O Deus da revelação bíblica tem coração, pois o coração é o ponto de encontro de uma pessoa com as outras.
A bíblia afirma muitas vezes que Deus tem coração. Se o coração é o núcleo mais nobre da interioridade pessoal e o ponto de encontro com as outras, então temos de reconhecer que as pessoas divinas as pessoas divinas têm coração.
Jesus convidou os discípulos a amar ao jeito de Deus, a fim de o seu coração se moldar cada vez mais com o de Deus:
“Amai os vossos inimigos e o orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim tornar-vos eis filhos do vosso Pai que está no Céu, pois ele faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores” (Mt 5, 44-45).
Entendido como o núcleo espiritual a partir do qual emergem as decisões e opções do ser humano, temos de reconhecer que o coração é uma dimensão essencial da pessoa.
Neste sentido, os animais não têm coração, pois não são pessoas livres, conscientes e responsáveis.
A Palavra de Deus é acolhida e no coração, pois o coração é, realmente o ponto de encontro com Deus e os irmãos.
Agora já podemos compreender como a comunicação e aceitação da Palavra de Deus acontece no íntimo do nosso coração.
São Lucas, para sublinhar o modo fiel como Maria acolhia e meditava a Palavra de Deus, diz que ela guardava no seu coração o conjunto das experiências vividas com Deus (Lc 2, 51).
Podemos dizer que a comunicação da Palavra de Deus acontece de coração a coração entre nós e o Espírito Santo.
A Igreja, os evangelizadores e os sinais dos tempos são mediações para acontecer a revelação de Deus no nosso íntimo.
As pessoas divinas comunicam entre si de coração a coração. O mesmo acontece com as pessoas humanas quando estas comunicam em profundidade.
Estaremos tanto mais aptos a comungar com Deus de coração a coração quanto mais atentos estivermos à novidade de Deus.
O amor é uma fonte permanente de novidade. Deus é amor e, portanto, emerge constantemente como novidade amorosa.
Como vemos, Deus não é um ser estático. A Divindade não é uma essência eternamente imutável.
Por outras palavras, graças ao facto de ter coração e ser comunhão, a Divindade é novidade permanente.
Calmeiro Matias
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