III-IDENTIDADE HISTÓRICA E COMUNHÃO DO REINO
A nossa incorporação em Deus acontece porque fazemos uma unidade orgânica com Cristo: “Os que comem a minha carne e bebem o meu sangue vivem em mim e eu neles.
Assim como o Pai que me enviou vive e eu vivo por ele, do mesmo modo os que comem a minha carne e bebem o meu sangue viverão por mim” (Jo 6, 56-57).
Para indicar a união orgânica que nos liga a Jesus Cristo, o evangelho de São João que Jesus é a cepa da videira e nós os ramos.
Os ramos apenas podem dar fruto se estiverem unidos à videira. Eis as palavras de Jesus: Permanecei em mim que eu permaneço em vós.
Assim como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim.
Eu sou a videira e vós os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto, pois sem mim nada podeis fazer (Jo 15, 4-5).
A tradição chama corpo glorioso à configuração espiritual da pessoa humana, a qual é uma configuração histórica, pois emergiu na História.
Ao falar do corpo glorioso, a tradição afirma que o corpo dos ressuscitados não é uma realidade biológica, mas uma realidade espiritual.
Podemos dizer que o corpo glorioso é a configuração do nosso ser espiritual, tal como ele emergiu e se configurou na história.
Por outras palavras, a identidade espiritual da pessoa humana no Reino de Deus é o modo de a pessoa interagir e comungar com os outros.
Podemos dizer que, no Reino de Deus todos os eleitos dançam o ritmo do amor, mas cada qual com o jeito que foi treinando na História.
Isto significa que o jeito de dançar o ritmo do amor no Reino de Deus foi treinado e adquirido enquanto a pessoa esteve em realização na História.
Na comunhão Universal do Reino, a pessoa encontra-se e possui-se na reciprocidade do amor.
Por outras palavras, fora da comunhão a pessoa não encontra de modo pleno a sua identidade.
De facto, a pessoa apenas se possui dando-se. Só se encontra plenamente na reciprocidade da comunhão.
A nossa realização pessoal assenta sobre uma cadeia enorme de decisões, opções, escolhas e acções marcadas pelo amor.
A pessoa não é igual ao que diz, mas sim ao que faz. Ninguém nos pode substituir na tarefa da nossa realização pessoal.
Mas também ninguém se pode realizar sozinho. É este o núcleo da nossa identidade pessoal.
À medida que o ser humano se realiza como pessoa constitui-se como um ser com os demais.
Os outros são mediações para nos realizarmos, ao mesmo tempo, mediações para nos possuirmos plenamente.
É este o mistério da reciprocidade e da comunhão amorosa.
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