGORIA SOBRE O NASCIMENTO DA PÁSCOA-IV


IV-A ORDEM DE PARTIDA

Com voz forte, Moisés gritou: Este é o momento de iniciar a grande viagem da libertação.
Temos de ser fortes, acrescentou, pois a liberdade é uma conquista.

Deus está connosco, mas não está em nosso lugar. O Senhor apenas fará aquilo que nós não formos capazes de fazer.

Temos de enfrentar provas muito difíceis como atravessar o Mar Vermelho, enfrentar o perigo dos muitos escorpiões e serpentes que abundam no deserto.

Depois acrescentou: temos de sofrer o tormento da sede, pois no deserto a água nunca abunda.

Temos de ser solidários. Devemos dar-nos as mãos nos momentos difíceis, a fim de sermos mais fortes.

Não nos esqueçamos de que a tarefa da libertação só é possível se as pessoas forem amigas, leais e fraternas.

Depois destas recomendações, Moisés deu o sinal da partida. A viagem foi difícil e longa. O povo hebreu demorou quarenta anos a chegar à terra que Deus lhes tinha prometido.

Por fim, os filhos de Abraão chegaram ao seu destino. Muitos séculos depois, Deus visitou de novo a terra prometida através do seu Filho, o qual veio como Messias, isto é, o Salvador Prometido.

Jesus Cristo em nome de Deus para realizar uma Páscoa mais perfeita. Na Nova Páscoa, Deus realiza para a Humanidade uma libertação total.

Ao morrer e ressuscitar, Jesus Cristo inaugura a Páscoa da Nova Aliança, a qual inicia a marcha da divinização do Homem.

Através de Cristo, Deus concedeu à Humanidade o grande dom do Espírito Santo que nos proporciona a Vida Eterna.

Graças ao dom do Espírito Santo, a Salvação ficou ao nosso alcance. São Paulo diz que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (Rm 5, 5).

O povo de Deus, agora, passa a ser constituído por gentes de todas as raças, línguas, povos e nações da terra.

E foi assim que a Humanidade passou a fazer parte da Família de Deus. A Ceia Pascal, agora, deixou de ser o cordeiro imolado, para ser o próprio Jesus Cristo que se dá a todos nós como alimento da vida eterna.

Jesus inaugurou a Páscoa da Nova Aliança, dando-nos partilhando connosco a força ressuscitadora do Espírito Santo, fazendo de nós uma Nova Criação:

“Se alguém está em Cristo é uma Nova Criação. Passou o que era velho. Tudo isto vem de Deus que nos reconciliou consigo em Cristo, não levando mais em conta os pecados dos homens” (2 Cor 5, 17-19).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

07 abril, 2009

O MODO DE DEUS NOS ACOLHER COMO FAMÍLIA-I

I-DEUS PAI ACOLHE-NOS COMO FILHOS

O Espírito Santo é o coração do diálogo e da interacção entre as pessoas divinas.

É também pelo Espírito Santo que nós entramos na comunhão familiar de Deus (Rm 8, 14-17).

A salvação das pessoas humanas consiste em estas serem assumidas de modo orgânico na comunhão da Santíssima Trindade.

Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo é quem nos introduz na interacção amorosa da Santíssima Trindade, onde somos acolhidos como filhos de Deus Pai e irmãos do Filho de Deus.

Isto quer dizer que a nossa oração, quando é feita no Espírito Santo, é uma verdadeira participação no diálogo da Santíssima Trindade.

Eis as palavras de São Paulo: “É assim também que o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, pois nós não sabemos o que havemos de pedir para orarmos de modo conveniente.
Mas o Espírito Santo intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rm 8, 26).

Isto significa que a nossa comunicação com Deus, para ser adequada, deve acontecer no Espírito Santo.

Na verdade, é no Espírito Santo que Deus Pai comunica connosco e nos revela o seu jeito de ser Pai:

Pai justo e amoroso.

Pai misericordioso e paciente.

Pai amável e solícito.

Pai acolhedor e sempre disposto a perdoar.

