09 outubro, 2009
MEDITANDO SOBRE O MISTÉRIO DO CÉU
À luz do Evangelho, o Céu tem sabor a festa. O Céu não é um lugar, mas um encontro universal de amor cujo coração é a comunhão da Santíssima Trindade.
São Paulo diz que o Reino de Deus não é uma questão de comida ou bebida, mas sim de paz, justiça e alegria no Espírito Santo (Rm 14, 17).
Com estas palavras, São Paulo quer dizer que o Céu não é um lugar mas um estado de plenitude.
No Céu, as pessoas sentem-se seguras e em paz, pois ninguém deseja o mal do outro. Também não há preocupações com necessidades de ordem material:
Ninguém se preocupa com a roupa que vai vestir ou os alimentos que vai comer. O egoísmo e a inveja já não existem e por isso ninguém quer ser mais importante do que os outros.
No Céu, a alegria das pessoas está em dar o melhor de si para que os outros sejam felizes.
Ninguém é infeliz, pois a felicidade, no Céu, está mais em dar do que em receber. Na verdade, ao dar-se, a pessoa não se perde, mas possui-se de modo mais pleno, pois as pessoas recebem na medida em que dão.
Ao ensinar os discípulos a orar, Jesus mandou-os dizer assim:
“Pai-nosso que estás no Céu, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu Reino.
Faça-se a tua vontade, assim na Terra como no Céu” (Mt 6, 9-10).
No Céu, as pessoas humanas são membros da Família de Deus: Filhos em relação a Deus Pai e irmãos em relação ao Filho de Deus.
O Espírito Santo é o laço maternal que une e dinamiza as relações da Família de Deus. O jeito de ser do Espírito Santo é actuar como princípio maternal de comunhão orgânica e animador de relações de amor.
É esta razão pela qual São Paulo diz que todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo são filhos de Deus Pai e irmãos do Filho de Deus (Rm 8, 14. 16)
Tudo é de graça na festa da Família de Deus. Ninguém pretende sobrepor-se aos outros, pois todos se sentem irmãos.
Tudo aquilo de que as pessoas precisam lhes é dado de modo gratuito e em abundância. As pessoas estão todas saciadas, pois a ternura de Deus circula por todos como nascente de Vida Eterna.
No Céu ninguém tem medo, pois já não existe a violência, mas só a comunhão amorosa. Ninguém está saturado, pois o amor é a fonte da qual brota a novidade constante das relações e do encontro amoroso.
E se ainda houver alguma memória dos sofrimentos desta vida, Deus passa amorosamente com um lenço branco limpando o vestígio das nossas lágrimas.
Depois dá-nos o beijo da felicidade, isto é, o Espírito Santo, o qual nos faz esquecer para sempre a lembrança dos sofrimentos da vida terrena.
O Céu é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas. Isto quer dizer que o Céu é por natureza uma festa.
Eis o modo como o Livro do Apocalipse descreve a festa do Céu:
“Eis a morada de Deus entre os homens. Ele habitará com eles e eles serão o seu povo. Deus estará com eles e será o seu Deus.
Enxugará todas as lágrimas dos seus olhos e não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem dor, pois as primeiras coisas passaram” (Apc 21, 3-4).
Ninguém é capaz de se sentir feliz fechando-se à comunhão. Por isso a felicidade está em comungar com os demais.
É isto que a Carta aos Romanos quer dizer quando afirma que o Céu não é uma questão de comida ou bebida, mas sim de justiça, paz e alegria no Espírito Santo.
Na Comunhão Universal da Família de Deus já ninguém sofre por ter saudades de alguém que esteja longe.
Na verdade, os habitantes do Céu habitam as coordenadas da universalidade e da equidistância.
Por outras palavras, as pessoas que habitam na morada de Deus estão presentes a tudo e a todos.
O amor circula e difunde-se por todos os que fazem parte desta grande comunhão. A bíblia diz que há um rio de Água Viva que atravessa o centro do Paraíso. Esta Água Viva é o Espírito Santo, como diz o evangelho de São João (Jo 7, 37-39).
Com seu jeito maternal de amar, o Espírito Santo conduz-nos ao regaço amoroso de Deus Pai.
As pessoas que têm sede entram no rio da Água Viva e bebem.
Um dia Jesus disse à Samaritana: “Eu tenho uma Água Viva para dar. Aquele que beber desta Égua nunca mais terá sede” (Jo 4, 14).
Jesus referia-se ao dom do Espírito Santo que é o sangue da Nova Aliança a circular nos nossos corações.
Os rosto dos que entram no rio e bem da Água Viva fica a brilhar como brilha o rosto de Cristo ressuscitado.
Todas as pessoas que purificaram o seu coração, acolhendo a Palavra de Deus, têm direito a beber no rio da Água Viva e a comer o fruto da Árvore da Vida.
Eis as palavras do Apocalipse: “O Espírito diz: “Vem!”. Digam também todos os que escutam a Palavra de Deus: “Vem!”.
O que tem sede que se aproxime e beba gratuitamente a Água da Vida” (Apc 22, 17). Deus não nos criou para a morte mas para a Vida Eterna.
Foi por esta razão que Jesus, ao ressuscitar, difundiu para a Humanidade o grande dom do Espírito Santo, a fim de saciar a nossa fome de plenitude e nos incorporar na grande Família do Céu.
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias
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