25 março, 2010

O REINO DE CRISTO É UM POVO DE REIS

A Carta aos Romanos diz que Jesus, ao ressuscitar, foi ungido com o Espírito Santo, sentando-se em seguida à direita de Deus Pai como rei do Universo (Rm 1, 3-5).

Por outras palavras, Cristo rei é a cabeça e a meta de toda a Criação. No entanto ele é um rei que não se impõe pela força, mas pela sua grandeza e perfeição.

Eis as palavras da Carta aos Colossenses: “Ele é a imagem perfeita do Deus invisível e a cúpula de toda a Criação.

Ele é o irmão mais velho de todos nós. Na verdade, foi nele que todas as coisas foram criadas, nos céus e na terra, tanto as visíveis como as invisíveis (…).

Ele é anterior a todas as criaturas e todas permanecem por meio dele. Ele é a cabeça do corpo da Igreja e o princípio de tudo.
Ele é o primogénito dos ressuscitados, pois ninguém ressuscitou antes dele.
Foi do agrado de Deus que habitasse nele a medida perfeita de todas as criaturas, tanto das que existem na terra, como das que habitam no Céu.

Foi fiel até à morte de cruz e por isso levou a Criação à sua plena perfeição. Graças à fidelidade plena à sua missão, todos nós fomos reconciliados com Deus” (Col 1, 15-20).

Com este texto magnífico, a Carta aos Colossenses proclama Jesus Cristo como rei e salvador de toda a Humanidade.

Uma vez constituído rei universal, Jesus Cristo decidiu reinar com todos nós.

Ele é um rei que nos deu uma Lei Nova com um só mandamento, isto é o Mandamento do Amor.
Se Deus é amor Se o Reino de Jesus Cristo assenta sobre o amor, então todos fomos chamados a reinar com ele através do amor.

Eis as suas palavras: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros como eu vos amei.
Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15, 12-13).

Na verdade, quando a força de um reino é o amor, todos reinam, pois o amor gera comunhão entre as pessoas.

Antes da morte e ressurreição de Jesus, o Reino de Deus estava no meio das pessoas, diz o evangelho de São Lucas (Lc 17, 21).

Isto significa que durante a vida terrena de Jesus, o Reino de Deus estava apenas a nascer e a crescer no coração de Jesus

É esta a dinâmica da Encarnação. Depois de Jesus ressuscitar a interacção entre Deus e o Homem passou do interior de Jesus para toda a Humanidade.

Jesus ensinou isto dizendo que tinha uma Água viva para dar, a qual ia fazer brotar uma fonte de Vida Eterna no coração das pessoas (Jo 7, 37-39).

Deste modo a união orgânica entre Deus e o homem que existia no coração de Jesus Cristo, passou do interior de Jesus para o nosso interior.

Com efeito, foi no coração de Jesus que a Divindade se enxertou na Humanidade. Era isto que eu queria dizer quando afirmei que o Reino de Deus começou primeiro a desabrochar no coração de Jesus.

No momento da sua ressurreição o Espírito Santo faz quer o Reino de Deus cresça no coração de todos os seres humanos.

Portanto, após a ressurreição de Jesus Cristo, o Reino de Deus tornou-se uma realidade interior a todos nós, pois Jesus ressuscitado, agora, aproxima-se sempre de nós através do Espírito Santo que ele nos comunica.

Por outras palavras, com a ressurreição de Jesus o Reino de Deus ficou tão perto das pessoas que está ao alcance de todos nós.

Basta fazer silêncio e entrar no nosso interior para nos encontrarmos com Cristo Rei. Isto significa que o nosso coração é o ponto de encontro com Cristo Rei e com a Comunhão Universal do Reino de Deus.

Eis o que diz São Paulo na Primeira Carta aos Coríntios: “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Cor 3, 16).

E mais à frente acrescenta: “Não sabeis que sois templo do Espírito Santo que habita em vós porque o recebestes de Deus e que vós já não vos pertenceis?” (1 Cor 6, 19).

O Espírito Santo é o princípio que dinamiza no nosso coração a interacção amorosa com a Comunhão do Reino de Deus.

É precisamente isto que São Paulo quer afirmar quando diz que “O Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações” (Rm 5, 5).
A Comunhão Universal do Reino de Deus é, portanto, uma realidade interior a todos nós, pois é a morada de Deus com toda a Humanidade.

Ma morada de Deus, como sabemos não é um lugar ou uma realidade física. Por outras palavras, a morada de Deus é um campo espiritual contínuo de interacções amorosas, a qual constitui a interioridade máxima do Universo.

A Carta aos Colossenses diz que pela ressurreição de Jesus, Deus libertou-nos do reino exterior das trevas e transferiu-nos para o Reino de seu amado Filho, o qual é interior a tudo e a todos (Col 1, 13).

Era precisamente isto que Jesus quer dizer no evangelho de São João quando afirma a Pilatos que o seu Reino não é deste mundo.

Isto significa que o Reino de Deus é universal e interior a todos que têm um coração aberto ao amor.

O Reino de Deus do qual Jesus é o rei é portanto, um povo de reis no qual todos têm o poder de reinar que não é mais que a capacidade de amar.

A Primeira Carta de São Pedro diz que o Reino de Cristo é constituído por um povo de reis. Eis as suas palavras:

“Vós, porém, sois uma linhagem escolhida, um povo de reis e sacerdotes, uma nação santa. Vós sois um povo escolhido, uma propriedade santa cuja missão é anunciar as maravilhas do Deus que vos chamou das trevas para a sua luz admirável” (1 Pd 2, 9).

Ao ressuscitar, Jesus tornou-se nosso irmão, a fim de reinar connosco e formar um reino sacerdotal e um povo de reis onde existe apenas a lei do amor:

Após a ressurreição, Jesus disse a Maria: “Não me detenhas, pois ainda não subi para o meu Pai.

Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: “Subo para o meu Pai que é também vosso Pai, para o meu Deus que é também vosso Deus” (Jo 20, 17).

O Reino de Deus, portanto, assenta nos pilares da comunhão e do amor. Jesus disse que o seu reino é uma comunhão orgânica, onde a força é a união do amor: “Permanecei em mim que eu permaneço em vós.

Tal como o ramo da videira não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco se não permanecerdes em mim.

Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 4-5).

O Livro do Apocalipse diz que o Reino de Deus é a Nova Jerusalém, a morada de todos os que reinam com Cristo. Deus está junto de todos como um Pai bondoso está junto dos seus filhos:

“Vi então um Novo Céu e uma Nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido. E o mar também já não existia!

E vi descer do Céu, de junto de Deus, a cidade santa, a Nova Jerusalém, preparada como uma noiva enfeitada para receber o seu esposo.

Depois ouvi uma voz forte que vinha do trono de Deus, dizendo: “Esta é a morada de Deus entre os homens”. Deus habitará com os seres humanos e estes serão o seu povo.

Deus estará com todos, enxugando as lágrimas dos olhos, pois não há morte, nem luto, nem pranto, nem medo, nem dor, pois as primeiras coisas passaram!” (Apc 21, 1-4).

Depois o Livro do Apocalipse acrescenta: “Todos os que vencerem vão herdar estas coisas. Eu serei o seu Deus e eles serão meus filhos” (Apc 21, 7).
Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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