Pai fiel, verdadeiro, justo e cheio de amor.

Pai responsável, protector, atento e amigo.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias


O MODO DE DEUS NOS ACOLHER COMO FAMÍLIA-II

II-O MODO DE O ESPÍRITO SANTO NOS ACOLHER

Como ternura maternal de Deus, o Espírito Santo é, no nosso íntimo, uma presença maternal compreensiva, pronta a servir, dedicada, generosa e gratuita.

Com seu jeito maternal de amar, está sempre atento e disposto a aperfeiçoar os elos de comunhão com Deus.

Faz-nos exultar como filhos agradecidos, tal como aconteceu com Jesus. Eis o que diz o evangelho de São Lucas: “Nesse mesmo instante, Jesus exultou de alegria sob a acção do Espírito Santo e disse:

“Bendigo-te, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, pois escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, mas revelaste-as aos simples e pequeninos. Sim, Pai, é este o teu agrado” (Lc 10, 21).

O Espírito Santo é o Consolador que nos dá ânimo e força para anunciarmos a Boa Nova da ressurreição.

Ele é o vínculo maternal que nos liga de modo orgânico a Cristo, fazendo de nós membros do corpo cuja cabeça é Cristo (1 Cor 10, 17; 12, 27).

É pelo Espírito Santo que nascemos de novo para a Família Divina (Jo 3, 3-6). Ele é a semente da vida divina em nós (1 Jo 3, 9).

É o grande dom do Pai do Céu (Lc 11, 13), Ele é o Consolador que nos inspira e dá força nos momentos de grande aflição (Mt 10, 20).

É Ele que nos capacita e dá força para testemunharmos Cristo ressuscitado (Act 4, 31). É o mestre que explica o sentido da Palavra de Deus no íntimo do nosso coração.

É ele que nos faz compreender o plano salvador de Deus (Ef 3, 3-5). Faz cair dos olhos da nossa mente as sombras que nos impedem de ver com clareza a verdade de Deus e do Homem.

Estas sombras são para a mente o que as cataratas são para os olhos, isto é, obstáculos que nos impedem de ver o essencial.

O Livro dos Actos dos Apóstolos, diz que estas sombras eram como que escamas que obscureciam o olhar de São Paulo.

É o Espírito Santo quem faz cair nos nossos olhos essas escamas, dando-nos a possibilidade de ver com clareza o plano de Deus (Act 9, 18).

Em Comunhão convosco
Calmeiro Matias

O MODO DE DEUS NOS ACOLHER COMO FAMÍLIA-III

III-O FILHO DE DEUS DECIDIU SER NOSSO IRMÃO

É Espírito Santo que o Filho de Deus comunica connosco e nos revela o seu jeito especial de ser nosso irmão:

Irmão generoso e solidário.

Irmão que age como autêntico companheiro fiel e sempre disposto a partilhar.

Nas dificuldades, nunca hesita em ser para nós apoio e ajuda solícita.

É um irmão leal e verdadeiro, sempre disposto a partilhar connosco o melhor de si.

Nunca faz alarde da ajuda que nos presta e das coisas boas que partilha connosco.

Esta comunhão familiar na qual fomos integrados pelo Filho de Deus é dinamizada pelo Espírito
Santo, o sangue de Deus a circular no nosso coração.

Como Comunhão Familiar, a Santíssima Trindade amou-nos ainda antes de nos criar.

Desde toda a eternidade, as pessoas divinas dialogaram sobre nós e sonharam um plano de amor para nós.

Pelo mistério da Encarnação, o Filho eterno de Deus uniu-se de modo orgânico à Humanidade.
Deste modo ficaram criadas as condições para sermos incorporados na Família de Deus.

Ao ressuscitar difundiu para nós o Espírito Santo, a fim de sermos incorporados como membros da Família de Deus.

Para comungar connosco, Deus sonhou-nos à sua imagem e semelhança. Ao Encarnar, o Filho de Deus realizou este sonho de Deus.

O evangelho de São João diz que o Filho de Deus, ao encarnar, nos deu o poder de nos tornarmos filhos de Deus.

