04 dezembro, 2008

MARIA NO NOVO TESTAMENTO-IV

IV-MARIA E O MISTÉRIO DE CRISTO

Este midrash, como todos os outros que aparecem na bíblia eram elaborados após a morte do personagem em causa.

A anunciação do anjo a Maria faz igualmente parte do evangelho da infância de Lucas. São Lucas põe na boca do anjo uma síntese da primeira profecia messiânica da história: o oráculo do profeta Natã a David, cerca de mil anos antes de Cristo (2 Sam 7, 12-16).

Esta profecia marcou toda a história bíblica, pois é a matriz da esperança messiânica em Israel.
Agora, o Anjo da Anunciação sintetiza a profecia, apresentando-a em forma de anúncio do nascimento maravilhoso do Messias esperado.

Eis o que diz o evangelho de São Lucas: “Ao entrar em casa de Maria, o anjo disse-lhe: “Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo”. Ao ouvir estas palavras, Maria perturbou-se e perguntava-se sobre o significado de tal saudação.

Disse-lhe o anjo: “Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio e dar á luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.

Ele será grande e vai chamar-se Filho do Altíssimo. O Senhor Deus vai dar-lhe o trono de seu pai David.

Reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim”. Maria disse ao anjo: “Como será isso, se eu não conheço homem?”

O anjo respondeu-lhe: “O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra.

Por isso, aquele que vai nascer é santo e será chamado Filho de Deus” (Lc 1, 28-35). O que Jesus é como Messias é obra do Espírito Santo.

Para acentuar este aspecto, São Lucas põe na boca de Maria a seguinte questão: “Como será isso, visto eu não conhecer varão?” (Lc 1, 34).

O grande protagonista deste mistério é o Espírito Santo. Como ternura maternal de Deus, o Espírito Santo vai optimizar o amor maternal de Maria, a fim de ela amar o Filho de Deus com um amor maternal optimizado pelo próprio Deus.

Nesta passagem, Maria aparece como a grande mediação do Espírito Santo para que se concretize o mistério de Cristo.

Foi o Espírito Santo que consagrou Jesus para ele realizar a sua missão, diz São Lucas mais à frente (Lc 4, 18-21).

Na verdade, Maria apenas compreendeu de modo perfeito o mistério de Cristo com o Pentecostes.

Como diz o Livro dos Actos dos Apóstolos, Maria só compreendeu de modo perfeito o mistério de Cristo após a ressurreição do Senhor (cf. Act 1, 14).

É muito interessante ver como o evangelho de São João, com seu simbolismo tão rico, diz que a festa das Bodas de Caná teve lugar três dias depois.

Não é difícil ver aqui uma alusão à experiência pascal de Maria e dos irmãos de Jesus (Jo 2, 1-2).
No evangelho de João Maria é mencionada apenas duas vezes: nas Bodas de Caná (Jo 2, 1-12) e junto à cruz (Jo 19, 25-27).

Maria não é nunca mencionada pelo seu nome. São João chama-lhe sempre a mãe de Jesus.
Mesmo quando os judeus falam dos pais de Jesus, mencionam Jesus pelo seu nome, mas para Maria utilizam a designação de Mãe de Jesus:

“Os judeus puseram-se, então a murmurar contra Jesus pelo facto de ele ter dito: “Eu sou o pão que desceu do Céu” e diziam: “Não é ele Jesus, o filho de José, de quem nós conhecemos o pai e a Mãe?”

Como se atreve a dizer agora: “Eu desci do Céu?” (Jo 6, 41-42). Quando Jesus a fala com Maria, este chama-lhe sempre mulher.

Deste modo, Deste modo, São João pretende acentuar que Jesus, enquanto Messias, não é obra de Maria, mas sim do Espírito Santo.

Eis o testemunho de João Baptista: “Eu não o conhecia, mas foi para ele se manifestar a Israel que eu vim baptizar com água.

“Eu vi o Espírito Santo que descia do Céu como uma pomba e permanecia sobre ele. Eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a baptizar é que me disse:

“Aquele sobre quem vires descer o Espírito e poisar sobre ele é o que baptiza com o Espírito Santo.

Pois bem: eu vi e dou testemunho de que este é o filho de Deus” (Jo 1, 31-34). Ao pôr na boca de Maria o cântico do Magnificat, Lucas entendia que uma proclamação desta força e profundidade se adequava perfeitamente à mãe de Jesus.

No evangelho de Mateus Jesus convida os discípulos a aprenderem dele que é manso e humilde de coração” (Mt 11, 29).

Jesus tem um coração manso e humilde. Este coração de Jesus foi em grande parte pela acção maternal de Maria.

De facto, os meninos judeus, no tempo de Jesus, ficavam ao cuidado exclusivo das mães até aos cinco anos de idade.

É o período básico para a estruturação das linhas mestras da personalidade humana!

Em Comunhão Convosco
Calmeiro Matias

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