O Livro do Génesis diz que Adão, depois do pecado, foi expulso do Paraíso no qual estava a Árvore da Vida.
A importância dessa Árvore consistia no facto de o seu fruto proporcionar a vida eterna às pessoas que comessem do seu fruto.
A Árvore da Vida significa que Deus não nos criou para a morte. A morte veio porque Adão, com o seu pecado, impediu o Homem de ter acesso à Árvore da Vida.
Ao ser expulso do Paraíso, Adão ficou impedido de comer o fruto da Árvore da Vida (Gn 3, 23).
Jesus Cristo, diz São Paulo, surge na marcha da História da Humanidade como o Novo Adão.
No momento de morrer e ressuscitar, Jesus abriu de novo as portas do Paraíso, como ele mesmo disse ao Bom Ladrão: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23, 43).
Deste modo, Jesus desfaz o laço da morte no qual Adão se tinha enlaçado com toda a Humanidade.
Além disso, Jesus revela-se também a Árvore da Vida, pois é ele que nos dá o Espírito Santo que é o princípio ressuscitador e, portanto, o fruto da Vida Eterna.
Eis o ensinamento de Jesus a propósito da Eucaristia: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu hei-de ressuscitá-lo no último dia (…).
À luz do evangelho de São João, o fruto da Árvore da Vida é o Espírito Santo.
Ele é, acrescenta Jesus, a Água Viva que faz brotar no nosso coração uma fonte inesgotável de Vida Eterna (Jo 7, 37-39).
Por outras palavras, o Espírito Santo é a dinâmica da salvação que emana de Cristo ressuscitado. Ele é o fruto da Vida Eterna que o Novo Adão nos proporciona.
São Paulo realça com muita ênfase a diferença entre o Velho Adão e o Homem Novo, Jesus Cristo, o Novo Adão:
“Se alguém está em Cristo é um Nova Criação. Passou o quer era velho. Eis que tudo se fez novo.
A Primeira Carta aos Coríntios diz que o primeiro Adão era um ser vivente, graças ao hálito da vida que Deus lhe comunicou no princípio (cf. Gn 2, 7).
O Novo Adão, pelo contrário, tornou-se um Espírito vivificante, pois ao ressuscitar difundiu para nós a força ressuscitadora do Espírito Santo, faz de nós uma Nova Humanidade (1 Cor 15, 42-45).
O Espírito Santo é o sangue vivificante de Deus que alimenta e dinamiza a união orgânica que nos liga ao Pai e ao Filho (Rm 8, 14-16).
Eis as palavras da Segunda Carta aos Coríntios: ainda que o nosso corpo, com os anos, se vá gastando e envelhecendo, a nossa interioridade espiritual vai-se tornando cada mais robusto pela acção do Espírito Santo (2 Cor 4, 16).
O primeiro Adão conduziu-nos para o caminho do fracasso universal. O Novo Adão guiou-nos para o caminho da comunhão com Deus, obtendo o perdão do nosso pecado e a nossa reconciliação com Deus (2 Cor 5, 19-21).
São Paulo diz que estamos organicamente unidos ao Novo Adão, pois somos membros do seu corpo (1 Cor 12, 27).
Eis a imagem bonita que o evangelho de São João põe na boca de Jesus para exemplificar a nossa união orgânica com Cristo:
“Permanecei em mim, que eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim.
Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em mim, esse dá muito fruto” (Jo 15, 4-5).
O evangelho de São João diz que a Eucaristia é a proclamação da união orgânica que nos liga a Cristo:
“Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo pelo Pai, do mesmo modo o que me come viverá por mim” (Jo 6, 57).
É este o fruto da Árvore da Vida que nos vem por Cristo ressuscitado. Ele é o Novo Adão.
O velho Adão, devido ao seu pecado, foi causa de morte para nós (Gn 3, 22).
Eis algumas alegorias do Livro do Apocalipse, as quais simbolizam Jesus como a Árvore da Vida:
“ No meio da Praça da Cidade, junto às margens do rio, está a Árvore da Vida, a qual produz doze colheitas de frutos: em cada mês o seu fruto.
As folhas da Árvore servem de medicamento para todas as nações” (Apc 22, 2). Noutra passagem, o Livro do Apocalipse contempla a multidão dos eleitos a receber de Deus o fruto da Árvore da Vida, o qual lhes proporciona a Vida Eterna:
“Ao vencedor dar-lhe-ei a comer o fruto da Árvore da Vida que está no Paraíso” (Apc 2, 7). Fala ainda dos que mantiveram as vestes limpas, isto é, aqueles que mantiveram o amor no seu coração:
“Felizes os que lavam as suas vestes para ter acesso à Árvore da Vida” (Apc 22, 14).
A Primeira Carta de São João diz que os eleitos conhecem Deus através do amor: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e chega ao conhecimento de Deus.
Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor” (1 Jo 4, 7-8). Em seguida,
acrescenta:
“Nós amamos porque Deus nos amou primeiro. Se alguém disser:”Eu amo a Deus, mas tiver ódio ao seu irmão, esse é mentiroso, pois quem não ama o seu irmão que vê não pode amar ao Deus que não vê” (1 Jo 4, 19-20).
E a Primeira Carta de São João culmina esta linha de pensamento dizendo: “Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4, 16).
São Paulo vai nesta mesma linha quando afirma que o Espírito Santo é o amor de Deus derramado nos nossos corações (cf. Rm 5,5).
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