Não por vontade do Homem ou pelos impulsos da carne, mas sim pela vontade de Deus (Jo 1, 12-14).

Como irmão amoroso, o Filho de Deus deu provas de ser um excelente conhecedor de Deus e do Homem.

Ao aperceber-se da inutilidade da multidão dos mandamentos e preceitos resolveu resumi-los a um só mandamento.

Eis as suas palavras: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei.

Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13). Ele mesmo procedeu como o irmão que leva o amor à sua perfeição máxima: dar ávida por nós.

São Paulo entendeu muito bem esta atitude de Jesus e por isso, na Carta aos Gálatas, ele diz que a Lei com a sua multidão de ritos e cultos não tem qualquer valor salvador:

“Nós acreditamos em Cristo Jesus, para sermos justificados pela fé em Cristo e não pelas obras da Lei. Na verdade, ninguém é justificado pelas obras da Lei” (Gal 2, 16).

No evangelho de São Mateus, Jesus diz que ele não veio anular a Lei, mas cumpri-la plenamente.

Com estas palavras, ele quis dizer que a maneira de realizar de modo perfeito o que de válido haja na Lei é amar os irmãos (Mt 5, 17).

São Paulo deu provas de ter entendido perfeitamente Jesus Cristo quando escreveu estas palavras:

“Amar o próximo como a si mesmo resume e cumpre toda a Lei ” (Rm 13, 8).

E logo a seguir afirma que o amor é o pleno cumprimento da Lei (Rm 13, 10).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

04 abril, 2009

OLHANDO O TEMPO COM A LUZ DA ETERNIDADE-I

I-É AGORA O TEMPO DE CONSTRUIR O HOMEM

Estamos dentro do tempo como estamos dentro do espaço. Quando olhamos o tempo à luz da eternidade, este ganha um sentido novo e uma nova importância.

Fecundado com a força amor, o tempo é um jardim no qual nasce e se desenvolve a vida espiritual cuja meta é a comunhão eterna com Deus.

Vista à luz da eternidade, a vocação fundamental da pessoa humana é a sua construção como pessoa mediante o amor.

Se o tempo nos é dado para construirmos a nossa realidade pessoal e eterna, então o tempo deve ser tomado a sério e aproveitado.

Vistas à luz da Vida Eterna, as manhãs surgem como um convite a não desperdiçar o novo dia, pois este está cheio de possibilidades.

Um novo dia á mais uma oportunidade para realizarmos no tempo o que seremos na eternidade.

Se olharmos o tempo com as lentes da eternidade, a vida torna-se vocação, isto é, chamamento a viver o amor de modo novo, a fim de construirmos a pessoa única, original e irrepetível que está a emergir no nosso íntimo.

Na verdade, cada novo dia é mais uma oportunidade para nos estruturarmos como pessoas chamadas a comungar com Deus por toda a eternidade.

Isto quer dizer que é hoje o tempo de que dispomos para edificar a pessoa que desejamos ser para sempre.

Por outras palavras, a nossa identidade espiritual coincide com o nosso jeito de amar. Podemos dizer que a pessoa humana “dançará” eternamente o ritmo do amor com o jeito que tiver treinado agora História.

Por outras palavras, é agora o tempo de moldarmos a nossa capacidade de comungar no Reino de Deus.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

OLHANDO O TEMPO COM A LUZ DA ETERNIDADE-II

II-É AGORA O TEMPO DE APRENDER A COMUNGAR

Hoje é o dia em que podemos reorientar o nosso jeito de interagir com as pessoas divinas e as humanas, mudando o modo de ser e estar com os outros.

Este é o dia em que podemos burilar e aperfeiçoar o nosso modo de nos relacionarmos eternamente na festa da comunhão universal.

Na verdade, é agora o tempo de edificarmos a vida que ultrapassa a morte. Como vemos, o dia de hoje é importante, pois é um dom que Deus nos dá para edificarmos o que havemos de ser para sempre.
Somo os gestores do tempo que nos é dado para nos realizarmos como pessoas. É esta a razão pela qual Deus nos criou inacabados.

