Na visão bíblica, o coração é uma realidade profundamente dinâmica. No evangelho de São Mateus, Jesus pede aos discípulos para moldarem os seus corações, inspirando-se no próprio coração de Jesus:
“Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mt 11, 29). Podemos dizer que o coração de Jesus é a fonte do amor e da fidelidade incondicional a Deus.
Foi no coração de Jesus que se deu o encontro do melhor de Deus com o melhor do Homem.
Foi no coração de Jesus que a Palavra das Escrituras teve um eco mais pleno e profundo.
Isto era essencial, pois foi no coração de Jesus que o Reino de Deus, isto é, a comunhão humano-divina começou a emergir.
Durante o tempo em que Jesus viveu na história, o Reino de Deus estava no meio dos homens, pois Jesus estava no meio dos homens:
“Se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demónios, então o Reino de Deus já chegou até vós” (Mt 12, 28).
Mas no momento da sua morte e ressurreição, o Reino de Deus tornou-se presente às pessoas a partir de dentro:
“A vinda do Reino de Deus não é observável. Não se poderá dizer ei-lo aqui ou acolá, pois o Reino de Deus está dentro de vós” (Lc 17, 20-21).
Podemos dizer que foi no coração de Jesus que se fez a assinatura da Nova e Eterna Aliança.
Por parte da Divindade assina o Filho Eterno de Deus.
Por parte da Humanidade assina o Filho de Maria, Jesus de Nazaré, homem em tudo igual a nós excepto no pecado.
Foi no coração de Jesus que a Humanidade entrou na plenitude dos tempos, isto é, na fase da divinização.
Com efeito, a Encarnação aconteceu como enxerto do divino no humano, a fim de este ser divinizado.
É aqui que radica o fundamento da Nova e Eterna Aliança. Foi a partir do coração de Jesus que aconteceu a difusão do Espírito Santo.
No momento em que o soldado trespassa com a lança o peito de Jesus, saiu sangue e Água do seu coração, diz o evangelho de São João (Jo 19, 34).
A água é a Água Viva como Jesus tinha explicado. A Água Viva provoca uma nascente de Vida Eterna no coração dos seres humanos (Jo 7, 37-39).
As pessoas que beberem desta Água, disse Jesus à Samaritana, nunca mais terão sede (Jo 4, 14).
O sangue é o sangue da Nova e Eterna Aliança, isto é, o Espírito Santo enquanto princípio que nos comunica a Vida de Jesus ressuscitado.
Foi isto que Jesus disse aos judeus quando lhes explicou que a carne e sangue que nos alimenta são a dinâmica amorosa do Espírito Santo e não uma realidade de ordem biológica (Jo 6, 62-63).
Por outras palavras, o Espírito Santo é o sangue de Cristo ressuscitado, o qual é uma realidade de ordem espiritual (Jo 6, 62).
Os que são vivificados por este sangue recebem a vida eterna e ressuscitam com Jesus Cristo, como ele mesmo disse (Jo 6, 54-55).
Calmeiro Matias
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