28 outubro, 2009

PENTECOSTES E A UNIVERSALIDADE DA FÉ



Apesar de na Igreja nascente haver tensões e dificuldades em relação ao acolhimento dos pagãos, o Espírito Santo foi conduzindo os Apóstolos e as comunidades no sentido de aceitarem os gentios
em pé de igualdade com os judeus.

O Espírito Santo foi abrindo os horizontes dos cristãos de origem judaica, a fim de eles compreenderem que o plano Salvador de Deus se destina aos homens de todas as raças, línguas, povos e nações.

O Pentecostes surge assim como o impulso universalista da ressurreição de Cristo. Os cristãos começam a dar-se conta que o baptismo no Espírito é a dinâmica da salvação a acontecer no coração das pessoas.

Os evangelhos sublinham claramente a diferença essencial que existe entre o baptismo de João, rito de purificação, e o baptismo iniciado com a ressurreição de Jesus, isto é, o baptismo no Espírito.

Depois de mim virá alguém que é maior que eu dizia João Baptista pois eu nem sou digno de levar as suas sandálias. Será ele quem vos baptizará no Espírito Santo e no Fogo (Mt 3, 11).

O Espírito Santo é o protagonista da salvação e habita em nós como num templo, diz São Paulo:
“Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito Santo habita em vós?” (1 Cor 3, 16).

O Espírito Santo é o impulso libertador da salvação de Deus a actuar no nosso coração: “Onde está o Espírito de Cristo ressuscitado aí está a liberdade” (2 Cor 3, 17).

Após a sua ressurreição, Jesus ordena aos Apóstolos para permanecerem em Jerusalém, a fim de receberem o Espírito Santo que os vai qualificar para anunciarem o Evangelho até aos confins da terra (Act 1, 8).

Foi o Espírito Santo que ressuscitou Jesus. É este mesmo Espírito que faz germinar em nós a Fé e nos capacita para proclamar a Boa Nova da ressurreição.

São Paulo diz que a sua pregação não se apoia na sabedoria humana ou em palavras persuasivas, mas na manifestação do Espírito Santo (1 Cor 2, 4-5).

Tudo isto é a realização da profecia do profeta Joel, como diz o Livro dos Actos dos Apóstolos:
“Depois disto derramarei o meu Espírito sobre toda a Humanidade. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão.

Os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões. Naquele dia também derramarei o meu Espírito sobre vossos servos e servas” (Jl 3, 1-2; cf. Act 2, 16-21).

Os frutos da presença do Espírito Santo em nós, diz a Carta aos Gálatas são: paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, gentileza e auto controle.

Não existe Lei contra este novo jeito de viver que o Espírito Santo difunde por todos nós (Gal 5, 22-23).


E foi assim que Jesus Cristo, ao ressuscitar, nos fez passar da aliança da letra que mata, para a Aliança do Espírito que dá Vida (2 cor 3, 6).

A Carta aos Efésios vai nesta mesma linha quando afirma que o Homem Novo nasce do Espírito e não da letra:

“No que toca à vossa conduta, deveis despir-vos do homem velho, corrompido por desejos enganadores.

Renovai-vos de acordo com a acção do Espírito que anima as vossas mentes, revestindo-vos do Homem Novo criado em conformidade com Deus na justiça e na santidade verdadeiras” (Ef 4, 22-24).

Graças ao baptismo no Espírito Santo os mistérios de Deus são-nos revelados de modo gradual e progressivo:

“Foi ainda em Cristo que vós ouvistes a Palavra da verdade, o Evangelho que vos salva.
Foi neste Evangelho que acreditastes e, por isso, fostes marcados com o selo do Espírito Santo prometido, o qual é a garantia da herança que receberemos no dia da redenção” (Ef 1, 13-14).

É pelo Espírito Santo, diz Jesus no evangelho de São João que nós seremos conduzidos à verdade. Ele é “O Espírito da Verdade que o mundo não pode receber, pois não o vê nem o conhece.

Vós conhecei-lo porque Ele está convosco e em vós” (Jo 14, 17). Pelo baptismo no Espírito, os crentes têm um guia e um mestre que os conduz para a Verdade plena:

“Fui-vos revelando estas coisas enquanto permanecia convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e recordar-vos-á tudo o que eu vos disse” (Jo 14, 25-26).

Apesar de ser judeu, São Paulo viveu a experiência do baptismo no Espírito, o qual fez que lhe caísse dos olhos uma espécie de escamas que o impediam de ver o mistério de Cristo:

“Então Ananias partiu, entrou na casa indicada, impôs as mãos sobre ele e disse: “Saulo, meu irmão, foi o senhor que me enviou, esse Jesus que te apareceu no caminho, a fim de recobrares a vista e ficares cheio do Espírito Santo”.

Nesse mesmo instante caíram-lhe dos olhos uma espécie de escamas e recobrou a vista. Depois, levantou-se e recebeu o baptismo” (Act 9, 17-18).

Foi esta experiência que levou São Paulo a dizer que Cristo nos ajuda a passar da aliança da letra que mata para a Aliança do Espírito que vivifica (2 Cor 3, 6).

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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