Visto à luz da eternidade, o tempo não é uma não é uma mera sucessão de instantes que se vão configurar em segundos, minutos, horas, dias, anos, séculos ou milénios.

À luz da Palavra de Deus, cada dia é para o Homem um “kairós”, isto é, a hora da salvação para os seres humanos.

É hoje o dia em que o Espírito Santo nos interpela e convida a completar em nós e na Criação a obra de Deus.

O maior perigo do dia de hoje é a decisão de dizer não ao amor, impedindo o Homem Novo de nascer.

Por outras palavras, compete-nos a nós dizer a última palavra sobre este dia.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

OLHANDO O TEMPO COM A LUZ DA ETERNIDADE-III

III-O TEMPO E O NASCIMENTO DO HOMEM NOVO

Hoje temos a possibilidade de dar um salto de qualidade, conferindo à nossa vida uma densidade nova, a fim de enriquecermos a nossa plenitude definitiva.

As pessoas que tomaram o tempo a sério optimizaram a sua realização pessoal e fizeram avançar o processo histórico da humanização.

É este o mistério do homem em construção cuja realização é um processo histórico. Deus criou-nos inacabados, a fim de completarmos a sua obra, realizando-nos de modo livre, consciente e responsável.

Surgimos na vida com um leque de talentos ou possibilidades que podemos fazer emergir ou não.
Hoje é o dia em que podemos concretizar as possibilidades de que dispomos para a nossa humanização.

A lei da humanização é: Emergência pessoal mediante relações de amor e convergência para a comunhão universal.

À medida que vamos construindo a pessoa que levamos connosco em processo de realização, o Espírito Santo configura-nos com Jesus.

E é assim que se vai edificando a Família de Deus, como diz São Paulo: Todos os que são movidos pelo Espírito Santo são filhos de Deus (Rm 8, 14).

Com seu jeito maternal, o Espírito Santo vai-nos introduzindo na Família de Deus e Jesus vai-se tornando o primogénito de muitos irmãos (Rm 8, 29).

O tempo é, pois, o canteiro onde as nossas possibilidades atingem o nível da realização e estruturação definitivas.

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

01 abril, 2009

O FINAL DA HISTÓRIA NO NOVO TESTAMENTO-I

I-OS DISCÍPULOS APÓS A RESSURREIÇÃO DE JESUS

Enquanto seguiam Jesus pelos caminhos da Palestina, os discípulos estavam convencidos de que ele era o Messias, o rei que em breve subiria ao trono.

O evangelho de São Marcos relata o esforço de Jesus no sentido de modificar esta visão distorcida dos discípulos, embora sem grandes resultados (Mc 10, 35-42).

O evangelho de São Mateus dá testemunho das dificuldades de Jesus neste aspecto (Mt 16, 23).
Esta tarefa será para o Espírito Santo realizar após a Páscoa (Act 3, 19-21; 2, 32-36).

Com as aparições de Jesus ressuscitado depois da Páscoa, a visão dos discípulos modifica-se profundamente:

Jesus é o Messias anunciado pelos profetas. Os judeus mataram-no, mas o Espírito de Deus ressuscitou-o e sentou-o no trono real à sua direita.

Os apóstolos começam a anunciar que Jesus foi entronizado no Céu, realizando assim a profecia de Daniel, na visão do Filho do Homem (Dan 7, 13-14).

Isto quer dizer que Jesus é o Filho do Homem, entronizado no Céu, o qual vai vir como rei poderoso para realizar a purificação do mundo.

Os pecadores serão mortos e só o pequeno resto dos justos fiéis escapará: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e na terra angústia entre os povos, aterrados com o bramido e a agitação do mar.

Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai acontecer ao Universo, pois as forças celestes serão abaladas.

Então hão-de ver o Filho do Homem vir numa nuvem com grande poder e glória” (Lc 21, 25-27).

Em comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O FINAL DA HISTÓRIA NO NOVO TESTAMENTO-II


II-A VINDA DE JESUS RESSUSCITADO

Os discípulos vão interpretar a Segunda vinda de Jesus Cristo como a realização do anunciado pelos profetas sobre o dia da ira.

São Paulo diz que os cristãos constituem o resto fiel que escapará à destruição que terá lugar no dia da ira:

“Jesus ressuscitou dos mortos e livrou-nos da ira futura” (1 Tes 1, 10). Naquele dia, o Resto Fiel vai ao encontro do Senhor nos ares, ficando para sempre com ele (1 Tes 4, 14-17).

O dia do Senhor virá como um ladrão, surpreendendo os desprevenidos (1 Tes 5, 2). Os fiéis aspiram pelo dia do Senhor, pois sabem que Deus não os reservou para a ira, mas para a salvação em Jesus Cristo ressuscitado (1 Tes 5, 9).

São Lucas depois de descrever os acontecimentos trágicos do dia da ira, convida os cristãos a alegrarem-se, pois esse é o dia da libertação para o resto fiel:

“Quando estas coisas começarem a acontecer, cobrai ânimo e alegrai-vos, pois a vossa redenção está próxima” (Lc 21, 28).

O Senhor vai vir em chamas de fogo fazer justiça e punir os que se opõem ao Evangelho de Cristo (2 Tes 2, 6-8).

Os crentes surgirão junto de Cristo revestidos de glória (Flp3, 1-4). Os judeus, ao rejeitarem o Evangelho, estão a aumentar o seu castigo no dia da ira (Rm 2, 5-6).

Nesse dia todas as nações serão punidas, escapando apenas o resto fiel (Mc 14, 62-64). Na verdade, esse será o Será o dia do juízo implacável de Deus (Mc 13, 15-20).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

O FINAL DA HISTÓRIA NO NOVO TESTAMENTO-III

III-NA VERDADE O SENHOR VIRÁ

O Resto Fiel será reunido dos quatro cantos da Terra, a fim de formar o Reino Messiânico. A ira daquele dia não os atingirá (Mc 13, 26).

Os judeus que troçam do anúncio da Segunda vinda do Senhor formam parte dos ímpios reservados para o dia da ira (2 Pd 1, 16-17).

O Senhor não tarda em chegar. Os ímpios serão castigados pelo fogo, tal como aconteceu aos habitantes de Sodoma (2 Pd 2, 7-8).

Se o Senhor demora um pouco mais, isso deve-se ao facto de o tempo, para Deus, não contar do mesmo modo que para os homens.

Um dia diante de Deus é como mil anos diante dos homens (2 Pd 3, 8-10). Esta afirmação da Segunda carta de Pedro vai ser mal interpretada, dando origem tanto ao milenarismo do Apocalipse como à ideia de que o Senhor viria no ano mil.

Deus tem atrasado um pouco a Segunda vinda de Cristo, a fim de possibilitar que se salve o maior número possível (2 Pd 3,3).

Após a destruição final operada pelo fogo, Deus criará novos céus e uma nova terra onde habitará a justiça.

Por outras palavras, apenas os justos habitarão o Reino de Deus (2 Pd 3, 13).O Livro do Apocalipse consegue fazer uma síntese genial dos textos apocalípticos do Antigo e do Novo Testamento.

Com uma variedade enorme de textos, o apocalipse consegue estruturar um esquema ordenado, lógico e cheio de esperança para os crentes que, neste período, já estão a ser perseguidos e martirizados.

Uma vez entronizado no Céu, o Senhor ressuscitado vai regressar muito em breve para estabelecer o reino messiânico sobre a terra.

No dia da sua vinda, o Senhor Ressuscitado aparecerá sobre as nuvens do Céu. Todos os olhos o hão-de ver (Apc 1, 7).

Os cristãos perseguidos e atormentados têm de esperar só mais um pouco (Apc 1, 9). Os que cristãos que estão a sofrer nas prisões serão afligidos por poucos dias mais (Apc 2, 10-11).

Estes escaparão no dia da ira que se avizinha, o qual será de punição para todo o mundo (Apc 3, 10).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias